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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, julho 12, 2025

    HA DEZ ANOS Junina 2015


     

    Possível inflexão de Trump é vista com cautela no governo brasileiro, que não descarta um blefe


    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu contraparte dos Estados Unidos, Donald Trump

    Interlocutores do governo brasileiro veem com cautela o que poderia ser uma inflexão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao declarar que pretende conversar, em algum momento, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na avaliação de diplomatas ouvidos pelo GLOBO, dado seu histórico d  voltar atrás em situações anteriores, Trump pode estar blefando.Em entrevista a jornalistas antes de embarcar para o Texas, Trump voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas trouxe como novo elemento a possibilidade de falar com Lula.

    — Talvez eu fale com o Lula em algum momento. Vamos ver o que acontece — disse, sem dar detalhes.

    Um dia antes, na noite de quinta-feira, Lula disse que não teria qualquer problema em conversar com Trump, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo.

    — Na hora que houver necessidade de conversar com o Trump, eu não terei nenhum problema de ligar para ele, como eu já liguei para o (Bill) Clinton, já liguei para o (George) Bush, já liguei para o (Barack) Obama, já liguei para o (Joe) Biden. Agora, é preciso ter uma razão para ligar, dois presidentes não ligam para contar piada — disse Lula.

    Em momentos diferentes, portanto, ao responderem a perguntas específicas, Trump e Lula sinalizaram que podem romper o silêncio. Porém, de acordo com integrantes do governo brasileiro, o essencial é saber se a equipe do Escritório de Comércio da Casa Branca (USTR), receberá instruções para prosseguir ou parar as negociações entre os dois países que ocorrem desde março deste ano .

    Até o anúncio da sobretaxa de 50% a todos os produtos brasileiros, técnicos do Brasil e dos EUA negociavam uma saída para dois problemas: a tarifa de 25% sobre aço e alumínio e outra de 10% sobre as compras do Brasil.

    A avaliação no governo Lula é que o Brasil recebe um tratamento diferenciado dos demais países atingidos pelo tarifaço de Trump. Além da aplicação de uma sobretaxa de 50% a todos os produtos brasileiros em um cenário de superávit comercial a favor do lado americano, a Casa Branca introduziu um componente de intervenção política inédito na história das relações bilaterais entre os dois países.

    Por outro lado, destacam esses interlocutores, Donald Trump também pode estar blefando ao avisar que, a partir de 1º de agosto, entrará em vigor a sobretaxa de 50%. Ao dizer que Bolsonaro está sendo injustiçado pelo Judiciário brasileiro, o presidente americano talvez não imaginasse a forte reação negativa à medida, inclusive entre bolsonaristas.

    Os recados dados pelo Brasil nos últimos dias mostram que o governo brasileiro poderá dobrar a aposta. Mais do que uma ação contra o protecionismo de Trump na combalida Organização Mundial do Comércio (OMC), uma possível retaliação concentrada em propriedade intelectual e direito autoral, como patentes de medicamentos, musicais e filmes americanos assusta os EUA.

    Nesta sexta-feira, o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, reuniu-se com Gabriel Escobar, encarregado de negócios da Embaixada dos EUA em Brasília. A representação está sem embaixador e Escobar é o principal nome do governo americano no Brasil. O tema foi a tarifa de 50%.

    "Vamos abrir diálogo com as empresas paulistas, lastreado em dados e argumentos consolidados, para buscar soluções efetivas. É preciso negociar. Narrativas não resolverão o problema. A responsabilidade é de quem governa", escreveu o governador, que é bolsonarista e um dos cotados a serem candidatos à presidência em 2026 como alternativa a Bolsonaro, declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

    Em nota, a embaixada disse que diplomatas americanos "se reúnem regularmente com governadores brasileiros". Destacou que São Paulo é o estado com a maior concentração de investimento americano no Brasil.

    Já o Itamaraty não se manifestou. Alguns diplomatas afirmaram que a ida de Tarcísio à embaixada foi um "jogo de cena", para tentar corrigir algo que os próprios bolsonaristas provocaram.

     

    Jack Dejohnette & Foday Musa Suso - Ocean Wave -


    IN MEMORIAM FODAY MUSA SUSO

    HA DEZ ANOS Junina 2015

     


    How Brazil’s Landless Workers’ Movement emerged from right-wing rule stronger than ever

     

     



    !

    There is perhaps no organization with a better
    reputation among leftists around the world
    than the MST. Its admirers will tell you that the
    group has managed accomplishments that elude
    progressive movements elsewhere: It maintains
    a radical approach, pushing for revolution in the
    long term while providing food for working-class
    Brazilians in the short; it has adapted
    to shifting conditions without suffering major
    rifts; and it fought to get Luiz Inácio Lula da
    Silva, Brazil’s once and current president, out
    of prison in 2019 and back into
    power, all while keeping its independence
    from the ruling Workers’
    Party. “We have been very inspired
    by the MST as a political and social
    movement,” Enzo Camacho, from
    the ALPAS Pilipinas, a group that
    works to organize the Filipino diaspora
    in Berlin, told me. Belén Díaz,
    a sociologist and a member of the
    left-feminist Bloque Latinoamericano
    collective, put it more bluntly:

    “The Landless Workers’ Movement
    is the most respected social movement in the world.”"

     

    read report by V I N C E N T B E V I N S 

     

    TERNURA ANTIGA - NANA CAYMMI (J. Ribamar e Dolores Duran)



    Ai, a rua escura, o vento frio
    Esta saudade, este vazio
    Esta vontade de chorar
    Ai, tua distância tão amiga
    Esta ternura tão antiga
    E o desencanto de esperar

    DIZZY GILLESPIE Gillespiana 1st Movement: Prelude (in memoriam LALO SCHIFRIN)

    Trump poem em risco empregos no Brasil dizendo que é para ajudar Bolsonaro

     

     


    LEONARDO SAKAMOTO

    Donald Trump anunciou, nesta quarta (9), uma taxa de importação de 50% aos produtos brasileiros que passa a valer em 1º de agosto se nada mudar até lá. Na prática, venderemos menos produtos aos Estados Unidos, o que significa perda de postos de trabalho, aumento de dólar e inflação.

    O presidente norte-americano levantou três razões para isso em uma carta destinada a Lula: 1) vê a relação comercial com o Brasil como injusta e reclamam de tarifas e barreiras tarifárias e não-tarifárias; 2) critica decisões judiciais para forçar as big techs norte-americanas a seguirem a lei brasileira, o que Trump vê como ataques às atividades comerciais de suas empresas e à liberdade de seus cidadãos; 3) usa o julgamento de Jair Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado como justificativa, promovendo a mentira de que o Brasil está atacando eleições livres.

    Trump não baixou tarifas por causa de Bolsonaro, mas usa o ex-presidente como instrumento para justificar suas ações e forçar o Brasil a negociar. Daqui até agosto, esses 50% devem cair porque negociações vão rolar. Aço, etanol, açúcar, tem muita coisa de interesse dos EUA para entrar na mesa.

    O que não vai mudar é o julgamento de Jair por tentativa de golpe. Caso consiga as concessões na área econômica e, eventualmente, alguma coisa sobre a regulação das plataformas digitais, o governo Trump vai reduzir o tarifaço.

    O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro mudou-se para os EUA a fim de pressionar o Tio Sam a adotar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, o Supremo Tribunal Federal e o Brasil no intuito de tentar mudar o curso do julgamento de seu pai. Aliás, Jair disse que repassou R$ 2 milhões ao filho se manter enquanto estivesse por lá. Ou seja, foi responsável por bancar uma conspiração.

    Caso saiba comunicar isso de forma clara à população, o governo Lula pode colar em Jair a pecha de traidor, gerar uma identidade reativa e criar caldo de insatisfação junto aos patriotas de verdade - que não gostam de outro país dizendo o que o Brasil deve ou não deve fazer, muito menos de quem ataca postos de trabalho por aqui

    UOL  

    sexta-feira, julho 11, 2025

    Lula encontrou o seu Rubicão?

     10.09.2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista para o Jornal da Record, no Palácio da Alvorada. Brasília - DF. (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

    "Este texto estava pronto quando chegou a notícia da estapafúrdia carta de Trump. Parece que já não se trata de saber se Lula decidirá ou não atravessar o Rubicão. Seus inimigos já o fizeram. Agora a questão é se Roma conseguirá defender-"

    leia artigo de Carlos A. Ferreira Martins 

    Lula encontrou o seu Rubicão? - Opera Mundi - Opera Mundi

    Hey Chicken- Marvin & Johnny 1956

    HA DEZ ANOS Junina 2015


     

    O leitor chato - Braulio Tavares

     

    "Um exemplo que sempre me provoca um sorriso é a carta que o matemático Charles Babbage (1791-1871) enviou certa vez ao Poeta Laureado inglês, Alfred, Lord Tennyson (1809-1892), a propósito do seu famoso poema “The Vision of Sin”, onde a certa altura se lia: "

    continua no stacde BRAULIO TAVARES

    006) O leitor chato (7.7.2025) - Braulio Tavares

    Pete Kelly's Blues - Ella Fitzgerald


    IN MEMORY ARTHUR HAMILTON

    There are sad things
    There are bad things, the blues
    When they threaten
    Start betting you'll lose

    You hide yourself behind a prayer
    The blues'll come and they'll find you there
    I mean the blues they call Pete Kelly's Blues

    quinta-feira, julho 10, 2025

    Earl Bostic and his Orchestra - Velvet Sunset

    Mott The Hoople - Ready For Love



    Walking down the rocky road
    Wondering where my life is leading
    Rolling on to the bitter end
    Finding out along the way
    What it takes to keep love living
    You should know how it feels my friend

    IN MEMORIAM MICK RALPH

    HA DEZ ANOS Junina 2015


     

    The Pilgrimage to Ozzy Osbourne’s Last Gig

     Fans gather outside the venue for a farewell concert by Ozzy Osbourne and friends, which was decorated with a giant statue of Osbourne in his prime.

       Heavy metal fans crossed continents to converge on Birmingham, England, and throw devil horns in honor of the Prince of Darkness and Black Sabbath.

    The Ruthless Ambition of Stephen Miller

     

     

     

     

     

     

     

     "Stephen Miller was livid. It was a couple of months after Donald Trump’s inauguration, and Mr. Miller, a senior White House adviser, believed that the federal government was not doing nearly enough to stem the tide of illegal immigration into the United States. In a relentless round of meetings, phone calls and emails, he reached deep into the federal bureaucracy and, according to a former Department of Homeland Security official, berated mid- and low-level bureaucrats inside the department. To keep their jobs, he told the officials, they needed to enforce a new policy that punished the families of undocumented immigrants by forcibly separating parents from their children.

    Mr. Miller’s demands, however, went unmet. That’s because he was issuing them back in 2017, and the homeland security secretary, John Kelly, had issued his own edict to D.H.S. officials: If Mr. Miller ordered them to do something, they were to refuse, unless Mr. Kelly, the only one of the two men who’d been confirmed by the U.S. Senate to run the department, agreed to the order.

    Flash forward eight years, to this past May, when Mr. Miller, still livid and now the White House deputy chief of staff, paid a visit to the Washington headquarters of Immigration and Customs Enforcement, where he berated officials for not deporting nearly enough immigrants. He told the officials that rather than develop target lists of gang members and violent criminals, they should just go to Home Depots, where day laborers gather to be hired, or to 7-Eleven convenience stores and arrest the undocumented immigrants they find there."

     read more in the article by JASON ZENGERLE 

     

    Jim Shooter, Editor Who ‘Saved the Comics Industry,’ Dies at 73

     



    He brought order and profits to Marvel in the 1980s and helped establish the genre as a popular-culture tent pole for decades to come.

    r decades

    "Powerfully built, with a looming 6-foot 7-inch frame, Mr. Shooter dominated the comic-book world for much of the 1980s, reinvigorating an art form that had been in decline by finding new markets and new readers.

    Though he was not yet 30 when he took over at Marvel in 1978, he was already an industry veteran. He sold his first comic story, to DC, Marvel’s rival, when he was just 14, and he worked for both companies while still a teenager."


    READ OBIT BY CLAY RISEN

     

    Orgia e Nada Mais - Aracy de Almeida (1938)

    Orgia e Nada Mais - (Haroldo Lobo -Alcebiades)

    nao ha nada melhor do que a orgia

    quarta-feira, julho 09, 2025

    ERA UMA VEZ HORRÍVEL


    Marcílio Godoi >


    "Lá em cima do piano tem um copo de veneno", dizia uma parlenda tipo uni-duni-tê de minha infância. Segundo seus versos, "quem bebeu, morreu: de menos... eu", que, apesar de menino bobo, ficava meio confuso com o fato de deixarem um copo de veneno, assim, de bobeira em cima do piano, sei lá, como um copo de uísque amanhecido.

    E ainda tinha esse triste desfecho, uma criança desavisada bebe a poção maligna, tendo sido assassinada culposamente. Entretanto, vivas ao individualismo!, ao menos não fui eu. Morreu o Abreu. Caramba.

    A estupidez desses versos populares infantis só perdia para a violência de suas imagens. Como, por exemplo, o serrador ir lá e serrar "o papo do vovô". Numa boa a gente repetia, "Serra, serra, serra... cantando com doçura a imensa crueldade com o velhinho.

    Agora imagina que sacanagem: mandar um "boi da cara preta" pegar uma menina só porque ela "tem medo de careta". Sei lá, às vezes acho que somos uma geração sobrevivente de tanta maldade. Ter tanto filha da puta no mundo faz sentido.

    Enfim. Crescemos assim. Naturalizando absurdos como "uma barata na careca do vovô" — sempre o coitado do vovô — ainda bem que não havia etarismo no caso, era só um cadáver insepulto na casa, juntando bicho. Deve ser.

    E essa outra?, pelo fato de o papai ter ido trabalhar e a mãe ter dado um pulinho na roça ser já um motivo suficiente para a cuca vir "pegar" a criança. Bicho, na boara era um inferno, a infância.

    Bem. De todos esses terrores impostos a nós ao longo de toda a meninice, e principalmente à noite, o que mais me marcou foi ouvir repetir sempre que Sambalelê tava doente, tava com a cabeça quebrada... e ainda assim mandávamos insistentemente a coitada sambar! Samba, samba, samba!!!

    E se por acaso ela se recusasse? "Sambalelê precisava é de uma boa lambada". Jesus, eu me desesperava com a prática explícita daquela tortura. Lambada era o mesmo que chicotada, gente! Oi?!
    Todos vivíamos num parquinho macabro, agora percebo bem, quando me lembro daquela famosa “Dança, neguinha, não sei dançar, pega no chicote que ela dança já!” — Ninguém enxergava a brutalidade disso?

    Nesse contexto, tinha gente que atirava o "pau no gato" só para dona Chica se admirar, e fazia a galinha do vizinho botar ovo amarelinho em uma contagem infinita. Bota um, bota dez, bota mil! Desalmados!, — eu gritava — sem que me ouvissem.

    Depois iam, freneticamente gritar no meu ouvido que a barata tinha o pé cabeludo e rir, desaforadamente na cara dela, o bullyng repisado nela: "Hahaha, hahaha, o pé dela é cabeludo!". Nem Kafka intentaria representar esse horror.

    De minha partezinha, eu ainda tentava lidar com a imagem da rosa despedaçada pelo cravo debaixo de uma sacada. Feminicídio à luz do pátio! E nem mencionavam a Maria da Penha, o Samu, sei lá, na letra.

    Era um tal de Lobo pegando criancinhas pra fazer mingau eu até posso compreender, “tenho um bom petisco para encher a minha pança!”, era uma hipérbole divertida. Mas soldados sendo presos no quartel simplesmente porque não sabiam marchar direito? Se bem que eu nunca gostei de polícia. Teje preso mesmo! Confesso que eu gostava dessa parte!

    Lembrei-me dessas coisas de naturalização da violência ontem, quando, numa festinha infantil aqui no meu prédio, vi uma moça fazendo escultura de balões para as crianças. De todas, a mais pedida era, disparadamente, sem trocadilhos, a de uma AR15. Juro. Nada mudou. Ou talvez tenha até piorado, viu?

    Os meninos corriam a festa inteira, pra lá e pra cá, atirando, brincando de Wilson Witzel na favela, da dupla Derrite-Tarcísio na ocupação, de Jair Bolsonaro em campanha. Pensei nesses meninos grandes, talvez seus pais ainda os ensinem outras coisas também.

    Mas não sei, melhor não. Pensei de novo, estou confuso, tentando ser otimista. Quem sabe ir lá, fazer uma micropoliticazinha da paz, levantei-me para ir dar o toque aos ilustres progenitores, mostrando que aquilo era um treinamento para o genocídio, mas me contive no caminho.


    Sei que não estamos em tempos de muita compreensão. Na real, tive medo que me fuzilassem. Para dizer a verdade, acovardei-me naquele soturno "cai-cai, balão", ensaboado, na rua do sabão: "Não vou lá, não vou lá, não vou lá....

    Tenho medo de apanhar".

    (Img. Le Ballon Rouge - "The Red Balloon" - 1956, Albert Lamorisse)

    HA DEZ ANOS Junina 2015


     

    Carrousel Carrousel · Clare Fischer & Helio Delmiro …



    IN MEMORIAM HELIO DELMIRO 

    terça-feira, julho 08, 2025

    The Beach Boys - Wouldn't It Be Nice



    Wouldn't it be nice if we could wake up
    In the morning when the day is new?
    After having spent the day together
    Hold each other close the whole night through


    in memoriam BRIAN WILSON

    segunda-feira, julho 07, 2025

    Taxar grandes fortunas é agenda global, não tem nada de eles contra nós

     ]


    BIANCA SANTANA

    Crescem a extrema direita e as ameaças à democracia. Mas cresce também, internacionalmente, a proposta de enfrentar desigualdades tributárias, taxando os super-ricos.

    Além dos sindicatos, dos partidos e de governos de esquerda, há super-ricos — pasmem — que também defendem a taxação de grandes fortunas. Eu já havia lido sobre alguns deles que, nos Estados Unidos, reuniram-se em um coletivo chamado "Patriotic Millionaires", inicialmente "Patriotic Millionaires for Fiscal Strength" (milionários patrióticos pela força fiscal).

    Em maio deste ano tive a oportunidade de conhecer uma das mais atuantes vozes do grupo: Abigail Disney, neta de Roy Disney, cofundador da Walt Disney Company. Abigail esteve em Fortaleza, ao lado de Cássio França e Inês Mindlin Lafer, para a abertura do Congresso Gife: Desconcentrar Poder, Conhecimento e Riquezas, que reuniu 1.200 pessoas interessadas em debater o investimento social privado e filantropia.

    Ela defende uma reestruturação do sistema tributário para corrigir privilégios. Mesmo que reconheça a importância da filantropia e da caridade, Abigail mesma já doou cerca de US$ 70 milhões de sua fortuna de cerca de US$ 120 milhões. Ela afirma que a caridade não garante serviços públicos, não reduz desigualdades estruturais, não democratiza o poder. Se o sistema tributário privilegia os ultrarricos para que sejam cada vez mais ricos, ele precisa ser alterado para corrigir desigualdades.

    É sabido que investidores pagam menos impostos que professores, enfermeiros, policiais; que grandes heranças podem ser transmitidas sem que se pague muitos impostos. Os "Patriotic Millionaires" reconhecem isso e alertam que, além de injusta, a desigualdade é perigosa. Na avaliação deles, fragiliza democracias diante da concentração de poder em quem tem muito dinheiro, vide a importância de Elon Musk para a eleição de Donald Trump, mesmo que agora não sejam mais amigos.

    Bilionários podem comprar plataformas digitais, veículos de mídia, influenciar eleições e definir a agenda pública. A concentração de riqueza significa concentração de poder político e, como temos visto em todo o mundo, crescimento do populismo autoritário. Segundo o grupo, tributar mais os super-ricos é a forma mais eficiente de reduzir desigualdades extremas.

    Não se trata de punir o sucesso ou sufocar a iniciativa privada, mas de garantir que quem mais se beneficiou do sistema tributário contribua, proporcionalmente, para que ele retorne ao conjunto da população. Em vez de multiplicar aplicações e contas bancárias, pequenas partes das grandes fortunas revertidas em impostos podem financiar saúde, educação, segurança, infraestrutura e políticas climáticas.

    Em entrevista a esta Folha, Abigail contou que nos inúmeros artigos que já escreveu sobre o tema, as mensagens mais raivosas que recebe não são de super-ricos. "Acho incrível isso, mas é que existe essa ideia de que, ‘se eu algum dia tiver esse dinheiro, não pagarei essa taxa’."

    Taxar grandes fortunas não tem nada de eles contra nós. É sobre justiça fiscal e econômica. Sobre sociedades mais equilibradas e o futuro das democracias

    FOLHA  

    Régis Bonvicino odiava o efêmero e merecia mais atenção crítica no Brasil

     

     Um homem idoso está sentado à mesa, com as mãos cruzadas. Ele tem cabelo grisalho e uma expressão séria. Ao fundo, há uma pintura em preto e branco de uma mulher sentada em um sofá. A iluminação é suave, com uma lâmpada pendurada acima da mesa.

    Claudio Leal 

     

    A viagem de Régis Bonvicino (1955-2025) a Roma, em 26 de junho, seria uma fuga. Provocador de nascença, o poeta decidiu visitar a Itália por razões espirituais. Estava exausto da banalidade da vida literária, do declínio da linguagem poética e dos elogios de críticos a poetas ocos. "Chega! Cansei do efêmero. Vamos para Roma!", ele anunciou à família.
    O roteiro na "Cidade Eterna" estava traçado. Ele pretendia percorrer os lugares associados aos diretores italianos Roberto Rossellini e Pier Paolo Pasolini e comprar livros no bairro de Trastevere. "Hoje, prefiro ver os filmes de Fellini, Antonioni e Rossellini do que ler poesia", ele me disse, dias antes de embarcar. Anotações de logradouros em seu bolso: Via della Vasca Navale, 58; Viale dei Giusti della Farnesina, 6; Viale Antonino di San Giuliano, 782; Via Eufrate, 9.
    Pasolini era um nome recorrente em suas últimas conversas, inspirador pela crítica ao fascismo da sociedade de consumo e ao inofensivo consumo do antifascismo em países capitalistas. "Considero Pasolini uma coisa profética. Não entendo como ele intuía aquilo. Ele previu tudo, previu esse desastre". Da França, o artista plástico Luciano Figueiredo lhe enviou uma reportagem do "Le Monde" sobre uma nova investigação do assassinato de Pasolini, em 1975.
    No domingo, 29, o poeta caiu na esquina de seu hotel em Roma. Desorientado com a queda, que feriu sua cabeça, ele foi levado de ambulância para a enfermaria de um hospital, onde permaneceu quatro dias até ser transferido para a unidade de terapia intensiva. Morreu na manhã deste sábado, 5 de julho. Sua esposa, Darly Menconi, o acompanhava na viagem.
    O horror de Bonvicino ao efêmero passava também pela destruição da Ucrânia, da Faixa de Gaza e da Cracolândia em São Paulo, ruínas a seu ver interligadas. Ficou sem dormir depois dos bombardeios de Israel e dos Estados Unidos contra o Irã. "Do que se trata", seu último poema, concluído no mês passado, desintegrava ainda mais os cacos.
    "Helicópteros sobrevoam o bunker/ Drones carregados de explosivos/ Incêndio, corpos queimados/ Uma coluna de fumaça/ Se confunde com as nuvens/ O pássaro faz uma rasante/ Diabos de todos os tipos/ Uma tenda ao lado da igreja/ O carrasco dizia:/ "O imperador Maximiliano/ Quando avistava uma forca/ Tirava-lhe o chapéu".
    "Minha poesia vem se afunilando nesse sentido desde ‘Página Órfã’, ‘Estado Crítico’, 'A Nova Utopia'. É a minha maior preocupação: a questão do dejeto humano e sua linguagem", ele disse.
    A ausência de saídas, ou a busca de novas vias na linguagem, apareceu em seu célebre poema do livro "Sósia da Cópia" (1983): "Não há saídas/ Só ruas viadutos avenidas".
    Na década de 1970, Régis Bonvicino encontrou interlocução com os poetas concretos Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos, mas, acima de tudo, com o amigo Paulo Leminski e os compositores tropicalistas, além da artista visual Lenora de Barros. Em uma diferença com Leminski, esteve mais concentrado no diálogo com Caetano Veloso, a quem dedicou um poema: "Lavar pratos sujos/ Na pia da cozinha/ (Depois do almoço)/ Limpos/ Minha alma".
    Esse foi o universo das conversas estéticas de sua juventude. Dali em frente, perseguiu uma linguagem pessoal, afastando-se da poesia concreta, do pop da tropicália e do desejo de comunicação ampla de Leminski. Dos concretos, preservou o apego à objetividade e a fidelidade ao legado das vanguardas históricas, sem acreditar em "repressão da linguagem". A partir da década de 1990, expandiu o contato com poetas dos Estados Unidos, França, Espanha, Uruguai, Chile e México. Luciano Figueiredo virou o principal confidente de suas reflexões sobre as artes.
    "Bicho Papel" (1975), "Régis Hotel" (1978) e "Sósia da Cópia" (1983) marcaram o seu começo na poesia e seu impulso contrário à estagnação e ao relaxamento. "Seu 'Bicho Papel' arranca de outra fonte: as vanguardas dos anos 1950/1960, principalmente a poesia concreta, com Tropicália, a vertente mais fecunda da poesia ( = fazer verbal/textual) brasileira, nas últimas décadas. Perante a multiplicidade das direções, das influências, todos estamos à procura da síntese: nossa síntese = nossa poesia", escreveu Leminski, em 1978. A fortuna crítica do poeta reúne ainda Boris Schnaiderman, Caetano Veloso, Haroldo de Campos, Luiz Costa Lima, Décio Pignatari, Alcir Pécora e Eduardo Milán, entre outros.
    "Seus poemas distinguem-se por um peculiar manejo da dicção ‘coloquial-irônica’ (Edmund Wilson), que radica no lado talvez menos conhecido do Simbolismo francês (…) Poeta sobretudo urbano, capaz de sobriedade lírica, de imagem cortante e de causticidade crítica e autocrítica", analisou Haroldo.
    Era o poeta de sua geração mais admirado por Otavio Frias Filho, que foi diretor de Redação da Folha de 1984 até sua morte, em 2018. Ele abriu espaço para seus textos na Folha e ouvia suas recomendações literárias. O exercício da crítica alimentava a criação poética de Bonvicino, na voracidade com que lia, divergia, elogiava e brigava com outros intelectuais de seu tempo, confiante no poder profilático do embate cultural.
    "Eu sou mais duro, vivi coisas difíceis, não consigo deixar de dizer o que acho, o que vejo. A indústria editorial e de comunicação está matando o debate, a reflexão, a invenção etc.", ele afirmou no mês passado. "É um problema da cultura. Aqui tem toda uma falta de repertório mais alto, de indagação com a linguagem, até num sentido filosófico. Eu leio a poesia de outros países e ainda tem os dois lugares. Tem o lado convencional, lírico, e esse outro. Aqui, não".
    Depois da desistência da editora 34, ele acertou com a Quatro Cantos a reedição do livro "Envie Meu Dicionário: Cartas e Alguma Crítica" (com a correspondência de Leminski), ao qual acrescentaria um ensaio de Caetano. Pensava em devolvê-lo às livrarias a tempo da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que tem Leminski como autor homenageado.
    "A Nova Utopia", último livro de Bonvicino, merecedor de mais atenção crítica, condensa seu pensamento sobre a linguagem de um mundo sombrio. "Um rato dilacerado na pista/ Sacos de lixo abertos pela chuva:/ Não é o cúmulo, é apenas acúmulo,/ Um trovão detona a nuvem/ O que está no poema não está no mundo."
     
    FOLHA 

     

     

    The Coward Brothers [Elvis Costello & T Bone Burnett] - Always



    She said, "The sun comes up in the dead of night
    And the roof is rubber and it won't stay tight And the floor is the deck of a ship on the sea And you can't be sure of the shore"

    saudades do jorge roberto martins


     


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