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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, julho 08, 2023

    Vitor Araújo | Canto nº 2 (Vitor Araújo) | Instrumental Sesc Brasil

    Folha de S.Paulo mantinha relações íntimas com a ditadura militar

     

     Resposta publicada pela Folha sobre a trajetória do grupo na ditadura no último domingo, 2 de julho de 2023

    "A pesquisa aprofunda também a compreensão sobre as relações íntimas do Grupo Folha no período mais agudo dos anos de chumbo com policiais que perseguiam a esquerda e, ao mesmo tempo, de acordo com testemunho colhido na pesquisa, estavam contratados pelo jornal, ora como repórteres e redatores ou prestando serviços de segurança à empresa. Entre eles estavam dois delegados do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), os irmãos Robert e Edward Quass, além do nome mais forte da repressão política no país, Sérgio Fleury, o delegado que chefiou o “esquadrão da morte” e depois recebeu carta branca do regime militar para torturar e matar oponentes políticos."

    "Aggio assumiu a direção de redação da Folha da Tarde em 1969 imprimindo uma mudança radical na linha editorial. Saíam de cena jornalistas progressistas, como Jorge Miranda Jordão e o frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Beto, ao mesmo tempo em que a redação contratava dois delegados, Carlos Antônio Guimarães Sequeira, agente do DEOPS, e Antônio Bim, os investigadores Carlos Dias Torres e Horley Antonio Destro, e um major da PM paulista, Edson Corrêa, que chamava a atenção por circular pela redação com uma pistola automática à mostra como se estivesse numa operação de rua.

    A linha do jornal, que antes cobria segmentos como o movimento estudantil, passou a ser de apoio irrestrito à ditadura militar e às forças de repressão."

    "A manchete de 9 de dezembro de 1970 não deixava dúvidas sobre a posição da Folha da Tarde. “Terror: Metralhado e morto outro fascínora”. Linha de frente da esquerda armada, o militante havia participado do sequestro de embaixadores que seriam trocados pela libertação de presos políticos, entre os quais estava sua mulher, Denise Crispim, grávida. A matéria informou que o “bandoleiro” morrera num confronto com a polícia em São Sebastião, no litoral Sul de São Paulo, embora seus companheiros de cárcere tenham protestado com gritos e muito barulho nas ferragens das grades quando ele foi retirado da cela em estado físico deplorável no dia 27 de outubro, dois dias depois de mais uma falsa notícia de que teria fugido. A Folha da Tarde se superava a cada edição na adjetivação, denominando militantes políticos de “facínoras”, “assassinos”, “maníacos” e “loucos”."


    mais na reportagem de Vasconcelos Quadros
    AGENCIA PUBLICA

    Folha de S.Paulo mantinha relações íntimas com a ditadura militar

    TCU afirma que não houve irregularidades na UFSC

     

     "Cancellier cometeu suicídio dezoito dias após a operação policial, que mobilizou 105 policias federais, sete mandados de prisão temporária e cinco de condução coercitiva, ao se jogar do último andar de um shopping em Florianópolis.

    Logo após a morte de Cancellier, a delegada foi transferida para Sergipe – e o então procurador Deltan Dallagnol chegou a se solidarizar com Erika por conta da morte do reitor, afirmando que as decisões “foram todas dele” e chegando a se oferecer para manifestações públicas de solidariedade."


    leua reportagem de Tatiane Correa

    TCU afirma que não houve irregularidades na UFSC:

    Demônios da Garoa - Malvina, samba (Adoniran Barbosa)(1958)



    Minha vida sem você não vai

     

     

    Let Yourself Go ! - Shaolin Temple Defenders

    sexta-feira, julho 07, 2023

    Mundo Fantasmo: 4959) Zé Celso Martinez Corrêa, 1937-2023

     

     


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    "Zé Celso era no universo do teatro uma figura semelhante à que Glauber Rocha foi no cinema ou que os compositores baianos foram na música popular. Era um criador incansável, um desarrumador de mobília, um subversor de dicionários, um sistemático derrubador das fronteiras entre a arte coletiva e a vida pessoal.
     
    Alguém citou nestes dias, nas redes sociais, uma frase atribuída a ele: “É preciso viver ao vivo, e também morrer ao vivo”. Dele ou não, a frase o exprime. E exprime toda uma estética que explodiu em meados do século passado, uma mistura herética entre a arte e a vida. Essa mistura, essa mestiçagem ilegal permeou o rock, o teatro, a poesia, o cinema, as artes plásticas e sei lá mais o quê.
     
    Ainda é costume chamar essa explosão de A Contracultura, termo com que Theodore Roszak a exprimiu num livro excelente e hoje esquecido. A verdade é que o conceito tinha em si essa própria essência explosiva de mandar cada fragmento em sua própria trajetória, afastando-se uns dos outros. Foi uma espécie de Big Bang. "


    mais na coluna de Braulio Tavares​

    Mundo Fantasmo: 4959) Zé Celso Martinez Corrêa, 1937-2023 (6.7.2023)

    Escritores processam empresa criadora do ChatGPT por treinarem máquinas com seus livros sem autorização

     

     


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    Escritores processam empresa criadora do ChatGPT por treinarem máquinas com seus livros sem autorização

    MAYMAR


     

    Marianne Faithfull - Sunny Goodge Street (Donovan)

    On the firefly platform of sunny goodge streetA violent hash-smoker shook a chocolate machineInvolved in an eating scene
    Smashing into neon streets in their stillnessSmearing their eyes on the crazy kali goddessListening to sounds of mingus mellow fantastic.
     
    "my, my", they sigh.
     

    Benjamin Clementine - Then I Heard A Bachelor's Cry



    Lately I've been searching, searching for answersI walk around the boulevards, looking for magiciansWith a cold feet, black coat full of armsOutstretched and a leading voiceAnd I can't help but shout at the top of my lungs, saying
     
    Who, who is next in line to get hurt?Who, who is next in line to get speared?

    quinta-feira, julho 06, 2023

    Zé Celso, o diretor que forjou o teatro mais brasileiro

     

     

    "Na madrugada de segunda para terça-feira, o dramaturgo e diretor teatral Fernando de Carvalho se despediu do parceiro José Celso Martinez Corrêa e encerrou mais uma jornada de trabalho. Desde fevereiro, eles se encontravam quase todos os dias pela internet para avançar em um trabalho considerado pelo fundador e diretor do Teatro Oficina o mais difícil da sua vida: a adaptação de A Queda do Céu, o livro de tom profético do xamã yanomami Davi Kopenawa, escrito em parceria com o etnólogo francês Bruce Albert e lançado no Brasil pela Companhia das Letras. Os encontros aconteciam de segunda a sábado, entre as 20 horas e a meia-noite. Foi ali que Zé disse adeus a Carvalho, se queixando de frio. E estava mesmo frio em São Paulo: o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) previa para aquela madrugada a menor temperatura do ano, com mínima de 8°C em média na cidade, e sensação térmica de 6°C. Por isso, antes de se deitar na cama, Zé Celso ligou o aquecedor."

    leia o texto de Maria Carolina Maia 

    Zé Celso, o diretor que forjou o teatro mais brasileiro

    Sulla Musk

     

     

    + Speaking of Musk, this week that apostle of unfettered speech mused that it might be time for the US to welcome a military dictator, like the Roman tyrant Sulla, Julius Caesar’s murderous role model, who after putting down a revolt in Athens, demolished both Plato’s Academy and Aristotle’s Lyceum (those early purveyors of Cultural Marxism) and destroyed one of the greatest libraries of the Classical World…

    + Here’s historian Tom Holland’s description of Sulla’s destruction of the centers of Athenian learning…

    [Sulla] ordered the groves where Plato and Aristotle had taught to be chopped down and used to build siege engines. When an Athenian peace delegation did what Athenian peace delegations had always done and began to discourse windily on the glories of its city’s past, Sulla silenced the talk with a gesture of his hand. “Rome did not send me here to be lectured on ancient history.” With this dismissal, he sent the delegates back to their city to eat boiled shoe leather and starve. Athens’s cultural capital had reached the limits of its overdraft. (Rubicon: the Last Days of the Roman Republic)

     JEFFREY S. CLAIR


     

    Them - It's All Over Now, Baby Blue (Bob Dylan)



    The empty handed painter from your streetsIs drawing crazy patterns on your sheetsThe sky too is fallin' in over youAnd it's all over now, baby blue

    Por tras do deep fake de Elis


     

    PALAVRAS

     

    "Queixamo-nos de que as pessoas não lêem livros. Mas o deficit de leitura é muito mais geral. Não sabemos ler o mundo, não lemos os outros." 

    Mia Couto

    Marietta Baderna

     

     "Há 195 anos, 5/7/1828, nascia a bailarina Marietta Baderna. Seu comportamento boêmio e o hábito de incorporar elementos da cultura afro-brasileira em sua dança escandalizariam de tal modo a elite carioca que seu sobrenome seria dicionarizado como sinônimo de "confusão"."


     

    Letrux - Vai Brotar

    'Cê ficou cínico com o tempoEu fiquei muito mais espiritualizadaAcreditando em carta, sonho e passe
     
    'Cê surgiu mímico no temploEu deixei 'cê brilhar com a sua palhaçadaAcreditando em grana, sexo e classe

    quarta-feira, julho 05, 2023

    Goat performs "The Sun The Moon" live at MOCAD


     

    “Lisboa é uma festa”. Os bastidores do “GilmarFest” ou “Gilmarpalooza”, em Portugal…

     

    O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (à esq.), conversa com o decano do Supremo, Gilmar Mendes, em jantar do grupo Esfera Brasil no mês de março

    "O fórum está em sua 11ª edição, e hoje parece que ninguém mais se espanta com o fato de ministros do Supremo e autoridades da República confraternizarem com prepostos de empresas e de interesses bilionários sobre os quais fatalmente terão de decidir.

    Tampouco incomoda que toda essa gente precise ir até Lisboa para discutir assuntos que só dizem respeito ao Brasil, muitas vezes com passagens e hospedagem pagas com o dinheiro público.

    Ninguém mais parece lembrar que a parceira do IDP no evento, a FGV, foi alvo no ano passado de outra operação da PF, sobre uma organização criminosa que vendia pareceres jurídicos para ajudar no desvio de dinheiro do governo do Rio nas gestões de Sérgio Cabral.

    A operação durou menos de 48 horas. O próprio Gilmar suspendeu tudo, alegando falta de competência do juiz federal que a determinara. Independentemente de quem tenha razão, não é difícil constatar aí um caso clássico de conflito de interesses.!


    mais na reportagem de MALU GASPAR

    “Lisboa é uma festa”. Os bastidores do “GilmarFest” ou “Gilmarpalooza”, em Portugal… – Contextualizando:

    Ele nos ensinou a odiar


     

    Otário defendendo

     

    Arnaldo Branco 

    Essa semana certamente foi bastante agitada no quesito otário defendendo gente indefensável. Vamos a alguns dos casos.

    Submarino

    Eu tenho absoluta certeza que o lance do submarino foi uma aposta — mas não uma aposta tipo aquelas pra mostrar quem é mais macho e toma a atitude mais arriscada, e que acabou em um acidente com todos mortos porque a ideia de macheza dessa galera pressupõe uma falta flagrante de instinto de autopreservação. 

    Nem foi uma aposta para de fato bater o recorde de tempo com gente enfiada em um tubo de shampoo sem equipamento de segurança e controlado por um mouse daqueles de luzinha que vendia na Uruguaiana no início dos anos 00, sob a pressão causada por uma submersão de quatro quilômetros no fundo do mar — até porque é fácil quebrar um recorde com uma façanha que ninguém fez antes e nunca mais vai tentar fazer depois.

    Mas sim uma aposta envolvendo pacto de morte, onde os tripulantes sabiam dos riscos e tinham certeza de que iam morrer — e tudo isso fazia parte da estratégia para aumentar os riscos do seu jogo de azar. E agora, que aconteceu o esperado, tenho certeza que os caras deixaram empregados designados para se certificar de que o valor da aposta, que se pagou, vai ser coletado.

    Porque  eu tenho certeza que os caras apostaram que, depois de tudo o que eles fizeram, ia ter otário defendendo.

    Neymar 

    Falando em otário defendendo, Neymar provou mais uma vez que pode fazer qualquer escolha moral evidentemente equivocada que ainda assim será tratado como um raro espécime em extinção, que precisa ser preservado — mesmo que sua inutilidade para a evolução da espécie esteja plenamente comprovada, servindo ele mais como um item de colecionador exótico em exibição nas redes sociais do que para cumprir alguma função presumida, como efetivamente ganhar uma Copa do Mundo ou pelo menos comer a esposa de algum dos Bolsonaros. Isso aí até seria legal, um puta arco de redenção, vai.

    Bolsonaro

    E chegamos no próprio, no maior dos indefensáveis, até porque é tanto crime que talvez o cara devesse dispensar seu time de advogados e cogitar a contratação do Esquadrão Suicida. Bom, esta semana começou o julgamento no STF que pode deixa-lo inelegível e, além do fã-clube habitual — os membros do culto da morte que cada vez mais precisam aperfeiçoar suas teorias da conspiração para continuar abraçando a tese da perseguição política — a gente já sente nas entrelinhas da grande imprensa o luto antecipado pelo único nome (por enquanto, é claro) com chances para fazer frente ao Lula.

    Depois da maneira como foram tratados pelo ex-presidente nos últimos quatro anos, os jornalões também passam atestado de otário. Mas esses pelo menos esse é um mico bem remunerado.]

    CONFORME SOLICITADO
    https://conformesolicitado.substack.com/i/129975388/otario-defendendo

     

    Pegando gente


     

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    A mesma praça, o memo banco



    MOR

     

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    Vai Valadão !



    JEFFERSON PORTELA

     

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    Milton Nascimento e Criolo feat. Amaro Freitas - Não Existe Amor em SP



    Os bares estão cheios de almas tão vaziasA ganância vibra, a vaidade excitaDevolva minha vidaE morra afogada em teu próprio mar de felAqui ninguém vai pro céu
    Não existe amor em SP

    Ao Brasil, com amor, verdade, memória e Justiça

     

     

     

    JAMIL CHADE

     Carta às instituições democráticas brasileiras,

    No final de janeiro de 2019, eu me sentei ao lado da mesa do clã Bolsonaro, num café da manhã no luxuoso hotel no qual sua delegação se hospedou em Davos, aqui na Suíça. Entre os vários absurdos que escutei, um deles me deixou duvidando se de fato aquela era a delegação que comandava um dos maiores países do mundo.

    O filho do então presidente, o deputado, perguntou a quem estava naquela mesa enquanto tentava usar as redes sociais:

    "A palavra "bilionário" é com ou sem a letra "H"?

    Não sei exatamente onde ele pensava colocá-la. Mas a resposta de alguém na mesa com o então presidente foi ainda mais surpreendente: "Veja se aparece a cobrinha vermelha do corretor".

    Aquele crime à língua de Guimarães Rosa, Conceição Evaristo, dos meus amigos Itamar Vieira Junior, Juliana Monteiro e Eliane Brum e tantos outros escritores que eles jamais leram me acendeu um sinal de alerta: do que seriam capazes aquelas pessoas?

    Descobrimos da pior forma possível, enterrando nossos irmãos, pais, amigos e, por pouco, nossa tão frágil democracia.

    Nesta semana, a inelegibilidade de Bolsonaro abriu aquela esperança típica dos sonhadores de que isso significará o fim da sua carreira política, usada como plataforma para interesses pessoais.

    Mas escrevo esta carta para dizer que isso não me basta, ainda que possa ser uma decisão importante para a saúde das instituições nacionais.

    Eu, particularmente, vou cobrar três outros destinos para nossa história: verdade, memória e justiça.

    Quero a verdade, para que a história recente do Brasil não se repita. Nem como tragédia e nem como farsa.

    Verdade, a tradução da capacidade de a população saber o que de fato ocorreu enquanto um grupo usou o poder para se apoderar de instituições de estado. O que de fato foi considerado quando foram tomadas decisões que resultaram na morte de pessoas. O que estava em jogo quando, debochando do sofrimento de milhões de pessoas, buscava-se apenas a reeleição.

    O direito à verdade é o direito à integridade de uma pessoa, a saber o que ocorreu diante da angústia instalada. Num cenário pós-guerra, as famílias querem a verdade sobre o destino dos corpos de seus filhos, quem disparou a bala, por qual ideal padeceram.

    No Brasil, exigimos saber por qual motivo vidas foram criminosamente abreviadas. Qual era o objetivo quando a democracia foi estilhaçada no planalto central.

    Quero também preservar a memória, para que a história recente do Brasil não se repita. Nem como tragédia e nem como farsa.

    Para que as próximas gerações saibam exatamente o que ocorreu no Brasil entre 2019 e 2022, para que os livros de história tragam o isolamento que se estabeleceu para o país no mundo e para que cada cova cavada não seja a história de uma inevitabilidade.

    Há sete décadas, a Alemanha destina milhões de euros para se desnazificar. Todos os dias. E parte desse trabalho é conduzido nas escolas e na conscientização do que representam as ideias que chegaram ao poder, nos anos 30.

    A busca pela memória promove o debate, sem tabus. E, sem atalhos, esse é o caminho para promover uma reconciliação e fechar feridas.

    Mas isso tampouco basta.

    Quero e vou exigir ainda justiça, para que a história recente do Brasil não se repita. Nem como tragédia e nem como farsa.

    Justiça, que Freud chamava de "o primeiro requisito da civilização", não é erguer um picadeiro para que revanche seja feita. Justiça é, sobretudo, um reconhecimento da existência de vítimas e a proteção do futuro.

    A democracia não morre apenas no escuro. Ela também morre em plena luz do dia, em publicações obscuras no diário oficial, em invasões de terras, na circulação de um vírus, na propagação do ódio, no uso da mentira como estratégia de poder.

    E ela morre quando não lidamos com seus detratores e quando a impunidade vence.

    Desta vez, a anistia não tem lugar.

    Não estamos falando sobre o passado. Mas sobre a construção do futuro.

    No dicionário da democracia, os conceitos de memória, verdade e justiça estão todos no mesmo capítulo. Aquele escrito com sangue e que tem como objetivo resgatar sociedades mergulhadas num ciclo de violência, recolocando-as num longo caminho de uma cultura da paz.

    Já a letra "h" que eles procuravam, bem... sugiro guardá-la para usar na palavra "humanidade", construída todos os dias com direitos e dignidade.

    Saudações democráticas,

    Jamil Chade

    UOL

     

    12.- Glória - Mário Sève + David Ganc ‎– Pixinguinha

    terça-feira, julho 04, 2023

    De Olho na Foto

     


    LILIA SCHAWRCZ

    De olho na foto (infelizmente). Acreditem, não gostaria de dar mais nenhum post com imagem de Bolsonaro. Mas é necessário desmontar as farsas de uma representação como essa. Hora de ler a imagem e a trucagem que contém, em sua associação com a ideia do “salvador”.
     
    Vale lembrar, em primeiro lugar, que Jair não é o primeiro dirigente masculino a mostrar-se dessa maneira. Outro presidente autoritário, Vladimir Putin, da Rússia, entre outros, já fez foto semelhante. E quando há reiteração, há intenção.
     
    Vamos à foto de Bolsonaro. Com esse registo ele procura mostrar sua virilidade — seu “corpo de atleta”, como gosta de lembrar. Coisas de supostos heteronormativos.
     
    Mas a imagem faz sentido em contexto. A foto circulou no sábado passado e foi postada pelo assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, logo depois da decisão do TSE de tornar o ex dirigente inelegível.
    Expressão de martírio, olhar compungido o “ex” interpreta o lugar de um salvador, martirizado por seus algozes. Wajngarten trata de assegurar a leitura, escrevendo: “Bolsonaro é uma "vítima dessa tal democracia". “Tal democracia” alude a exterioridade, como se Bolsonaro e sua quadrilha se apartassem dela.
     
    Existem outros detalhes a anotar. O registro visual é de autoria do fotógrafo João Menna e faz parte de ensaio fotográfico publicado em abril deste ano. Portanto, o assessor requentou a foto para que ela ganhasse significado nesse contexto.
     
    Mais elementos. Vejam como o “ex” traz no pulso seu relógio simples (bem diferente do que aquele que recebeu da Arábia Saudita) e uma pulseira de plástico azul. O adereço acompanha o “ex” desde que ele foi internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, após atentado de 2018. A pulseira traz a mensagem bíblica “protegido pelo sangue – Apocalipse 12:11”. No mesmo braço o anel de casado, mostrando compromisso.
     
    Bolsonaro pode se retratar como quiser. Mas sabemos que significados se fazem em contexto. Circular essa foto nesse momento; destacar a cicatriz na barriga e com esse texto no pulso, significa apostar na imagem do “mito” que não morre jamais.
     
    Pelo jeito, a justiça e a democracia não têm nada a ver com isso. Não é o sangue que protege. Mas a lei!
     


     



    MIGUEL PAIVA



     AROEIRA

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    O corpo fala



    QUINHO


     

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    Joao Gilberto - Izaura (Ao Vivo No Sesc 1998) - Herivelto Martins /Roberto Roberti


     

    Maquinas que cantam

     

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    CAMILO ROCHA

    Talvez você tenha visto um dos inúmeros vídeos no TikTok em que Freddie Mercury, ex-vocalista do Queen, pode ser ouvido cantando um clássico de Michael Jackson. Ou algum registro da cantora americana Ariana Grande interpretando um hit de k-pop. Ou, quem sabe, a voz do ex-presidente americano Barack Obama cantando o hit “Let It Go”, do desenho animado “Frozen”. São todas simulações de vozes famosas feitas em softwares de inteligência artificial (IA).

    Em abril, o que era brincadeira quase foi parar na Justiça americana. Uma música chamada “Heart On My Sleeve”, com imitações geradas por IA das vozes dos cantores Drake e The Weeknd, foi removida do Spotify, YouTube e TikTok a pedido da gravadora Universal, que acusou a faixa de violar direitos autorais. No Brasil, a mesma gravadora, junto à Legião Urbana Produções, avalia o que fazer judicialmente com um vídeo em que a voz de Renato Russo canta “Batom de Cereja”, sucesso sertanejo da dupla Israel & Rodolffo.

    O software Covers.Ai é um dos programas lançados recentemente que possibilita realizar esse tipo de trucagem em pouco tempo e sem nenhuma formação musical. O procedimento é simples: o usuário sobe no site do Covers.ai um arquivo musical, que deve conter apenas a parte instrumental da canção escolhida (existem programas de IA específicos para a remoção de vocais). Depois, ele escolhe uma voz a partir de um cardápio (como David Bowie, Ed Sheeran ou Vladimir Putin; é possível gravar a própria voz também). Algum tempo depois, o resultado é enviado ao e-mail do usuário.
    Drake também teve sua voz imitada em “Heart On My Sleeve”, que chegou às plataformas de streaming, de onde foi retirada a pedido da gravadora Universal — Foto: Richard Shotwell/Invision/AP

    Drake também teve sua voz imitada em “Heart On My Sleeve”, que chegou às plataformas de streaming, de onde foi retirada a pedido da gravadora Universal — Foto: Richard Shotwell/Invision/AP

    A tecnologia que possibilita essas recriações é o campo da inteligência artificial chamado de “aprendizado de máquina”. Nesse processo, um programa é alimentado com milhares de amostras de uma voz ou som (ou imagem e texto nos programas que trabalham com essas linguagens), “aprendendo” seus padrões. Assim, quando se deseja recriar a voz de um cantor como Renato Russo ou Ariana Grande, é preciso que ele receba volumes grandes de amostras de gravações desses cantores.

    A última novidade nesse campo é a “inteligência artificial generativa”, cujo representante mais conhecido atualmente é o ChatGPT. Por meio dessa tecnologia, “você pode pedir para o computador criar uma música apenas com base em uma descrição semântica ou até mesmo a partir de uma imagem. Por exemplo: ‘componha uma música suave, meio jazz, meio eletrônica, boa para corrida’ ou ‘transforme a voz dessa pessoa na voz daquele outra pessoa’”, de acordo com Vítor Patalano, músico e especialista em inteligência artificial.

    Apesar de o campo ser novo, a legislação brasileira existente é capaz de proteger artistas ou pessoas comuns do uso indevido de seu timbre de voz. A Constituição de 1988, por exemplo, considera que a voz é parte dos direitos de personalidade inerentes a toda pessoa, assim como o nome e a imagem. A Lei Geral de Proteção de Dados também entende que a voz é um dado pessoal do indivíduo e tem direito de ser protegida de usos indevidos.

    “A voz de qualquer pessoa é protegida de diversas maneiras e não pode ser usada sem sua autorização, inclusive quando usada por um sistema de IA, e é uma clara violação dos direitos da pessoa sujeita a inúmeros tipos de sanção, de administrativa a indenização cível”, afirma Allan Rocha de Souza, presidente do IBDAutoral (Instituto Brasileiro de Direitos Autorais) e professor de direitos autorais da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

    Para Souza, qualquer voz que estiver sendo replicada precisa da autorização de seu dono. Ele lembra que, como os programas de IA são treinados com gravações existentes (no caso dos artistas, muitas vezes de músicas suas), há também os “prováveis direitos de quem fez a gravação de onde a voz foi retirada”. Para ele, não basta dividir eventuais royalties, é preciso também pedir autorização.

    Donos de gravações e detentores de direitos podem estar bem amparados pela lei, mas, como visto em outros momentos da internet, o esforço parece uma tentativa de capturar flocos de neve em uma avalanche. Durante a era do software de compartilhamento de música Napster, gravadoras moveram ações punitivas contra indivíduos que baixavam canções, mas o modelo que elas defendiam estava com os dias contados. Serviços de streaming como o Spotify foram a alternativa legal encontrada para se adaptar aos novos hábitos de consumir música.

    “Da mesma forma, neste primeiro estágio, a característica libertária da internet vai tentar encontrar caminhos alternativos e gratuitos para dar vazão à sua verve criativa e experimental. E caberá à indústria encontrar novos meios de participar desta nova tendência”, diz Patalano, que tem pós-graduação em Big Data e inteligência artificial pela Universidade de São Paulo, a USP.

    Um pouco antes de solicitar a remoção da imitação de Drake e The Weeknd no Spotify, a Universal também tinha investido contra a música generativa que vem sendo criada aos milhões por sites como o Boomy, empresa californiana que afirma que mais de 14 milhões de músicas já foram criadas por usuários em seu sistema.

    No comunicado, a Universal, atualmente a maior empresa do ramo musical do mundo, intimou todos os envolvidos no ecossistema musical a escolherem “de que [lado da história] querem estar: o lado dos artistas, fãs e expressão criativa humana ou do lado dos deep fakes, da fraude e da negação à compensação dos artistas”.

    Em maio, o Spotify anunciou ter removido “dezenas de milhares” de músicas geradas pelo software de IA Boomy de sua plataforma depois que a Universal alertou a plataforma de que robôs estariam sendo usados para incrementar o número de plays dessas faixas. Ao “Financial Times”, a Boomy negou qualquer envolvimento com manipulação ou streaming artificial.

    Ao final do mesmo mês, a Universal anunciou uma parceria estratégica com a empresa Endel, especializada em criar “bem-estar sonoro” por meio da inteligência artificial. O catálogo da Endel inclui centenas de músicas direcionadas a atividades como relaxamento, auxílio ao sono e foco. Segundo comunicado da Universal, esses trabalhos são gerados pelo computador a partir de matrizes sonoras criadas por artistas como James Blake, Grimes e Miguel.

    Com uma abordagem mais “medicinal”, a empresa alemã Laife se vale da IA para produzir música funcional que, segundo o site, “ajuda usuários a flexionar e exercitar seus cérebros”.

    Baseada em Berlim, a Laife tem entre seus sócios o DJ e produtor brasileiro Billy Mello, que, como Maestro Billy, foi integrante do programa “Caldeirão do Huck” entre 2001 e 2015. Mello esclarece que a inteligência artificial não é responsável por gerar toda a música da empresa e que samples de instrumentos ainda são bastante utilizados como base. Com o tempo, a empresa quer incorporar músicos de carne e osso às suas produções.

    Para Mello, a discussão em torno das ferramentas de inteligência artificial na música passa longe do simplismo de que “músicos vão perder o emprego”. Para ele, há muitas possibilidades de colaboração entre máquina e humano. “Se você é um cara talentoso, você pode usar isso para o seu benefício. Se você está travado ali, não sabendo o que colocar na música, pode usar algum recurso, por exemplo, do Google Magenta”, afirma, em referência ao site da empresa de tecnologia que reúne soluções de IA para processos criativos.

    Ainda há raros registros de músicos estabelecidos usando a IA no contexto criativo. Uma das exceções é a musicista americana Holly Herndon, que, com seu colaborador Matthew Dryhurst, explora usos da IA em seus trabalhos. “Proto”, seu álbum de 2019, traz vocais de um programa de inteligência artificial que foi “ensinado” a compor música depois de ser abastecido com arquivos de áudio ao longo de anos. Em 2021, Herndon e Dryhurst lançaram o projeto “Holly+”, que consiste em uma versão “deepfake” da artista apta a interpretar músicas que usuários enviam por meio de um site.

    VALOR



    Meu Momento Peter Selles

     


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     SÉRGIO AUGUSTO

    O quarto 426 fica no quarto andar e eu precisava descer ao segundo para utilizar o lustrador de sapatos do único companheiro de viagem alojado em outro piso. Meus sapatos só não careciam de um trato na sola. Haviam passado toda a manhã da véspera na Disneylândia e o final da tarde na gravação de um show de Jerry Lewis dedicado ao filme a cuja estreia mundial, naquela noite, fôramos convidados.

    Esta é uma história do tempo em que eu ainda era “o benjamim da crítica de cinema” e Hollywood esbanjava extravagantes fortunas na promoção de seus potenciais hits. Quando? Bem, dali a 19 dias, um balaço arrebentaria os miolos do presidente Kennedy. Dali a 49 anos, Whitney Houston seria encontrada morta por uma overdose na banheira do quarto 434, oito portas depois da minha. E nunca mais o 434, em sinal de luto e superstição, hospedou ninguém.

    Estamos na tarde de 3 de novembro de 1963, no Beverly Hilton Hotel, no cruzamento dos bulevares Wilshire e Santa Monica, Los Angeles. Whitney morreria na véspera de receber seu sexto Grammy, em 2012, mas eu não iria perder a première de Deu a Louca no Mundo por causa de um par de sapatos incompatível com o traje a rigor exigido pelo cerimonial do Cinerama Dome Theatre, concluído em tempo recorde para o evento, em pleno Sunset Boulevard.

    Para disfarçar a aparência do meu calçado com os atributos de um lustrador só disponível no segundo andar e evitar o constrangimento de ser visto no elevador de chinelos nos pés e pisantes nas mãos, desci pelas escadas até o quarto 200 e qualquer coisa, e executei o serviço.

    Na hora de retornar ao 426, meu momento Peter Sellers: a porta de acesso às escadas não abria. E eu ali, confinado ao corredor, e a dar graças por não estar nu, como o personagem do Sabino, apenas descalço ou quase isso, torcendo para não topar com ninguém no elevador, muito menos com Ava Gardner e deusas do mesmo naipe.

    Minha súplica foi ouvida e no elevador adentrou apenas uma pessoa: Lizabeth Scott, femme fatale loura do cinema noir dos anos 1940-50 que não frequentava meu harém imaginário. Dia desses, alguém postou uma foto dela no Twitter, o que me inspirou a repercutir este fait divers possivelmente pouco interessante até para quem viu algum de seus filmes.

    Lizabeth era uma Veronica Lake sem a franja “peekaboo”, tinha o dobro da minha idade e já não filmava havia seis anos. Jamais foi nem seria o que Glenda Jackson significou para Julio Cortázar e seus cupinchas de juventude. Evitei cruzar meu olhar com o dela e só desocultei das costas a mão que escondia os sapatos quando paramos no quarto andar. Ela, “ladies first”, saltou na frente e eu respirei absurda e compreensivelmente aliviado por enfim ter dividido o mesmo elevador com Lizabeth Scott, não com Ava. Ou Jean Seberg. Ou Kim Novak. Ou Natalie Wood.

    ESTADÃO

     

    Trio Nagô - Yaya da Bahia

    segunda-feira, julho 03, 2023

    Davud Boldrini - Carl Czerny: Piano Concerto No. 3 in A minor, Op. 214

    domingo, julho 02, 2023

    It’s Okay to Like Good Art by Bad People

     "]

     

     "Dederer’s ultimate recommendation for dealing with immorality in artists is very sensible. We should engage with their art, not quash it, and work through our qualms at the same time. It’s a noble aspiration, but I suspect that the logic of the stain will defeat it. If hearsay about artists’ misdeeds or thought crimes is top of mind when we interact with their paintings, or prose, or poetry, or films, or music, that’s what we’ll look for and that’s what we’ll find traces of—or not, but that will have been our prism."

    read article by Judith Shulevitz

     

    Para 52%, Brasil pode virar comunista (apesar de não saberem o que é isso)

     

     Manifestante segura cartaz com frase em inglês em São José dos Campos, interior de SP - ROOSEVELT CASSIO/REUTERS

     

    Leonardo Sakamoto

    Pesquisa Datafolha, divulgada neste sábado (1), indica que 52% concordam totalmente (33%) ou em parte (19%) com a afirmação de que Brasil corre o risco de se tornar um país comunista. Em março, pesquisa Ipec, com metodologia diferente, apontou 44% concordando totalmente (31%) ou em parte (13%) que o Brasil pode se tornar comunista.

    Quem é minimamente bem informado sabe que o país estava mais próximo de voltar a uma ditadura de direita do que avançar para o comunismo. Esse resultado é, portanto, uma falsa percepção decorrente da influência das mentiras marteladas pelo bolsonarismo. Mais do que isso: mostra que muita gente não tem ideia do que seja comunismo.

    É a força do Bolsoverso, a realidade paralela construída por Jair e aliados. Tomo a liberdade de trazer aqui parte de uma análise que eu já havia feito anteriormente porque ela segue atual. Pois é fascinante que muitas dessas pessoas não façam ideia do que seja o comunismo, repetindo chavões ensinados por lideranças da extrema direita, que usam o termo para identificar e controlar seu rebanho. A palavra "comunismo" retirada de seu sentido original, de propriedade comum dos meios de produção e da ideologia por ela sustentada, se tornou no Brasil um simples comando para o linchamento digital, independentemente de quem esteja do outro lado. O objetivo é tirar a credibilidade e d... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2023/07/01/para-52-brasil-pode-virar-comunista-apesar-de-nao-saberem-o-que-e-isso.htm?cmpid=copiaecola
    É a força do Bolsoverso, a realidade paralela construída por Jair e aliados. Tomo a liberdade de trazer aqui parte de uma análise que eu já havia feito anteriormente porque ela segue atual. Pois é fascinante que muitas dessas pessoas não façam ideia do que seja o comunismo, repetindo chavões ensinados por lideranças da extrema direita, que usam o termo para identificar e controlar seu rebanho. A palavra "comunismo" retirada de seu sentido original, de propriedade comum dos meios de produção e da ideologia por ela sustentada, se tornou no Brasil um simples comando para o linchamento digital, independentemente de quem esteja do outro lado. O objetivo é tirar a credibilidade e d... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2023/07/01/para-52-brasil-pode-virar-comunista-apesar-de-nao-saberem-o-que-e-isso.htm?cmpid=copiaecola

     É a força do Bolsoverso, a realidade paralela construída por Jair e aliados.

    Tomo a liberdade de trazer aqui parte de uma análise que eu já havia feito anteriormente porque ela segue atual. Pois é fascinante que muitas dessas pessoas não façam ideia do que seja o comunismo, repetindo chavões ensinados por lideranças da extrema direita, que usam o termo para identificar e controlar seu rebanho.

    A palavra "comunismo" retirada de seu sentido original, de propriedade comum dos meios de produção e da ideologia por ela sustentada, se tornou no Brasil um simples comando para o linchamento digital, independentemente de quem esteja do outro lado. O objetivo é tirar a credibilidade e destruir, muitas vezes para servir de exemplo. E, consequentemente, esse processo tornou a palavra depositária do "mal". E um grande mal é sempre temido e vira uma ameaça.

    Entres esses 52%, há quem defenda que o Brasil implemente o comunismo e os oportunistas que sabem que isso não está no horizonte, mas disseminam isso mesmo assim para causar medo entre seus seguidores. Esses dois grupos são numericamente pequenos. A esmagadora maioria é formada de pessoas que "aprenderam" que comunismo é algo ruim mesmo sem saber o que ele é.

    Muitos que "xingam" pessoas ou instituições de comunistas não compreendem o que isso, de fato, a palavra significa. Caso as pessoas soubessem História e estivessem atentas ao que se passa à sua volta, buscando saber as manifestações do comunismo no Brasil e no redor do mundo, poderiam, inclusive, criticá-lo de forma mais embasada. E, acredite, há críticas a serem feitas.

    Ouviram de seus "mentores" que comunismo é um tipo de "governo", formado por "vagabundos que não gostavam de trabalhar", que ajuda a "perverter sexualmente" as "pessoas de bem" e a "destruir as famílias", controlado por "bilionários pedófilos" e "atores de Hollywood" que tentam "vacinar os cidadãos com chips 5G" a fim de controlar seus pensamentos. O excesso de aspas não é proposital, apenas triste.

    Graças à sabedoria que circula nas redes sociais, descobrimos, que a cantora Madonna, a revista Economist, as Nações Unidas, o jornal New York Times, a Rede Globo, o Facebook, o Twitter, o cantor Roger Waters, o filósofo e economista conservador Francis Fukuyama, a deputada de extrema direita Marine Le Pen, banqueiros multibilionários e a multinacional Pfizer são comunistas. Além de Leonardo DiCaprio, claro.

    Bolsonaristas chegaram a chamar a Embaixada da Alemanha de comunista por ela ter postado um vídeo explicando que o nazismo é um movimento de extrema direita após Jair defender essa aberração ao visitar o Memorial do Holocausto (sim, a gente passou muita vergonha internacional nos últimos quatro anos).

    Pior: nossos conterrâneos disseram aos alemães que eles não entendiam muito bem o que era o nazismo. Como na vez que tentarem explicar a Roger Waters, fundador do Pink Floyd, a intenção por trás de Another Brick in the Wall, sua própria música.

    O macarthismo tupiniquim inaugurado com o processo de impeachment de Dilma Rousseff fez com que pessoas fossem perseguidas por suas ideologias e até caçadas nas ruas só porque estavam vestidas de vermelho. Bolsonaro foi além e, seguindo a cartilha da extrema direita global, fomentou a ficção de que vivemos sob o risco da implementação do comunismo.

    Visto como delírio por quem é bem informado, inclusive pelos poucos que defendem um Brasil comunista, a "ameaça fantasma" é uma excelente forma de gerar medo e manter o público engajado.

    Houve um esvaziamento do sentido original da palavra. Não raro, muitos dos que chamam alguém de comunista acham que estão usando um palavrão genérico. Chegam a ser patéticas as cenas de documentários que mostram o crescimento da extrema direita pedindo para bolsonaristas ou trumpistas explicarem o que é comunismo.

    Despido de seu significado, o termo também se tornou um elemento de identificação de grupo. Ou seja, uma postagem chamando a Pfizer ou Tite de comunistas imediatamente passa uma mensagem compreendida pelos demais membros do grupo, gerando conexão. De que aquilo é ruim, de que não deve ser consumido, de que deve ser combatido.

    Seja 52% ou 44%, isso é muita coisa. O suficiente para vacinar com realidade paralela um naco da população, mantendo a sociedade ultrapolarizada e garantindo que fãs e seguidores do ex-presidente não percam a fé no capitão. Bem, pelo menos esse tipo de vacina ele nunca deixou faltar no país.

    Como já disse aqui, hoje a palavra é "comunismo". Amanhã, quem sabe, será "democracia".

    UOL

    É a força do Bolsoverso, a realidade paralela construída por Jair e aliados. Tomo a liberdade de trazer aqui parte de uma análise que eu já havia feito anteriormente porque ela segue atual. Pois é fascinante que muitas dessas pessoas não façam ideia do que seja o comunismo, repetindo chavões ensinados por lideranças da extrema direita, que usam o termo para identificar e controlar seu rebanho. A palavra "comunismo" retirada de seu sentido original, de propriedade comum dos meios de produção e da ideologia por ela sustentada, se tornou no Brasil um simples comando para o linchamento digital, independentemente de quem esteja do outro lado. O objetivo é tirar a credibilidade e d... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2023/07/01/para-52-brasil-pode-virar-comunista-apesar-de-nao-saberem-o-que-e-isso.htm?cmpid=copiaecola

     

    É a força do Bolsoverso, a realidade paralela construída por Jair e aliados. Tomo a liberdade de trazer aqui parte de uma análise que eu já havia feito anteriormente porque ela segue atual. Pois é fascinante que muitas dessas pessoas não façam ideia do que seja o comunismo, repetindo chavões ensinados por lideranças da extrema direita, que usam o termo para identificar e controlar seu rebanho. A palavra "comunismo" retirada de seu sentido original, de propriedade comum dos meios de produção e da ideologia por ela sustentada, se tornou no Brasil um simples comando para o linchamento digital, independentemente de quem esteja do outro lado. O objetivo é tirar a credibilidade e d... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2023/07/01/para-52-brasil-pode-virar-comunista-apesar-de-nao-saberem-o-que-e-isso.htm?cmpid=copiaecola

     

     

     
     


     

    Vince Guaraldi Trio - Linus And Lucy

    RickyShake June 2023

     

     

    By bits & fits we passed through June. These songs helped. Listen to them.
     
    Aos trancos e barrancos atravessamos Junho. 
    Essas canções ajudaram. Ouçam. 

     


     

    Marianne Faithgfull & John Mark - Yesterday (Live On BBC Saturday Club / 1965)

     

    All my troubles seemed so far away

    (Paul McCartney)


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