(em cima de um texto de daniela name,
a cultura dos escombros...)
Trabalho com exposições e caminho entre escombros. E ruinas.
Me entrevistam às vezes perguntando sobre o que é ser curador.
E respondo: entre outras coisas, é ser detetive.
Muitas vezes para reunir obras desejadas numa mostra há que seguir pistas, catar arte entre os entulhos do tempo, do abandono, da má-conservação, da catalogação erronea
nos acervos de herdeiros, em gavetas de redações/editoras, em reservas escuras de museus, com parentes distantes ou amigos diletantes....
Os artistas se vão e as obras se espalham... se esgarçam... não é um país zeloso de memórias.
Os zeladores que existem são abnegados. E enfrentam a negação do descaso.
A arte vira pó, poeira, ferrugem, mofo, cinzas.
E enquanto as traças agem
O poder público cultural nada traça.