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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, novembro 26, 2022


     

    Vocês não tem coração?


     

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    NINA BECKER, LUIS BARCELOS & LUCAS PORTO (DOLORES DURAN) COISA MAIS TRISTE


    Sofrimento
    A gente esconde sofrendo sozinho
    E tristeza
    A gente esconde chorando baixinho

    E nesses meus desenganos
    Aprendi muito a viver
    Eu sei perder meu amor
    Melhor do que ninguém.

    O mercado está nervoso. Foda-se o mercado.

     


     

    Gabriel Trigueiro

    Quando você pesquisa “Lula” e “mercado” no Google, o resultado é mais feio do que bater na avó na missa. Nos últimos dias muitos veículos deram variações dessa chamada: "Indefinição de Lula na Fazenda já provoca estragos no mercado”. Essa é uma lógica chantagista sob a qual muitos veículos da grande imprensa operam: a de moleque de recados do capital financeiro.

    E outra, a turma enche a boca pra falar “responsabilidade fiscal”, como se fosse uma expressão autoexplicativa, e uma espécie de solução mágica para qualquer problema, mas ignora aspectos fundamentais do negócio. 

    A cada vez que falam em “responsabilidade fiscal”, o subtexto é sempre “controle dos gastos públicos”: o que é razoável e justo, mas jamais “distribuição equitativa dos recursos” — o que é uma completa aberração, levando-se em consideração os níveis de desigualdade de um país inserido no capitalismo periférico, como é o nosso caso.

    Por acaso não foi Antonio Palocci quem praticou uma política de superávit primário no início do primeiro mandato de Lula, como demonstração de “responsabilidade fiscal” para o tal do mercado? Ignoram agora que foi Lula quem reduziu a dívida pública nacional, ao mesmo tempo em que foi o presidente que mais cumpriu as metas fiscais estabelecidas? Já esqueceram do flerte de Fernando Haddad com Marcos Lisboa, sujeito de credenciais liberais impecáveis, durante as eleições de 2018? 

    O mercado deveria ter menos credibilidade do que os bêbados da Praça Varnhagen. Como me disse uma vez um amigo (salve, Bruno B.), uma boa pauta seria entrevistar representantes da FIESP e perguntar se eles desejam: 1) menos protecionismo; 2) fim dos incentivos fiscais 3) mais competição, enfim (aka abertura irrestrita do mercado nacional a estrangeiros, sem o Estado brasileiro tomar partido de nenhum empresário daqui).

    A onda seria chegar pra FIESP e lançar um “I’LL GO LIBERTARIAN ON YO ASSES!!!”. Não ia sobrar um vagabundo pra contar história. Porque, na moralzinha, se o mercado já é refratário aos princípios liberais, o mercado brasileiro consegue ser ainda pior. Se bobear, nossos empresários são mais hostis ao liberalismo do que um estudante de DCE numa oficina de perna de pau.

    CONFORME SOLICITADO 

     

     

    Leve-me ao seu lider


     

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    Erasmo Carlos - É preciso dar um jeito meu amigo

    Iran offer powerful show of defiance on day of jeers, tears and joy

      Iran supporters protest during the match against Wales.

    "You cannot confiscate a voice. Iran’s was heard powerfully on an emotional afternoon on the outskirts of Doha that ended with tears in the stands, tears on the pitch and Wales supporters applauding those responsible for likely ending a World Cup journey 64 years in the making.
     
    There were tears at the start too, and it was initially impossible to concentrate on a must-win game for both teams after seeing Iranian women and men left distraught by their national anthem. Before Monday’s game against England the Iran players had stayed silent during the anthem, delivering a potent protest with potentially far greater consequences than a possible yellow card for an armband. Here some stayed silent again, a few sang and the majority mumbled their way through; a choir of the damned if they do, damned if they don’t.
     
    Around them, however, the sound was unmistakable and intensely moving. Boos and whistles rained down from Iran supporters sending their message to the government of the Islamic republic."
     
    read report by andy hunter

    Iran offer powerful show of defiance on day of jeers, tears and joy | World Cup 2022 | The Guardian

    Richarlison’s balletic barnstormer is a great Brazil World Cup moment

     

     Richarlison scores with a spectacular volley.

    "And by the end Brazil were pretty much rampant, pinging in shots, hitting the woodwork, swarming in packs. This was Richie’s day, but also a day to shake a little of the Neymar‑dependência of the past. Icons can be heavy, burdensome things. Brazil looked a little lighter here. They gave us a moment. They looked, by the end, like deserving favourites."
     
    read review by Barney Ronay

    Richarlison’s balletic barnstormer is a great Brazil World Cup moment | World Cup 2022 | The Guardian

    Toureando


     

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    sexta-feira, novembro 25, 2022

    Irã x Gales

     
    DALCIO MACHADO

     

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    Vacina Cloroquina


     

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    Se Bolsonaro era o escolhido de Deus, como pode ele ter perdido as eleições

     

     

    de ORLANDO CALHEIROS

    A derrota de Bolsonaro criou um problema de ordem cosmológica para uma parcela do eleitorado evangélico, um problema que está se desdobrando na radicalização política desse mesmo subgrupo. Explico! Se Bolsonaro era o escolhido de Deus como ele pode ter perdido as eleições?

    Deus falhou em sua escolha? Os pastores se enganaram/mentiram quando profetizavam a sua vitória? Mas e as pessoas que foram tocadas pelo Espírito durante os cultos de campanha? E os episódios de glossolalia?

    Para os não-evangélicos podem até parecer problemas triviais, mas estamos falando de alguns dos pilares fundamentais de algumas denominações religiosas, a crença na inefabilidade divina, a autoridade pastoral e a experiência (no sentido profundo) do culto.

    Um vacilo em qualquer um destes pilares pode levar o "sistema" a ruir. Levando o indivíduo a buscar outro sistema de referências, símbolos, para dar sentido a sua vida. Existem trabalhos bem interessantes na antropologia que lidam com isso a partir da experiência LGBTQI+.

    Mas voltemos ao que está emergindo por conta da eleição: se de um lado observamos um número razoável de pessoas que abandonaram ou se afastaram temporariamente de suas igrejas por conta da eleição, também tivemos de "radicalizados".

    Pessoas que, diante da derrota eleitoral, se apegaram a uma "elaboração secundária" capaz de sustentar os pilares ameaçados pelo evento. Deus não errou, o pastor não mentiu, ela não se equivocou quando se sentiu tocada pelo Espírito Santo, o que aconteceu foi uma fraude!

    Você acompanha a adesão ao golpismo de pessoas/grupos que até ontem diziam que confiavam na democracia, que, inclusive, condenavam as falas golpistas do próprio presidente, e percebe essa necessidade de "preservação" da estrutura religiosa.

    Por isso, entre eles, abundam notícias sobre pactos de Lula e Janja com entidades demoníacas, inclusive, a doença do presidente sendo vista como um sintoma do "feitiço" que paira contra o Brasil.

    E estamos falando de denominações que tem na luta ativa contra o feitiço/feiticeiros/demônios um dos aspectos mais espetaculares e apaixonantes. 

    minha camisa na barca | my shirt on the ferry


     

    Zimbo Trio | Teste de Som (Amilton Godoy) |

    Gols de comunista


     

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    Guia de protesto para a Copa do Mundo no Qatar

     

     

     Jogadores alemães posam para foto tampando a boca com a mão

     Sandro Macedo

    Qatar foi escolhido em dezembro de 2010 pela Fifa para sediar a Copa. Naquela época, o país já tinha sérias questões relacionadas a violações dos direitos humanos. Mas isso não era, e não é, problema da Fifa.

    Afinal, a Fifa está mais para um banco mundial do que para a ONU, portanto, gostam de dinheiro, não de gente. A não ser que seja gente com dinheiro. Aliás, a minissérie documental "Esquemas da Fifa", da Netflix, mostra em quatro episódios o tipo de gente que a Fifa curte.

    Talvez imaginava-se que o país-sede da Copa fosse pisar no freio, pelo menos durante o Mundial. Até pisaram, mas beeeem devagarinho. E depois aceleraram de novo. Já teve torcedor barrado com chapéu de arco-íris, jornalista barrado de restaurante com camisa de arco-íris e até bronca com bandeira de Pernambuco.

    Às questões do país de perseguição à comunidade LGBTQIA+, somam-se as críticas às condições dadas aos trabalhadores, muitos deles imigrantes, que estiveram em ação na construção dos estádios e na melhora da infraestrutura para a Copa. De acordo com a Anistia Internacional, a conta de mortos foi na casa dos milhares.

    Portanto, não faltam motivos para protestos. Aliás, sobram. Então, vamos protestar na Copa. Problema: a Fifa, que não gosta de gente, também não gosta de protesto no seu quintal.

    Sete federações europeias queriam manifestar apoio aos grupos LGBTQIA+ com braçadeiras —o que significa que seis federações europeias não estavam nem aí; e nem vamos falar das sul-americanas. Como a Fifa sabe que multa não é um problema para os europeus, ameaçou dar cartão amarelo para os capitães. E ganhou a queda de braço.

    Mas dá para protestar, minha gente, de várias formas. Está faltando criatividade aos atletas, tão espertinhos no TikTok. Os alemães já deram a deixa, com a mão tampando a boca na foto do jogo, para dizer que foram calados.

    Mas vamos a algumas outras sugestões.

    Cabelo. Tudo é permitido com o cabelo desde que Ronaldo, o nosso, fez o ridículo corte Cascão na fase final da Copa de 2002 —imitado por muitas crianças na época, fato pelo qual o Fenômeno já pediu desculpas. Assim, os jogadores que apoiam a causa LGBT poderiam pintar o arco-íris na cabeça. A Fifa nunca puniu cor de cabelo antes.

    Não quer mexer no penteado? Não tem problema. Que tal as chuteiras? Foi-se o tempo em que todos os jogadores usavam chuteiras pretas (sim, sou viúvo da Copa de 1982). Todo mundo usa uma cor diferente no pisante, às vezes duas, outro dia vi uma chuteira furta-cor.

    Por que não uma chuteira arco-íris? E fabricantes do calçado ganhariam um marketing positivo grátis. Em 2018, o suíço Shaqiri usou chuteira com a bandeira de Kosovo. Teve multa, mas não lembro de cartão amarelo por uso de chuteira.

    Imagem com close nas chuteiras mostra uma delas com a bandeira de Kosovo e outra com a bandeira da Suíça

    Dá também para usar a regra a favor. Agora são cinco alterações no time, e são 26 jogadores no elenco, com três goleiros. Na prática, isso significa que uns seis caras de cada seleção não vão entrar em campo nunca, certeza.

    Dica: trocar um jogador útil por um inútil nos acréscimos de confrontos decididos e colocar a tal braçadeira proibida. Exemplo, imagine que uma partida entre Inglaterra e Irã esteja… sei lá… 6 a 2, aos 45 minutos do segundo tempo. Então você saca o goleiro titular Pickford (que nem é grande coisa) e coloca no lugar o terceiro goleiro, Ramsdale (que é melhor que o titular, mas deixa para lá). O que aconteceria? Ramsdale entraria com a braçadeira LGBTQIA+, com a inscrição "One Love", o juiz veria aquela atrocidade e daria um cartão amarelo. E pronto, protesto feito. No próximo jogo, volta o intrépido Pickford.

    Última sugestão, e essa deixaria Fifa e qatarianos doidos: um selinho de comemoração. Jogadores se beijam o tempo todo nas substituições, se abraçam, se apalpam. Já pensou um dinamarquês fazendo gol e, na hora de celebrar, dar um selinho no amiguinho de uns cinco segundos? Gianni Infantino —que sabe o que é bullying com LGBT porque foi ruivo— ia cair do camarote direto no gramado.

    FOLHA

     

     

     

     

     

    POMBO


     

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    Tamo de volta


     

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    Richarlison


     

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    Tem que alimentar a criatura todo dia


     

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    Exclusivo. Flávio Bolsonaro é arrolado como testemunha em disputa por mansão milionária em ilha paradisíaca | Metrópoles

     

     Essa atuação do Richarlison hoje fica ainda mais legal quando a gente lembra dessa canalhice aqui que a família do Bolsonaro fez com ele

    Exclusivo. Flávio Bolsonaro é arrolado como testemunha em disputa por mansão milionária em ilha paradisíaca | Metrópoles

    Entre São Paulo e Doha a diferença é o material

     

     

    Juca Kfouri

     São Paulo é a chamada selva de pedra, insensível, capaz de ter fronteiras entre Paraisópolis e o Morumbi, com explorados e exploradores a dividir o mesmo espaço, um com esgoto a céu aberto, outro com piscinas aquecidas.

    E prédios, prédios e mais prédios, como numa competição para ver quem chega mais perto do céu, ou mais longe do inferno de suas calçadas cada vez mais habitadas por gente faminta sem ter onde morar.

    Doha é uma selva de aço e vidro, sem fronteiras entre a miséria e a riqueza, porque os pobres, os trabalhadores imigrantes, são excluídos mesmo, condenados a viver na periferia e a rezar para ter seus passaportes devolvidos pelos patrões.

    É um absurdo realizar a maior festa do futebol num lugar assim, além do calor proibitivo.

    Mas já se fez Olimpíada em Berlim sob o jugo de Hitler, em 1936. Já se fez Copa do Mundo sob a crudelíssima ditadura argentina, em 1978.

    O Qatar encerra um ciclo ou, tomara, encerrerá um ciclo: África do Sul, Brasil, Rússia e Qatar têm em comum pouco ou nenhum controle social, além de democracias frágeis, casos de África e Brasil, apesar de resistentes como se vê; e as sedes de 2018 e deste ano estão tão longe de regimes democráticos como a distância entre a Terra e a Lua.

    Doha não abraça, como Barcelona, Roma, San Francisco, Paris, Berlim, Cidade do Cabo e São Petersburgo, para citar algumas cidades que receberam jogos de Copas.

    A capital do Qatar só quer impressionar o forasteiro, mostrar como em menos de 50 anos se ergue uma cidade no meio do deserto —imponente, impressionante sem dúvida, exibicionista, ostentatória a ponto de ser brega.

    Tirante as inúmeras restrições por motivos religiosos, Doha parece ser o gênero ideal de cidade para tipos assim como João Agripino Doria —higienizado, com relógio de ouro, pulseira de ouro, gargantilha de ouro.

    Doha queria a Copa para se mostrar e, embora ela nem tenha começado, agora torce para que acabe logo, porque esse bando de estranhos que chegou não orna com a cidade que se vê permanentemente no espelho. Doha não vê a hora de essa gente ir embora.

     

    quinta-feira, novembro 24, 2022

    ERASMO


     

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    Presidente em Exercício

     

     
     
     

     

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    Richarlison começou a Copa brilhando, e ninguém merece mais do que ele

     





    de CASAGRANDE

    Cheguei cheio de expectativa ao Lusail Stadium, como todos os torcedores — e não só brasileiros, mas do mundo inteiro —, para ver o desempenho da seleção brasileira.

    Mas o primeiro tempo deu sono, de tanta lentidão e passes para o lado. A Sérvia ditou o ritmo lento do jogo e o Brasil aceitou isso com total passividade, sem nenhuma ousadia.

    A escalação com três atacantes e mais o Neymar na armação nos fez sonhar de que o time iria para cima. Mas, no primeiro tempo, foi totalmente ao contrário.

    Vinícius Jr e Raphinha mais correram atrás de lateral do que partiram para cima. Foi um primeiro tempo de futebol burocrático e muito chato de se assistir, sem iniciativa. A não ser pela uma ótima enfiada de bola do Thiago Silva para o Vinícius Jr, que forçou o goleiro sérvio sair nos pés do atacante, porque foi uma bola de gol.

    A Sérvia fez o jogo que queria, ficando com a posse mesmo que tocasse só para os lados, esperando uma brecha para conseguir cruzar na aérea para o Mitrovic — o que conseguiu algumas vezes com perigo.

    Neymar foi uma figura completamente apagada no primeiro tempo. Não criou, não chutou a gol, não deu um passe importante. Aliás, perdeu muito a bola na tentativa de dribles em lugares mortos do campo.

    Richarlison foi muito mal na primeira etapa. Não estava à vontade jogando totalmente de costas para o gol.

    No segundo tempo, algumas coisas ficaram do mesmo jeito, mas muita coisa mudou.

    O que continuou do mesmo jeito?

    O futebol fraco que Neymar apresentou, com muitos erros de passe, sem velocidade e muito distante do ritmo de jogo dos outros jogadores da seleção. Ele pode ser importante, sim, nessa Copa, mas aceitando que o protagonismo mudou de pés.

    Chegou a vez de Vinícius Jr, Rodrygo, Antony e, obviamente, Richarlison.

    E o que mudou?

    A agressividade e a velocidade da seleção melhoraram muito. O Brasil começou a ditar o ritmo e a dinâmica da partida, e isso me agradou muito mesmo.

    Mas vou falar do jogador que voltou diferente do intervalo e praticamente decidiu a partida.

    Ele mesmo, Richarlison .

    Que não se achou o primeiro tempo todo. E, no segundo, não acharam ele dentro da área.

    O primeiro gol foi de oportunismo puro, de um cara esperto e focado dentro da área. Porque um gol como aquele só faz quem está ligado no jogo. Espírito de luta nunca faltou para Richarlison, nem na bola e muito menos na vida.

    O segundo foi um golaço: ele dominou a bola, deu uma subida e, de voleio, definiu o jogo.

    Na seleção brasileira, ninguém merecia mais do que o Richarlison começar a Copa dessa forma.

    Um cara que não perdeu a sua raiz e se preocupa com o seu país, sem precisar de candidato ou de partido político.

    Ele, sim, comprou cilindro de oxigênio quando o pessoal de Manaus estava morrendo sufocado por causa da perversidade e da incompetência do ex-ministro Pazuello e do seu chefe.

    Richarlison conta a sua história de pobreza e se sente orgulhoso pelo que construiu na sua vida através de muita luta e talento.

    Ele fez os dois gols da vitória da estreia do Brasil na Copa, mas já vinha fazendo golaços para o povo brasileiro faz tempo.

    Acho que a garotada do mundo está vendo surgir um verdadeiro ídolo. Um ídolo que não ostenta, que se preocupa, que apesar de ser um jogador da seleção brasileira numa Copa do Mundo é, antes disso, um verdadeiro cidadão brasileiro.

    UOL

    Richarlison



    GILMAR

     

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    A esquerda encontra um idolo na Seleção

     


     MILLY LACOMBE

    Numa seleção inundada de apoiadores da extrema-direita brasileira e de alienados políticos, a esquerda busca há anos um ídolo para chamar de seu.

    E eis que Richarlison se apresenta com pompas.

    Embora tenha posado sorridente ao lado do presidente de tendências nazi-fascitas recentemente demitido, o centro-avante é o único que ousa se posicionar em nome de causas sociais.

    Ele faz isso há anos.

    Já falou da importância das vacinas, defendeu a ciência, cobrou punição ao comerciante André de Souza Aranha, acusado de estuprar Mariana Ferrer. se manifesta a respeito da urgência das causas ambientais... só faltou mesmo fazer o L.

    Cansados de craques ocos de conteúdo, torcedores e torcedoras com consciência social estavam desesperados por alguém que pudesse ser gigante em campo e igualmente enorme fora dele.

    Especialmente depois de um período tão horroroso da nossa história, especialmente tendo que negociar torcer para uma seleção politicamente miserável, especialmente depois de Neymar declarar apoio oficial a um presidente monstruoso e de nos ameaçar com a homenagem que faria (fará?) ao derrotado Bolsonaro em ocasião de gol marcado.

    Richarlison é muito jovem (25 anos) e ainda pode amadurecer para ser essa voz na seleção. Quanto mais forte ficar em campo, mais poderá falar fora dele.

    No começo será voz solitária, mas certamente conquistará muitos corações e mentes ao longo do caminho.

    Tomara que a neymarização que tomou conta do ambiente da seleção não desanime Richarlison.

    O segundo gol que ele fez hoje é expressão artística rara. Uma acrobacia maluca em busca da bola e de metê-la no gol a todo custo.

    Um movimento de Neo em Matrix feito de improviso para mostrar que o futebol brasileiro respira nas frestas.

    Gol de craque. Gol de gênio. Gol que deixa a gente sonhar não só com o hexa mas com o nascimento de um ídolo como esse país merece ter.

    UOL


     

    Wild/Goodman/Toscanini: Gershwin, Rhapsody in Blue (1942)

    Aceita cartão corporativo?


     

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    A decisão de Moraes

     

     Decisão de Moraes que multa PL em R$ 22,9 milhões vira meme848 × 477

     de Maria Carlotto

    Acabo de ler, na íntegra, a decisão do Ministro Alexandre de Moraes. É um massacre porque desmonta, ponto por ponto, a solicitação feita pela coligação de Bolsonaro (PL, mas tbm Republicanos e PP, que estão com o fundo eleitoral bloqueado até pagarem multa de R$22,9 mi).

    1/Primeiro, é espantoso q a solicitação original se limitasse não só ao 2o turno (o que já é um absurdo em si), mas também às eleições presidenciais. Ou seja, de todos os votos depositados nas urnas, só os para presidente estariam comprometidos.

    2/ Segundo Moraes, com razão, só isso já seria suficiente para considerar a ação inepta, caso não fosse adicionado ao pedido inicial, em 24horas, o questionamento de todo o processo, incluindo todo o primeiro turno e a eleição de governadores do segundo.

    3/ A coligação, como sabemos, manteve seu pedido restrito às eleições presidenciais, o que fez Moraes rejeitar a ação por desvio de função, ou seja, ma-fé. Mas tem mais...

    4/ Moraes esclarece tecnicamente e de modo muito contundente que a alegação central de que as urnas não podem ser identificadas uma a uma é totalmente falsa. A maior parte da decisão envolve a apresentação da explicação técnica do STI do TSE sobre cono se dá essa identificação.

    5/ Assim, seja pelo oportunismo explícito da ação de só questionar uma parte da eleição, seja pelo absurdo de alegar uma falha que todo mundo sabe que não existe, Moraes considerou o pedido "esdrúxulo e ílicito", pq com a simples finalidade de tumultuar o processo...

    6/... e incentivar protestos ilegais de cunho golpista, atentando contra o Estado Democrático de Direito, que, no Brasil, é crime. Por isso, mandou indeferir a ação, aplicar multa de R$22,9 mi e bloquear o fundo partidário de PL, PP e Republicanos. Certíssimo.

    7/ Agora a análise: a decisão saiu às 20:17 da noite. Às 19:47, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, dava, constrangido, uma entrevista à Jovem Pan. Alguns questionavam a seletividade da ação. Outros, mais amigos, perguntavam "apenas" sobre a reação do mundo político.

    8/ De maneira surpreendente, Valdemar dá, de repente, uma resposta absolutamente sincera: "o mundo político quer me matar". Claro! Questionar a eleição é mexer com milhares de eleitos em todo país.

    9/Eu disse mais cedo que o bolsonarismo estava dividido. Mais ainda agora. Não tinha solução fácil: se tudo desse certo para Bolsonaro, e ele vencesse a ação, toda a eleição seria anulada, inclusive de suas centenas de aliados. Se desse errado, Xandão ia pra cima. E foi.

    10/ Muitos chamaram Valdemar de burro. Não foi burrice alguma. Ele reconhecia muito bem o vespeiro que adentrava. Mas o PL não tinha escolha, pq tem um acordo, por ora, incontornável com o bolsonarismo, que depende visceralmente de uma massa mobilizada e radicalizada...

    11/...para seguir hegemonizando a direita brasileira como fez nos últimos 4 anos. Do contrário, as novas lideranças que emergiram do bolsonarismo, de Tarcísio a Zema, passando por Castro, Ratinho Jr. e outros, podem disputar esse espaço. É o fio da navalha da extrema-direita:

    12/Bolsonaro projeta lideranças pq precisa ocupar espaço no Estado, mas tem que mantê-las sob seu controle estrito, para não perder, ele mesmo, a liderança geral do processo. Para fazer isso nesse momento (e pelos próximos 4 anos) precisa da sua massa militante mobilizada.

    13/ Como fazer isso sem tensionar o sistema político até o limite da sua auto-implosão? Impossível. É por isso que o bolsonarismo é uma máquina de produzir e destruir lideranças. Quantas já surgiram e sumiram nesse processo?

    14/ Não é por outro motivo que eles se movem por declarações públicas de fidelidade, q assumem a forma de falas sincronizadas. Bolsonaro precisa saber o tempo todo quem ainda está com ele, ainda mais pq, como bom político fisiológico, sabe q a tendência, agora, é dispersar geral.

    15/ Isso tem tudo a ver com a negociação da PEC da transição e o debate sobre por quantos anos o Bolsa Família será excluído do Teto. Tudo indica que será por dois anos, ou seja, que o legislativo poderá voltar a cobrar sua fatura (nesse caso específico) no meio do mandato.

    16/ Para as forças que querem uma transformação profunda do país, na direção oposta ao caos bolsonarista, resta a missão de fortalecer o executivo contra as barganhas do centrão e dos ultraliberais. Isso não se faz, no curto prazo, sem mobilização popular (nisso Bols* tá certo).

    17/ Ou seja, o governo precisa colocar na mesa, logo, uma agenda de políticas e medidas ousadas para ativar sua base social na defesa da implementação desse programa. Se for xoxo, ninguém se mobiliza. Se for ousado, vão ativar a ladainha da responsabilidade fiscal.

    18/ É por isso que a luta é em três frentes: contra o bolsonarismo radical; contra a direita fisiológica e contra os ultraliberais. É difícil? Sem dúvida. Mas como são adversários irmanados, golpe em um, é golpe em todos.

    19/ Explico e termino:

    • A direita fisiológica ganhou força p/ o legislativo com o controle do orçamento, sob o falso argumento de que estava trabalhando pela responsabilidade fiscal (da piada das pedaladas que levou ao Impeachment de Dilma à excrescência do Teto de Gastos).
    • Isso só foi possível porque no ciclo 2014/2015/2016, os ultraliberais se empoderaram, graças ao tbm falso argumento de que a crise brasileira era fruto não das tensões mundiais pós 2008, mas do excesso de gastos do executivo e de uma política irresponsável pró-desenvolvimento.
    • O resultado de tudo isso foi um aumento da crise social e econômica, que levou a um acirramento dos conflitos sociais e políticos, o combustível do bolsonarismo.

    20/Por tudo isso, o centro da tática do governo Lula deve ser uma só: remar contra a corrente do caos, com mais saúde, mais educação, mais emprego, mais renda... O enigma de junho de 2013, que completará 10 anos, está aí. Sorte que o PT tem nova chance de decifrá-lo .Disso depende ...seu futuro: vai seguir sendo a peça chave da luta de classes brasileiras ou vai ser finalmente domesticado e reduzido a mais um peão no tabuleiro institucional de um sistema político carcomido?

    A pedido, segue o link do texto que publiquei em 2013, na então Revista Fevereiro, chamado "Decifra-me ou devoro-te, o enigma de junho", em q argumento q ou o PT entendia aquele movimento ou seria devorado por ele. Desnecessário lembrar o que aconteceu.

    http://www.revistafevereiro.com/pag.php?r=06&t=14

    Fan Zona


     

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    Erasmo Carlos e Adriana Calcanhotto - Gatinha Manhosa

    Quatro preocupantes sinais para quem torce pelo sucesso da Seleção

     

     Copa: Alemanha dá vexame e vira piada, e Brasil emite 4 sinais preocupantes  - 23/11/2022 - UOL Notícias

     

    Milly Lacombe

     

    Antes que a seleção brasileira faça sua estreia na Copa do Qatar vou listar alguns fatores que me fazem acreditar que esse sonhado hexa não vem.

    Obviamente, como acontece com qualquer especulação futebolística, eu posso estar redondamente enganada.

    Mas os anos de estrada me obrigam a dizer onde e por que uma luz vermelha se acendeu em meu cérebro em relação ao sucesso dessa seleção.

    Falo aqui de coisas extracampo. Não vou analisar a seleção dentro das quatro linhas, nem falar de escalação, nem de Daniel Alves, nem de tática ou estratégia, nem dizer que faz tempo que esse time de Tite não faz jogos contra fortes seleções europeias.

    Nos quesitos objetivos o Brasil desponta como favorito: é líder do ranking da Fifa, sobrou nas eliminatórias e, com Tite, não para de vencer e, dizem muitos, de convencer.

    Só que se o futebol fosse uma planilha nem precisaríamos estar aqui e ele tampouco seria apaixonante.

    Vamos ao que me deixa desconfiada.

    1. Liderança de Neymar.

    Eu começaria essa lista com a celebrada liderança que Neymar tem sobre o grupo.

    Tite falou dela para justificar ter dado a faixa de capitão com Thiago Silva. Disse que Neymar não precisa da faixa para ser o líder.

    Há algum tempo Neymar é o cara desse elenco. É ele que puxa as brincadeiras, ele que dá o tom da farra, ele que conduz emocionalmente o time dentro e fora de campo.

    É apenas natural que o grande craque do time exerça essa função, mas nesse caso específico o que temos como liderança é um homem de 30 anos que insiste em se comportar como um adolescente.

    Sabemos disso pelas brigas que Neymar compra em redes sociais, pelo nível 5º série das brincadeiras que ele promove nos grupos e até pela forma juvenil-dançante que ele usou para declarar apoio político ao seu amigo Jair Bolsonaro que concorria à reeleição.

    Não vejo um time campeão liderado por alguém com essas características. Pode acontecer? Sempre pode, mas entendo que elencos maduros são aqueles mais aptos a conquistar torneios como uma Copa do Mundo.

    2. Tite como coach motivacional

    A seleção dispensou a presença de um psicólogo (a). Pelo que informam as reportagens, Tite faz o papel de coach motivacional.

    O centro de treinamento usado pelo Brasil está repleto de frases motivacionais escritas em enormes letras nas paredes, iniciativa de Tite.

    O treinador também gosta de colocar bilhetes nos quartos dos jogadores com palavras como "coragem" e "confiança".

    Confiança, aliás, é essa palavra usada a fartar por comissão técnica e elenco. Um psicólogo ou uma psicóloga não seria a pessoa que estaria ali para motivar ou passar confiança através de frases retiradas do Pinterest.

    O profissional estaria ali para fortalecer mentalmente os envolvidos nesse torneio, trabalhando conflitos, desejos e sonhos.

    Motivar tampouco é encher as paredes de clichês ou escorregar bilhetes por debaixo das portas.

    Acho que oferecer amparo psicológico em uma competição tão dura e curta, e via especialistas, faria muita diferença à força mental desse time e ajudaria a distinguir confiança de arrogância.

    Me intriga que esse trabalho de coach motivacional feito por Tite seja levado a sério porque um time campeão, no meu entender, não se embala em berço tão juvenil.

    3. Seis estrelas no calção.

    Neymar foi visto com um calção que tinha seis estrelas, indicando a sexta conquista mundial. Rivais criticaram e Neymar se defendeu dizendo que contar com a sexta estrela no calção é uma demonstração de confiança.

    Eu argumentaria que não é bem assim.

    Confiança é uma coisa que nutrimos em nós mesmos.

    Cantar vitória antes da hora não me soa como confiança, mas sim arrogância.

    Confiança você usa e sente internamente no grupo e não alardeia para o mundo.

    Meter a sexta estrela antes de ela estar efetivamente conquistada não é de bom tom. Nem para as coisas terrenas e nem para os mistérios da vida.

    4. Entrevistas

    Não é novidade que, às vésperas de uma Copa do Mundo, nosso elenco e comissão técnica deem entrevistas que, aqui e ali, soam arrogantes.

    Nem acho que Tite faça isso - já houve treinadores e elencos mais esnobes - mas uma coisa me chamou a atenção numa das entrevistas: ficamos sabendo que o elenco já tem pelo menos dez coreografias ensaiadas para serem feitas depois dos gols.

    Não sei vocês, mas eu acho isso estranho.

    Gosto da ideia de que eles dancem e celebrem como quiserem os gols, mas dizer isso numa entrevista me acendeu um alerta.

    Nem tanto pelo tempo gasto para ensaiar as coreografias, mas porque, outra vez, fico achando que não estamos falando de confiança mas sim de arrogância.

    Talvez isso não precisasse ser dito numa entrevista dada para repórteres do mundo todo às vésperas da estreia.

    Essas coisas me fazem achar que a seleção fracassará no Qatar. Não são coisas pequenas, muito pelo contrário: são sintomas e eles devem ser levados a sério. Posso estar errada? Sempre. Acontece com frequência.

    E, dessa vez, saberemos bastante rapidamente: em alguns dias já teremos entendido se os apontamentos acima fazem ou não sentido.

    UOL

     

    Gal Costa - Três da Madrugada (Carlos Pinto e Torquato Neto)

     

    Três da madrugada Quase nada Na cidade abandonada Nessa rua que não tem mais fim três da madrugada tudo é nada a cidade abandonada e essa rua não tem mais nada de mim...

    Carta a Gianni Infantino

     

    Mordaça: Jogadores da Alemanha entram para história do esporte
Jamil Chade

    Prezado Sr. Gianni Infantino,

    Quero te contar uma história. Em dezembro de 2010, numa noite fria em Zurique, estávamos todos esperando pelo anúncio do resultado da votação sobre onde seriam as Copas de 2018 e 2022. Minutos antes de o evento começar, encontrei um lugar ao lado de um colega escocês e, por coincidência, na fileira de trás de uma parte da delegação do Qatar.

    LEIA O ARTIGO DE JAMIL CHADE

    quarta-feira, novembro 23, 2022


     

    ERASMO


     

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    Alemanha x Japão


     

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    Grande pioneiro do rock nacional, Erasmo Carlos traduziu a alma do Brasil

     

     cena de show

    Os três primeiros acordes foram ensinados por Tim Maia: ré, lá e mi. Foi o suficiente para o adolescente Erasmo Esteves tocar mais de 30 rocks no violão. Depois, Roberto Carlos se juntou. Os três jovens se reuniam para trocar influências, ideias e referências.

    Erasmo, morto aos 81 anos nesta terça-feira (22), passou a ensinar a batida do rock para os músicos brasileiros. Muitos guitarristas, baixistas e bateristas vinham de uma influência jazzística e tinham preconceito contra o rock. Foi ele quem ensinou a batida do rock e trouxe o gênero para o Brasil. No seu primeiro disco, batalhou para incluir o baixo elétrico.

    Mas não foi apenas a roupagem musical. Erasmo tinha a atitude do rock and roll. Alto, imponente, com cara de mau, andava de moto, usava cordões e casacos. Construiu, com doce ingenuidade, o que batizou de "Minha Fama de Mau". Era uma maldade de fachada. Erasmo era uma das figuras mais gentis da música brasileira.

     Pioneiro na instrumentação e na atitude, Erasmo também abriu caminhos para cantar o rock em português. "A primeira versão que estourou minha foi ‘Splish Splash’. Porque comecei fazendo versões. Eu não tinha vitrola em casa e já era louco por música. Ia para uma editoria e ficava a tarde inteira ouvindo músicas importadas que mandavam. Ficava ouvindo, ouvindo, ouvindo, até que um dia um cara falou: ‘Tenta fazer umas letras aí!’. Fui tentando fazer, e gostei", me contou Erasmo na entrevista que originou o especial "Erasmo 80", produzido pelo Conversa.doc e disponível no catálogo do Globoplay.

    Começou a fazer sucesso no Clube do Rock de Carlos Imperial no início dos anos 60. Por gratidão a Carlos Imperial e Roberto Carlos, pegou emprestado o nome "Carlos". Erasmo Esteves passou a se chamar Erasmo Carlos.

    Pioneiro na instrumentação, na atitude e nas letras em português, ele também foi quem abriu o caminho para a Jovem Guarda. Encantado pelo sucesso de "Festa de Arromba", Paulinho Machado de Carvalho, diretor da TV Record, convidou o cantor para apresentar o programa. Sempre generoso e amigo fiel, Erasmo recomendou o nome de Roberto. A música brasileira nunca mais foi a mesma.

    Roberto e Erasmo consolidaram ali uma potência criativa que traduziu a alma do Brasil em canções. Numa entrevista para Nelson Motta na década de 1970, quando fazia um show explosivo com "A Bolha" no Rio de Janeiro, Erasmo definiu assim a parceria: "Eu acho que a gente se completa muito. Ele é um cara muito romântico. A escola dele é do samba canção. A minha escola é a do rock. Então põe ternura e romantismo na minha violência e eu ponho violência no romantismo dele."

    O som de Erasmo seguiu evoluindo e abrindo caminhos e anunciando novas atitudes. Com o disco "Erasmo Carlos e Os Tremendões", lançado em 1970, já não era mais o iê iê iê da Jovem Guarda. Deu um passo adiante e ficou mais complexo, original e diversificado. Inspirado em "(Sittin' On) the Dock of the Bay", de Otis Redding, fez "Sentado à beira de um caminho" com Roberto Carlos. Também é desse disco o clássico "Coqueiro Verde" e a gravação de "Saudosismo", de Caetano Veloso. Tudo isso abriu caminho para o disco "Carlos, Erasmo", de 1971, hoje cultuado como marco de maturidade de Erasmo.

     Ao longo das décadas, Erasmo foi um farol que guiou as novas gerações de roqueiros. A geração de 1980 o tem como referência. Bandas como Skank e Jota Quest, artistas como Marisa Monte, que vieram nos anos 90, continuaram tributando o Tremendão, fazendo parcerias e gravando as suas músicas.

    Permaneceu brilhante e atuante até o fim. Ganhou o Grammy Latino em 2014, um Grammy especialíssimo pelo conjunto da obra em 2018 e, em 2022, poucos dias antes de morrer, outro Grammy com "O Futuro pertence à… Jovem Guarda."

    O futuro lhe pertence, Erasmo, pioneiro criador do rock brasileiro. Você deixa uma obra viva e atemporal que traz uma profunda mensagem de amor, entendimento e paz. Sentimentos que estão imunes à passagem do tempo são maiores que esse limite tão injusto que é a morte.

    FOLHA

     

    Não dá para ser noiva do bolsonarismo e do PT

     


     de LILIA SCHWARCZ

     Alexandre Frota foi convocado para acompanhar os trabalhos do grupo de transição na área de Cultura. A explicação para essa indicação quase inacreditável tem sido colocada na conta da formação de uma Frente Ampla. Frota teria sido indicado pelo PROS, que apoiou a candidatura Lula. Há quem alegue também que ele teria rompido com o bolsonarismo e se transformado num grande crítico do atual presidente.

    Entendo as alegações, acho ótimo que o ex-deputado tenha mudado de ideia, mas isso não faz zerar o passado. Ex-ator de novelas na TV Globo, Frota se engajou durante as manifestações em defesa do impeachment de Dilma Rousseff.

    Em 2018, ele foi eleito deputado federal pelo PL, à época como um ferrenho defensor de Bolsonaro. No seu currículo Frota acumula tudo de ruim. De caso de estupro admitido na TV ao apoio à Escola sem Partido. Além do mais sempre tentou se projetar fazendo escândalo com artistas importantes da área da cultura. Chamou Caetano de pedófilo — foi processado pelo cantor e perdeu. Xingou Chico Buarque dizendo que ele “chorava por não poder mais roubar livremente”. Foi também processado e obrigado a pagar indenização. Atacou a artista Adriana Varejão, e dentre outros disse que sua obra continha uma exaltação da zoofilia. Ainda aproveitou para destilar seu machismo de plantão. Processado, ele pagou indenização.

    O que todos esses casos têm em comum (e eu poderia incluir muitos outros). Provam (1) que Frota não tem nada a ver com Comissão de Cultura; (2) que se trata de uma pessoa descontrolada e volúvel; (3) que ele não respeita os artistas; (4) que é um machista empedernido.

    Formação de Frente Ampla não pode ser história de conta zero. Fico feliz em saber que Frota hoje é crítico e abnega o bolsonarismo. Mas isso não anula erros feios do passado recente. Sei que foi indicação do partido de Frota. Mas torço para que o PT possa aprimorar seus critérios.

    Diferenças são ótimas na democracia. Mas nesse caso estamos falando de um crítico da cultura — ao menos, nos moldes do PT. Aliança precisa ter trava e limite. Alexandre Frota é o meu limite!

    A midia, os mercados e os recados trocados


     

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    Roberto Carlos - SPLISH SPLASH - Bobby Darin - versão de Erasmo Carlos -...(1963)



    IN MEMORIAM ERASMO

    Argentina x Arabia


     

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    terça-feira, novembro 22, 2022

    CATARSTROFICO

     

      SERGIO AUGUSTO

    Tamanho não é documento, mas tradição sim. E o Catar, apesar de ter o PSG, não a tem.

     Por que tanta gente se diz desinteressada da Copa que começa amanhã? Mais: por que tantos admitem que não vão torcer pelo Brasil? Só porque os patridiotas usurparam e conspurcaram a camisa da seleção, não foi. De minha parte, perdi interesse por futebol antes da pandemia, depois do Mundial de 2014, e não exatamente por causa dos 7 x 1.
     
    Na verdade, se em campo nosso futebol deixou de ser o “beautiful game”, fora dele a cafonice e o exibicionismo dos jogadores, com sua monocórdia fixação em brincos, penteados espalhafatosos e mais tatuagens no corpo que o Queequeg de Moby Dick, já haviam feito metade do estrago. Neymar veio de bônus.
     
    Cresci a ansiar pelas Copas, lastimando sua disputa não ser anual - e agora, justo quando disponho de um televisor com muito mais polegadas do que tinha e havia na Copa de 70 (ah! a Copa de 70), fui puxar um cartão vermelho para o certame.
     
    Cheguei a escrever para o Aliás sobre os três primeiros Mundiais deste século e só me abstive da polêmica sobre a escolha do Catar, 12 anos atrás, por não ter quase nada a acrescentar ao dito e repisado pela mídia internacional sobre a “catarstrófica” escolha. Futebol e Copa do Mundo não são para o bico do emirado do Golfo Pérsico, menor país a hospedar o Mundial.
     
    Tamanho não é documento, mas tradição futebolística sim, e o Catar, apesar da compra do Paris Saint-Germain pelo emirado, não a tem. Seu negócio é petróleo, gás, autoritarismo e desrespeito a direitos humanos, sobretudo os das mulheres.
     
    A política esportiva tem peso relativo frente aos petrodólares. O estatuto da Fifa não proíbe que seu mais nobre torneio seja realizado em países sob regime autocrático. A Copa de 1934 foi na Itália fascista de Mussolini. A de 1978, na Argentina, teve interferência direta dos milicos torturadores. Ambas vencidas, marotamente, pelos anfitriões. Nem com ajuda de Alá e pressão do emir Hamad al-Thani os catarenses têm chance este ano.
     
    O Brasil quase foi palco da Copa de 1942, o que acrescentaria a essa lista de ditaduras a do Estado Novo. Aliás, Jules Rimet, presidente da Fifa, estava no Rio em agosto-setembro de 1939, acertando os ponteiros para o primeiro Mundial no Brasil dali a três anos, quando Hitler invadiu a Polônia, e a Copa acabou suspensa pela guerra.
     
    No dia em que conquistamos o penta, na primeira Copa da Ásia, em 2002, topei com uma placa em Ipanema: “Agora só falta o Lula ganhar a eleição”. Quatro meses depois, Lula elegeu-se presidente. Nesta primeira Copa do Oriente Médio, a situação inverteu-se, mas, dado o desânimo de boa parte da torcida, duvido que alguém se anime a augurar, em nova placa, que “agora só falta o hexa.”
     
    ESTADÃO 

     

    A camisa é nossa

      Foto: Philip FONG / AFP


    Esther Solano..

     Um dos meus primeiros atos políticos no pós-eleições foi comprar uma camiseta da Seleção brasileira para meu filho (Ok, comprei na feira de minha rua, meu novo ardor patriótico não é tão grande para gastar grana na camisa oficial). Quem me conhece sabe que sou de atletismo, basquete, handebol… Não curto futebol, acho que não assisti a mais de três ou quatro jogos completos na minha vida, mas pretendo vestir verde-amarelo, assistir aos jogos e torcer pelo Brasil. E não é que tenha me encantado espontaneamente pelas cores nacionais ou que, de repente, cresça dentro de mim um fervor nacionalista exaltado, ou tenha me transformado na mais apaixonada defensora do Neymar (isso jamais, tem limites que a dignidade impede ultrapassar, verde-amarela sim, Neymar jamais). É disputa, pura disputa. Disputa dos símbolos, dos conceitos, das palavras, das cores, dos significados, dos sentidos.


    Ganhamos as eleições, mas agora é hora de ganhar a política e os valores. Um valor fundamental a ser disputado é o valor país, o valor nação, o valor bandeira. A utilização por Bolsonaro dos símbolos nacionais foi asquerosa e foram anos demais nessa espiral de asquerosidade. É humilhante chegar ao ponto de ver no guarda-roupa uma roupa amarela e sentir desconforto. Não é possível a gente continuar a sentir repugnância ao ver a bandeira brasileira. Não dá mais. Os símbolos do País não são deles. Eles agem como donos incontestáveis, “os verdadeiros patriotas”, como únicos proprietários, senhores e patrões da estética nacional, pois nós não somos cidadãos, não somos homens e mulheres de bem, a nós não pertence a bandeira ou o hino, só eles são dignos, nós somos a imundície. Pois, queridos, essa imundície ganhou as eleições e vai se enrolar em bandeiras brasileiras, como se enrolou em vermelhas, e vai vestir camisetas verde-amarelas. E vai acontecer na frente de vocês.
    Eu sei que a vontade de seguir esse caminho para muitos de nós é zero, até negativa, mas necessária. A disputa dos símbolos é uma parte fundamental da batalha política e, infelizmente, durante muito tempo a gente não soube travar essa batalha. Agora temos de deixar evidente que a bandeira também é nossa, dos esquerdopatas, dos petralhas, a bandeira também é das mulheres que não são “belas, recatadas e do lar”, é dos nordestinos, dos homens que não se sujeitam a uma masculinidade violenta, dos negros considerados criminosos e carne de masmorra ou cemitério, dos indígenas, dos ribeirinhos, dos quilombolas. A bandeira, o verde-amarelo, também é de todos aqueles que eles desprezam.

    Não é para se esconder, é para ostentar, se deixar ver, se exibir com orgulho… e com inteligência. Ganhamos nas urnas, mas ainda faltam muitas vitórias e ainda poderemos ter muitas derrotas. No seu discurso de vitória, Lula falou em unidade nacional, em reconstrução de um país dividido, em esperança, em cuidado, em amor. Disse que seria o presidente de todos. Perfeito. Mas, para tanto, a gente tem de se apropriar deste “país de todos” perante o “país de alguns”. No país deles não cabe quase ninguém, porque eles detestam as diferenças. No nosso país só não são bem-vindos os fascistas, mas no nosso país cabe muita gente, tem de caber muita gente, cabem os que votaram em Bolsonaro, mas não são fascistas (ou seja, a maioria), os que votaram em Bolsonaro, mas podem vir para a democracia, os que votaram em Bolsonaro, mas não são movidos pelo ódio, pelo aniquilamento. Cabem aqueles que votaram em Bolsonaro por inúmeras razões, mas não são perversos. É urgente que no nosso país, na nossa bandeira, caiba todo aquele que quer conviver, pois é preciso recomeçar muita coisa.


    É isso, a bandeira não é mais deles. O verde-amarelo não é mais deles. O País não é mais deles. O futuro não é mais deles. O orgulho de sair às ruas não é mais deles. Agora também é nosso.
    Na quinta-feira 24, estarei no barzinho perto de casa. Pacote completo, com marido e filho. Todos de verde-amarelo, de vuvuzela estrondosa, todos a vibrar pelo Brasil e torcendo para recuperar parte do que nos foi roubado, porque nos foi roubado tanto que temos de recuperar cada pedaço. Não vai ser fácil, mas é preciso começar. •

    CARTA CAPITAL 

     

     


     

    ERASMO


     

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    Messi x Arabia


     

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    Erasmo Carlos >> Sentado À Beira do Caminho (IN MEMORIAM)

    as acerolas estão robustas este ano




     

    Bancos, dinheiro público & teto de gastos


     

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    Argentina x Arabia Saudita


    AMORIM

     

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    Juventude Transviada | Gal Costa e Seu Jorge (Luis melodia)



    e o auxilio luxuoso de um pandeiro

    "Yolanda" com Chico Buarque e Pablo Milanez (IN MEMORIAM)

    8.000.000.000


     

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    RUA feat Erica Natuza e Jr Black - DJ Dolores

    Assim não anda


     

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    segunda-feira, novembro 21, 2022

    YMA


     

    Dia da Consciencia Negra



    ANGELI

     

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