Nouvelle Vague - Blue Monday (New Order)
IN MEMORIAM OLIVIER LABAUX
This site will look much better in a browser that supports web standards, but it is accessible to any browser or Internet device.
Assinar
Postagens [Atom]
Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.
OK, talvez o leitor não esteja entendendo a conexão lógica entre uma coisa e outra. Ocorre que Bezos também anda gastando os tubos —uma bagatela da ordem de US$ 1 bilhão— para financiar a produção da série "O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder", que estreia em setembro deste ano no serviço de streaming da Amazon.
Dizem os coordenadores do seriado que o bilionário tem uma paixão pessoal pela obra de J.R.R. Tolkien. O intrigante aqui é que a trama vai se passar num período desse mundo ficcional em que uma catástrofe de proporções cósmicas é desencadeada… por gente rica e poderosa em busca da imortalidade."
Entre os "discos" que fui descobrindo, ouvindo pela primeira vez (pois os ja-ouvidos ou re-ouvidos são inúmeros)... estes são os que curti muito no mes passado (são minhas recomendações)....
Escolhi aqui uma faixa de cada, pra quem quiser ir saboreando.
ALESSANDRA LEÃO - ACESA
MONICA SALMASO & JOSÉ PEDRO GIL - ESTRADA BRANCA
LUMP - ANIMAL
ARNALDO ANTUNES & VITOR ARAUJO - LÁGRIMAS NO MAR
ST. VINCENT - DADDY'S HOME
DAVID BOWIE - TOY BOX
LEDISI SINGS NINA
OLIVIA RODRIGO - SOUR
LEIA REPORTAGEM DE SERGIO LIRIO
Foi em Diamantina...", falei, e não consegui continuar, porque a frase bastou pra família inteira começar a cantar "...onde nasceu JK/Que a princesa Leopoldina arresorveu se casá". Aliás a família toda, não: só a velha guarda. A nova geração observava perplexa o transe coletivo. "Joaquim José/Que também é/Da Silva Xavier/Queria ser dono do mundo/E se elegeu Pedro 2º." Só pararam no refrão: "O, ô , ô, ô, ô, ô, O trem tá atrasado ou já passou".
Stanislaw Ponte Preta não foi um personagem nem um escritor, mas uma espécie de espírito zombeteiro que baixou em Sérgio Porto. Incorporado, realizou o sonho oswaldiano: serviu às massas o biscoito fino da autoironia. Devora-me ou devoro-me. Sua antropofagia começava por deglutir a si mesma.
"Se Vinicius de Moraes não fossem muitos, se chamaria Vinicio de Moral" dizia a Tia Zulmira, heterônimo do Stanislaw Ponte Preta, que por sua vez era um heterônimo do Sérgio Porto. Sim, os heterônimos de Sérgio tinham, por sua vez, heterônimos. Quando falava sobre Vinicius, falava sobre si mesmo: devia se chamar Sergius Portos. Sérgio criou Stanislaw, que criou o Primo Altamirando, Rosamundo e Bonifácio, o falso patriota —um bolsonarista "avant la lettre".
"Boêmio que gosta de ficar em casa", fazia jornada dupla. "Era, como quase todos os humoristas brasileiros, um trabalhador braçal", dizia o Millôr. Porto escreveu, por dois anos ininterruptos, duas crônicas diárias. Pra ser justo, dividia o trabalho com o Stanislaw: cada qual escrevia uma. O problema é que as duas almas ocupavam o mesmo corpo. Espaço não faltava: Sérgio Porto era alto e corpulento. Radialista e apresentador de tevê (antes de existir tevê) ocupava, nas horas vagas —tinham horas vagas?-- a função de goleiro do Lá Vai Bola, time de futebol de praia que contava, na linha, com Heleno de Freitas e João Saldanha.
"O dia só tem 24 horas, e a vida, como ficou provado, apenas 44 anos" ainda o Millôr, sobre a morte do amigo. Sérgio não parou de trabalhar —até morrer, tão cedo, de trabalhar. Há quem cite também um envenenamento. Dias antes de morrer, tinha ido parar no hospital por causa de um café batizado —dizem que pela ditadura. Bem não fez.
O Alvaro Costa e Silva acaba de lançar "A Fina Flor de Stanislaw Ponte Preta" --uma coletânea de crônicas que poderiam ter sido escritas hoje. Militares locupletados, moralistas de araque, tá tudo lá. Ou era o Sérgio Porto que adivinhava o futuro, ou é o Brasil que nunca saiu do passado.
SERGIO AUGUSTO
Isolado e com a necessidade de mostrar a sua base que ainda tem aliados, Jair Bolsonaro abriu mão de alguns de seus slogans preferidos, de algumas de suas estratégias mais repetidas e de algumas de suas crenças para conseguir uma foto ao lado de um líder internacional, Vladimir Putin.
Ao chegar à capital russa, o presidente usou uma máscara, um item que ele já chegou a arrancar do rosto de crianças no Brasil. Um item de proteção que ele afirma ser "proibido" em seu entorno. Um instrumento que poderia ter salvo milhares de vidas, inclusive de sua base mais radical.
Bolsonaro também foi obrigado a passar por uma bateria de testes anticovid, aqueles mesmos que ele desprezou e ignorou ao montar a suposta estratégia brasileira para lidar com a pandemia.
A liberdade do não vacinado Bolsonaro - tanto pregada pela extrema-direita fanática - parece que encontrou um limite em Moscou. Suas saídas foram limitadas e os russos exigiram que ele permanecesse dentro de uma "bolha", criada justamente para não oferecer riscos para a população.
Não precisou nem dos herdeiros da KGB para saber que, quando passaram por Nova York, os membros da delegação brasileira deixaram um rastro de casos positivos.
Era um presidente irreconhecível e distante daquele que chamou governadores de ditadores, ao adotarem medidas de distanciamento social por conta da pandemia. Agora, quando esteve ao lado de um autocrata de verdade, chamou de "meu amigo".
Se no auge da crise entre Brasília e Nicolas Maduro o Itamaraty era ciente de que o regime venezuelano apenas se sustentava graças ao apoio de Putin, Bolsonaro parece que usou de uma memória seletiva ao conversar com o russo. O tema sequer entrou no comunicado final emitido pelos dois governos. Em seu lugar, uma perspectiva de uma aproximação militar entre os países.
Em Moscou, Bolsonaro cumpriu o que lhe foi estipulado. Não havia outra opção, se ele quisesse a foto de mãos dadas com Vladimir Putin, além de dar sinalizações aos grupos bolsonaristas mais radicais e ao agronegócio.
Contrariando tudo o que disse desde o começo de seu governo sobre sua aliança com os EUA, Bolsonaro insinuou com uma palavra cuidadosamente colocada que pode se afastar de um esforço americano no cenário internacional.
As contradições não demoraram para aparecer, com o ex-ministro Ernesto Araújo denunciando a aproximação do Brasil ao projeto sino-russo. Justamente aquele chanceler que apostou em Bolsonaro para "salvar" o Ocidente, sob as orientações de Donald Trump.
Ironia da história, Bolsonaro ainda prestou homenagem a um soldado soviético que lutou na Segunda Guerra Mundial. Um soldado de um governo comunista, aquela ideologia que ele quer proibir e aniquilar.
Ao final de uma viagem que mais revelou a falta de estratégia da diplomacia brasileira, fica uma pergunta evidente. Afinal, qual é o Bolsonaro real? O que viajou para Moscou e seguiu como um soldadinho todos os protocolos estabelecidos, ou aquele do cercadinho?
Ou nenhum deles?
UOL
Vacina é ruim. Agrotóxico é bom. Nazismo é igual a comunismo. Há racismo reverso. Armas promovem a paz. Rachadinha não é corrupção. Meritocracia é ser filho do presidente.
Ilustração publicada em 17 de fevereiro -
É oficial. O bolsonarismo misturou tudo numa pasta disforme para que não se possa distinguir o que é fato do que é narrativa. O que é tchauzinho do que é uma saudação nazista. O que é um símbolo de "OK" com os dedos ou um sinalzinho para os supremacistas.
Ou então: o que é meme e o que é fake news.
A CNN se apressou em publicar: "CNN não noticiou que presidente Bolsonaro evitou guerra". Embaixo da manchete, pôs um selo de "fake news" na imagem propagada por Salles. Pressionado, o ex-ministro alegou que se tratava de um "meme".
O humor pode se tornar um álibi confortável para quem quer espalhar mentiras. E isso pode apontar (mais um) caminho perigoso nestas eleições. "Ah, era um meme". "Ah, era uma piada". "Ah, o que eu disse foi tirado de contexto". "Ah, eu tava bêbado".
A confusão faz parte da estratégia. Enquanto o mundo real se move, no Telegram a manchete circulou: "Putin sinaliza recuo na Ucrânia, presidente Bolsonaro evita a Terceira Guerra Mundial".
Num discurso oficial, Jair Bolsonaro aumentou a confusão: "Mantivemos a nossa agenda. Por coincidência, ou não, parte das tropas deixou a fronteira", disse. A declaração do presidente também circula nas redes de Telegram, nas redes sociais, em todo lugar. Quem quiser pode juntar as coisas e acreditar. Afinal, acreditaram na mamadeira de piroca. Acreditaram que a vacina implantava um chip.
A pasta informe criada pelos bolsonaristas desacredita a imprensa, desacredita os veículos de checagem. Já não se sabe o que é realidade, o que é fake news, o que é piada. Nessa confusão propositalmente criada, as pessoas acreditam no que querem acreditar.
Raul Seixas cantou a pedra: "É na cidade de cabeça pra baixo/ A gente usa o teto como capacho/ Ninguém precisa morrer/ Pra conseguir o paraíso no alto/ O céu já está no asfalto". Ou foi Regina Duarte quem disse isso? Foi o Morgan Freeman? Era uma música? Raul era de esquerda? Era de direita? Morreu de Covid?
FOLHA
e o blog0news continua…
visite a lista de arquivos na coluna da esquerda
para passear pelos posts passados
ESTATÍSTICAS SITEMETER