"A agenda pública do homem por trás da reforma, o secretário da Previdência Social Marcelo Caetano, mostra quais interesses o governo pretende atender. Foram diversos encontros com representantes de instituições financeiras, que são grandes interessados em vender planos de previdência privada. Bancos como Bradesco, Itaú e Santander, devedores milionários da previdência (só o Bradesco deve quase meio bilhão), mantêm encontros frequentes com o secretário. Houve até uma reunião com o MBL, mas não há registro de nenhuma com entidades representativas dos trabalhadores (exceto uma com a UGT, a central sindical amiga de Temer). A desfaçatez é tanta que, até ser denunciado em março deste ano, Caetano acumulava as funções de secretário da Previdência e conselheiro da BrasilPrev – uma das maiores empresas de previdência privada do Brasil.
Assim como Dilma não foi deposta por pedaladas fiscais, o objetivo da reforma não é salvar o país da crise, mas atender aos interesses do mercado financeiro. A conta da má gestão desses recursos públicos será empurrada para o trabalhador, enquanto os grandes devedores, que foram perdoados por todos os governos, continuarão sendo preservados. Os bancos ainda serão agraciados com o abocanhamento do mercado da previdência privada que irá bombar após a reforma. É isso o que está em jogo. Os milhões gastos em publicidade são para escamotear essa realidade e empurrar para o trabalhador uma conta que não é dele. Um presidente que não foi eleito está gastando o nosso dinheiro em propaganda para nos convencer de que a única saída para a crise é o esquartejamento dos nossos direitos previdenciários. Esse é o drama brasileiro. "