Concheta - Lingua de Trapo
Querida Concheta
Estô a te ligare
Pra te convidare
Pra manjare con me
Comê unas brachola
Queijo provolone
E na radiola
A Rita Pavone
Dispois unas pizza
Tipo califó
Tutte mezza a mezza
Ma que bruta esbórnia
This site will look much better in a browser that supports web standards, but it is accessible to any browser or Internet device.
Assinar
Postagens [Atom]
Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.
- Humberto Saccomandi
Neste fim de semana os cristãos comemoram a Páscoa. Uma das mensagens da Páscoa é a de solidariedade. Na tradição cristã, a morte de Jesus é um sacrifício pela salvação da humanidade. Nesta quinta-feira ocorre a cerimônia do lava-pés, que celebra a passagem em que Jesus lava os pés dos apóstolos, num gesto de humildade e fraternidade. Nos últimos três meses, esses valores estão sob ataque nos EUA de Donald Trump.
O presidente Trump vem fazendo da falta de empatia e de solidariedade marcas definidoras de seu governo. Ele cortou ajudou americana vital para crianças, pessoas pobres e doentes pelo mundo. Vem também explorando com fins políticos a humilhação e o sofrimento. Trata-se de uma mudança importante na tradição política e social americana.
Apesar de ser uma sociedade que valoriza muito a responsabilidade individual e a ação privada, os EUA sempre tiveram a solidariedade como um valor fundamental, talvez um valor fundador, num país construído por imigrantes que dependiam uns dos outros para sobreviver. Isso gerou uma cultura do voluntariado, da filantropia, da atuação comunitária e do espírito de ajuda mútuo que tem poucos paralelos no mundo.
Um símbolo dessa cultura é a tradição de os presidentes americanos fazerem trabalho voluntário (servindo comida ou ajudando a pintar escolas, por exemplo) no feriado dedicado a Martin Luther King.
Nos últimos três meses, porém, Trump vem atacando essa cultura. Ele cortou quase toda a ajuda externa americana. Entre os programas que ficaram sem financiamento está o Pepfar, para a prevenção da aids na África subsaariana. Segundo um estudo publicado neste mês pela revista especializada “Lancet”, a suspensão do programa, que custa US$ 7,5 bilhões por ano, pode significar a infecção de cerca de 1 milhão de crianças africanas e a morte de 460 mil em decorrência da doença até 2030.
Do mesmo modo, o governo Trump cortou o financiamento ao Programa Mundial de Alimentos (PMA), da ONU, que fornece alimentos em caráter emergencial a dezenas de milhões de pessoas pelo mundo, boa parte em países em situação de conflito, como Afeganistão, Síria e Iêmen. “Isso pode equivaler a uma sentença de morte para milhões de pessoas que enfrentam fome extrema e inanição”, disse o PMA. Os EUA gastaram em 2024 cerca de US$ 2 bilhões com programas de ajuda alimentar.
Nenhum país é obrigado a doar ajuda externa, mas essa é uma prática comum na comunidade internacional desde ao menos o final da Segunda Guerra Mundial. O Brasil, por exemplo, contribui com alimentos e financiamento ao PMA. Em 1961 os EUA criaram a USAid, a sua agência oficial de cooperação internacional, que Trump agora quer fechar.
Apesar de serem há décadas o maior doador mundial de ajuda oficial ao desenvolvimento (com US$ 63 bilhões em 2023), os EUA nunca foram particularmente generosos. Esse valor correspondia a 0,24% do PIB americano em 2023, segundo a OCDE. A meta da ONU é que os países ricos doem ao menos 0,7% de seu PIB. Alguns países, como Noruega, Luxemburgo e Suécia, doaram cerca de 1% do PIB. Sob qualquer parâmetro, os EUA estão entre os dez mais ricos do mundo. Mas agora a ajuda americana deve despencar.
Além do corte de ajuda, outros episódios ilustram a insensibilidade do governo Trump diante do sofrimento alheio. Em março, a Casa Branca postou uma imagem, no estilo dos desenhos japoneses do Studio Ghibli, de uma imigrante ilegal sendo detida. Essa imagem foi gerada a partir de uma foto real da imigrante dominicana chorando. Do mesmo modo, o governo Trump divulgou imagens degradantes de pessoas sendo deportadas, algemadas nas mãos e acorrentadas pelos pés.
Controlar a imigração e expulsar pessoas em situação ilegal faz parte das atribuições de qualquer governo. Acorrentar os deportados pode até ser o procedimento correto, para proteção dos funcionários envolvidos na operação. Mas a utilização das imagens para fins propagandísticos é uma humilhação desnecessária, uma demonstração singular de crueldade.
Trump nunca se mostrou particularmente empático. Isso ficou claro no prazer que ele parecia transmitir ao demitir os participantes do seu programa de TV “O Aprendiz”. “Para Donald, não há valor na empatia, nenhum benefício tangível em cuidar de outras pessoas”, escreveu sobre ele sua sobrinha, Mary L. Trump, no livro “Demasiado e Nunca Suficiente — Como a minha família criou o homem mais perigoso do mundo”.
Isso fica evidente também no histórico de pouca filantropia confirmada do presidente. Apesar de sua fortuna, ele não é conhecido pelas suas ações filantrópicas, como é esperado e cobrado dos bilionários americanos. A Fundação Trump, que deveria ser o seu braço filantrópico, foi fechada em 2018 depois de uma investigação concluir Trump a usava principalmente em benefício próprio, como pagar gastos legais.
A empatia não é uma característica essencial num líder, mas ela ajuda a transmitir confiança e a gerar respeito. Obviamente que de nada adianta mostrar empatia, mas destruir o futuro dos cidadãos por meio de políticas catastróficas, como na Venezuela.
Mas a falta de empatia do governo Trump talvez não seja apenas definida pela personalidade do presidente. Parece haver uma tendência de parte da direita de identificar a solidariedade como valor de esquerda. E, portanto, um alvo justificável. A falta de empatia do ex-presidente Jair Bolsonaro com as vítimas da pandemia de covid-19 foi, possivelmente, um dos fatores que o fizeram perder a eleição de 2022. Ficou famosa a sua declaração sobre o Brasil ter passado a China em número de mortes por covid, em abril de 2020: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”
Os dois principais eixos da política no Ocidente remontam a duas das três palavras de ordem da Revolução Francesa. A direita é o partido da liberdade. A esquerda é o partido da igualdade. A fraternidade, a terceira palavra de ordem, ficou órfã politicamente. Em seu livro “Direita e Esquerda”, o pensador político italiano Norberto Bobbio, sugere que a fraternidade é um valor mais ético e relacional do que político e que é difícil transformá-la num programa de governo ou numa ideologia partidária.
Certamente a fraternidade ou a solidariedade podem ser identificadas em certas práticas e programas da esquerda, como a assistência mútua dos sindicatos de trabalhadores e o Estado de bem-estar social. Mas há também uma longa e sólida tradição de solidariedade em ambientes da direita, como nas entidades cristãs.
Ao anunciar as chamadas tarifas recíprocas, neste mês, Trump afirmou: “Nós vamos cuidar do nosso povo em primeiro lugar, sinto dizer isso”. Todo governo é eleito para cuidar de seu povo em primeiro lugar. Mas isso não isenta nenhum governo de demonstrar empatia e praticar a solidariedade com outros povos necessitados. Ainda mais quando esse governo é o do país mais poderoso do mundo.
A recente dor de barriga do ex-presidente Bolsonaro expôs aspectos interessantes do que somos e não somos e de nossa própria história em face da doença de políticos e notáveis. O aspecto mais bonito da ocorrência foi o gesto de civilidade da governadora potiguar, do PT, a professora Fátima Bezerra, em cujo território ocorreu o desconforto.
Providenciou ela um helicóptero do governo para que o doente fosse removido do interior para Natal e ali pudesse ter mais ampla assistência. Ele acabaria removido para Brasília, onde foi submetido a uma demorada cirurgia. Antes, postou agradecimentos, mas não incluiu neles a governadora. Cada um dá de si o que tem. Essa dor de barriga faz revelações e instiga uma visita à nossa história política.
Aqui nenhum político gosta de exibir a fragilidade de uma dor de barriga. Vários deles até estiveram à beira da morte no poder ou no limiar do poder e fingiram que nada tinham ou alguém fingiu por eles a saúde que lhes faltava.
Nossa história tem até episódios cômicos no assunto de doença de político. Rodrigues Alves morreu antes de assumir o segundo mandato. O vice, Delfim Moreira, assumiu, mas não estava em melhor condição, acometido de arterioesclerose precoce. Em visita que lhe fez Ruy Barbosa, estranhou-lhe a ausência do gabinete.
Acabou descobrindo que, paramentado em traje solene, adornado com condecorações, estava escondido atrás da porta. Concluiu Ruy que o presidente do Brasil era um louco. Irregularmente, para que ninguém soubesse que o país era governado por um ausente, governava o ministro de Viação e Obras Públicas.
No geral, doentes graves permanecem no poder em nome do que é em boa parte fingimento de que há normalidade na política.
Com Bolsonaro surgiu uma novidade: dar visibilidade pública a suas enfermidades. Contra as tradições e costumes relativos ao pudor que concebem a doença como assunto privado, quando muito mencionada aos muito próximos. Sempre depois, nunca durante. Aqui, a própria população anseia pela visibilidade da doença dos enfermos.
Há entre nós velha tradição nas famílias, a do prazer em ficar doente, mesmo em situação de grande sofrimento. Entre os pobres é maneira de ter a atenção que no cotidiano adverso não têm. Isso pode explicar a popularidade de um político notável doente. Coisa de um poder enfermo.
No episódio destes dias, Bolsonaro foi atendido pelo SUS porque teve dificuldade para flatar. Gases, segundo testemunho dos que o atenderam. Traduzindo, dor de barriga na linguagem popular e dos antigos. Pensou-se que a causa era alguma coisa que comera. É como costuma diagnosticar o povão, num país em que todo mundo de médico, poeta e louco, tem um pouco.
Guardadas as devidas proporções, a doença de Bolsonaro o aproxima de algo que aconteceu com Dom Pedro, que viria a ser o primeiro imperador do Brasil. O pequeno grupo de pessoas mais próximas que o acompanharam na volta a São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822, deixou depoimentos escritos em que narram a agonia do príncipe desde que saíram de Santos, de madrugada, ele montado numa mula baia e não num cavalo napoleônico... Num jantar na véspera, exagerou ele no doce de ovos. Dizem que um dos ovos estava estragado.
Veio Dom Pedro pelo caminho a fazer paradas para se aliviar da disenteria. Na comedida linguagem que assegurava a diferença da nobreza em questões que as pessoas comuns definiam e definem como “ir no mato”, “ir atrás da moita”, quando não dizem cruamente o que lá vão fazer.
Antes da última parada, o príncipe recomendou que a guarda de honra, que o acompanhava à distância, se adiantasse e o esperasse num pouso de tropeiros entre a colina em que está hoje o Museu do Ipiranga e o ribeirão do Ipiranga.
Enquanto isso, à margem do rio Tamanduateí, hoje rio dos Meninos, no que ainda era parte do antigo bairro de São Caetano, o príncipe baixara as calças e se aliviava no mato. Foi quando chegaram do Rio de Janeiro os missivistas enviados pela princesa Leopoldina e por José Bonifácio com as cartas em que lhe informavam as ordens de Lisboa para que retornasse a Portugal.
Recebeu-as o padre Belchior Pinheiro de Oliveira, acompanhante do príncipe, que lhe pediu as lesse em voz alta. Ali mesmo, enquanto vestia a calça, proclamou Dom Pedro a separação do Brasil em relação a Portugal, às 14h30. Confirmaria a proclamação duas horas depois no Ipiranga, à frente da tropa que o esperava.
A distância dos episódios no tempo não impede
que se note o que revelam, pois do mesmo gênero. Não é quem padece que dá
sentido à adversidade fisiológica do momento. E sim a personalidade pública do
padecente e a notória dificuldade para dar à coisa o nome que a coisa tem.
VALOR
Antes de voar para os EUA, faça o teste:
Já escreveu crítica a Donald Trump em rede social? Mandou chacota sobre Elon Musk pelo WhatsApp? Participou de evento sobre mudança climática? De mesa redonda sobre educação e direitos humanos?
Defendeu diversidade em empresas e universidades? Sugeriu contratação preferencial de mulheres e negros? É empresário engajado em temas de justiça e desenvolvimento?
É cientista, jornalista ou ativista? Compartilhou post crítico à intensidade do ataque de Israel a Gaza? Tirou foto da faixa "Black Lives Matter"? Foi para as ruas contra a brutalidade policial?
É estudante universitário? Tem amigo que expõe opiniões políticas em universidade dos EUA? Leva na mala livro banido das bibliotecas públicas e escolares? "Mein Kampf", de Hitler, pode. "Abolition Democracy", de Angela Davis, não.
Se respondeu um sim qualquer, recomenda-se estratégia. Se respondeu apenas não, se for cordato e de aparência aprazível ao agente de imigração, seu risco é ligeiramente menor. Depende da lua e do que a autoridade comeu no café da manhã.
Se votou em Jair, participou da marcha para o golpe em 8 de janeiro, se tem fotos consumindo popcorn ou ice cream dentro do palácio depredado enquanto pedia morte de Alexandre de Moraes, não se deixe enganar.
Mas se confia em estatística, pode ir sereno. Porque, estatisticamente, o risco ainda é baixo.
Nada mais é como antes. Até portadores de green card têm sofrido detenções e deportações. Não importa o status do seu visto ou a beleza da sua pele branca, o agente de imigração está autorizado a vetar sua entrada. Só não está autorizado, ainda, a te mandar para El Salvador ou Guantánamo. Para isso há uma burocracia.
Parece exagero, mas o exagero virou questão de probabilidade.
Desde que a Casa Branca publicou a ordem "Protegendo o povo americano contra invasão", o guarda da esquina entrou em estado de gozo permanente. Os agentes de aplicação física da lei sentem-se empoderados pelo autocrata. Autorizados a descumprir a lei para agradar ao autocrata. A se comunicar por telepatia com o autocrata.
Arbitrariedade suplantou controles básicos do exercício da autoridade. Regras de direito substituídas por emoções primárias, fidelidade à lei por fidelidade a Trump.
Nesse regime, previsível é a imprevisibilidade. Tudo é possível, até mesmo entrar com tranquilidade. Território de aeroporto sempre foi zona de transição onde o Estado de Direito tem dificuldade em chegar. Onde o estrangeiro está mais vulnerável à torpeza autoritária.
Todo sabichonismo político falhou no cálculo do que Trump reeleito seria capaz de fazer. Subestimar o autocrata é uma arte sabichona. Chamar alerta político de "alarmismo" é uma arte sabichona. Usar crachá de ciência social para dar um chute no escuro, com pose de cientista, é uma arte sabichona. Artistas sabichões, vestidos de comentaristas, permanecem influentes lá e aqui.
Apague os registros do seu passado. Obedeça e se comporte na roleta russa. Você está tentando entrar no país da liberdade.
Se, afinal, entrar, atenção aos riscos sanitários. O país está abolindo programas de vacinação, bases de dados epidemiológicos e pesquisas. Sarampo voltou a matar. A política pública que sobrar estará de olhos vendados.
"Travessia perigosa, mas é a da vida", disse o Riobaldo, de Guimarães Rosa. Boa viagem.
FOLHA
As férias de Páscoa representam um dos momentos mais importantes no calendário do turismo mundial. Mas, neste ano, hotéis e empresas aéreas dos EUA estão preocupados com o risco elevado de que o fluxo de estrangeiros não chegue nem perto do que foi o patamar dos últimos anos. O motivo: o próprio presidente do país, Donald Trump.
Dados revelados nos últimos dias apontam para uma contração significativa dos turistas estrangeiros nas principais cidades americanas.
2025 deveria ser o ano da recuperação plena do turismo americano, retornando aos níveis pré-pandemia. No entanto, os levantamentos parciais dos primeiros três meses revelam um cenário diferente.
Seja por medo, dificuldade de obter visto, ou boicote por conta de posicionamentos de anexação do Canadá e insultos a estrangeiros, Trump conseguiu convencer milhares de pessoas a escolherem outros destinos para as férias.
Os dados oficiais de entrada de estrangeiros revelam que, entre janeiro e março, 7,1 milhões de visitantes entraram nos EUA. A taxa é 3,3% abaixo dos patamares de 2024 e representa a maior contração desde a pandemia da covid-19.
Março foi especialmente impactante, com uma redução de quase 500 mil visitantes, em comparação ao mesmo período de 2024. Ainda sem os dados de viajantes do Canadá, os dados do mês passado representam uma contração de 11%. Já o número de turistas mexicanos que chegam por via aérea caiu em 23%.
O governo Trump continua insistindo que o país deve registrar um aumento do turismo em 2025. Mas não é o que empresas de consultoria constatam. A Tourism Economics acredita que a queda será de 9,4%. Se mantida a perspectiva, a ideia de uma retomada do turismo americano aos níveis pré-pandemia será atingida somente em 2029.
O Canadá, maior responsável pelo fluxo de estrangeiros aos EUA, seria o principal responsável. Em 2024, 20,2 milhões de canadenses cruzaram a fronteira, mas com um boicote contra Trump ganhando adeptos, empresas confirmam uma retração importante no fluxo de turismo.
A US Travel Association alertou que a guerra comercial com o Canadá ameaça abalar o turismo. Em 2024, o fluxo de viajantes gerou US$ 20,5 bilhões para a economia americana e apoiou 140 mil empregos.
"Uma redução de 10% nas viagens canadenses poderia significar 2 milhões de visitas a menos, US$ 2,1 bilhões em gastos perdidos e 14.000 empregos perdidos", disse a entidade que reúne o setor do turismo americano.
O Flight Centre Travel Group Canada, um site de reservas de viagens, também identificou a queda. Em março, a retração teria sido de 40%, segundo dados deles. Enquanto isso, a Air Canada reduziu a frequência de seus voos para destinos como Flórida, Las Vegas e Arizona.
Os dados dos brasileiros também mostram queda, ainda que menor. Nos três primeiros meses de 2024, 477 mil brasileiros viajaram como turistas aos EUA. Neste ano, foram 455 mil.
Turismo quer programa para estrangeiros
Tentando evitar uma disputa aberta com o governo Trump, a indústria do turismo fez um apelo para que um novo programa de atração de estrangeiros seja considerado. Em audiência no Congresso americano, ainda em fevereiro, a entidade soou o alerta.
"As viagens são uma potência econômica nos EUA, movimentando cerca de US$ 2,9 trilhões em atividade econômica a cada ano, mas agora enfrentamos desafios crescentes que ameaçam o futuro do setor e a vantagem competitiva dos EUA", disse Geoff Freeman, presidente e CEO da U.S. Travel Association, em depoimento perante o Subcomitê de Segurança Interna da Câmara dos Deputados sobre Transporte e Segurança Marítima.
A realidade é que: É necessária uma liderança ousada agora para priorizar as viagens. Nossos sistemas de viagem estão sob pressão e, sem ação imediata, corremos o risco de ficarmos para trás
Geoff Freeman
Em documento, a entidade constata que os Estados Unidos "não são mais o principal destino de viagens globais". "A visitação internacional aos EUA atingiu o pico em 2018 sob o comando do presidente Trump, mas não conseguiu atingir esses níveis desde então. Os EUA agora estão atrás da Espanha e da França na competição global por visitantes", diz.
"A China está a caminho de nos alcançar ou superar na próxima década. Nossos concorrentes estão investindo bilhões para ultrapassar os EUA e conquistar uma fatia maior dos US$ 11,1 trilhões em benefícios econômicos do mercado global de viagens", constata.
"Chegou a hora de uma nova estratégia - uma estratégia para garantir a liderança global de viagens dos Estados Unidos e estabelecer os EUA como o principal destino do mundo", diz.
"A simples recuperação de nossa participação de mercado perdida, que caiu de 12,8% para 9,1% desde 2015, geraria 127 milhões de visitantes adicionais na próxima década, resultando em US$ 478 bilhões em gastos adicionais com empresas americanas, 140.000 novos empregos americanos e gerando US$ 55 bilhões em receita tributária. Mas devemos almejar mais. E a oportunidade está bem à nossa porta", alerta.
A esperança da indústria é que, além de um novo plano, mega eventos nos EUA nos próximos anos possam reverter a situação. "Nos próximos quatro anos, os Estados Unidos deverão sediar vários eventos importantes - incluindo a Ryder Cup de 2025, o 250º aniversário dos Estados Unidos, a Copa do Mundo da FIFA de 2026 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Verão de 2028", diz o setor.
"Com a liderança presidencial e as políticas corretas em vigor, esses eventos podem receber 40 milh~ies de visitantes,"
UOL
It’s time to do or die
It’s time to say “Good-bye”
Cos I’m the man who lost the British Empire
Yes, I’m the one, I let the sun go down
Em uma manhã qualquer, entre um brunch com avocado e uma conversa sobre alguma viagem à Europa, um membro de uma típica parcela da elite brasileira pode ser flagrado cometendo um erro antigo, mas ainda recorrente: confundir experiências internacionais com sofisticação, e credenciais com educação de excelência.
Já faz algum tempo que se sabe que o acúmulo de conhecimento formal não anda, necessariamente, de mãos dadas com o desenvolvimento integral do ser humano. Ainda assim, quando se trata das elites brasileiras, o tema raramente é considerado à altura de sua importância.
Talvez porque seus protagonistas ocupem posições confortáveis demais para serem questionados. Ou, quem sabe, porque a ala mais esclarecida prefira evitar o desconforto de confrontar seus pares que estão blindados pela própria soberba. No fim, uma parte peca pela ignorância, a outra, pela complacência.
Contudo, essa negligência não é acidental. Ela tem raízes profundas na lógica educacional brasileira, que, mesmo em suas melhores versões, funciona menos como instrumento de formação e mais como ornamento de distinção social.
Em vez de expandir horizontes, a educação das elites tende a ser um subterfúgio para um sofisticado mecanismo de hierarquização social. Um filtro de status. Um verniz técnico que, por vezes, encobre uma brutal ausência de interesse em construir uma nação, em vez de apenas se servir dela.
Nossos melhores colégios e universidades até formam especialistas competentes, mas, em muitos casos, deformam cidadãos. Produzem indivíduos altamente eficazes do ponto de vista técnico, mas com baixa sensibilidade social. O custo disso é alto, pois se cria uma elite treinada para administrar, mas não para compartilhar. Uma elite focada em vencer, mas não em conviver.
Existe no país uma pedagogia do privilégio. Uma pedagogia que ensina, desde cedo, que o mundo é um espaço a ser explorado, não construído coletivamente. Ensina-se a liderar, mas não a escutar. Ensina-se a performar, mas não a refletir. E, não raramente, ensina-se uma arrogância disfarçada de competência, juntamente com um desprezo pelas dores e experiências do país real. Aquele que começa logo após os altos muros dos apartamentos e condomínios fechados.
Mesmo nas franjas mais conscientes dessa elite, o problema não é o excesso de educação, mas a estreiteza com que ela é concebida. Ocorre uma formação instrumental, mas sem densidade moral. E, quando essa elite malformada ocupa os espaços de decisão, tende a perpetuar privilégios, naturalizar desigualdades e reforçar estruturas excludentes, muitas vezes com a convicção sincera de estar fazendo o melhor.
Curiosamente, falta-lhe formação para pensar o país como um todo. Além disso, parte significativa ainda vê o Brasil como uma plataforma de extração, não como uma nação a ser construída. A despeito de sua mobilidade internacional, seu imaginário segue provinciano.
Transformar a educação dessas elites exige muito mais do que reformar currículos, exige reformar consciências. Porque um país com elites mal-educadas está fadado a repetir os mesmos erros, porém em versões cada vez mais disfarçadas de excelência.
O título é uma homenagem à música "Colonial Mentality", de Fela Kuti.
FOLHA
É difícil dissipar a sombra de melancolia da segunda temporada de "The Last of Us", que adapta a sequência do game de mesmo nome e traz uma das cenas mais dolorosas da dramaturgia moderna, sem comiseração com os fãs. Ainda assim, o primeiro episódio, disponível a partir deste domingo (13) na HBO, faz o melhor para nos lembrar por que esta é uma das melhores séries em exibição.
(Este texto contém spoilers apenas do que já está no ar, não de episódios futuros.)
Reencontramos a dupla Ellie (Bella Ramsay) e Joel (Pedro Pascal) cinco anos após a carnificina cometida por ele no fim da primeira temporada. A heroína e seu pai postiço agora vivem em um povoado isolado em Wyoming, norte dos EUA, duas décadas após a maior parte da humanidade perecer em um apocalipse biológico (no caso, uma pandemia de fungos que transformam o hospedeiro em zumbi).
Na comunidade, vigora uma espécie de proto-Estado com regras estritas e ares coloniais. Foi o jeito de driblar a praga, e Joel e Ellie, dois tipos associais, parecem ajustados ao cotidiano local. Se a primeira temporada se orientava pela expectativa de redenção/salvação de ambos, porém, esta tem como norte a danação.
Mas "The Last of Us" nunca faz isso sem diálogos existencialistas, humor acérbico e atenção ímpar aos personagens. Ellie, a menina que sobreviveu a uma mordida de zumbi, agora é tem 19 anos, e, conforme Joel envelhece e se torna mais protetor, a relação dos dois sofre turbulências.
Já de cara os criadores da série, Craig Mazin e Neil Druckmann (este também roteirista do game), colocam Joel em uma inusitada sessão de terapia. Sim, este é um herói de ação que faz terapia, a la Tony Soprano, mas tem dilemas bem mais comezinhos, como aponta Gail, sua terapeuta.
A personagem, entregue à ótima Catherine O'Hara ("Schitt's Creek" e "O Estúdio"), não existe no jogo, e parece ter como função maior questionar a ambivalência de Joel e dos espectadores. Ele quer salvar a humanidade ou quer salvar Ellie? Ou quer se salvar, já que Ellie deixou para trás a devoção da temporada anterior?
Viúva de Eugene, mais um que foi morto por Joel, ela oferece um vislumbre de normalidade na história, como se fosse possível examinar sentimentos, relações e todos os demais dissabores do coprotagonista enquanto se pega em armas para sobreviver. Mais ou menos como coube a Bill e Frank (Nick Offerman e Murray Bartlett) na primeira temporada.
Ellie, por sua vez, esta às voltas com o amor recém-descoberto por Dina (Isabela Merced), e todos os medos e alegrias que uma relação em ebulição guarda. A atuação de Ramsey, que continua com o mesmo ar juvenil de antes, consegue embutir esse amadurecimento na personagem, que passa da hesitação à autoconsciência em ser a messias dessa fração da humanidade que sobreviveu.
É como se os dois personagens, antes convergentes, agora tivessem pontos de fuga opostos, apesar da força do laço entre eles. Ellie parece achar seu lugar, e o amadurecimento da protegida deixa Joel sem função, obrigando-lhe a repensar sua posição.
Pascal embebe o personagem em uma melancolia ora silenciosa ora explosiva —como quando defende a filha de um sujeito homofóbico—, e também em um carisma luminoso que permitiu nos apegarmos a ele.
E, não menos importante, finalmente somos apresentados de forma mais oficial a Abby (Kaitlyn Dever), a nêmesis de Joel, que pretende vingar a morte do pai —um dos médicos mortos por ele no desfecho da primeira temporada para impedir que Ellie fosse sacrificada e virasse material para vacina. Em suas poucas cenas, Dever oferece uma antagonista antipática, não necessariamente vilã. A ver como se sai.
Após uma primeira temporada extremamente bem recebida, as expectativas são enormes. Mazin e Druckmann parecem saber o que fazem. Assim, os fãs sofrerão. E também serão compensados.
FOLHA
"Musk disse que esperava que o grupo conseguiria economizar cerca de US$ 150 bilhões, 85% a menos do que seu objetivo.
Mesmo esse valor pode ser alto demais, de acordo com uma análise do jornal The New York Times sobre as afirmações do Doge.
Isso porque, quando o grupo de Musk contabiliza a economia que conseguiu fazer até agora, ele infla seu progresso ao incluir erros de bilhões de dólares, conta gastos que não estão previstos para o próximo ano fiscal, e faz suposições sobre gastos que podem não ocorrer.
Uma das maiores afirmações do grupo envolve o cancelamento de um contrato que não existia."
LEIA MAIS
Milton Hatoum
Mario Vargas Llosa, morto neste domingo aos 89 anos, foi um dos poucos romancistas latino-americanos que conquistaram um público leitor no mundo todo.
Ainda jovem, já havia publicado três romances, meus preferidos de sua prolífica produção literária são "A Cidade e os Cachorros", de 1963, "A Casa Verde", de 1966, e "Conversa no Catedral", de 1969. Nesses livros —lidos na minha juventude— me impressionou seu excepcional domínio da arte romanesca, com personagens complexos, que pensam, agem e falam em planos espaciais e temporais distintos ou entrelaçados.
Essa técnica, inaugurada talvez por Gustave Flaubert, foi usada por escritores e escritoras europeus das primeiras décadas do século passado e radicalizada por William Faulkner, um dos autores mais admirados por tantos romancistas latino-americanos.
Vargas Llosa não se enquadra no realismo maravilhoso do notável escritor cubano Alejo Carpentier, que, por certo, influenciou Gabriel García Márquez e não poucos escritores que surgiram a partir da década de 1970. Também não aderiu ao realismo fantástico, tão forte na literatura do Uruguai, e principalmente da Argentina, de que Jorge Luis Borges e Julio Cortázar são estrelas de primeira grandeza.
O autor peruano optou pelo realismo clássico, mas lançou mão de técnicas inovadoras e elegeu como um dos temas principais de sua obra a crítica à violência do poder autoritário, seja nas instituições de ensino —"A Cidade e os Cachorros" e "Os Filhotes"— ou nas ditaduras de Manuel Odría —"Conversa no Catedral"— e do general Rafael Trujillo —"A Festa do Bode".
Aliás, neste último romance, Vargas Llosa constrói uma das personagens femininas mais fortes e fascinantes de toda a sua obra, Urania Cabral.
Aprecio também o belo ensaio sobre Flaubert: "A Orgia Perpétua". Mas não li seus quatro ou cinco últimos romances nem seus ensaios políticos.
Na década de 1970, Vargas Llosa deu uma guinada à direita e tornou-se um liberal. Há poucos anos, já idoso, apoiou candidatos da extrema direita, no Brasil e no Peru. O apoio a políticos saudosistas de ditaduras contraria qualquer credo liberal.
Nada disso ofusca o brilho do grande romancista, mas vale citar um comentário irônico do argentino Ricardo Piglia: "Parece que Vargas Llosa não leu seus próprios romances". São contradições que fazem parte da história, das ficções e da vida.
FOLHA
JEFFREY ST. CLAIR
+ Kilmar Abrego Garcia came to the US in 2012 to escape being recruited into a Salvadoran gang that had terrorized his family for more than two years. In 2016, he met his future wife, Jennifer Stefania Vasquez Sura, a US citizen living in Maryland. They eventually moved in together and Kilmar helped raise her two children. They later had a child together. Each of the three kids had some form of disability. Kilmar, according to Jennifer, was an attentive and devoted father to all of the children. He held a steady job, he stayed out of trouble, and then he was busted in 2019 while waiting to apply for a job at Home Depot and accused of being a member of the M-13 gang in Long Island, where he’d never been. During his hearing, Abrega adamantly denied any gang ties. The cops said they arrested him because “he was wearing a Chicago Bulls hat and a hoodie and that a confidential informant advised that he was an active member of MS-13 with the Westerns clique.”
Jennifer Vasquez Sura wrote in a deposition that she was so fearful Kilmar would be deported that she arranged for them to get married while he was in jail: “I coordinated with the detention center and a local pastor to officiate our wedding. We were separated by glass and were not allowed physical contact. The officers had to pass our rings to each other. It was heartbreaking not to be able to hug him.”
Relying on the bogus testimony from a confidential informant, the immigration judge issued a removal order but barred his deportation to El Salvador, agreeing that there was a serious threat to Abrego Garcia’s life if he was returned home. The judge ordered his release and required him to regularly check-ins with ICE, which Abrego Garcia faithfully did.
So things stood until March 12, 2025, when ICE agents stopped Abrego Garcia’s car as he was driving his 5-year-old son home from school. He was cuffed, told his immigration status had been revoked and that he would be deported. The agents took him to a detention center in Baltimore. When Kilmar was finally able to talk with Jennifer on the phone, he told her the ICE agents once again accused him of being a member of M-13, saying bizarrely they’d watched the family frequently visit a certain restaurant and that they had photos of Kilmar playing basketball.
On the morning of March 15, Kilmar called Jennifer again to let her know he’d been transferred to Louisiana. “That call was short and Kilmar’s tone was different,” Jennifer wrote in her deposition. “He was scared. He was told he was being deported to El Salvador. He was told he was being deported to El Salvador to a super-max prison called ‘CECOT.'” Jennifer hasn’t heard from him since.
Then, on Monday of this week, the Trump administration admitted in a court filing that Abrego Garcia had been deported to El Salvador in violation of a court order. By accident, they claimed, the result of an “administrative error:” (Which sounds like the excuse for everything that happened in the last two months.) “On March 15, although ICE was aware of his protection from removal to El Salvador, Abrego Garcia was removed to El Salvador because of an administrative error.” Even so, the Trump administration argued the court had no power to order the return of Kilmar from the custody of the nation that he had fled 13 years ago in fear for his life.
The entire case against Kilmar, dating back to 2019, has the smell of a frame-up. When Kilmar’s lawyers attempted to contact the detective who filled out a form in 2019 accusing him of links to MS-13, they discovered that the police department had no record of his arrest. Even more damning, the detective who filled out the fatal form had been suspended.
Despite the outrageous facts of the case, instead of admitting their grotesque error, the Trump administration went on the offensive, sending JD Vance out to smear Kilmar on FoxNews, where he called him “a convicted MS-13 gang member with no legal right to be here. He had also committed some traffic violations; he had not shown up for some court dates. This is not exactly ‘father of the year’ here.” Trump’s Jesus-worshipping press spokesperson Kathline Leavitt threw even more toxic slime at Kilmar, calling him a “criminal,” a “foreign terrorist,” and a “heinous individual.”
All lies.
Abrega Garcia has no criminal record and his wife and kids miss him and worry about his fate in Naghib Bukele’s lethal dungeon.
"A parada de Bukele em Washington também ajuda a desviar a atenção das
políticas comerciais de Trump, que causaram forte volatilidade nos
mercados. E faz parte de uma iniciativa dos EUA para atuar de forma mais
ativa na América Latina, com o secretário do Tesouro, Scott Bessent,
viajando à Argentina nesta segunda-feira – e o secretário de Defesa,
Pete Hegseth, falando em recuperar a influência na região, definida por ele como “quintal” dos Estados Unidos. "
LEIA MAIS
"Elon Musk, seemingly keen to repair some of his gamer cred after he admitted to account boosting, streamed himself playing Path of Exile 2 during a flight as a part of an “airborne continuity test” of his Starlink internet service. But during the stream, he was bombarded by messages from viewers bullying him for his work dismantling the US government and his tumultuous personal life.
While yet more seemingly cut to the heart of Musk’s destructive ego trip with the American government, “Elon, deep down you will always be cringe no matter how much money or power you have.”
During the stream he died a few times, forcing him to create new characters as he played on hardcore (i.e. perma-death) difficulty. "
read more:
Elon Musk dies to tutorial boss in Path of Exile 2 livestream | The Verge
e o blog0news continua…
visite a lista de arquivos na coluna da esquerda
para passear pelos posts passados
ESTATÍSTICAS SITEMETER