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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, setembro 22, 2007

    Palavras: ainda a pirataria da tropa

    Continuando a polêmica em torno de tropa de elite
    (uma delas, a da pirataria do filme
    pois tem outra, a da idealização do Bope)

    não percam o excelente artigo de
    de Cezar Migliorin
    no site da Cinética

    analisando a "pirataria" como uma modificação da produção diante do capitalismo atual.
    Um novo mundo
    outras noções de direitos e autorais
    outra visão do lucro
    e da co-criação e co-fruição de obras.



    A noção de propriedade sobre a qual se baseiam os argumentos de Padilha é aquela da era industrial e, se ainda não foi destruída pelos juristas e governos, está sendo cotidianamente ultrapassada por desejos e gestos muito mais democráticos. Trata-se de uma noção de propriedade que não autoriza excluir o que foi produzido por toda sociedade: a cultura, o cinema, a educação, o Bope, a violência, a favela, etc. Este “direito de acesso” deve se impor ao “direito de excluir” a um bem imaterial.

    (...)

    Tropa de Elite é baseado na experiência de profissionais do Bope. Esta experiência é pessoal e social, passa pelo fato de serem funcionários públicos e atuarem no Rio de Janeiro, em lugares públicos e conhecidos e com as pessoas da cidade. Trata-se de uma obra de ficção, claro, mas absolutamente enraizado em uma experiência coletiva. O filme se funda na experiência das pessoas que estão vendo o filme, que moram no Rio e que, de alguma maneira, participam daquela história. Isso é parte importante do sucesso do filme. A indústria cultural se organiza em torno de experiências compartilhadas e transforma em mercadoria o que é coletivo. Assim foi durante esse século. O que o caso de Tropa de Elite deixa também explicito é a dificuldade de esta mesma indústria limitar o acesso ao que pertence a todos em sua origem.

    Tropa de Elite e a crise da propriedade imaterial - link aqui

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    deu um branco no festival do rio

    Isso é que é crítico de cinema!
    Arnaldo Branco está arrasando com sua anti-cobertura do Festival do Rio 2007 - vejam por exemplo seus critérios para escolher filmes:

    Queria ter visto ontem "Irina Palm", o filme sobre uma velhinha (Cristo, a Marianne Faithfull) que masturba homens e mulheres por dinheiro, só porque já tinha um título pronto para a crítica: "Tocante" - mas o editor Zé José me convenceu a ver "O Engenho de Zé Lins" com um argumento definitivo: "toca o Hino do Flamengo três vezes". Mesmo sabendo que corria o risco de arrumar briga por me sentir tentado a levantar na poltrona com a mão espalmada no peito durante as execuções, fui assistir.


    Aliás, o blog que a Zé Pereira abriu para o Festival está excelente e recomendo que acompanhem todos os dias!

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    Festival do Rio 2007 - segundo dia - dicas do ricky

    Estação 3 14:45 - Miss Gulag
    Espação 2 19:00 Silenciosa Luz
    Espação 1 23:30 - Mister Lonely


    O primeiro é docu com um concurso de miss entre detentas na sibéria, partindo daí para falar da rússia atual. O segundo é do reygadas um artesão do cinema com dois belíssimos filmes anteriores e está entre meus imperdíveis do festival. No terceiro, um sósia de Michael Jackson torna-se amigo de uma sósia de Marylin Monroe e vão morar numa comunidade onde todos são sósias de celebridades (!).

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    sexta-feira, setembro 21, 2007

    Palavras: Tropa de Elite

    BOPE ao nosso redor

    Não importa se o "vazamento" do Tropa de Elite foi ou não foi uma jogada de marketing. O que interessa é que o alastramento do filme pelas ruas do Brasil - e especialmente aqui do Rio - tornou-se possivelmente o mais importante acontecimento cultural dos últimos anos. Andem pelas ruas. Olhem para os lados. O "Bope" está em todos os lugares. Os camelôs colocam uma televisãozinha no meio da calçada, improvisando uma "sessão urbana". As cópias piratas circulam de mão em mão, nos escritórios, nas academias e inclusive nas redações (sim, sim, sou testemunha). Ontem mesmo, sábado à noite, me surpreendi passando em frente a uma lanchonete que exibia o filme para os seus clientes. Era como uma sessão fechada, uma pré-estréia de gala - mas, felizmente, ninguém estava vestido a rigor.

    Antes do fenômeno ganhar o asfalto, começou no morro. A primeira vez que vi as cópias do vídeo foi subindo a Rocinha. As pessoas se apertavam em torno das barraquinhas, ansiosas. Convenhamos: ver a Rocinha se apropriando do tão preparado evento midiático Tropa de Elite antes dos grandes shoppings, antes dos Estações e dos Arteplexes, para fazer seu próprio "evento midiático", com suas arenas improvisadas, é sempre um fato curioso. Outra grande cena que tive o prazer de me tornar testemunha aconteceu no Morro da Providência, dentro de uma lanchonete. Eu tomava uma sopa de ervilha quando entrou um garotão segurando uma pistola numa mão e uma cópia do "Tropa" na outra. Chegou dizendo para a dona do lugar: "Quero ver esse filme!" Ao que a Dona logo respondeu: "Não é pornográfico, não, né?" E ele: "Não, não. Só tem umas cenas... sensuais". Estava ali, o garotão com uma pistola e um dvd pirata. O representado segurando a representação. Sem dúvida, queria se ver. Só que não havia mais o respeito cerimonioso ao retrato. Tropa de Elite já não era um evento imposto, limitado para alguns escassos possíveis consumidores - tornara-se simplesmente algo aberto, flexível, em plena mutação dentro do imaginário popular.

    Com as cópias piratas circulando, com a capacidade do público em organizar seu próprio lançamento e distribuição (especialmente um público normalmente marginalizado do atual sistema de distribuição do cinema, um espetáculo, vamos admitir, CARO DEMAIS), o mundo, definitivamente, não é mais tlön. E, note-se que estamos falando da multiplicação de uma cópia que, dizem, não é a versão "correta". Aí está o melhor de tudo: não importa o quanto se esforcem para dizer que este não é o evento certo, que o "verdadeiro" evento está para vir, o oficial, o prestigiado ("consumam o produto cultural correto", dizem eles), porque ninguém quer saber. As pessoas fizeram seu próprio evento cultural e estão felizes com ele.

    Antes que me acusem de fazer apologia à pirataria. Antes que me acusem de irresponsável e criminoso. Antes que me acusem de querer acabar com a indústria cinematográfica brasileira - vou fazer uma previsão: o Tropa de Elite será um sucesso TAMBÉM nos cinemas. É compreensível a preocupação daqueles que colocaram dinheiro, daqueles que deram tudo de si para realizar um filme. São compreensíveis as recentes reações indignadas daqueles que temem perder o esforço do seu trabalho. Mas todos podem ficar tranqüilos: tenho certeza de que quando fizerem o lançamento oficial do filme nós já sabemos aonde, com suas roupas de gala, seus coquetéis, seus repórteres, todos que podem (os poucos que tanto se orgulham disso) não vão deixar de comparecer ao maravilhoso Espetáculo Oficial. O verdadeiro e correto evento cultural "Tropa de Elite" reinará triunfante - e sempre haverá mais alguém querendo fazer parte dele.

    Mas, independente do que ocorrer, há razões de sobra para todos que fizeram Tropa de Elite se orgulhar. O filme ganhou vida própria - e eu imagino que essa deva ser a maior alegria de um artista. De forma espontânea, natural, rica e vibrante, ganhou as ruas, as casas, as padarias e os bares. Até um novo nome o filme já tem, um apelido carinhoso, informal e generoso: BOPE.
    Sintético ao extremo, como todos os bons apelidos.

    - Bolívar Torres
    contracampo

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    Tragédias relativas



    SANTIAGO
    Porto Alegre

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    Festival do Rio 2007 - primeiro dia - dicas do ricky

    Estação 3 14:45 - Tudo à Venda
    Espação 2 21:30 - Irina Palm
    Espação 3 24:00 - For your consideration

    Tudo à Venda docu sobre a globalização Irina tem Marianne Faithfull como senhora que descobre seu dom para a punhetagem e o terceiro filme é do diretor do Spinal Tap.


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    Bem, chegou a época de novo... filmes & filmes & sessões & correrias & imagens & mundos a conhecer e percorrer... o festival de cinema trazendo coisas de toda parte.

    Conforme os leitores mais antigos acompanharam neste blog, não sou mais o rato de festival que fui. De ficar nos sufocos & filas quilometricas para comprar os ingressos de antemão e garantir lugar nos imperdíveis e contabilizar milhagem de cadeira (desconfortável) de cinemas.

    O interesse porém permanece, e prossigo vendo dois ou tres filmes por dia durante o festival (sim, antes eu via mais, muito mais). Mas não desespero de perder um ou outro, nem filmes valem tal esforço.
    Agora também a sede anda mais aplacada, há outras vias de acesso para o não-comercial, DVDs, arquivos baixados, mesmo um ou outro slot no cabo.

    Pois há o interessante da salada, da jução, da juxtaposição de cinematografias e histórias diversas, de experiencias e estilos diversificados, mashups na mente de cenas projetadas em turbilhão.

    Então vamos nós de novo.
    O método, diante das opções, continua com alguns parâmetros:
    tentar fugir do óbvio, por mais badalado que seja, por mais legal que seria assistir já e com a galera.
    não escolher filmes que entrarão depois em circuito.
    (não deixo de ver filmes só porque entrarão depois, mas diante de uma escolha, esse fator pesa e muito).
    seguir nomes que comprovei serem bons e ao mesmo tempo ficar de ouvido no que as pessoas dizem e escrevem.
    conectar-se intuivamente às poucas linhas de sinopses
    e também, também, arriscar, apostar no desconhecido.

    Vou postando algumas coisas aqui sobre isso, não muito, pois o tempo é pouco, tem tantos blos & sites comentando e criticando o festival, meus tempos de crítica passaram, meus relatos jornalísticos também, agora - como friso neste blog - estou mais vivendo do que relatando.

    ps -
    Ah sim, não tenho folego nem saco para deslocamentos geográficos frenéticos, concentrarei minha programação (e portanto, as dicas) ao núcleo espação-estação, abrindo viagens ao centro com o odeon quartel-general do evento e caixa pelos documentários.

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    segunda-feira, setembro 17, 2007

    E segue a vida...



    ANGELI
    São Paulo

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    domingo, setembro 16, 2007

    Casa de Vinho Renan



    CLAUDIO PAIVA
    Rio de Janeiro


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    Palavras: Agamenon

    Os senadores fizeram ouvidos de Mercadante à opinião pública.

    - Agamenon Mendes Pedreira

    Em Cartaz, Cultura de Rua

    Revista de Domingo do Globo traz materia hoje sobre a guerrilha interessante do coletivo cdr (Cultura de Rua), rapaziada legal.


    Eles se autodenominam o Exército da Cruz Vermelha da Cultura Brasileira. E, de certa forma, são mesmo.

    Fazem o que podem, com parcos recursos, para divulgar a obra de pessoas que ajudaram a fincar as raízes culturais do país.

    São voluntários que dedicam o tempo livre e o conhecimento em artes plásticas para instigar a curiosidade de quem passa pelas ruas do Rio com cartazes feitos artesanalmente que trazem os rostos, nem sempre prontamente reconhecíveis, de quem fez História. Um trabalho de formiguinha, feito por apenas três soldados, que formam o coletivo Cultura de Rua [CDR].

    Há um ano, os designers Eduardo Danne, de 34 anos, Carlo Filardi, de 32, e o historiador Thiago Florêncio, de 30, decidiram homenagear personalidades em 12 categorias: artes plásticas, ciência, cinema, comportamento, cultura popular, esporte, literatura, música, rádio, religião, teatro e TV.

    Numa etapa inicial, montaram cartazes com as faces de dois representantes de cada uma delas e os espalharam por bairros como Lapa, Laranjeiras e Botafogo, sempre em série e sempre em áreas com grande concentração de pedestres.

    Entre os homenageados, nomes conhecidos como Carmen Miranda, Garrincha, Grande Otelo e Chacrinha têm o papel de chamar a atenção para outros nem tão populares, mas não menos importantes, como a psiquiatra Nise da Silveira e Arthur Bispo do Rosário. O grupo parte agora para sua segunda leva de homenagens. A idéia é que as personalidades sejam renovadas a cada seis meses.

    — Queremos despertar a curiosidade de quem passa pelas ruas a partir das imagens dos cartazes e incentivar a pesquisa pela obra dessas pessoas — explica Eduardo. — Se a gente conseguir chamar a atenção de uma pessoa só, já valeu.

    Mas eles querem mais, é claro. O processo de pesquisa para a nova leva de trabalhos está em andamento e as sugestões podem ser enviadas pelo site . Alguns nomes cotados são os da nadadora Maria Lenke, para a categoria esporte, e de Cartola, para música. Um dos cuidados do grupo é não tratar as pessoas escolhidas como celebridades.

    O que está em jogo é a obra e não a vida privada de cada um. Por isso, segundo eles, não há espaço para políticos, nem para heróis nacionais que não precisam de qualquer empurrão para cair na boca do povo.

    Um primeiro olhar poderia pôr os meninos em posição de simples emporcalhadores da cidade. Mas não é bem assim. Sempre no tamanho de uma folha de papel A3 — eles não são feitos para concorrer com os outdoors ou os lambe-lambes publicitários — os cartazes são colados em tapumes de obras e em lugares previamente autorizados, para não haver confusão com os proprietários dos muros ou com a Prefeitura.

    Uma arte simples, sem nariz em pé, ao acesso de todos. Ou, como eles chamam, uma intervenção urbana.

    Além disso, o grupo opta por usar uma cola leve, feita com maisena, que é removida com facilidade.

    Quem gostar muito pode destacar e até levar um cartaz para casa.

    — Criar o projeto foi a forma que encontramos de reclamar do esquecimento — defendese Eduardo.

    O trabalho do coletivo começou a ser feito na varanda da casa dele.

    Hoje, os três dividem um espaço na Lapa com outros designers que, e ve nt u al m en te , ajudam na produção ou com a doação de recursos. Todo e qualquer material que cai nas mãos deles é transformado em cartaz, até mesmo papel de pipa e tinta de parede. No final das contas, acabam usando diferentes técnicas de pintura, como grafite. O que poderia ser encarado como uma dificuldade acabou se transformando em vantagem para o projeto.

    — Mesmo feitos em série (eles usam uma técnica parecida com o silk screen), cada cartaz é único. A gente pode colar 500 cartazes de uma vez só e nenhum será igual ao outro — diz Carlo.

    texto Marcella Sobral
    fotos Michel Filho

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