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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    quarta-feira, setembro 13, 2006




    JAGUAR
    (Rio de Janeiro, RJ)


    Palavras


    O que têm na cabeça - além de lucro- empresários que estabelecem R$ 70 de consumação mínima e permitem a entrada de menores em suas boates?

    O que têm na cabeça garotos e garotas de 16, 17, 18, 19 anos a gente sabe. Por isso mesmo é um crime induzi-los a consumir R$ 70 em álcool durante três, quatro horas de farra. A molecada faz valer uma relação "custo-malefício", consome cada centavo de sua cartela e ainda o que sobrar nas dos colegas. Misturam cerveja, vodca e energéticos.

    Qual a diferença entre comerciantes que levam jovens a abusar de drogas legais e traficantes? Os primeiros pagam impostos, poderão justificar -mas não dá para garantir. As duas categorias só obedecem à lei da oferta e da procura. Pais podem fazer sua parte com educação e evitando patrocinar riscos aos seus filhos, mas regulamentação e fiscalização dessas "bocas-de-álcool" para jovens seriam muito bem-vindas. Mas interessa?

    - Sérgio Costa
    "Consumação Máxima"





    onze de setembro de 2001


    a história por trás da foto
    AQUI

    AQUI

    terça-feira, setembro 12, 2006

    Vistos na semana



    Via IRIS:

    Pleine Soleil (René Clement, bas. Patricia Highsmith, França, 1960)
    Lilo & Stich (DeBlois & Sanders, est. Disney, EUA, 2002)
    Zelig (Woody Allen, EUA, 1983)
    Lady & the Tramp (Geronimi & Jackson, est. Disney, EUA, 1955)
    Silent Hill (Christophe Gans, rot. Roger Avary, Canada, 2006)
    Seus Problemas Acabaram! (José Lavigne, rot e com Casseta & Planeta, Brasil, 2006)
    The Call of Cthulhu (Andrew Leman, EUA, 2005)
    The ballad of Jack and Rose (Rebecca Miller, EUA, 2005)
    Grizzly Man (Wener Herzog, EUA, 2005)
    Brick (Rian Johnson, EUA, 2005)
    Casa de Areia (Andrucha Waddington, Brasil, 2005)



    Minha visão de Silent Hill nao é a de um espectador isento pois já estive nessa cidadezinha abandonada à beira de um lago e lá eu vivi por várias semanas percorrendo suas ruas cobertas de neblina e seus prédios recheados de seres tortuosos como em quadros de Francis Bacon com facões pesados querendo retalhar a mim como se fosse um bacon.
    O filme se inspira num game e mais do que isso, é fiel reconstituição não só da atmosfera do jogo como de minúcias como angulos de visão e a maneira como se movimentam personagens nos games atuais.


    O universo de Lovecraft é outro onde vivo e visito constantemente. Por anos joguei os RPGs de Cthulhu. Mas a recriação da turma de Leman para esse conto específico de Lovecraft vai fascinar também os interessados por filmes mudos. O filme é atual mas feito como se o fora na época em que os textos foram escritos, ou seja, é um filme mudo com atuações, efeitos e filmagens como naquele tempo.
    (Baixei a obra na internet, não chegará aqui pelas vIas tradicionais)

    Já Brick talvez chegue aqui eventualmente em DVD, não sei, mas é um mash-up cinematográfico do genero noir com filmes de adolescentes em ginásios americanos com filmes de delinquentes juvenis (com um lingo e mores próprios). Interessante.
    Em Jack and Rose Daniel Day Lewis (excelente) é o remanescente de uma comunidade-paz-e-amor que cria a filha numa ilha isolada longe do mundo e Rebecca conduz a trama com muita sensibilidade.


    Na semana em que o homem dos jacarés levou ferroada mortal de um bicho, finalmente vi o novo filme do Herzog sobre o homem dos ursos, o naturalista maluco (literalmente) que curte viver na natureza como se os bichos fossem seus amiguinhos, e os desdobramentos emocionantes que ali advém. Timothy Treadwell filmava-se a si próprio constantemente e Herzog faz ótimo uso desse material. Timothyé um Klaus Kinski natural para as considerações herzoguianos sobre natureza, homens, e suas naturezas.

    O filme dos Cassetas... ao contrário das opiniões gerais, gostei do primeiro filme. Este é infinitamente mais bem produzido mas o roteiro referente de anos 70 do outro é melhor. Quer dizer, as piadas individuais do outro, pois havia um grande problema de roteiro ao ter as situações mal costuradas. A maior diferença para mim do primeiro para o segundo é a direção de quem entende de comédia do Lavigne (acostumado também com o grupo). Este agora não só estica para o cinema piadas de televisão como faz uso da vertente mais chula e simplória do humor C&P (peidos, cocô, e trocadilhos com cu). Deve fazer sucesso.

    Em termos de cinema nacional, melhor foi passear pelas dunas de Casa de Areia. O restante na semana também foram coisas revistas.



    Vistos na semana anterior

    segunda-feira, setembro 11, 2006




    AMORIM
    (Rio de Janeiro, RJ)


    Palavras - e Imagens


    Que direito tenho eu de invadir a sua casa, imortalizar a sua dor, e nunca mais vê-lo?

    Que direito tenho eu de ficar longo tempo observando-o, e registrar o exato momento em que você rouba o que a sociedade nunca lhe ofereceu?

    Que direito tenho eu de ouvir seus gritos e sentir que naquele exato momento você acaba de perder um pedaço de sua alma, e ao mesmo tempo a palavra pai deixa de existir?

    Que direito tenho eu de fotografar a sua humilhação, ver seus olhos vermelhos, e saber que o ser maior desejo é ter uma carteira assinada, um emprego digno?

    Que direito tenho eu de olhar para você, capturar sua alma, e perceber que sua vida não melhorou nada desde quando chegou com sua força de trabalho, para construir o meu país?

    Que direito tenho eu de ficar feliz quando acabo de saber que ganhei mais um prêmio fotográfico?

    O meu direito, a minha dor, a dor de um fotojornalistasocial nunca vai parar nas páginas de jornal. A dor fica com ele, entre negativos, CDs, discos rígidos fica no seu olhar, fica na sua alma. Ele a carrega para sempre nas suas mais íntimas células de seu corpo.

    O fotojornalistasocial vai além de seu salário, vai além da pauta do dia a dia, vai além, vai sempre além, tentando mostrar o que as pessoas já estão cansadas de olhar e não querem enxergar mais.

    O prazer do fotojornalista social é dar voz, é questionar, é mostrar, é despertar, é acordar o sentimento de humanidade que existe dentro de cada um de nós. É saber que através de seus olhos outros olhos enxergaram outras formas de ver a sociedade.


    - Domingos Peixoto




    foto de Domingos Peixoto



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