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blog0news


  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sexta-feira, março 28, 2003


    THE SOUNDS OF SILENCE

    No br101
    que está se configurando como o melhor blog brasileiro para acompanhar o passo a passo da guerra
    link para MP3 de mais dois grupos roqueiros lançando músicas contra a guerra:

    REM
    Green Day



    TEM CULPA EU ?

    Nesta reportagem do Independent fica claro que a bomba que caiu no mercado (o primeiro - agora já temos contagem de mercados atingidos) veio acompanhado de avião (ou aviões). E fica o Império com esse papo de aranha de que foi uma bateria anti-aérea iraquiana que ficou arriada.


    MERCADOS EM BAIXA

    Outro mercado destruido por bombardeios em Bagdá.
    Numero de civis mortos divulgado: 50.
    Fora os que vão morrer no hospital.
    É a liberação do Iraque a pleno vapor.


    CONVERSA DE CERCA-LOURENÇO

    E ainda outra guinada na estratégia americana
    (que muda mais do que tabela de campeonato organizado por Eurico Miranda).

    Deu cagaço nas tropas invasoras e ao invés de penetrarem em Bagdá para tentarem acabar com a guerra
    mas tendo que lutar no pau a pau com o inimigo
    partem agora para um cêrco à cidade
    esperando que o inimigo se renda.

    O cerco, ou sítio, a cidade, ou fortificação,
    é uma tática medieval. Seu efeito principal consiste em cortar qualquer acesso de suprimentos para a população sitiada, que, diante da fome e do desânimo, se entrega.
    (Ou não - lembrem-se de Stalingrado.)

    Resta saber se os invasores vão ter culhão pra levar essa tática até o fim
    (pois somente assim será eficaz)
    enquanto o mundo acompanha os bagdalis definhando lentamente.




    PEDRAS QUE VOAM

    Desde os primórdios das passeatas modernas - circa maio 68, paralelepípedos arrancados das ruas de Paris - temos imagens de protestantes tacando pedras em policiais.
    Aliás, citei 68 mas paralelepípedos arrancados das ruas de Paris, já os havia nos protestos contra os Napoleões.

    Agora, uma insólita inversão nessa convenção: num protesto no Egito, a polícia é que joga pedras nos manifestantes.


    A CORJA COMEÇA A MOSTRAR SEUS ESQUELETOS

    Richard Perle, um dos artífices deste governo Bush, membro dessa turma escroto de radicais direitistas que quer dominar o mundo,
    pede demissão
    envolvido em falcatruas com vendedores de armas árabes
    e demais roubalheiras.

    É o primeiro a sair - ou ser saído - do armário. Que venham outros.

    Update: é um pessoal que sempre está por cima.
    Perle na verdade deu uma de ACM
    renunciou â presidência do grupo de conselheiros do governo
    mas continua como parte do conselho
    mandando e dando palpites errados como sempre.




    A ULTIMA DO RUINSFIELD

    Donald Ruinsfield tem a cara de pau de dizer que não existe ainda uma crise humanitária no Iraque.

    Olha, meu caro, não precisa nem falar dessa guerra. Crise humanitária no Iraque existe desde que seu país impos um embargo que inclui até mesmo remédios.




    Fernando Beira-Mar transferido para Alagoas, um dos estados mais corruptos do Brasil?

    E depois ainda falam dos erros de estratégia dos americanos!!



    BUSH ESTÁ PUTINHO

    A BBC hoje veiculou uma matéria maior do que a de ontem sobre as mentiras e distorções com a qual a imprensa, inclusive sua emissora, tem sido alimentada pelo Comando do Império. E novamente pedindo desculpas ao público e avisando que as informações que eles mesmos estão divulgando devem ser visto com desconfiança até serem totalmente confirmados.

    Bush, nervoso com o (pouco) andamento desta guerra, acabou criando caso com a imprensa (essa mesma tão servil e colaboracionista). Tem dado patadas nas coletivas e declarou que as críticas aos erros estratégicos dos EUA são um absurdo e que a imprensa é muito impaciente.

    Até a CNN está ficando irritada com Bush & as trapalhadas de sua corja. Hoje foi lido um editorial duro em resposta às acusações da milicada, enfatizando que a imprensa existe justamente para criticar e fazer perguntas.
    Jim Clark, ancora da cobertura da invasão,
    ao ouvir um comentário do repórter da Casa Branca de que o governo poderia estar frustrado com seus planos de guerra,
    disse que mais do que frustrado o governo deveria estar é envergonhado
    por estar entregando a reconstrução do Iraque, sem licitação, a uma empresa da qual fez parte o vice-presidente da nação.

    Enquanto isso, do lado, a Fox News exibia famílias de soldados mortos ou capturados, todos com suas camisas xadrez e caras de jecas, pedindo que a luta continue. A vinheta no canto da tela, durante a cobertura Fox, é uma bandeira americana.



    TIRO AO ÁLVARO

    A TV iraquiana exibiu orgulhosa o helicoptero Apache americano que teria sido derrubado por um camponês do interior com um único tiro de fuzil.

    O que eu quero saber é o seguinte: esse Davi, com sua funda precisa, recebeu a recompensa de 16 mil dólares prometida por Saddam Hussein a quem derrubasse um helicoptero inimigo?

    quinta-feira, março 27, 2003


    Quarenta e seis porcento da população iraquiana tem menos de 16 anos de idade.

    A idade média das tropas americanas é de 21 anos.

    Qual é a próxima merda que o mundo vai aprontar?
    Uma nova Cruzada das Crianças?




    LIGANDO A PENEIRA

    Hoje a BBC perdeu a paciência e um apresentador da guerra leu mais ou menos o seguinte texto:
    - Nõs temos que mostrar para vocês o que é mostrado para nós.
    Mas aconselhamos a receber estas notícias com uma pitada de sal
    (with a grain of salt, ou seja, dando o devido desconto, sempre com desconfiança)

    e passou a lista uma série de notícias transmitidas que depois se revelaram como falsas ou plantadas
    como tomadas de cidades, deslocamento de tropas,
    pequenas vitorietas ou
    o célebre levante de iraquianos contra iraquianos em Basra (que até agora ninguem sabe ninguem viu)


    MONTANDO O QUEBRA-CABEÇAS

    A SKY lançou uma parada interessante
    e que veio a calhar para zapeadores inquietos como eu
    em busca da versão menos mentirosa desta invasão.

    No canal 209 rola um mosaico "Conflito no Iraque"
    com a tela dividida em quatro
    exibindo simultaneamente CNN, BBC, GloboNews e a patriótica Fox News.

    Além de economizar no controle remoto, é interessante quando se vê um canal desmentindo ao vivo um outro.
    Mas o barato mesmo foi ver a coletiva do Blush, quer dizer, do Blair, pois com os delays cada canal transmitia a mesma coisa em instantes diferentes, quatro blairzinhos dessintonizados.


    A HORA É DOS BLOGS

    Até a CNN leva ao ar uma matéria sobre os blogs que estão cobrindo a guerra, tanto os pros quanto os contra quanto os simplesmente descritivos
    - claro, sendo a CNN, dá mais destaque aos favoráveis -
    reforçando aquilo que a humanidade está descobrindo:
    a melhor cobertura da guerra está na internet
    e principalmente nas URLs alternativas.

    A grande atração da matéria é a estrela dos warblogs, o interessante Where is Raed, supostamente escrito direto de Bagdá por um bagdali local (e muito citado neste blog0news).

    Ironico é a CNN encher tanto a bola dos blogs e ao mesmo tempo proibir seus repórteres de publicarem seus blogs, descontinuando, por exemplo, o bem-sucedido Kevin Sites.
    (Ao contrário da BBC, onde o blog de sua equipe é até hospedado dentro do seu site)



    FILHOS DE GANDHI

    Nova Iorque amanheceu hoje para um dia de protestos contra a guerra, e, desta vez, num sutil enfoque, principalmente sobre a maneira como a invasão está sendo apresentada.

    Desobediência civil. Resistência pacífica.
    A eficácia destas palavras está sendo comprovada mais uma vez
    com centenas de pessoas simplesmente deitando em algumas das vias principais de NY e ficando lá. Deitadas. Parando o trânsito e engarrafando o pulso da cidade no coração do Império.

    A polícia remove as plastas humanas, rasga os cartazes, mas isso leva tempo, tempo é dinheiro, e a mensagem está lá, escrita no asfalto.


    SAINDO DA TOCA

    Chega a notícia de que uma coluna da guarda republicana deixou Bagdá para reforçar uma barreira na cidade de An Najaf, mais ao sul, onde chega a ponta-de-lança invasora.

    Acho um erro (do ponto de vista deles, é claro). A Guarda Republicana, tropa de elite, deveria se manter na defesa, entocada dentro da cidade de Bagdá, aguardando os invadores chegarem mais esfalfados e longe de sua linha de suprimentos. Para a guerra urbana.

    Se fizeram isso conscientemente, pode ser por considerarem viavel agora segurarem essa posição por muito tempo, o suficiente que compense o deslocamento para fora da cidade. O que contraria todas as análises que estamos recebendo do Comando Invasor.

    Update: agora se diz que essa notícia é falsa. Como quase tudo nessa guerra.


    CEGO EM TIROTEIO

    O Comando do Império também muda de tática, mais uma vez, num percurso estratégico que vira a casaca de dois em dois dias. Agora decidiram segurar um pouco o avanço veloz
    pelo deserto (para Bagdá) dando a volta nas cidades e nos bolsoes de resistencia.

    Decidiram agora reforçar as tropas em terra, e tomar primeiro as cidades sulistas, assegurando este território. Com isso, é claro, a guerra demora e será cada vez menos rápida, desmentindo o marketing.

    Devem ter sentido que em breve ficariam atolados antes de Bagdá, gastos pela marcha e sem uma retaguarda segura de reforços e suprimentos.


    CHEGOU A CAVALARIA!

    Fritz Utzeri apontou um fato que realmente tinha escapado à minha atenção. Esta Sétima Cavalaria, que ora avança pelo deserto iraquiano, é o mesmo que em tempos de faroeste avançava pela planície americana sob o comando do General Custer.

    Ou seja, continuam fazendo o mesmo: matando os índios.


    A GUERRA EM VIDEOGAME

    Finalmente um jornalista, não-identificado na tela à qual eu assistia, conseguiu encaixar uma pergunta pertinente numa dessas coletivas no Circo de Qatar, sob a lona armada para os generais do alto comando invasor apresentar suas palhaçadas.

    Rolara nas telonas mais um desses clips de videogame, onde em tons diversos de verde e cinza um alvo é mirado e destruído.

    Jornalista: Já estamos cansados de ver esses mesmos videos com essas mesmas imagens. O que queremos saber agora é - quando vão mostrar os videos com os mísseis que caíram em locais errados?

    Pano rápido.


    CONTAGEM DE MERDALHAS

    Artur Xexéo teve uma sacada genial ao comparar a cobertura da TV americana desta guerra
    à cobertura da TV americana à Olimpíada onde esteve presente
    exemplificando bem como é a visão americana do mundo.

    Nas Olimpíadas, por exemplo, os canais americanos só acompanham os esportes onde os americanos estão se dando bem. A impressão que passam é a de que os americanos estão arrasando na competição. (Igual a esta guerra, não?)

    Outra: o sistema tradicional de pontuar a colocação dos países numa olimpiada é pelo número de medalhas de ouro ganhas. Como naquela ocasiao a China tinha muito mais medalhas de ouro, a imprensa americana passou a pontuar pelo numero total de medalhas ganhas (onde os EUA estava bem à frente).

    Quer dizer, a imprensa (no esporte e na guerra) não chega a mentir. Apenas omite. Ou distorce. Ou muda o criterio de pontuação.


    O Império bombardeou a TV iraquiana, cortando as comunicações oficiais entre o governo e a população, mas como efeito correlato o acesso à Internet a partir de Paquetá, que já é uma porcaria, caiu mais uma vez. Só consegui enfiar um post ontem, depois o black-out.

    quarta-feira, março 26, 2003


    BALAS & BOMBAS

    Não sei o que está ficando mais perigoso

    ir ao mercado em Bagdá
    andar de metrô no Rio de Janeiro

    terça-feira, março 25, 2003


    GUERRAS E GUERRAS

    O assassinato afrontoso de mais uma juiz
    desta vez no território sem lei do Espirito nada Santo
    esfregou na nossa cara
    nos que estamos grudados na guerra mesopotâmico
    que a guerra aqui continua e os exércitos do tráfico estão vencendo.

    Quando começam a matar os juizes
    sem receber o cartão vermelho
    a coisa está preta.

    E me dou conta, através de reportagem em O Globo, que o Programa de Proteção a Testemunhas foi desativado - por falta de recursos!!

    Como querem combatentes nessa guerra se uma arma elementar
    - o incentivo ao bandeamento de lados - o acesso a informacoes internas -
    é desmontada e guardada na sala de munições?
    E pior: deixando desguarnecidos todos aqueles que testemunharam confiando em alguma forma de proteção...

    O famigerado porta-voz do reacionarismo impresso a cores e com muitos anúncios, a revista Veja, tenta implementar uma outra guerra brasileira
    na edição desta semana com artigo sobre invasão de terras.

    Já começa dizendo que FHC foi o maior incrementador da distribuição de terras no Brasil até agora (!) e que agora no governo do seu sucessor Lula o MST está correndo solto, mandando no PT, e daí vai pra epidemia de invasões que vem pela frente e a pretexto de artigo sobre as milícias está aí a Veja praticamente incentivando os agricultores a se armarem contra isso.


    KEVIN SAI DO SITES

    Na batalha dos blogs/sites,uma baixa incompreensível.
    A CNN proibiu seu repórter Kevin Sites de continuar publicando seu informativo blog.

    O blog coletivo dos repórteres da BBC continua.

    E enquanto isso o jornalista independente do Back to Iraq 2.0 conseguiu levantar os dez mil dólares de colaborações na internet e já está partindo hoje para Ancara na Turquia.
    Para quem não está acompanhando, Chris Albritton fez uma viagem anterior pelo Iraq, postando suas impressões num blog.
    Pretende voltar agora e dar um jeito de cruzar a fronteira e viajar de forma totalmente avulsa pela zona de guerra, postando suas impressoes.


    ENTROU AREIA

    Rolando uma tempestade de areia no deserto iraquiano.
    Helicopteros se perderam e os avanços estão mais lentos ainda.

    Pô, nem a natureza colabora para receber os libertadores da pátria?

    ps.: por outro lado, finalmente uma noticia boa para os invasores
    supostamente houve um levante popular em Basra contra as tropas locais (iraquianas). Está rolando um quebra-pau entre basrianos xiitas e sunitas, ou leais e anti Saddam, o que era pelo qual os invasores ansiosamente esperavam.




    Para quem quer acompanhar reportagens de guerra direto do front, em portugues, recomendo Sérgio D´Avila na Folha que está com textos interessantes com um enfoque bem pessoal.

    Um exemplo é o artigo onde descreve uma daquelas visitas a hospital bagdali para noticiar as vítimas dos bombardeios. Descreve vários feridos, sua dor, sua agonia, e por ultimo entrevista um jornalista iraquiano todo enfaixado e coberto de sangue.
    Quando a turma de jornalistas vai deixando o hospital, levados pelo guia oficial, Sérgio vai ficando para trás. O suficiente para ver este jornalista deixando o hospital num carro manobrando no pátio. Serelepe sentado no banco da frente.

    (Não adianta por o link, pois a Folha é da chatíssima UOL e tem que ter senha e membership pra acessar - ou então comprar a Folha impressa.)

    Li na coluna do Gerald Thomas que D´Avila é genro de José Hamilton Ribeiro, um dos maiores repórteres brasileiros, um dos fundadores da revista Realidade que nos anos 60 muito me instigou para virar jornalista.

    Aliás, Gerald lança mais de seus papos cabeludos tentando comparar a situação atual, com, por exemplo, os anos 70 e Chile sob o ditador Pinochet?
    E como se sentiria alguém contra as guerras
    se houvesse uma invasão dos EUA para derrubar o sanguinolento e maléfico Pinochet
    se então não se justificaria?

    Pô, Gerald, vamos usar um exemplo mais próximo.
    Você acha que se os EUA resolvesse invadir o Brasil para tirar o Médici,
    o povo brasileiro aplaudiria?

    Com salvadores como os americanos, ninguem está a salvo.



    MATEMÁTICA AMERICANA

    Donald Rumsfield acaba de anunciar que o Império capturou 3.500 prisioneiros iraquianos.

    Ué, na sexta-feira, não eram 8000 ?


    Para aqueles que pensam que a guerra acaba quando acaba a guerra:

    o aiatolá Hakim, líder de um grupo xiita no Irã, acaba de declarar que os americanos devem deixar o Iraque assim que derrubatem o regime de Saddam
    ou então passarão a ser o novo inimigo.


    TIJOLO POR TIJOLO NUM DESENHO SÓRDIDO

    Alguem que perdeu um parente ou pessoa querida entre os destroços do WTC
    teoricamente - segundo o raciocínio do Império - a pessoa que mais odiaria os terroristas, ou seja, os iraquianos e demais árabes

    essa pessoa tem imagens de escombros gravados duramente para sempre em suas vidas

    O que será que pensa uma pessoa dessas
    ao ver novamente imagens de escombros repetidamente atiradas aos seus olhos
    ruinas agora de casas e prédios no Iraque.

    Pensa em vingança
    pensa bem-feito
    em justiça, retribuição dente por dente, tijolo por tijolo?

    Pensa que aquilo que ela sofreu e está sofrendo
    nao deveria ter inflingido sobre nenhuma outra pessoa
    não importa o que seja?

    O que pensa quem passou por aviões derrubando vidas
    quando as explosoes e fumaça preta voltam a ser a programação principal da TV?


    DE L A Y

    Na CNN (e certamente em outras emissoras) as imagens geradas a vivo tem um delay.
    Que vai além do delay da demora na transmissão.
    É para dar tempo do monitor de imagens, sempre vigilante, tirar a transmissão do ar se aparecer algo indevido ou muito pauleira.


    BR 101 É A ESTRADA DA INFORMAÇÃO

    se você quiser acompanhar a invasão do Iraque passo a passo, com informes constantes, com uma visão crítica, e, o melhor, em portugues
    acesse sempre o blog
    br101.org
    descrito como o diário de um jornalista independente


    Foi lá que descobri hoje que o Al Jazeera inaugurou um site em ingles!
    Está em construção ainda, tem muitos links fora do ar, mas vale a pena acompanhar as notícias "pelo outro lado".

    (Aliás, fizeram tanto farol com a CNN sendo expulsa de Bagdá - os jornalistas do Al Jazeera acabam de ser proibidos de trabalhar na Bolsa de Valores de NY)

    E na br101 acabo de ler também que os bares alemães não estão mais vendendo Coca, Budweiser, Marlboro e outros produtos americanos.




    A PROPAGANDA É A ALMA DO NEGÓCIO BÉLICO

    No afã de vender a guerra como uma injeção rápida e indolor, os publicitários do Pentágono anunciaram imediatamente após a invasão as tomadas das cidades iraquianas do golfo pérsico.

    Com o tempo os esquemas publicitários foram sendo desmentidos pelo procon da realidade. Nenhuma cidade havia sido capturada, nem no golfo, nem no interior, nada de Umm Qasr nem Al Faw, nem Nassíria nem Nafar, quanto menos Basra, a metrópole onde os soldados invasores seriam recebidos com flores nas ruas.
    Não obstante a palhaçada inconveniente da bandeira americana fincada no alto da murada, como se tivessem chegado os donos do pedaço.

    A resistência iraquiana maior que a esperada levou a mudanças de planos e agora dizem: "Nosso interesse não era mesmo tomar essas cidades, estamos dando a volta para chegar mais rápido a Bagdã". Existe a necessidade urgente de alguma vitória significativa americana para fazer jus à expectativa criada pela máquina publicitária cujo slogan era a imensa superioridade dos superheróis ocidentais.

    O comercial planejado com milhoes de iraquianos se rendendo e/ou recebendo os invasores de braços abertos não pode ir ao ar porque os figurantes se recusaram a participar.

    Se não fosse essa fissura por uma guerra rápida, para acalmar o mercado (sempre o mercado) e a ojeriza planetária, o Império poderia ter adotado estratégias mais calmas e eficazes. Dias (ou semanas) de ataque aéreo antes da entrada de tropas terrestres. Avanços lentos tomando posse realmente do terreno passo a passo.

    Assistimos também a um festival de erros pastelões por parte dos invadores. Seriam cômicos, não fossem trágicos, como mísseis americanos indo cair num onibus na Síria, longe das batalhas. Quem matou o jornalista ingles? Os americanos. De quem era o míssil que derrubou o avião ingles? Dos americanos.

    Especialistas militares nos asseguram que tais gafes são normais em guerras.
    Mas esvoaçam ainda mais ridículas quando o slogan dessa guerra era a eficácia precisa da tecnologia.

    No outro lado, papagaios iraquianos repetem em microfones que o fim da guerra está próximo, que serão vitoriosos, que estão vencendo e os invasores se cagam de medo, correndo para casa. Como manterão os anúncios no ar quando seus castelos estiverem desmoronando?

    São todos uns meninos brigões num terreno baldio, arrotando vantagens enquanto dão e tomam porradas.

    ALLIES ? ALL LIES!

    Sabendo que eu estava visitando meu pai, telefonou-me meu tio Ray. Ele tem 80 anos. Perguntou o que eu andava fazendo.

    - Não muito. Estou aqui deprimido e angustiado, sem conseguir desgrudar da televisão, vendo a guerra pela BBC e CNN...
    - DON´T WATCH CNN! IT´S ALL LIES!!
    THE REAL WAR IS ON THE INTERNET!!


    OSCARALHO

    Michael Moore lavou a minha alma.
    Claro, em seguida a mídia cai de pau, que ele foi exagerado, que é um fanático, que ali não foi lugar praquilo...
    Ali foi exatamente o lugar pra um discurso desses.
    Ele estava no cerne do americanismo, no palco das engrenagens que fabricam os sonhos ufanistas, militaristas, americanos.

    Eu gosto de assistir ao Oscar. Acho a cerimonia uma babaquice corporativa, o sistema de premiação é injusto, mas acabo assistindo. Minha paixão por cinema é tão grande que incorporo até o Oscar. Aliás - interessante - mais pra assistir aos clipes e homenagens de filmes antigos do que torcer pelos novos.

    Quando a cerimônia interminável a madrugadeira era ainda mais brega, eu e Ana inventamos uma maneira de torná-la mais palatável: começamos a chamar amigos pra participar conosco através de um bolão chamado Oscaralho. Quem faz mais pontos no bolão leva, além do dinheiro, um mero detalhe, a reluzente e fálica estatueta do Oscaralho confecionada de maneira diferente a cada ano por nosso filho Luke Bosshard.
    Pra manter o interesse dos azarados, quem faz menos pontos leva a versão menor (e mais anatomica) do Oscaralhinho.

    Em 2003, nada disso. Nossa náusea impede celebrações e brincadeiras. Não, como disse Nicole Kidman, por estar celebrando enquanto nossos garotos morrem além mar. É que tudo aquilo ficou alienígena e falso. Não tenho como sorrir amarelo com as piadinhas de Steve Martin.

    No meu ceu agora, infelizmente, as estrelas não são as de Hollywood mas os rojões mortíferos caindo sobre as margens do Rio Tigre.

    Mas Michael Moore rasgou o cenário de firmamento e por um breve instante os clarões das bombas foram mais que os refletores cenográficos.
    Depois, a música estridente tocou, tudo voltou, the show must go on, e a lua ali nasceu. But it´s only a paper moon.


    Convidei meus colegas documentaristas para subir ao palco comigo. Ele estão aqui em solidariedade porque nós gostamos de não ficção. Gostamos de não ficção e vivemos em tempos fictícios. Vivemos num tempo em que temos resultados eleitorais fictícios que elegem um presidente fictício. Vivemos num tempo em que temos um homem nos enviando á guerra por razões fictícias. Nós somos contra essa guerra, Sr. Bush. Que vergonha, Sr. Bush! QUE VERGONHA!
    - Michael Moore
    cerimonia do Oscar







    segunda-feira, março 24, 2003


    Por que a expressão à deriva de George W. Bush na coletiva de ontem? Talvez porque ele tenha sido vítima da própria máquina de propaganda, destinada ao inimigo. Acreditou que os iraquianos querem ser libertados da tirania de Saddam Hussein por uma invasão e ocupação de 200 mil soldados do Bem.

    Neste sentido, os revezes no sul do país são particularmente amargos para os EUA. Se sequer em Umm Qasr e Basra - as duas cidades grandes mais avessas ao regime de Saddam Hussein - a população acolheu como libertadora a passagem dos tanques americanos e britânicos, é porque o roteiro está descarrilhado.

    No fundo, a única batalha decisiva que os Estados Unidos precisariam vencer é a da identidade nacional do país a ser conquistado. E esta, a curto ou longuíssimo prazo, parece perdida: até agora, os iraquianos se revelaram mais iraquianos do que inimigos do atual regime. Governos e regimes são transitórios. A pátria, não. A dimensão da derrota dos Estados Unidos só poderá começar a ser avaliada depois da derrubada de Saddam Hussein.


    -Dorrit Harazim
    "Deus e os Generais"



    tiveram o choque e o estupor de publicar links para o blog0news
    (a propósito até dessas coisas de guerra rolando aqui)

    Contexto da Descoberta

    Vidinha mais ou menos


    O primeiro, de Chris, Assis Pacheco, tem bastante coisas também sobre essa insanidade.



    INGLÊS É FISK

    Retomei os posts citando um artigo do Robert Fisk porque dele são alguns dos melhores artigos sobre esta guerra.
    Fisk, do jornal ingles Independent, é um arguto especialista em Oriente Médio, cobre a região há anos, é bem informado e escreve muito bem. Está agora em Bagdá.
    Aqui você acompanha seus relatos

    Ele é o único da frente de batalha que vi reportar, até agora, sobre o uso no Iraque, pelos americanos, das armas A-10 - aquelas que tem como brinde o urânio sujo, contaminando o pedaço por séculos.
    E é um jornalista que chega numa casa iraquiana detonada pelos mísseis supostamente inteligentes e começa seu artigo assim:

    No meio da lama e do concreto esmagados havia uma revista da Batgirl. Na página 17, onde a sujeira borrara a página, Batgirl, estranhamente, salvava americanos de uma torre em chamas.


    E A GUERRA CONTINUA

    Não tem como se desligar por muito tempo do dilúvio de informações sendo despejado como um tsunami de desgraças pela mídia
    em qualquer restaurante ou local publico o assunto é guerra
    e suas consequencias -
    nao há indiferença embora haja diferenças,
    contras e a favor.

    Tento me atirar de novo nessa correnteza.
    É estranho: anos e anos de visão jornalística dos fatos
    outras guerras, outras violencias, muitos absurdos,
    e agora vivo essas coisas sentindo essa dor, esse desânimo
    e a toda hora uma vontade de chorar.

    Porque a guerra que acompanho não é essa da TV e dos reporteres embutidos
    essa me supre de algumas imagens
    mas as historias interessantes mesmo estão na internet
    pois são os relatos da pessoas e não dos batalhões.

    Mas alguma coisa quebrou dentro de mim quando acompanhei numa tela o bombardeio insensato de Bagdá. a cidade das 1001 noites e agora dos 320 mísseis por dia.
    Parece que o vento das explosões me atirou num buraco e estou caindo, caindo -

    A barbárie, ou como diria o coronel Kurtz, the horror... the horror...

    Alguma coisa quebrou no mundo com esta guerra
    e temo não poder ser consertado.
    Os tempos que vem serão escuros e ardentes como a fumaça densa dos poços incendiados.


    Existe algo doentio, obsceno, sobre essas visitas a hospitais. Nós bombardeamos. Eles sofrem. Aí aparecemos e fotografamos suas crianças feridas. O ministro da saúde iraquiano decide realizar uma coletiva insuportável no corredor para enfatizar a natureza "bestial" do ataque americano. Os americanos dizem que não é sua intenção machucar crianças. E Doha Suheil olha para mim e para os médicos buscando consolo, como se ela fosse acordar desse pesadelo e movimentar sua perna esquerda e não sentir mais dor.

    Então vamos esquecer, por um momento, a propaganda barata do regime e a moralização igualmente barata dos srs Runsfield e Bush, e dar uma volta pelo Hospital Universitário Al-Mustansaniya. Pois a realidade da guerra por fim não é sobre vitória ou derrota militar, nem sobre as mentiras quanto às "forças da coalização" que nossos jornalistas "embutidos" agora estão traficando numa invasão envolvendo apenas os americanos, os britânicos e um punhado de australianos. Uma guerra, mesmo quanto tem legitimidade internacional - o que esta não tem - é primordialmente sobre o sofrimento.


    - Robert Fisk
    "Esta é a realidade da guerra. Nós bombardeamos. Eles sofrem".




    domingo, março 23, 2003

    Pimenta nos olhos dos outros...

       Agora que , finalmente , diante dos olhos do mundo ( imagens da Al Jazeera ) aparecem as imagens dos primeiros prisioneiros da Coalizão , capturados pelo Iraque , Ruimsfeld evoca o Tratado de Genebra , que vetaria a filmagem de prisioneiros de guerra . .
        Ele acha que censurando as imagens vai continuar a manter a mentira do sucesso da invasão , e que o Tratado de Genebra não vale em Guantanamo ...

    Postado por Ana Lucia Pinta


    Em tempos de guerra, quando os cavaleiros da imbecilidade, da ganância, da arrogância e da carnificina cavalgam a terra como nazguls famintos, em minha cidade pessoas sao ceifadas pelo absurdo desvairado em que se alojou o mundo, e o sentido se revira por um avesso averso ao senso -
    os laços familiares são reconfortantes.

    Vim visitar os meus pais.

    Ontem, hoje e amanha, no minimo, os posts serao inconstantes. E estou tambem enojado. Espero que aqui, brincando com as piadas familiares, revisitando nichos do passado, passando por fotos antigos e me atualizando com as novas, a nausea camusiana passe para poder reportar de novo às chacinas.

    Podem usar os argumentos políticos, estratégicos, historicos que forem. Continuo considerando o bombardeio de Bagdá, que presenciei ao longe, porem próximo, via imagens televisivas, um dos absurdos mais chocantes - entre tantos - deste Império que se diz o salvador do futuro.

    Que futuro é esse?


    e o blog0news continua…
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    para passear pelos posts passados


    Mas uso mesmo é o

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