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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, outubro 01, 2022

    A incrível historia do rato


     CAROL COSPE FOGO

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    Tire o oxigenio de Bolsonaro


     

    Ramsey Lewis "Brazilica" (IN MEMORIAM)

    Aguenta firme, Brasil


    LATUFF

     

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    Um domingo qualquer

     


    Muitas pessoas têm afirmado que o pleito eleitoral deste domingo é "o mais importante de nossa história". Não sei se é possível medir a relevância de um processo político tão complexo, ainda mais estando nele mergulhado. Como disse o filósofo Hegel, "a coruja de minerva levanta voo ao cair do crepúsculo", ou seja: a reflexão sobre um evento só pode ser feita em retrospectiva histórica.

    De qualquer modo, é possível dizer com alguma segurança de que se trata de um momento decisivo. No próximo domingo vamos deliberar sobre os rumos do país e, ao mesmo tempo, sobre que tipo de pessoas queremos ser, que valor atribuímos à vida e como queremos marcar nossas trajetórias. Nesse sentido, é uma eleição particularmente existencial.

    Em um momento como este a tergiversação e o silêncio não nos favorecem. E aqui não falo sobre ter dúvidas sobre nossas escolhas, pois estas dão o índice de nossa humanidade. Refiro-me ao fato de que, por estarmos flertando com o abismo, não há tempo para hesitação.

    Estamos sob o governo de pessoas que já demonstraram que não tem qualquer compromisso com o Brasil. Um governo que desdenha do bem-estar, da saúde, da cultura e de tudo aquilo que nos faz ser um país. Que destrói a capacidade administrativa do Estado, que se apropria indevidamente do orçamento público e que multiplica a miséria.

    Sob o governo de Jair Messias Bolsonaro, o Estado brasileiro que, mesmo em seus melhores dias, nunca foi muito generoso para com os mais pobres, transformou-se em um maquinário de ódio, de morte e de profundo desprezo pela vida. O Brasil está tomado por bárbaros que a cada dia arrancam um pedaço de nossa alma.

    O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, ao se referir ao atual presidente, resumiu em poucas expressões como funcionam e do que são feitos os sujeitos que nos governam e que pretendem ainda permanecer no poder: "abjeto", "desprezível" e "a se evitar".

    As eleições também falarão muito sobre como lidamos com a hipocrisia e a mentira. Eleitos na esteira do "combate à corrupção" e adotando uma postura "antissistema", mostraram-se os atuais ocupantes do poder pessoas que sequer existiriam no mundo da política sem se nutrir da corrupção mais ordinária e pedestre, como são exemplo as tais rachadinhas.

    Já sua aparente revolta contra o sistema é absolutamente falsa. Refestelam-se no sistema que dizem combater e alimentam-se de sua parte mais podre, a ponto de sujar as calças com farofa e leite condensado.

    São, portanto, notórios corruptos, dilapidadores do patrimônio público (deixem nossas praias em paz!), hipócritas, falsos profetas e profanadores das mais comezinhas liturgias civilizatórias. Domingo, dia 2 de outubro de 2022, é também sobre se queremos estar cercados (e dominados) por pessoas deste tipo.

    FOLHA

    É preciso buscar o equilbrio


    LAERTE

     

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    Polarização odienta



    LAFA

     

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    - Desumanidade derrota Bolsonaro

     



    Vinicius Torres Freire 


    Não, não saberemos de uma possível derrota precoce de Jair Bolsonaro (PL) até domingo. É difícil que as pesquisas de véspera, de sábado, indiquem maioria mais folgada de Lula da Silva (PT) no primeiro turno, pois o eleitorado indeciso é residual. Marolinhas de abstenção podem mudar o jogo.

    O resultado mais importante do Datafolha é que a votação de Lula e de Bolsonaro não mudou durante a campanha eleitoral oficial, desde meados de agosto. A votação dos dois, tanto no primeiro quanto em um possível segundo turno, também é a mesma.

    Os estelionatos eleitorais, benefícios sociais extras, a querela da gasolina, a propaganda, nada disso teve efeito. A taxa de indecisos foi histórica e precocemente baixa, em uma eleição plebiscitária, em uma campanha ainda mais vazia de ideias do que de costume. O truque da candidatura contra o "sistema" deixou de colar, assim como a demagogia farisaica com a corrupção.

    Em suma, até agora, pelo menos, esta eleição tratou de alguma outra coisa, de um sentimento que pouco mudou desde que o povo passou a prestar atenção aos candidatos.

    Nas preliminares da campanha, a partir de maio, Bolsonaro até que avançou em quase todas categorias de eleitor. Ganhou pontos especialmente entre evangélicos, eleitores mais jovens (até 34 anos), com ensino superior e na região Sul. Lula vencia Bolsonaro por 48% a 27% em maio, por 47% a 32% em agosto e agora tem 48% contra 34%.

    No balanço geral, como bem se sabe, Bolsonaro perde por causa dos mais pobres e das mulheres. Entre as mulheres, majoritárias no eleitorado, Lula tem 50%, Bolsonaro 29%. Entre o eleitor de renda familiar menor do que dois salários mínimos, perde de 57% a 26%. É bem provável que esteja perdendo por causa de sua desumanidade repulsiva.

    O cataclismo de miséria de 2021 foi marcante. Foi um ano de grande aumento da pobreza, de falta de emprego, de comida, pestes que grassaram ainda mais no vazio deixado pelo fim do auxílio emergencial. Em algumas classes, a renda regrediu em mais de uma década.

    É fato que Bolsonaro jamais foi majoritariamente popular; a desaprovação de seu governo quase sempre foi maior que a aprovação. Mas o descaso atroz pelo sofrimento de doentes e famintos, agravado pela sua vadiagem exibicionista e maus bofes, juntou ofensa à desgraça social.

    Desde abril, como se escrevia nestas colunas, pesquisas qualitativas indicavam a aversão aos modos violentos de Bolsonaro, em particular entre mulheres, pobres e não brancos; ao fato de não ligar para preço de comida e falta de remédios, de se divertir com motos e jet-skis, de ser "mal-educado" e "não dar esperança".

    Mesmo nesta eleição com cara de referendo da monstruosidade, mesmo com a estabilidade impressionante das declarações de voto, ainda é arriscado cravar que nada possa mudar. Desde 2013, o país vive em convulsão política, um termo que pode incluir de deposição de presidente a facadas, passando por revoltas nas ruas. O vale-tudo e a cafajestagem se disseminaram; o golpismo tornou-se parte da paisagem política como o eram os comícios de antigamente.

    Ainda assim, repita-se, a votação de Lula e Bolsonaro em um segundo turno não muda desde agosto: Lula tem 58% ou 59%, Bolsonaro 42% ou 41%.

    Mais quatro semanas de campanha, para uma segunda rodada de votação, podem dar oportunidade para golpes ainda mais baixos. A estabilidade da votação pode ser um incentivo, pois, à selvageria ainda mais extrema. Mas a decisão da maioria do eleitorado parece estável.

     

    FOLHA 

    Amanhã com Caetano Veloso (Guilherme Arantes)



    Amanhã será um lindo dia
    Da mais louca alegria
    Que se possa imaginar

    Amanhã
    Redobrada a força
    Pra cima, que não cessa
    Há de vingar

    Amanhã mais nenhum mistério
    Acima do ilusório
    O astro rei vai brilhar

    Amanhã
    A luminosidade
    Alheia à qualquer vontade
    Há de imperar
    Há de imperar

    Amanhã está toda a esperança
    Por menor que pareça
    Existe e é pra vicejar

    Amanhã
    Apesar de hoje
    Será a estrada que surge
    Pra se trilhar

    Amanhã mesmo que uns não queiram
    Será de outros que esperam
    Ver o dia raiar

    Amanhã ódios aplacados
    Temores abrandados
    Será pleno
    Será pleno

    Anjo de Demonio



    ARNALDO BRANCO

     

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    O que ouvem os brasileiros

     

    foto de Marília Mendonça

     O que ouvem os brasileiros - Ilustrada - Folha de S.Paulo: Quem merece o selo de música popular brasileira? Folha analisa 134 bilhões de execuções no YouTube para descobrir o que os brasileiros ouvem e como, quando, onde e por que

    Padre de festa junina

     

    JOTA CAMELO



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    J.S. BACH Concerto para 2 violinos em Ré menor, BWV1043. Francoorp

    sexta-feira, setembro 30, 2022

    Paquetaenses


     

    Boneco de Ventríloquo



    FERNANDES


     

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    2 dias



    JORGE O MAU



     

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    1965 HITS ARCHIVE: The “In” Crowd - Ramsey Lewis Trio IN MEMORIAM

    quinta-feira, setembro 29, 2022

    Paquetaenses


     

    Bolsonarismo transforma eleição da fome em eleição do medo

     Bolsonaro faz gesto em alusão a armas em ato na Avenida Paulista

     

    Bernardo Mello Franco

    O bolsonarismo vai mal nas pesquisas, mas já garantiu uma vitória: transformou a eleição da fome na eleição do medo. O debate sobre a carestia perdeu espaço na corrida presidencial. Agora o país discute se o capitão aceitará uma possível derrota, se os militares apoiarão uma tentativa de golpe, se o eleitor poderá votar em paz e segurança.

    Sete em cada dez brasileiros temem sofrer agressões por causa de sua opinião política. A informação é do Datafolha, em levantamento encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade.

    O medo tem razão de ser. Em 60 dias, dois eleitores do PT foram assassinados por bolsonaristas — um a tiros, outro a facadas. Casos de intimidações e ameaças se acumulam pelo país. Jornalistas e funcionários de institutos de pesquisa são hostilizados no exercício de suas funções.

    A violência é um velho expediente da extrema direita. Serve para acuar adversários, apavorar eleitores, garantir apoio popular a eventuais medidas de exceção.

    Em outro levantamento recente, o Datafolha apurou que 40% dos brasileiros veem grande chance de atos violentos do dia da eleição. E 9% admitem não votar por medo de tumulto nas seções eleitorais. A abstenção tende a favorecer Bolsonaro, cujos eleitores não se acanham de sair com bandeiras e adesivos de campanha.

    Enquanto o capitão semeia a insegurança, pastores oram pelo caos no dia da eleição. O governista Silas Malafaia já disse torcer por uma pane nas urnas eletrônicas. “Em nome de Jesus, esse sistema vai ser travado. Vai ficar travado por pelo menos oito horas e ninguém vai conseguir destravar. Aí vai ter que ter uma outra eleição”, amaldiçoou, no início do mês.

    Enquanto o pastor bolsonarista clama por intercessão divina, o clã presidencial apela ao uso da força. Em fala recente, o deputado Eduardo Bolsonaro convocou donos de armas e frequentadores de clubes de tiro a se tornarem “voluntários” do pai. Só a Procuradoria-Geral da República fingiu não entender o chamado.

    O incentivo ao medo também serve como tática diversionista. Paralisada pelo temor da violência, a sociedade deixa de discutir problemas como o aumento da pobreza extrema, a precarização das relações de trabalho, os cortes em programas sociais.

    O governo reduziu a um terço o orçamento da Farmácia Popular, que fornece remédios gratuitos aos mais pobres. Bolsonaro vetou reajuste na verba da merenda escolar, congelada há cinco anos. No entorno de Brasília, um colégio carimbou as mãos dos estudantes para impedi-los de repetir o prato. Sem dinheiro, escolas e creches tiram a carne das refeições.

    No Brasil de 2022, a fome ronda uma em cada três famílias com crianças de até 10 anos de idade. De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, o percentual chega a 49% no Nordeste e 52% no Norte.

    Este é o país que vai às urnas — e que os ocupantes do poder se esforçarão para assustar e distrair até o dia 2.


    GLOBO

     

    Necropolítica



    BENETT

     

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    João de Aquino - Asfalto (IN MEMORIAM)

    Paquetaenses


     

    Enquanto isso, no clube de tiro


     

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    Participam do debate hoje



    MARTINEZ

     

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    Jack & Ana na praia

     

    Jack & Ana na praia

    Adeus tênia

     Colagem com foto da cabeça de Jair Bolsonaro com a boca aberta e olhos aumentados em preto e branco encaixada em um corpo cilindrico e segmentado, semelhante ao de uma tênia. 

    Ilustração publicada em 21 de setembro de 2022 - Catarina Bessel

    Gregorio Duvivier

    FOLHA

    Sanders, Raskin Want Congress to Get Serious About Averting a Coup in Brazil |





    "Reuters reported recently that US diplomats have assured Lula that Washington will quickly recognize the winner of the election, “seeking to avert any attempt to contest a legitimate result or sow chaos after the vote.” But Sanders and a number of other Democrats in the Senate and House want Congress to back that up with a strong message in advance of the election. That’s the point of the resolution, says Sanders, who argues, “It would be unacceptable for the United States to recognize a government that came to power undemocratically, and it would send a horrific message to the entire world.” 

    Unfortunately, Republicans are erecting roadblocks to the measure. “We’ve not been able to get one Republican member of the Senate to make it clear that there must be free and fair elections in Brazil,” said Sanders, who told The Washington Post last week that he suspected “my Republican colleagues do not want to antagonize Trump.”

    Sanders added, “That tells us a little bit about the state of democracy in this country and the Republican Party.”

    It does.

    Republicans used to make a big deal about political differences ending at the nation’s borders. But this is no longer the Republican Party of the past, which for better or worse embraced bipartisan diplomacy. It is the Republican Party of Donald Trump. And Trump champions Bolsonaro as “a wonderful man” who, the former US president says, called him more than any other world leader when both men were in office."

    read more>> 

    Sanders, Raskin Want Congress to Get Serious About Averting a Coup in Brazil | The Nation

    quarta-feira, setembro 28, 2022

    Yma Sumac


     

    4 dias



    JORGE O MAU

     

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    Visão de cego (Guinga e Aldir Blanc) – D’Aguera e Guinga

    BOLSONARISMO MATA



    JR LOPES

     

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    Cercadinho sem sigilo


     

    Nao é a polarização, é a violencia

     

    A vice-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner. Foto: JUAN MABROMATA/AFP

     

     "Desculpem usar uma palavra tão forte,
    mas sempre me pareceu um pouco idiota
    a queixa da polarização num regime pre-
    sidencial disputado em dois turnos. To-
    dos os sistemas presidenciais tendem pa-
    ra o duplo polo, tal como o sistema norte-
    -americano, de onde toda a América Lati-
    na herdou a cultura política presidencial
    (por oposição à tradição parlamentar).
    Na verdade, não é isso que lamentam os
    aflitos da polarização. As queixas preten-
    dem apenas disfarçar a amarga frustra-
    ção da direita democrática de não ter um
    candidato competitivo. Percebo-os mui-
    to bem, mas, se me permitem argumen-
    tar, o problema é sério demais para se re-
    solver esperneando. A primeira verdade
    que a direita democrática tem de enfren-
    tar é que o seu problema não é o proble-
    ma do sistema, não é problema do regi-
    me – é apenas o seu problema. E o seu
    problema é estar refém da extrema-di-
    reita e, nessa situação, dificilmente ga-
    nhará eleições no Brasil porque perderá
    o eleitor moderado, o eleitor que não faz
    prévias escolhas ideológicas e que apre-
    cia tudo o que é equilibrado, comedido,
    sem rupturas. Esse é, verdadeiramente,
    o problema da direita democrática – co-
    mo se ver livre de Bolsonaro. No entre-
    tanto, beberá o cálice até o fim."

    leia coluna de JOSÉ SOCRATES

     

    Fazendo arminha





    LAFA

     

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    terça-feira, setembro 27, 2022

    - Na má hora de Bolsonaro

     

    Janio de Freitas

     

    1 — O período entre a eleição e a posse está propenso a ser alarmante, mas não por desatinos militarescos. Três meses a mais da matança já em curso de chefes indígenas, invasão das terras de reserva, maior desmatamento, novos e urgentes garimpos ilegais —um ataque desvairado da criminalidade em tempo de aproveitar a licenciosidade que Bolsonaro lhe proporciona, por sua própria criminalidade. A ofensiva apressada pelo medo da derrota eleitoral.

    É o que está havendo em grande parte do Brasil, não só na Amazônia. E sem providência alguma nos muitos braços do governo destinados a esses problemas. Onde consta haver ou ter havido algum olhar da Polícia Federal, sempre por apelos desesperados, nada de resultante se registra contra a ilegalidade armada e endinheirada. Nas informações imprecisas, as mortes de chefes indígenas já estão entre sete e dez.

    A única maneira de talvez conseguir-se algumas providências é maior atenção da imprensa para as situações agudas, ao menos essas. Não seria generosidade. É um dever historicamente muito mal cumprido pela imprensa. Como se não compreendesse que relegar a dimensão humana e moral do extermínio de indígenas e da exploração ilegal de riquezas públicas é, no mínimo, também conivência com essa criminalidade.

    2 — Mostrou-se com clareza uma particularidade de Bolsonaro até agora pouco observada: a ingratidão. Seu insulto a uma jornalista rivalizou, em espaço de imprensa e tempo de TV, com nada menos do que a eleição para a Presidência do país. Embora não fosse comparável aos insultos dirigidos às jornalistas Patrícia Campos Mello, Míriam Leitão, Elvira Lobato e outras, teve a particularidade de tomar o lugar do que devia ser um agradecimento de Bolsonaro.

    De sua parte, Vera Magalhães poderia mesmo surpreender-se. Até a recente transferência para O Globo, sua atividade no Twitter, na Jovem Pan, em artigos foi integrante da incitação ao clima furioso que favoreceu Bolsonaro. Um exemplo poderia bastar: no extenso rol de agressões verbais recebidas pela Folha, talvez nenhuma seja tão brutal quanto a de Vera Magalhães, apenas pelo convite a Guilherme Boulos para uma colaboração temporária —em conformidade com o pluralismo único da Folha.

    Nestes dias, as redes estão repletas de mensagens inesquecíveis da jornalista, com predileção por suas frases na morte de Marisa Lula da Silva. O que explica o insulto de Bolsonaro, e ainda a pergunta boba do deputado que o repetiu, parece ser menos a condição feminina aviltada pelo bolsonarismo do que a perda de uma jornalista útil, de repente moderada no novo emprego. Bolsonaro foi até explícito no ataque à jornalista ("você envergonha o jornalismo"), não à pessoa.

    Nem Bolsonaro ataca só mulheres, com tantas agressões verbais a repórteres masculinos no cercadinho do Alvorada, por exemplo, e fora dele. Bolsonaro e seus apoiadores são crias do fascismo, com tempero miliciano e militar. Nesse extremismo, quem não está ou não está mais com eles é inimigo, na acepção mais totalizante da palavra.

    3 — Ciro Gomes já provou sua atual falta de condições para avaliar o papel que representa nesta disputa pela Presidência. Aderiu a métodos de Bolsonaro, sem aderir ao próprio. Age como se pretendesse apenas fazer um estrago daqueles. Não é, com toda a certeza, uma das possibilidades que sua vida política lhe abriu.

    Nenhuma pessoa intelectualmente honesta equipara Lula e Bolsonaro. Se quiser, detesta Lula como político e como ser humano, mas reconhece que nele não há sequer resquício da perversidade, da atração pela morte alheia, da busca de ligação com o pior da sociedade que são, entre tantas perversões, intrínsecos na natureza de Bolsonaro.

    Como prejudicado, é legítimo que Ciro defenda-se do voto útil. Não, porém, por meio de conceituações mentirosas, até porque dele já se valeu. O voto útil é uma escolha tal como foi a preferência anterior, mas muito mais forte em seu civismo: o eleitor desiste da sua escolha mais pessoal para apoiar o que lhe parece mais conveniente nas circunstâncias postas.

    A campanha de Ciro Gomes parece elaborada, em sua fúria no molde bolsonarista, para demonstrar que o candidato perdeu as condições psicológicas e cívicas esperadas de um presidente. Uma forma de sugerir o voto útil.

    FOLHA

     Democracia Política e novo Reformismo: Janio de Freitas - Na má hora de Bolsonaro

    A Velha Bota



    DUKE

     

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    Paquetaenses


     

    Tio puto dos cornos



    GALVÃO



     

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    The Specials - Get up stand up (Bob Marley)

    5 dias



    JORGE O MAU

     

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    A saída é um revogaço

     

    O desmatamento da Amazônia bate novos recordes - Imagem: Bruno Kelly/Amazônia Real

     

    ENTREVISTA O ambientalista Rogério
    Rocco defende a derrubada de todos
    os decretos ambientais de Bolsonaro

    Os primeiros dias de um próximo
    governo, a partir de janeiro, é preciso
    reinstaurar estruturas e iniciativas, en-
    tre elas o Programa de Controle e Com-
    bate ao Desmatamento da Amazônia, an-
    tes coordenado pela Casa Civil e que che-
    gou a reunir 14 ministérios. Além disso, é
    necessário revogar medidas adotadas pa-
    ra facilitar a vida dos desmatadores, ga-
    rimpeiros e outros criminosos que avan-
    çaram sobre a Amazônia. Precisamos de
    um grande “revogaço” desses decretos,
    portarias e instruções normativas dolo-
    samente alteradas pela gestão criminosa
    de Ricardo Salles e Jair Bolsonaro. Além
    disso, é fundamental nomear para os ór-
    gãos ambientais gente competente, servi-
    dores qualificados e comprometidos em
    cumprir a lei e limpar as instituições des-
    sa horda de incompetentes e delinquentes
    que ocuparam esses espaços. Só assim se
    poderá retomar a governança da Amazô-
    nia e um processo permanente de diálo-
    go e acordo para desenvolver a região sem
    desrespeitar seus potenciais ambientais."

    leia entrevista de ROGÉRIO ROCCO
    concedida a MAURICIO THUSWOHL

    Votar com coragem


     

    Para onde?



    JEFFERSON PORTELA

     

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    Jardim Botanico


     

    Mussolini de saias


    FRAGA

     

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    De terça a domingo


     

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    Pharoah Sanders, Whose Saxophone Was a Force of Nature, Dies at 81

     

    The saxophonist Pharoah Sanders in performance in Brooklyn in 2015. 

    ""His music was expansive and open-ended, concentrating on immersive group interaction rather than solos, and incorporating African percussion and flutes. In the liner notes to “Karma,” the poet, playwright and activist Amiri Baraka wrote, “Pharoah has become one long song.” The 32-minute “The Creator Has a Master Plan” moves between pastoral ease — with a rolling two-chord vamp and a reassuring message sung by Leon Thomas — and squalling, frenetic outbursts, but portions of it found FM radio airplay beyond jazz stations."

    read obit by JON PARELES

    Aretha Franklin - Never Grow Old


    When our work here is doneAnd the life's crown is wonAnd our troubles and trials are o'erAll our sorrow will endAnd our voices will blendWith the loved ones who've gone on before
    Never grow old, never grow oldIn the land where we'll never grow old

    Claro que Tarcísio conhece São Paulo


     

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    segunda-feira, setembro 26, 2022

    New Britain, same as the old one: the legacy of the second Elizabethan era |

      Queen Elizabeth II leaving Buckingham Palace for the state opening of parliament in 2009.

    "Since impersonations of living royalty were first permitted, and with performers as varied as Pam Ferris, Prunella Scales, Diana Quick and Claire Foy all enjoying successive triumphs, actors now agree that playing the part of Queen Elizabeth II has become the most infallible gig of the lot.

    It’s not hard to see why. There is nothing more satisfying than playing a part where the audience does nine-tenths of the work for you. It was partly in the character, and partly in the function awarded to Elizabeth Windsor that, from adolescence onwards, she chose to express herself as little as possible. Whereas we have an all-too-clear idea of exactly who Boris Johnson is, and, for that matter, of who Tony Blair is, the Queen spent more than 70 years perfecting her technique of hiding her thoughts. In dramatic narrative, nothing is more powerful than the withholding of information. It’s only inexperienced performers who ask for more words. As film-maker Alexander Mackendrick observed, a long speech explaining motivation will not make the audience feel closer to a character. Rather, it will make them feel that the character is alarmingly prone to self-pity – and will drive them away.

    Of all the mistakes a monarch, or indeed a screenwriter, can make, explaining yourself is the worst of the lot. Much of the Queen’s authority rested on her remaining opaque. Her subjects were able to insist they detected in her whatever they chose."


    read article by playwright DAVID HARE

    New Britain, same as the old one: the legacy of the second Elizabethan era | Queen Elizabeth II | The Guardian:

    Bicicletas Antigas de Paquetá


     

    Bolsonaro pode acabar nesta semana

     Celso Rocha de Barros

    As pesquisas não permitem dizer se haverá segundo turno na eleição presidencial. A vantagem de Lula é confortável, mas não dá para cravar.

    De qualquer jeito, há uma chance real de que, quando você estiver lendo minha próxima coluna, os radicais bolsonaristas tenham voltado ao baixo clero e/ou ao hospício, de onde nunca deveriam ter saído.

    Talvez Jair tente um golpe, talvez tenha sucesso, mas, se não tiver, deve repetir a cena de Anthony Garotinho sendo preso e se debatendo na ambulância; ou, o que acho mais provável, deve fugir.

    Não precisaremos mais decifrar tuítes do Carluxo, aguentar Bananinha se sentindo importante ou assistir a Flávio chorando com a bandeira quando for pego fazendo "rachadinha".

    Ninguém mais vai ter que fingir que Guedes é um gênio porque, afinal, se ele cair, Jair nomeia o Olavo para a Fazenda. Sim, o Olavo já teve morte cerebral, mas não seria o primeiro ministro de Bolsonaro nessa condição.

    E sobretudo: os conservadores terão que voltar a tentar ganhar os debates com argumentos, ao invés de contar com o Exército para ameaçar a democracia sempre que forem contrariados.

    O mais provável é que Lula vença, mas se Tebet ou Ciro conseguirem subir 30 pontos em uma semana, o diagnóstico será o mesmo: voltaremos a ter um presidente da República que, em caso de pandemia, comprará vacina.

    Os problemas do Brasil continuarão iguais, mas será possível voltar a falar deles, ao invés de discutirmos golpe de Estado ou o fato de que o presidente da República mentiu que vacinas causam Aids.

    A possibilidade de que Jair já esteja na terça-feira vestindo burca para fugir para a Arábia Saudita é, certamente, sedutora. É com isso que a campanha de Lula conta quando pede que eleitores de Ciro e Tebet votem estrategicamente em Lula para acabar logo com isso.

    O principal garoto-propaganda do voto útil é Jair Bolsonaro, e a principal promessa da campanha pelo voto útil é um mês a menos tendo que levá-lo a sério.

    O voto útil é uma estratégia legítima que, no fim das contas, é ou não escolhida pelo eleitor de forma soberana.

    Não há nada de imoral em pedir voto útil: Quando Ciro Gomes, em um tuíte de 26 de maio de 2022, disse que era o único candidato capaz de derrotar Lula, estava pedindo aos eleitores de Bolsonaro que fizessem voto útil nele, Ciro.

    É certamente frustrante para Ciro e Tebet terem suas candidaturas tratadas como fora do jogo 15 dias antes do primeiro turno. Na verdade, quem derrubou os dois foi, novamente, Jair Bolsonaro.

    Olhe para as pesquisas: Ciro e Tebet ganharam alguns pontos nas pesquisas após o debate da TV Bandeirantes, em que a candidata do MDB, em especial, saiu-se bem. Mas na semana seguinte houve o comício do 7 de Setembro.

    Nas pesquisas seguintes, Jair não tinha subido, mas a ascensão de Ciro e Tebet refluiu. Em parte, porque o 7 de Setembro substituiu o debate como assunto; em parte, porque Bolsonaro mostrou-se tão perigoso para a democracia que os eleitores recuperaram a pressa de derrotá-lo.

    O 7 de Setembro pode ter garantido a vitória de Lula no primeiro turno.

    Os eleitores de Ciro e Tebet decidirão como acharem melhor. Mas pode ser difícil resistir à campanha que Jair Bolsonaro, por existir sendo quem é, faz pelo voto útil em Lula no próximo domingo.

    FOLHA

     

    Pharoah Sanders (Live Video - 1968)

    Ciro em cima do muro



    AMORIM

     

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    Sob a égide do medo

     

     

    Lula e Jair Bolsonaro. Fotos: Ricardo Stuckert e Albari Rosa/AFP

     

    Medo e esperança, assim como força e consenso, constituem um dos pares antinômicos mais consagrados da atividade política e do exercício do poder. 

    Medo e esperança, por sinal, são dois meios
    excepcionais de interação humana que
    visam constituir e exercer ralações de
    poder. O grande líder político é aquele
    que sabe usar com maestria e com arte
    os múltiplos pares antinômicos ineren-
    tes ao jogo político e ao jogo do poder. O
    líder astucioso é aquele que gera medo
    intencionalmente e, ao mesmo tempo,
    o supera com as promessas de solução
    e com a esperança de uma vida melhor.

     
    No caso do governante, com medidas
    práticas e soluções para os problemas.
    Alguns analistas chamaram atenção
    para o fato de que as eleições de 2022 são
    marcadas pelo medo. O medo está pre-
    sente em todas as eleições como meio
    de disputa e, a rigor, na atividade políti-
    ca em geral. O problema das eleições de
    2022 é que o jogo do par antinômico pra-
    ticamente não existe. Tornou-se um jogo
    unilateral de um predomínio quase abso-
    luto do medo. A esperança, nos seus pá-
    lidos aparecimentos, vem recoberta pe-
    la capa do medo. O medo predomina nos
    dois polos principais da disputa: as cam-
    panhas de Bolsonaro e de Lula.

     
    Bolsonaro tem um evidente e qua-
    se paranoico medo de perder. Teme en-
    frentar não só as consequências políti-
    cas, mas também jurídicas da derrota.
    Esse medo o faz propagar medo: medo do
    comunismo, da esquerda, da destruição
    da religião e da família, de Deus, da pá-
    tria etc. Gera um medo que produz ódio,
    que chega ao limiar da violência.

     
    A estratégia de Bolsonaro consiste
    mais em identificar e atacar inimigos do
    que apresentar propostas para a solução
    de problemas sociais e um programa pa-
    ra governar o Brasil. Com esse foco, não
    tem como gerar esperança orientada pa-
    ra o futuro. A esperança que ele gera é a
    de evitar o “mal” e, se o “mal” tem a fa-
    ce do inimigo, então a esperança bolso-
    narista vem armada com a bandeira da
    mentira e com a gadanha da morte.
    Toda a sorte de degradações civiliza-
    tórias que Bolsonaro praticou em seu go-
    verno – insensibilidade com a dor dos vi-
    vos, deboche dos mortos, machismo, mi-
    soginia, racismo, preconceitos, autorita-
    rismo, loas às armas, à violência e à tor-
    tura, promessas de golpe – são máscaras
    amedrontadoras que não conseguem es-
    conder a vontade de morte. A expressão
    “todos nós vamos morrer um dia”, dos
    trágicos momentos agudos da pande-
    mia, revela esta pulsão terrível de morte
    que povoa a alma de Bolsonaro, com o seu
    olhar desértico de emoções empáticas.

     
    Os eleitores e ativistas democratas
    e progressistas de esquerda que se ar-
    ticulam em torno da campanha de Lu-
    la (e das demais candidaturas) também
    estão sob a égide do medo: medo da con-
    tinuidade de um presidente extremista,
    medo do fascismo, do golpe e do fim da
    democracia, medo da continuidade da
    tragédia social e medo do segundo turno.

     
    O conteúdo geral das três principais
    campanhas opositoras é mais reconstru-
    tivo do que propositor de um novo mo-
    mento para o Brasil. O conteúdo geral da
    campanha de Lula volta-se mais para o
    que já foi feito, para um passado que deu
    certo, do que para a inovação de um no-
    vo futuro. A cautela domina a ousadia. A
    tensão domina a empolgação. O medo re-
    cobre a esperança. É como se a violência
    estivesse emboscada à espera de uma fa-
    gulha, de um estampido.

     
    Vivemos em tempos nos quais as
    campanhas eleitorais perderam a ale-
    gria da celebração democrática. Os elei-
    tores permanecem aquartelados na ris-
    pidez fria das redes sociais. Em parte,
    isto se deve ao fato de que, já há alguns
    anos, os progressistas e as esquerdas
    perderam as ruas. A antessala da cam-
    panha eleitoral foi marcada pela des-
    mobilização. A apatia política, agrava-
    da pela pandemia, aprofundou o isola-
    mento social e disseminou o medo no
    ativismo e na militância, enquanto os
    líderes se esmeravam nas lives no con-
    forto de seus lares.

     
    Assim, o engajamento primaveril do
    colorido das bandeiras empalideceu. As
    campanhas são tocadas por pequenos
    exércitos de marqueteiros e de burocra-
    tas dos partidos que mais cingem a criati-
    vidade dos candidatos e o alarido da mili-
    tância do que permitem ondas anímicas
    de encantamentos que promovem os mo-
    vimentos decisórios dos votos dos eleito-
    res. As propostas se reduziram quase só
    a referências às bocas e aos bolsos. A po-
    lítica perdeu o encanto, já que perdeu o
    espírito e a imaginação, os fomentos da
    liberdade e da criatividade

     

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