É preciso haver a conscientização de que o futebol brasileiro precisa
ser reformulado, a começar por essa CBF que não se dá ao trabalho de
estudar, aprender, discutir, se informar, se atualizar com o futebol que
corre o mundo. Uma conscientização da cartolagem. Não será com essas
reeleições na CBF que isso se realizará.
Criticar só cartolas é
muito fácil. É politicamente corretinho poupar, por exemplo, nossos
técnicos, os ditos “professores”, que, com raríssimas exceções, estão
tão desatualizados, tão desinformados, tão despreparados, tão
desinteressados no nível de qualidade do futebol brasileiro quanto os
cartolas.
Do que eles tratam aqui? Estão tantos e tantos anos
atrasados que tratam de defender, armar retranca, segurar vitória de 1 a
0, dar chutões para frente, desencadear correrias, ensaiar faltas
táticas, cometer essas faltas, dar pontapés, agarrões, puxões, coisas
assim.
Vocês viram ontem, entre um gol e outro que marcava na
seleção brasileira, como se estivesse jogando contra uma ingênua equipe
colegial — vocês viram a seleção alemã recorrer a um desses “recursos”
citados acima e que vemos todos os dias nos campos brasileiros?
E
como anda nosso trabalho nas divisões de base? Estamos preparando
atacantes e armadores como já tivemos — tantos! — nos anos do
pentacampeonato? Ou estamos selecionando a garotada mais forte, mais
parruda, para formar volantes, zagueiros e atacantes de força que corram
mais do que os outros? Quem cuida, quem dirige, quem determina — depois
do século passado — a filosofia, os conceitos, os princípios da
formação de nossos jogadores?
São nossos técnicos de renome? São
os “professores “ tão admirados, estudados e comentados pela crítica?
São os técnicos que passaram pela seleção nos últimos anos, inclusive o
atual?
- Fernando Calazans