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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, novembro 05, 2022

    Jair já era

     A horda bolsonarista bloqueou as rodovias e causou prejuízos, mas acabou abandonada literalmente na estrada pelo “mito”, que conseguiu a proeza de se isolar após receber 58 milhões de votos. Prova de que o capitão é inimigo de si próprio - Imagem: Caio Guatelli/AFP e Evaristo Sá/AFP

     "Não é uma liderança que tem um enrai-
    zamento no eleitorado que ativa uma me-
    mória positiva dos brasileiros. Ele apenas
    ganhou força nesses últimos anos com o
    avanço do neoconservadorismo, mas em
    outro momento pode vir a ser outra lide-
    rança. Os seguidores de Bolsonaro estão
    sem líder, estão meio soltos, neste momen-
    to estão órfãos. O que que vai acontecer
    com eles?”, pergunta Joyce Martins, cien-
    tista política da Universidade Federal de
    Alagoas. “Fora do poder, nem ele nem seus
    aliados fiéis terão a mesma força. Então,
    pode ser que haja, sim, esse fenômeno de
    ‘rei morto, rei posto’.” Ao demorar a reco-
    nhecer a derrota, acrescenta a professora,
    o presidente deixou de dialogar com sua
    base e orientá-la a respeito de sua atuação
    na oposição. “Apesar da erosão do País, ele
    sai enfraquecido, porque ele não pode tu-
    do, nem é aquilo que pensou que era: ‘Ah,
    eu posso dizer o que eu quiser a vida intei-
    ra e a vida inteira vou ser referendado por-
    que eu tenho as redes sociais, tenho as li-
    deranças religiosas do meu lado’. Aquilo
    não era verdade e o eleitor percebeu.”"

     

    leia reportagem de FABIOLA MENDONÇA

     

     

     

     

     

     

     

    🫣 A Noite dos Cristais





    "Já é bem conhecida a estratégia de isolar seus seguidores em bolhas muito pequenas de informação. Os ataques preventivos contra a imprensa têm um só objetivo: fazer com que as pessoas “se informem” apenas nos “canais oficiais” do bolsonarismo – todo o resto é #imprensalixo. O zap zap é bem conhecido, mas também o Telegram tem servido a esse propósito. No pós-derrota, esse sentimento se intensificou porque é justamente agora que as teorias mais malucas estão sendo espalhadas. A mais recente, contada ontem em uma live para 300 mil pessoas no You Tube, foi a milésima “comprovação” de fraude nas urnas, dessa vez feita por um picareta argentino. Aqui também há boa risadas, claro: alguém tratou de espalhar a imagem de uma suposta “representante do Tribunal de Haia” conversando com Jair Bolsonaro. Na conversa, ela diria que Haia faria uma intervenção militar no Brasil. Seu nome: Stefani Germanotta. Com foto e tudo, era a cantora Lady Gaga."

    leia o texto de LEANDRO DEMORI 

    🫣 A Noite dos Cristais - by Leandro Demori

    The Day After


     

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    Salomão Soares & Vanessa Moreno - ‘Correnteza’ (Tom Jobim/Luiz Bonfá)



    A correnteza do rioVai levando aquela florO meu bem já está dormindoZombando do meu amor
     
    Na barranceira do rioO ingá se debruçouE a fruta que era maduraA correnteza levou

    Empresas e profissionais relatam pressão após divulgação de listas de 'boicote a petistas' no RS: 'todo mundo tem medo' |




    Empresas e profissionais relatam pressão após divulgação de listas de 'boicote a petistas' no RS: 'todo mundo tem medo' | Rio Grande do Sul | G1

    Grupos bolsonaristas expõem comerciantes em tentativa de boicote no interior de SP






    Grupos bolsonaristas expõem comerciantes em tentativa de boicote no interior de SP | Itapetininga e Região | G1

    Alunos hostilizam colegas por vitória de Lula em colégio particular de Curitiba



    "A mãe de uma das jovens que aparece de vermelho afirma que a filha recebeu xingamentos e cuspes e que havia planos para agressões físicas como "encher as meninas petistas de porrada", o que não aconteceu. Porém, sua outra filha que estava perto recebeu empurrões de alunos mais velhos.

    Professores também são alvo de retaliações, dizem os pais. Um dos docentes foi às aulas de camiseta vermelha. Na imagem registrada, porém, a roupa não faz alusão a nenhum candidato. "Meu pai quer f... com esse velho", fala um estudante em mensagens de WhatsApp, na qual circula a foto do professor.

    Segundo a mãe de outro aluno que foi xingado, estudantes de verde e amarelo entraram na sala deste professor e sugeriram que quem não quisesse ter aula com um petista virasse a cadeira e ficasse de costas. Alguns alunos fizeram isso, diz.

    Em grupos de WhatsApp é possível ler pais dizendo sentir "orgulho dessa piazada" e que não aceitariam "bandidos corruptos de volta".

    Em outro grupo de mensagens, alunos falam sobre o resultado das eleições e fazem ameaças diretas. "Quem vai ser o herói que vai matar o Lula?", diz um deles. "Tem metralhadora 9 mm por 11 mil", responde outro. Em novo trecho, um jovem revela: "A 12 do meu pai chegou sexta-feira."


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    Alunos hostilizam colegas por vitória de Lula em colégio particular de Curitiba

    Criança enforcada por PM disse "Lula lá" antes de sofrer agressão


    “Lá estavam o agressor, a mãe do agressor e o pai do agressor. Eles estavam discutindo Lula e Bolsonaro. Meu menino passou, o agressor passou a mão na cabeça dele e falou: 'Você é Bolsonaro, você tem cara de ser Bolsonaro'. Aí meu menino falou: 'Eu sou Lula lá'. No que ele falou, ele pegou meu filho pelo pescoço, enforcando meu filho, deixando ele sem ar até ele desmaiar."

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    Criança enforcada por PM disse "Lula lá" antes de sofrer agressão, diz mãe | Band

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    Tulipa Ruiz - Samaúma (Visualizer)



    Massageio a coluna
    Na parte mais aguda de uma pedra molhada
    Visito dia sim, dia não, uma samaúma de 90 metros
    Que me salvou na última enxurrada

    Para colar na frente do caminhão

    GENILDO
     
     
     

     
     

    AROEIRA

     
     
    LEZIO

     

     LAFA

     


     

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    Encontrada a cura para o bolsonarismo


    Renato Terra


    Multiplicam-se pelo país os relatos de brasileiros que afirmam ter encontrado a cura para o bolsonarismo. "Meu tio estava cego e agora consegue enxergar que muita gente morreu de maneira criminosa durante a pandemia!", celebrou o jovem sorocabano José de Aguiar. "Minha avó saiu de um estado febril que durava quatro anos e finalmente admitiu que rachadinha é corrupção", celebrou o comerciante Túlio Pessegueira.

    Há relatos de cidadãos de bem que, agora recuperados, passaram a condenar o hábito de sacar uma arma no meio da rua. "Caramba! Agora eu vejo que a Carla Zambelli foi imprudente! É um milagre!", celebrou o cirurgião Augusto de Alhures e Bragança, com os olhos marejados.

    Segundo o médico Epistêmico Alambrado, o bolsonarismo é uma condição anormal que afeta negativamente todo estado de espírito da pessoa contagiada. "A doença faz com que o fígado cresça de maneira desordenada. Tudo vira bile. Em alguns casos, o fígado substitui o sistema nervoso central. Os principais sintomas são miopia, cansaço, ressentimento, dor de cabeça e uma febre alta que pode causar delírios e ataques histéricos", explicou. E completou: "Além da incapacidade crônica de usar a vírgula e a crase".

    Psicólogas, como Adalgisa Ferradura, ressaltam que os danos podem ser profundos. "Pessoas acometidas de bolsonarismo são incapazes de dançar, chorar de rir, ver sentido num gesto de ternura ou de encontrar empatia na Bíblia", diz.

    Alguns surtos de bolsonarismo, no entanto, foram detectados nos últimos dias. "Diagnosticamos o bloqueio das vias rodoviárias, mas o tratamento com nebulização de gás de pimenta se mostrou efetivo", explicou o doutor Alambrado. "Também flagramos a expansão da doença em tempo real quando vimos a fake news da prisão de Alexandre de Moraes se espalhar como um vírus por um pequeno grupo. Para isso, o tratamento é mais demorado, mas estamos otimistas", completou.

    A cura do bolsonarismo, segundo especialistas, se dá por um choque de realidade. "Trata-se de um impacto profundo que faz o fígado voltar ao tamanho normal. E a pessoa começa a ver que político não é mito, não é Messias, não é Deus. Começa a enxergar as mentiras de Bolsonaro e as de Lula. E passa a cobrar, fiscalizar, exercer sua cidadania e a encontrar o seu lugar na esquerda ou na direita democrática. Num último estágio de recuperação, o paciente volta a pensar com a própria cabeça."

    FOLHA





    A primeira estrela no céu



    ALVES

     

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    70% das urnas apuradas

     


    Tati Bernardi


    Domingo passado, dia em que este país elegeu, com a graça de Deus, Lula para presidente, acordei como se alguém tivesse injetado anfetamina no meu joelho e cocaína no meu cóccix. Uma sensação leve de que eu poderia vomitar oito jatos de bile sabor halls preto. E também uma fome voraz e descontrolada, que me fez abrir umas oito embalagens de besteiras aleatórias para devorar.

    Domingo passado, dia em que pensei que poderia morrer de tanta ansiedade e nervoso, dia em que temi acabar desmaiada, taquicárdica e cagada no chão de casa, dia em que tive vontade de dançar besuntada de saliva com pó de ouro pela Paulista abraçando toda sorte de progressistas, dia em que não fiz nada disso porque de tanto querer tanta coisa eu já estava inteira panicada e fóbica e exausta e tirando a pressão e medindo a febre e tomando ondansetrona com clonazepam... Domingo passado foi só mais um dia normal na minha vida.

    Aquilo que você sentiu quando o Bonner avisou que 70% das urnas estavam apuradas. E você pensou: "Foi? Já é? Hein? Hein? Acaba logo essa porraaaaaa porque eu não tenho saúde pra tanta emoção!!!". Aquilo que você sentiu quando o Datafolha projetou "Lula presidente", mas seu primo de exatas falou: "Calma, ainda não vai gritar na janela, ainda não é certeza".

    A vontade de se rasgar inteiro e ir ser selvagem por entre árvores e esquecimentos. Esse bicho desaforado roendo por dentro as suas batatas da perna. Esse acúmulo de 1 milhão de janelas que se abriram no seu horizonte e você, impossibilitado de fechar uma por uma, pensou estar ficando louco. Bem, essa sou eu há 43 anos. Há 43 anos eu vivo cada minuto como se fosse aquele minuto do domingo passado, com 70% das urnas apuradas.

    Se você sofre do que eu sofro, vai me entender. Se o avião começa a chacoalhar muito e as pessoas começam a ficar desesperadas, eu quase entro em êxtase: "Oba, agora sim estão todos no mesmo clima em que eu já estava antes mesmo de sair de casa pra entrar nessa merda de avião". Eu já estou dentro de um avião em queda muito antes de comprar a passagem. Eu já estou em um avião em queda e nem tenho nenhuma viagem para fazer.

    Foi engraçado ver meus amigos reclamando de uma coisa no intestino, na goela, na nuca, no meio do peito. "Vai logo ou eu vou morrer!". Isso aí, rapaz, é meu estado normal. Eu estava assim no cinema, na missa, na pracinha, na reunião, na padoca moderninha, no meio do sexo, na acupuntura e até mesmo dormindo...

    Precisou uma passagem de ônibus ficar uns centavos mais cara, precisou um bando de arrombados (eu inclusa) sair para as ruas em 2013, precisou ter um golpe contra a Dilma, precisou o país eleger um fascista negacionista, precisou o Lula voltar, precisou uma projeção nos prédios de NY implorando para os brasileiros votarem certo e não foderem com o planeta, precisou o Caco Ciocler explicar para as tias do zap o que é nazismo, precisou chegar em 70% das urnas apuradas no último domingo para meus amigos entenderem o que eu sinto quando uma esfirra de queijo demora para sair.

    Já fui diagnosticada com ansiedade generalizada, mas antidepressivos me causam virada maníaca. Seria então bipolaridade do tipo 2? Se fosse eu teria episódios significativos de depressão. Transtorno de deficit de atenção? Eu costumo ser bem focada nos meus múltiplos empregos. Hiperatividade? Se a aula for boa eu posso passar 15 horas sentadinha sem me mover. TOC? Quando estou sexualmente ativa os livros da minha estante podem estar todos bagunçados e empoeirados que eu não acho que o teto vai me engolir. Hipomania? A única atividade arriscada de que eu gosto é dormir até tarde quando estou com a conta negativa no banco.

    Eu não sei o que eu tenho, mas eu sei que todo mundo que eu conheço parecia mais vivo e mais humano no último domingo. Eu não devo ser tão ruim assim.

    FOLHA




    ZIRALDO 90


     

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    sexta-feira, novembro 04, 2022

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    Tarcísio Eleito

     

     

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    George Symonetii >> Boat Pull Out/Bahama Mama

    Vamos deixar Bolsonaro ficar no poder

     
     

     

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    Receita para lavar a alma

     


    Ilustração mostra duas crianças correndo carregando a bandeira do Brasil, delas saem coraçõezinhos vermelhos.
    Ilustração de Catarina Bessell 

    Gregorio Duvivier

    Taí uma das expressões mais bonitas da nossa língua: lavar a alma. E mais difíceis de traduzir também. Sobretudo pra mim, que não falo bem língua nenhuma. Mas uma amiga, tradutora e poliglota, me confirmou. Não se lava a alma noutras línguas, que ela saiba. Quer dizer, não do mesmo jeito. Pode-se ganhar "by a landslide" —ou de lavada. Mas ganhar lavando a alma não tem nada a ver com ganhar de lavada. A lavada não lava a alma —necessariamente. Ao contrário: é a vitória suada que costuma lavar melhor a alma.

    Lava-se a alma quando se ganha, mas não basta ganhar pra lavar a alma. Ganhar de bandeja não lava a alma de ninguém. Uma vitória esperada não faz cosquinha na alma. Pior: uma alma com o hábito da vitória pode continuar cheirando a mofo, coitada.

    A vitória injusta tampouco lava a alma. Dá um banho de água suja. Quando se ganha perdendo, a alma fica ainda mais fedida. Ganhar de um amigo querido, ou de um adversário honesto, tampouco serve pra lavar a alma.

    A vitória precisa ter gosto de justiça. A alma precisa merecer o banho. Por isso a injustiça costuma anteceder a lavagem. E a dúvida, também: será que algum dia lavarei minh’alma?

    Pra dar um bom banho n’alma, é preciso ter perdido batalhas. Mas não apenas uma vez só. É preciso ter perdido por meses, anos, décadas, quem sabe uma vida toda. É preciso ter esquecido o gosto da vitória. E enfrentado muita sujeira pelo caminho.

    A alma precisa ter passado por algum deserto pra merecer o bom banho. E não só: a alma precisa ter botado o corpo pra jogo e amargado o sabor da derrota injusta. Quem lava as mãos não sabe o que é lavar a alma. Os cínicos tomam menos banho n’alma que os franceses no corpo. Os franceses, no entanto, lavaram a alma em 1789. Os haitianos lavaram a alma em 1791. Os russos lavaram a alma em 1917, os portugueses lavaram a alma em 1974, os sul-africanos lavaram a alma em 1994.

    Já nós, brasileiros, quantas vezes não tentamos. Da Inconfidência às Diretas Já, nossa história foi uma longa sucessão de banhos n’alma interrompidos por falta d’água. Lavamos a alma nas copas, e faz tanto tempo.

    Chegou o grande dia. A vitória eleitoral da sociedade civil contra um projeto de autocracia miliciana e fundamentalista não tem outro nome: lavamos a alma. Esse banho vai ser demorado. Muita sujeira ainda precisa escorrer pelo ralo. Mas que delícia é sentir a alma de um povo lavada inteira.

    FOLHA 


    quinta-feira, novembro 03, 2022

    Correndo pro abraço



    JORGE O MAU

     

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    Filmes estrangeiros que eu queria que tivessem se passado aqui

      João Luis Jr

    Imagine um Brasil em que a galera realmente decidiu passar a limpo o que aconteceu durante a ditadura militar. Em que tivemos anistia só para os torturados e não também para os torturadores, em que realmente a justiça buscou punir os culpados pelas atrocidades, em que os militares realmente arcaram com algum tipo de consequência por prender, torturar e matar ao invés de terminarem um regime ditatorial e passarem a receber dinheiro público pra ficar prometendo começar outro regime ditatorial a qualquer hora que sentissem vontade.

    É esse cenário inimaginável para o brasileiro, que viveu vinte anos sob as botas dos milicos e não apenas não recebeu nem um “foi mal aí, desculpa” como ainda precisa aguentar gente falando que “bom era naquela época em que podiam dar choque no pau nos outros por qualquer motivo e bater em grávida de bobeira”, que você pode ver no filme “Argentina, 1985”, atualmente disponível na Amazon Prime.

    Baseado na história real do julgamento das juntas militares responsáveis pela ditadura argentina, o filme mostra a equipe de promotores cuja tarefa era comprovar os crimes do regime e garantir punição para os responsáveis, um processo que envolveu comoção da opinião pública mas também ameaças à equipe de acusação e às testemunhas que tiveram a coragem de depor.

    Com mais uma grande atuação do onipresente Ricardo Darín e o foco numa Argentina que buscava se recuperar dos traumas de uma ditadura ainda recente, mas sem deixar de retratar os crimes de que a população tinha sido vítima, “Argentina, 1985” faz pensar no que o Brasil poderia ter sido, mas também nos lembra que nunca é tarde demais para fazer um pouco de justiça e colocar as coisas no lugar (as coisas sendo os militares e o lugar sendo a cadeia).

    CONFORME SOLICITADO

     

    “Senhores juízes, nunca mais”

     
    Arnaldo Branco

    Quando vi a dica do meu amigo João resolvi dar uma sugestão vinculada. Em uma das cenas do filme que ele resenhou (“Argentina, 1985”) o personagem de Ricardo Darín menciona um fato tragicômico durante o julgamento dos generais: o assassinato de um membro de uma ordem de psiquiatras que tinha a mesma sigla de uma organização política de esquerda.

    No Brasil tivemos coisas parecidas, como um mandado de prisão expedido para o autor de uma peça de teatro subversiva: Sófocles, morto no ano 405 a.c. Mas um fato muito triste une nossas Histórias: a ditadura argentina “desapareceu” com Tenório Jr., um extraordinário pianista brasileiro que estava fazendo shows por lá em 1976 e foi confundindo com um guerrilheiro.

    Embalo, disco lançado por ele no infame ano de 1964 é um daqueles clássicos da hard bossa, geralmente tocado por trios porque era o que cabia no palco das minúsculas boates do Beco das Garrafas. Mas aqui Tenório é acompanhado por um verdadeiro dream team que incluía feras com Milton Banana e Paulo Moura (meio como dizer que Pelé e Maradona estavam na mesma escalação). Ouça e se dê conta do talento que nos foi tomado.

    Nunca mais.

    CONFORME SOLICITADO

     

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    Fascistas sendo fascistas


     

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    Quatro Ases e Um Coringa - Se Não Fosse Eu (Jorge de Castro/Haroldo Lobo/ Wilson Batista)

    se nao fosse eu
    o rio de janeiro nao cantava
    se nao fosse eu
    o povo brasileiro não sambava
     

    Minion no caminhao



    GILMAR

     

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    Boneco de Garfield no vidro



    MARTINEZ

     

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    Bolsonarismo assume seu desprezo pela democracia

     

     Bolsonaro pede a apoiadores liberação de rodovias e diz:

    Leonardo Sakamoto

     

    Nem bem Jair Bolsonaro perdeu a eleição e a extrema direita que o apoia cerceou o direito de ir vir de milhões de brasileiros, usou crianças como escudo humano em São Paulo, fez saudações nazistas em Santa Catarina e pediu golpe militar com expurgo de adversários. Agora, imaginem o que aconteceria se ele tivesse ganho.

    Por mais incômodo que pareçam, os bloqueios de caminhoneiros bolsonaristas e as manifestações de extrema direita que reuniram milhares de pessoas na frente dos quartéis com o intuito de contestar as eleições não se comparam ao que seria a assustadora instalação de um estado autoritário. O que certamente ocorreria com mais quatro anos de Bolsonaro.

    Em outras palavras, uma tentativa de golpe (que já nasce inviável devido ao reconhecimento da vitória de Lula pelas instituições brasileiras, os governos estrangeiros e o grosso dos investidores e do empresariado) é menos preocupante do que um golpe em si.

    Durante quatro anos, o malabarismo retórico de aliados do presidente tentou vender a falsa ideia de que eram apenas alguns poucos malucos que defendiam "intervenção militar" nas manifestações bolsonaristas. As imagens em frente aos Comandos Militares do Leste e do Sudeste, no Rio e em São Paulo, mostraram que não são. A diferença é que, agora, seguidores radicais de Jair perderam o pudor de assumirem seu golpismo. E, em alguns casos, o seu fascismo.

    Bolsonaro adubou seu rebanho com uma realidade paralela através de narrativas enviadas por redes sociais e aplicativos de mensagens. Praticamente, proibiu o consumo de informação por outras fontes, o que poderia ter fornecido a eles uma visão mais plural da sociedade em que vivem.

    Ao mesmo tempo, preparou terreno para insurreição ao vender a seus seguidores mais radicais que urnas eletrônicas eram fraudadas, pesquisas manipuladas e até inserções de rádios foram roubadas. Ensinou como aceitar em teorias da conspiração por irem ao encontro das "verdades" que ele fomentou.

    Agora, bem treinados, terão muita utilidade em 2023, podendo ser enviados por ele à rua para emparedar o governo diante de mentiras.

    Mas se o comportamento golpista diante da derrota para Lula é uma demonstração de força da extrema direita, também mostra ao restante da sociedade a verdadeira face desse grupo - que atropelaria a democracia se pudesse e, depois, ainda daria ré para passar por cima dela uma segunda vez. Para muita gente, eles deixaram de ser "patriotas" e passaram a ser vistos como "golpistas" e "intolerantes".

    Acompanho grupos de eleitores de Bolsonaro no WhatsApp e tão logo a bandeira do golpe foi hasteada, um intenso conflito foi gerado neles. Pois uma minoria estridente e antidemocrática tentou, sem sucesso, convencer os outros que deveriam exigir que os militares saíssem às ruas. Ouviram como resposta que as eleições haviam acabado e, mesmo que seu candidato tenha perdido, eles não querem confusão.

    Esse eleitor de Bolsonaro que não concorda com violência e não deseja quebra institucional vai desempenhar um papel importante a partir do ano que vem. Eles são as pessoas que não votaram em Lula, mas preferem um governo do petista a um regime imposto pela força. Não podem ser tratados como golpistas e precisam ser acolhidos pelos democratas - sob o risco de serem convencidos pelos golpistas.

    Esses sim não podem ter tolerados em sua intolerância sob o risco de a intolerância vir, em algum momento, destruir a tolerância.

    As instituições precisam desde já punir quem está financiamento os bloqueios de caminhoneiros (sim, eles contam com empresários com recursos) e identificar quem são as lideranças que incentivam os atos golpistas em frente aos quartéis. E leva-los à Justiça - afinal, quem conspira contra a democracia não pode ficar solto por aí.

    Não se trata apenas de acalmar os ânimos após a eleição, mas garantir que o país não seja um campo de batalha dominado pela mentira e o ódio a partir de 2023.

    UOL

     

    Quinho recapitula como foi a eleição de 2022


    QUINHO

     

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    As 48 horas de Bolsonaro após a derrota.




     LEANDRO ASSIS

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    TCHAU MONSTRO !



    GILMAR

     

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    Noel Rosa - Até Amanhã (João Petra de Barros)



    Adeus é pra quem deixa a vida
    É sempre na certa em que eu jogo
    Três palavras vou gritar por despedida:
    "Até amanhã! Até já! Até logo!"

    Pronunciamento após a derrota


     

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    Jerry Lee Lewis - The Five Best Piano Solos done by 'The Killer' ever!



    in memoriam

    quarta-feira, novembro 02, 2022

    Uma nova estratégia de moviomentação bolsonarista



    "O ato golpista de hoje marca, na minha opinião, um novo momento na estratégia de mobilização bolsonarista, que se tornou um grande problema para a democracia brasileira."

    leia análise de IGOR MELLO:
    Thread by @igormello on Thread Reader App – Thread Reader App

    Super Bonder


     

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    Lula e um país em carne viva


     

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    Zona de Rebaixamento



    Arnaldo Branco

    Tenho pena dos historiadores que vão escrever sobre essa eleição se baseando na cobertura da grande imprensa. Nas últimas semanas Bolsonaro ofendeu nordestinos, criou uma fanfic que o deixou com cara de predador sexual, foi obrigado a desmentir as falas sincericidas do seu ministro da economia e precisou lidar com um aliado que deu tiros de fuzil e atirou granadas em agentes da Polícia Federal achando que essa era uma boa estratégia de vira voto, mas se você analisar os portais parece que a grande crise da campanha foi causada pela falta de posicionamento do Lula sobre a Nicarágua, um país com menos território do que a cidade de Altamira.

    Aliás chamar de grande imprensa é um anacronismo, porque vai sair do processo eleitoral ainda menor do que entrou. Ela, que já foi considerada o Quarto Poder, agora influencia menos que alguns youtubers de react. E depois de seu desempenho pífio na denúncia da campanha ilegal de Bolsonaro e na defesa da democracia, pode-se dizer que agora está na zona de rebaixamento dos poderes, disputando pau a pau com com os porteiros de boate e os síndicos de prédio.

    A verdade é que imprensa, que finge brigar com o Bolsonaro como se ele fosse o ator que interpreta o vilão em um ringue de luta livre, praticamente depende de sua permanência no poder. Afinal, apanhar do presidente virou seu único ativo, o último vestígio ilusório da sua antiga pertinência.

    Sem assinantes, com verba publicitária minguada e com a concorrência das redes sociais, a imprensa não se sustenta mais como uma unidade de negócios. Há muito tempo que um jornal é apenas o house organ da empresa que possui seu espólio.

    Essa eleição foi uma oportunidade perdida de resgatar o que já foi seu maior patrimônio, a credibilidade. Mas talvez seja muito pra se pedir de uma instituição que só deseja que você abra uma conta no PagSeguro.

    CONFORME SOLICITADO
    https://conformesolicitado.substack.com/

    A fala do derrotado


     

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    Raul Seixas - Maluco Beleza - IN MEMORIAM CLAUDIO ROBERTO



    Controlando
    A minha maluquez
    Misturada
    Com minha lucidez
    Vou ficar
    Ficar com certeza
    Maluco beleza

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    MILTON 80


     

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    The Doors - The End

     



    This is the end, beautiful friendThis is the end, my only friendThe end of our elaborate plansThe end of everything that stands

    terça-feira, novembro 01, 2022

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    Joan Baez Ft. Jeffrey Shurtleff - Drug Store Truck Drivin' Man (Live at Woodstock)



    He's a drug store truck drivin' man
    He's the head of the Ku Klux Klan

    Idiota



    ORLANDELLI

     

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    Pronunciamento


    DASSILVA

     

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    O bolsonarismo é um descendente direto da máquina de terror montada pelos militares

     

    de ORLANDO CALHIROS @AnarcoFino
    Um ponto crucial sobre o bolsonarismo é que ele é um descendente direto da máquina de terror montada pelos militares para reprimir a população brasileira durante a Ditadura Militar. Uma máquina que sobreviveu no desenho constitucional pós-88. Explico:
    Para começar, aqui, a sigla FFAA, não significa Forças Armadas, significa Forças Armadas e Forças Auxiliares, inclusive, existe toda uma polêmica envolvendo a sigla entre as Forças Armadas pois eles não consideram "digno" estarem no mesmo patamar das Forças Auxiliares.
    As Forças Armadas são Exército, Marinha e Aeronáutica. Por sua vez, as Forças Auxiliares, como descrito no artigo 144, § 6º, são as Polícias Militares, Polícias Civís, Polícia Federal, corpos de bombeiro militares e Polícia Ferroviária Federal.
    Vamos lá, o bolsonarismo raiz é um movimento das Forças Auxiliares! Só ver, como na sua origem, ele tem uma relação intrínseca com a polícia militar fluminense, bombeiros e "derivados". A "defesa" dessas categorias era, talvez, a pauta capilar original do clã Bolsonaro.
    Pegue, por exemplo, essa postagem de Flávio Bolsonaro comentando a execução da juíza Patrícia Acioli nas mãos de PMs do Batalhão de São Gonçalo.
    Enfim, é a partir dessas categorias que o clã bolsonaro vai se entranhando na política nacional, vai ganhando espaço, se ampliando. Defendiam não apenas os seus supostos direitos, mas também a sua doutrina, como a liberdade para agir acima da lei.
    E aqui começa o ponto crucial: a origem da doutrina das Forças Auxiliares. E para isso é necessário falar sobre como a constituição de 88 não desarmou a máquina de guerra montada pela ditadura militar, mantendo as forças auxiliares no seu papel de braço terrorista da ditadura.
    Explico: durante a Ditadura Militar, as forças auxiliares foram transformadas para servirem de braço tático da Doutrina da Guerra Revolucionária que orientava a política de segurança nacional do regime ditatorial.
    Essa doutrina, criada pelos franceses para reprimir os movimentos insurgentes na Argélia, transformava a população em "inimigos" do próprio governo. Por isso mesmo, um contingente populacional que deveria ser controlado por meio do terror e da repressão.
    Por isso a tortura se torna um instrumento fundamental desses regimes: ela não tinha como alvo apenas a obtenção de informações capazes de ajudar os agentes do estado na luta contra células insurgentes, ela também tinha como objetivo instituir o terror na população.
    Mas ela não é apenas o único instrumento, com ela vem também a constituição de uma política de extermínio. A PM, por exemplo, que tinha na sua origem a defesa patrimonial, somente, se torna rapidamente o principal executor de operações de "busca e destruição".
    A polícia civil dá origem a inúmeros grupos de extermínio (quem escuta o Cálice sabe bem do que estou falando). Tudo isso sob o comando dos órgãos de inteligência das Forças Armadas. Por isso a Ditadura Militar é um movimento das FFAA.
    E o que acontece na derrocada da Ditadura Militar, quando as Forças Armadas perdem a proeminência na política? As forças auxiliares passam a agir de forma independente, se alinham com o crime (jogo do bicho, tráfico, etc...) e passam a acumular poder, dominando territórios.
    É essa equação que vai nos dar as milícias cariocas nos anos 90! Mas e o Bolsonarismo? Bem, ele surge alinhado com esse movimento nos anos 90, justamente! Braço institucional, político, desse borralho da ditadura militar.
    Ele defendia, na sua origem, a "liberdade" dessa máquina terrorista, o direito dos grupos de extermínio, das milícias. Não é a toa que falava abertamente de legalizá-las!
    O que estamos vendo agora é "apenas" mais um sintoma dessa relação conspícua do bolsonarismo com a máquina de terror criada pela ditadura militar. Não é de se estranhar que ele apele para ela para garantir alguma sobrevida. Tudo indica que não vai conseguir.


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