por Luiz Carlos Azenha
Paulistas apostam em salvar o PSDB e o status quo; Globo quer governar com o MPF e a Justiça
A constatação foi do Jornal do Brasil: “Editoriais antagônicos de
grandes jornais mostram que segmentos empresariais estão em confronto”.
Neste momento, está claro que os principais grupos de comunicação do Brasil estão em campos opostos.
A elite paulista quer a continuidade do governo Temer e quer, de alguma
forma, preservar o status quo, provavelmente com um candidato que una
PMDB e PSDB em 2018.
Os irmãos Marinho claramente buscam detonar Temer já, em aliança com o MPF.
Curiosamente, por dois dias consecutivos o Jornal Nacional noticiou o
caso do procurador da Operação Greenfield comprado por 50 mil mensais
por Joesley Batista, Ângelo Goulart Villela, mas não mostrou imagem
dele.
Ângelo Goulart é aquele que foi ao Congresso fazer discurso em
defesa das 10 Medidas Contra a Corrupção, campanha institucional do
MPF.
Ele abre seu discurso cumprimentando “meu estimado amigo” Deltan Dallagnol, um dos homens chave da Operação Lava Jato.
O Jornal Nacional não apenas escondeu Ângelo Goulart, como não citou o
telefonema de Aécio Neves dado ao ministro Gilmar Mendes ou a suspeita
da PGR de que, além de Michel Temer e Aécio Neves, o hoje ministro do
STF Alexandre de Moraes poderia ter trabalhado no sentido de direcionar
as investigações da Lava Jato.
Ou seja, ao mesmo tempo em que os irmãos Marinho trabalham pela derrubada de Temer, não querem comprometer o MPF ou a Justiça.
Isso talvez seja uma forma de evitar embaraços aos negócios da própria emissora.
Ou de evitar, por exemplo, a homologação de uma delação que a comprometa — o ex-ministro Antonio Palocci, por exemplo?
Além disso, de todos os grupos de comunicação do Brasil, só a Globo
está representada — por Carlos Schroeder — no ‘Grupo do PIB’ montado
para discutir o Brasil com a ministra Carmen Lúcia, que parece ser a
candidata da emissora se houver uma eleição indireta no Congresso.
Curiosamente, no Jornal Nacional da sexta-feira a Globo “escondeu” as
denúncias de Joesley Batista contra Lula e Dilma no meio do telejornal
e, no dia anterior, deu ampla cobertura às manifestações de centrais
sindicais e movimentos populares contra Temer.
Ou seja, desta vez a
Globo estimula as ruas contra o governo a partir de seus próprios
interesses: desembarcar do golpe para sobreviver ao desastre Temer?
direcionar a sucessão? governar com a PGR, Moro e o STF?
Do outro
lado, a conversa de Aécio Neves com Joesley Batista deu mais um indício
da existência de um acordão dissimulado, na linha da “profecia” feita
por Romero Jucá, “com todo mundo”, para “estancar a sangria”.
O
Estadão acaba de denunciar que o ex-braço direito de Rodrigo Janot,
Marcelo Miller, migrou do MPF para o escritório que tratou da delação
premiada de Joesley Batista na véspera da conversa gravada entre o dono
da JBS e Michel Temer.