Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital.
Desagua douro de pensa mentos.
sábado, janeiro 28, 2023
Primeiras Estórias: "Darandina"
"Guimarães Rosa tinha uma certa fascinação pelos doidos, pelos indivíduos meio sem juízo, fora de esquadro. Não o doido furioso, porejando maldade: mas o doido manso, às vezes até articulado e bom argumentador, mesmo que por linhas tortas. O doido que se comporta de maneira aceitável, civil. Como se a gente se encontrasse com ele para conversar, na calçada, mas cada um estivesse sendo personagem de um filme diferente. "
Demorei a escrever sobre esse tema pois não podia conceber uma imagem tão racista e violenta como a que apareceu em Madri, num ataque direto e velhaco ao jogador brasileiro Vinicius Júnior. A polícia de Madri retirou nas primeiras horas da manhã desta quinta (26) um boneco vestido com a camisa do jogador brasileiro, que aparecia pendurado em uma ponte da cidade, como se estivesse enforcado.
Em cima, havia uma faixa vermelha onde se podia ler "Madrid odeia o Real". Vinicius Junior é atacante do Real Madrid.
A imagem lembra cenas do supremacismo norte-americano e o crime abjeto de entidades norte-americanas brancas como a Ku-klux-klan, de pendurar pessoas afro-americanas em árvores ou paredes depois de linchamentos coletivos e covardes por motivos torpes ou pela mera demonstração de sadismo. Tudo por se considerarem arianos e superiores. Esses atos bárbaros, porém, só mostram como não são.
Quem for ao Afroamerican museum em Washington ou procurar por essas imagens, perversas, criminosas, verá até onde vai a maldade humana e o que se fez em nome de uma falsa superioridade branca; que pretende assim ter controle do destino e subjugar os demais povos. Aliás, muita “barbárie” já foi feita em nome dessa suposta “civilização branca”.
Não há coincidência ou ingenuidade na cena. Se fosse apenas uma mera rivalidade entre times espanhóis porque escolher um jogador negro, estrangeiro e latino-americano? Brasileiro também? É evidente a xenofobia e o racismo explícitos na imagem. Ela é um símbolo forte de como o supremacismo branco é ainda eloquente no mundo e precisa ser combatido e condenado de forma veemente. Não há como naturalizar a violência dessa imagem.
Semana passada o PSDB entrou com uma ação na Justiça para impedir que o site do governo brasileiro use a palavra “golpe” para se referir ao processo de impeachment da Dilma Rousseff. Já o MBL protocolou um projeto de lei para proibir o uso da linguagem neutra em documentos públicos. Era exatamente isso o que eu queria da administração Lula, a volta triunfal da falta do que fazer. Eu mesmo já estou implicando de novo com participante de reality show e reclamando de escalação de festival de música.
Por ora vamos esquecer do MBL, como se fosse preciso pedir, e nos concentrar no ataque de pelanca do PSDB. Primeiro que é engraçado que o partido faça questão de afirmar a legitimidade de um processo do qual já tentou se descolar, até porque sabe que o afastamento da Dilma representou o início da derrocada dos próprios tucanos, e ninguém gosta de admitir que foi tão burro.
Até o candidato derrotado Aécio Neves, que começou toda a confusão questionando o resultado das urnas em 2014, disse depois que estava só brincando. E talvez seja verdade, muitas coisas envolvendo o PSDB parecem piada, como ter um segmento representante do movimento negro chamado Tucanafro cujo símbolo é um tucano preto vestindo uma boina do Bob Marley e que já foi presidido por uma loira.
Mas é preciso entender porque é tão importante para tantos afirmar com veemência que as manobras políticas que culminaram no impeachment foram completamente legais e bem fundamentadas. O jornalista Pedro Doria inclusive prefere uma outra expressão para se referir a elas que é “jogo duro constitucional”, como se o legislativo fosse uma espécie de estádio argentino onde é preciso abrir mão da técnica e partir para o futebol-força na tentativa de vencer o adversário.
Porque defender o impeachment não é uma tarefa tão fácil. Afinal, foi um processo conduzido por um cara que usou o nome da própria mãe como senha da conta na Suíça onde guardava os milhões que roubou da gente, e que foi praticamente conduzido da tribuna de onde liderou a votação para a cadeia. Tem também o fato de que o delito que motivou o impeachment foi legalizado assim que Dilma deu lugar ao vice-presidente que também assinou o mesmo ato mas foi poupado. E também porque existe um certo áudio vazado com um diálogo nada republicano onde dois golpistas discutem os meandros do golpe, deixando claro que o golpe foi, como direi, golpe.
Com a queda de Dilma Rousseff o caminho ficou aberto para os bandidos que povoaram aquela votação tomassem o poder de assalto. Em vez dos caciques do PSDB, quem deitou e rolou foi o baixo clero do Centrão e seu representante mais popular, aquele cara que precisa esticar a estadia em Orlando toda vez que alguém abre um documento com dados do seu governo. Os últimos seis anos de desmandos tem muitos culpados diretos mas muito mais facilitadores envergonhados.
E por isso que para eles é preciso afirmar categoricamente que não foi golpe. É preciso declarar que tudo que aconteceu na época foi legítimo para que tudo que aconteceu depois pareça acidente.
In the GOP’s New Surveillance State, Everyone’s a Snitch
"The fact that lawmakers have repeatedly chosen to include this mechanism anyway points to vigilante laws’ more sweeping purpose. In a forthcoming Cornell Law Review article, Michaels and Noll argue that by deputizing the faithful of the conservative movement to attack the communities they dislike, these laws not only control and marginalize, but also realign power in American society. Rather than protect minority rights, the courts become a tool of mob rule, the sheltering protection of the law shrinks, and the social fabric of democracy gives way to surveillance and fear. These laws “draw upon and reinforce anti-democratic and authoritarian tendencies that are central to Trumpist politics,” they write.
Michaels and Noll see vigilante enforcement laws as an extension of America’s anti-democratic traditions of slavery and Jim Crow. The closest historical corollary to SB8, they argue, is the Fugitive Slave Act of 1850. Under the law, local authorities in northern states were deputized to arrest enslaved people (or anyone accused of being one) and bring them before local magistrates; ordinary citizens could be called upon to aid in their capture and would be fined should they refuse. The act dangled financial incentives: Magistrates earned $10 for each person they deemed a runaway but only $5 for those they set free. Authorities who captured a fugitive received a bonus, while any person caught aiding a suspected fugitive faced six months in prison and a $1000 fine. In doing all of this, the Fugitive Slave law turned the country into a surveillance state where both enslaved people and anyone who wanted to help them were in danger of being turned in by their fellow citizens.
The comparison to today’s growing body of vigilante enforcement laws is eerie. Like the Fugitive Slave Law, SB8 ignores state borders. Anyone anywhere can sue those who aid an illegal abortion in Texas. Proceedings in court are stacked in favor of the vigilante: whoever they accuse must prove that they didn’t break the law, rather than the accuser proving that the law was violated, as is typical in the US legal system. Like the Fugitive Slave Law, SB8 uses a bounty system to incentivize enforcement: vigilantes are promised a minimum of $10,000 in damages for each abortion they sue over, as well as attorney’s fees paid by the accused. In Missouri, a proposed law would take this analogy even further by bringing liability to anyone who helped a Missouri resident obtain an abortion outside of Missouri. As in 1850, the carrot is money and the stick is fear. For more than a century after the Fugitive Slave Law, vigilantes enforced racial hierarchy through violence while lawmakers looked the other way. With rules like SB8, vigilantes are now again officially welcomed in the letter of the law.
Genocídio Yanomami gera primeiro movimento humanitário de reconstrução do Brasil
"Após 4 anos de destruição dos laços de comunidade e solidariedade pelo governo Bolsonaro, o colapso sanitário que já matou 570 crianças de menos de 5 anos na terra indígena começa a unir brasileiras e brasileiros em torno de uma causa que é também um país"
“Foi ele (Bolsonaro) que matou”, denuncia Davi Kopenawa
“Há quase quatro anos a Hutukara vem fazendo campanha Fora Garimpo, Fora Covid. Chamamos a atenção do Estado brasileiro e, principalmente, da sociedade brasileira, chamamos a atenção do mundo inteiro. O governo passado [do Bolsonaro] sequer nos atendeu em Brasília. Então, essa é uma situação que está acontecendo e nós já avisamos há muito tempo. Então nós fizemos o nosso trabalho de documentar, fizemos relatório, as mortes estavam crescendo em 2019”, disse Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, que estava presente na entrevista com seu pai, Davi Kopenawa.
Para Dário, houve uma estratégia deliberada por Bolsonaro para enfraquecer a saúde dos indígenas, seja desmantelando a rede de saúde pública, aparelhando os órgãos de assistência e fiscalização, facilitando e estimulando o ingresso de não-indígenas nos territórios, levando mais doenças para dentro das aldeias. E, afirma ele, houve ainda liberações de decretos de exploração de garimpo ilegal, de mineração e também de exploração de madeiras nas terras indígenas.
“Ele [Bolsonaro] apoiou empresários, compradores de ouro, compradores de exportação de madeira e soja. São os ricos que apoiou para comprar mais maquinários, mais mercúrio, apoiou facções, crime organizado. Empurrou todos para enfraquecer a situação do povo Yanomami, dos povos indígenas.”
BYRDS Mind gardens 1967 (IN MEMORIAM DAVID CROSBY)
On a high hill Green and blossomin' 'round against the sea And there the sun came And the rain pourin' down Garden grew and flourished And splattered bits of color on the ground And it took shape and symmetry And all of life around But there came winds Driven and howling, there came snow And I feared for the garden So I built a wall And I built another and roofed it over Thick and strong And kept it from the slings and arrows of outrageous fortune The killing cold could not get in But when the sun came And the gentle rain of spring They could not reach the garden behind those walls It would have died Safely, securely died But as I longed and as I learned I tore the walls all down The garden still lives
know this world is turnin' Burnin' on the wild words, can't seem to explain More than just an outline born of fear I won't find solace here There's one thing wrong, chosen few I need soul to keep the whistle blown And it's so long before my future's come Drawn in sand and on, on
Brazil’s Defender of the Indigenous Brings Their Fight to the Shed
"Every night at 7 p.m., Claudia Andujar, the renowned photographer, sits down at her desk, puts on her headphones and turns on her computer.
She has a standing Skype date with Carlo Zacquini, a missionary she met almost 50 years ago, when she first started her groundbreaking work with the Yanomami people of the Brazilian Amazon. The two, along with the anthropologist Bruce Albert, worked for decades to help the Indigenous group, some 38,000 strong, protect their land, spending extended periods of time in their villages before coming back to the same apartment she lives in now, overlooking São Paulo’s famous Avenida Paulista.
There, in 1978, the trio sat at the light table next to the wall-to-wall windows in Andujar’s stark white living room and made a plan. Strewn with negatives for her upcoming photo books, it became the homebase for their work with the Yanomami that, 14 years later, would lead to the demarcation of the Indigenous territory, on the border between Venezuela and Brazil, and its official protection under federal law.
Now, as the setting sun casts the last light of the day through those same windows, the room no longer plays host to the hustle and bustle it once did, but remnants of that chaotic past are still present. Andujar’s own intimate portraits of the Yanomami — a close up of a child’s face, another floating in bright blue water, the curve of a neck and a shoulder — hang from the walls."
Bolsonaro ignorou 21 pedidos formais de ajuda dos Yanomami
"“MUITOS MAQUINÁRIOS, eles têm internet, muitas lanchonetes, combustível, e muitas armas de fogo”. Era novembro de 2020, e as lideranças Yanomami já denunciavam a invasão em massa dos garimpeiros em suas terras, no noroeste de Roraima. Preocupados, pediam apoio à Hutukara Associação Yanomami para enviar ofícios de alerta ao Ministério Público Federal, à Funai e ao Exército. Os documentos, obtidos pelo Intercept, mostram uma sequência aterrorizante de ataques e pedidos de ajuda – quase todos sucedidos por novos ataques e mais denúncias de avanço do garimpo. "
You want to know how it will be Me and him or you and me You both stand there, your long hair flowing Your eyes alive, your mind still growing Saying to me - what can we do now that we both love you I love you too, I don't really see Why can't we go on as three