Brasil mantém, a milhas de distância, o primeiro lugar inconteste no quadro de medalhas na categoria zoação olímpica
“Fura ela! Fura ela! Vai, sushi! Su-shi! Su-shi!”, soltou uma senhora da
plateia da competição de florete individual feminino, no duelo entre a
chinesa Lin Po Heung e a italiana Elisa di Francesaca, fazendo todo
mundo cair na gargalhada.
É batata: toda vez que a arquibancada fica em silêncio, seja porque o
jogo está tenso ou porque as regras do esporte exigem, vem um gaiato
brasileiro e solta uma gracinha, fazendo toda a arquibancada dar risada.
É o esporte do qual somos todos campeões: o levantamento de zoeira, a
galhofa sincronizada, a fanfarronice sem barreiras.
Nos jogos que acontecem no Parque Olímpico, na Barra, instalação
que vira e mexe fica sem comida nos quiosques, um figura já soltou, no
meio de um jogo nervosíssimo de tênis, quanto a atleta se concentrava
para sacar: “Acabou o cheeseburguer!”. A plateia veio abaixo. A falta de
lanche é tão preocupante quando a de medalhas.
A zoeira não tem fim: se as atletas são muçulmanas e o jogo de
vôlei segue tenso, o animador de torcidas canta o hit do É o Tchan: “Ali
Babá, o califa tá de olho no decote dela...”; se a única graça de um
jogo caído de futebol é o gandula e seus muitos gestos, outro gaiato
levanta o coro: “Ão, ão, ão, gandula é seleção!”
Nem fora do estádio a coisa se controla. Na volta de um jogo no
Engenhão, à saída do estádio, um voluntário magro, barbudo e de óculos
tentava bloquear o fluxo de pessoas, pedindo que parassem. Fez-se um
silêncio, e alguém soltou: “Libera aê, Renato Russo!". Sem saber o que
fazer, ele continuou dando orientações protocolares. Até que a multidão
começou a cantar “Será só imaginação...”
(Mariana Filgueiras)