Quando
O PASQUIM foi fundado em 1969 poucos integrantes da patota acreditavam que o
hebdomadário duraria mais do que dez meses. E se alguem dissesse, naquele
momento, que nosso jornal – “o rato que ruge” - duraria dez anos, ou mais, ninguém
acreditaria!
Agora o que ninguem conseguiria imaginar, naquele momento das trevas mais
escuras, com o AI-5 recém-parido nos caldeirões da ditadura, seria que um dia –
ainda nesta década - Luís Carlos Prestes, de volta ao Brasil, entraria pela redação do PASQUIM para dar uma
entrevista. E que esta entrevista seria publicada. E que a edição não seria
apreendida. E que ninguém iria preso. E que o mundo não acabaria no dia
seguinte.
Sim,
porque Prestes foi e continua sendo o nome mais temido pelos milicos e seus
acólitos. O comunista, devorador de criancinhas, sanguinolento conspirador, o líder das massas
que com sua força férrea de vontade derrubaria governos e privilégios de
oligarquias. Dizer a palavra “Prestes” em público dava cadeia. Gritar Prestes,
dava tortura. Por que tanta paúra por parte da ditadura?
Ainda
hoje, em 1979, esta entrevista é um ato de coragem. A linha dura perdura. Persiste
a pressão da repressão. A Anistia, a Abertura, a volta dos exilados, são concessões
de anéis para manter os dedos apertando o pescoço dos brasileiros.
Mas
está aqui Luís Carlos Prestes, o Mito. Um dos maiores nomes da História
Brasileira. Diante do nosso gravador e de quase vinte pessoas, lotando a redação, movidas pela curiosidade,
pela emoção e pela solidariedade. Foi a entrevista do PASQUIM com o maior
número de pessoas presente. Um momento realmente histórico. E que vocês estão
prestes a acompanhar.
(Ricky)