Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital.
Desagua douro de pensa mentos.
sábado, março 11, 2023
filme da noite
filme da noite
JADDEH KHAHI (Hit the Road) dir & rot Panah Panahi Iran, 2021
típica viagem de familia todos enfiados num carro, cantorias, brigas, tem um cachorro e aí vamos percebendo o real intuito desse deslocamento levam o filho mais velho para cruzar a fronteira, fugir do pais, e escapar da prisão politica
panah panahi é filho do cekebre cineas iraniano jafar panahi, perseguido e censurado em seu país
"Bolsonaro guardou consigo o conteúdo do segundo pacote (relógio de ouro, abotoadura, caneta, anel), conforme admitiu publicamente na quarta-feira 8. Mas ele tinha direito a isso? E o primeiro pacote, o de 16,5 milhões, por que Soeiro não o declarou ao Fisco em outubro de 2021? Era presente mesmo para Michelle? Ou seria propina disfarçada, e para quem?"
"Mark Zuckerberg once called Twitter a clown car that fell into a gold
mine. Now there is a new clown behind the wheel, and the gold’s all
gone. Twitter has long been bad at making money, clownishly bad. But it
continued to attract investment, thanks to the low interest rates
engineered by the Federal Reserve to ease the pain of the 2008 global
financial crisis and its long aftermath. Gorged with capital, investors
spent many years pouring money into tech firms that don’t make money in
the belief that someday they would.
A mine with
nothing left to mine is just a hole in the ground. And this is where
Elon Musk now finds himself: deep in a hole. The precise depth of the
hole was determined by a gag. Back in April, when he made his first bid,
he proposed to take Twitter private at $54.20 a share, a weed
reference, and that is ultimately what he paid. This stupid number is
more meaningful than it may seem. It reveals a wider truth, one that
does not displace so much as subsume the various interpretations about
why Musk is behaving the way he is: it’s all a joke.
A joke is a
terribly serious thing. It makes matters more complicated rather than
less. Freud said that jokes are like dreams: they come from the
unconscious, he believed, and are thus glutted with meanings in excess
of those intended by the teller. Musk’s relationship to Twitter is, to
use a Freudian word, overdetermined. It is a bundle of psychic
attachments so densely knotted that it would take a century on the couch
to unravel."
The Whale is not a masterpiece – it’s a joyless, harmful fantasy of fat squalor
"I have been writing about being fat, begging for
my humanity to be seen, for a long time. I might tell you, with
reservations, that we’ve made some progress in my time. Smaller fat
people have a few more clothing options. Weight Watchers has rebranded
to pretend it isn’t a diet programme. High-fashion designers will
sometimes send a token fat model down the runway, even if they don’t
sell garments in her size, while mid-market brands feature a slightly
more realistic range of models. It is now trendy, on Instagram, to suck
the fat out of your waist and tummy and spray it inside of your butt and
thighs to make them a little fatter (although I hear heroin chic is
also coming back – as if it ever left). I personally was allowed to make
three seasons of a television show in which a fat woman leaves the
house and has many friends and lovers and is not particularly depressed.
That’s something, isn’t it?
The
structural oppression of fat people (substandard medical care, lower
salaries, exclusion from public life) remains unchanged but, hey, at
least it’s fashionable to have a huge ass now, and the thin people are a
little nicer to our faces. But how do they talk about us when we’re not
around? The Whale, I fear, holds the answer."
"A socióloga SuelenAires Gonçalves, que pesquisa violência de gênero há mais de dez anos, observa que o feminicídio, ao contrário do homicídio comum, pode ser prevenido. “Trata-se de um crime preme- ditado, anunciado, que deixa rastros. É um ponto final na vida da mulher, mas an- tes dele há muitas vírgulas”, afirma. “Os familiares e amigos percebem que a víti- ma corre risco. Por isso, é um crime que pode ser evitado.” A melhor forma de bar- rar a violência antes que ela seja irrever- sível, explica a pesquisadora, seria a exis- tência de políticas públicas efetivas, capa- zes de promover uma rede de apoio e aco- lhimento às vítimas. “Se o Estado tives- se compromisso com a vida das mulheres e fizesse investimentos públicos pesados para combater o feminicídio, a realidade, com certeza, seria outra.”"
If I had money, I tell you what I'd do I'd go downtown and buy a Mercury or two I'm crazy 'bout a Mercury I'm crazy 'bout a Mercury I'm gonna buy me a Mercury and cruise it up and down the road
"A mente humana
não é, como o ChatGPT e seus semelhantes, uma pesada máquina
estatística para encontrar padrões semelhantes, devorando centenas de
terabytes de dados e extrapolando a resposta mais provável numa conversa
ou a resposta mais plausível para uma pergunta científica. Pelo
contrário, a mente humana é um sistema surpreendentemente eficiente e
até elegante que opera com pequenas quantidades de informação; procura
não inferir correlações brutas entre pontos de dados, mas criar
explicações."
"De fato, tais programas estão presos numa fase pré-humana ou
não-humana da evolução cognitiva. Sua falha mais profunda é a ausência
da capacidade mais crítica de qualquer inteligência: dizer não somente o
que é o caso, o que foi o caso e o que será o caso –isso é descrição e
previsão–, mas também o que não é o caso e o que poderia e não poderia
ser o caso. Esses são os ingredientes da explicação, a marca da
verdadeira inteligência."
‘Nossa família enfrenta o Google. As plataformas viraram monstros’
Após perder a filha num ataque terrorista do Estado Islâmico em Paris, em 2015, Beatriz Gonzalez chegou à Suprema Corte dos EUA com demanda histórica contra 'big tech' por disseminar discursos de ódio
"Familiares da estudante acusam o Google — pois a empresa da Alphabet é a controladora da plataforma de vídeos YouTube — de ter não apenas hospedado, mas também impulsionando vídeos de conteúdo terrorista. O argumento é que, ao recomendar conteúdo com base em preferência dos usuários, o YouTube teve influência na radicalização de quem viu esses vídeos."
leia entrevista de Beatriz Gonzalez para Janaina Figueiredo
Look Out, Wayne Newton! Las Vegas Gets a Punk Rock Museum
"Another
development that could send a safety pin straight to the heart of any
erstwhile anarchist from the class of 1976: Punk rock is getting its own
museum—a word fairly dripping with establishment credibility"
Transfobia de mini Bolsonaro testa os limites da extrema direita na Câmara
LEONARDO SAKAMOTO
Caso a Câmara dos Deputados não casse o mandato de Nikolas Ferreira
(PL-MG) ou imponha a ele uma severa punição por transformar a tribuna
parlamentar em um show bizarro de transfobia no Dia Internacional da
Mulher, vai acabar se tornando refém de uma extrema direita
preconceituosa e violenta. E, desta vez, refém de graça.
O centrão, que controla a Câmara, tem como uma de suas
características o fisiologismo, não o ultraconservadorismo. Essa é uma
das razões pelas quais as pautas em costumes e comportamentos do então
presidente Jair "Joias" Bolsonaro, como a redução da idade mínima para
trabalhar ou a proibição do aborto em caso de estupro, não terem
tramitado facilmente.
O centrão enxerga ganhos econômicos em passar a boiada sobre direitos
ambientais, indígenas e trabalhistas. Mas não quer ser visto como o
responsável por tentar impedir uma menina de dez anos, grávida após ser
estuprada pelo próprio tio desde os seis no Espírito Santo, de
interromper a gestação para preservar a própria vida. Sim, os assessores
da então ministra e hoje senadora Damares Alves fizeram isso.
Durante o mandato de Joias Bolsonaro, algumas concessões à pauta de
costumes e comportamento do capitão foram feitas em meio aos bilhões
pagos em emendas e aos cargos concedidos. Mas após a derrota do
Patriarca dos Diamantes e das Rachadinhas, e com o Brasil sob nova
administração de Lula, a extrema direita foi para a oposição, como
minoria.
Não haveria razão de o establishment da Câmara aceitar agora que um
deputado ultraconservador, mesmo que tenha sido o mais votado do país,
transforme o púlpito da casa em penico. Isso passa a impressão de que a
cúpula do parlamento se dobra às necessidades de produzir memes e
agredir pessoas de alguém que se porta como um mini Bolsonaro.
Arthur Lira se manifestou, claro. "O Plenário da Câmara dos Deputados
não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos.
Não admitirei o desrespeito contra ninguém. O deputado Nikolas Ferreira
merece minha reprimenda pública por sua atitude no dia de hoje",
afirmou o presidente da casa.
O pito, contudo, é pouco eficaz. Pois ele foi eleito com essa
plataforma e com objetivo de fomentar o caos, e acredita que os votos
que recebeu lhe darão proteção para rasgar a Constituição quantas vezes
desejar.
Tabata Amaral (PSB-SP) e Érika Hilton (PSOL-SP)
disseram que vão entrar com pedido de cassação do mandato. Hoje, se o
caso for para o Conselho de Ética, o mais provável é que receba uma
moção de repúdio ou, no máximo, um gancho por suas declarações
criminosas, seguindo o padrão de impunidade baseado na imunidade.
Afinal, há deputados com receio de ver limitada a sua liberdade de
vomitar tranqueiras na tribuna que vão passar um pano para o
comportamento do colega.
Assim como foi com Joias Bolsonaro que, como deputado federal, chegou
a dizer que não estupraria a deputada federal Maria do Rosário porque
achava que ela era feia, segundo suas próprias palavras. E ficou por
isso mesmo.
O crime cometido contra as pessoas trans e a dignidade humana foi um
teste. Hoje, foram Hilton e Duda Salabert (PDT-MG), as primeiras
deputadas federais trans da história do Brasil. Se a Câmara não reagir,
da próxima vez o ataque da extrema direita atingirá outros grupos. E, mais cedo ou mais tarde, vai chegar ao próprio centrão.
A menos que a cúpula da Câmara decida começar essa legislatura
botando ordem na casa, punindo o deputado com a perda de seu mandato ou
um gancho bem longo, a leniência passará a imagem de que a extrema
direita pode atacar colegas e cometer crimes, atropelando os ritos, as
regras e, principalmente, os líderes.
Em outras palavras, que o parlamento não é a Casa de Lira, nem mesmo da Mãe Joana, mas de Nikolas.
+ According to Berkeley Earth’s calculations, 2022 was the 5th
warmest year on record, at 1.24 °C (2.24 °F) warmer the 1850-1900
baseline. The year was slightly warmer than 2021, but still cooled by
the persistence of La Niña conditions in the Pacific. Based on the
recent rate of warming, the Earth will reach the 1.5 °C (2.7 °F) warming
threshold around 2034 and 2.0 °C (3.6 °F) around 2060.
+ The eight warmest years on record have now occurred since 2014, the
scientists from the European Union’s Copernicus Climate Change Service,
reported and 2016 remains the hottest year ever.
+ Even as the La Niña weather event helped to cool the oceans for the third year in a row, global temperatures were still about 0.3C higher in 2022 than the 1991-2020 reference period.
+ The extent of sea ice in the Southern Ocean is about 270,000 square milesless than the previous low, set in 2018.
+ US carbon emissions climbed by 1.3 percent last year.
+ Svalbard is nearly ice-free in January. The temperature
in Longyearbyen, the main town, is -1 C now. Salt water freezes at -1.8
C. Once a refuge for polar bears (as any reader of Philip Pullman’s His
Dark Materials series knows), Svalbard almost no polar bear habitat this
winter. It’s an increasingly dire situation for bears and other sea ice
dependent species.
Paz na Ucrânia - Um armistício nunca está fora do alcance
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. Confirmando o que previ mais de uma vez nos dois últimos anos, Lula começou a se posicionar co- mo possível mediador para a solução da guerra na Ucrânia. O vira-latismo nacio- nal está uivando em grande estilo e não falta quem considere descabida e até ri- dícula a intenção do nosso presidente da República. É verdade, claro, que me- diação só haverá se e quando os envolvi- dos na guerra, direta ou indiretamente, estiverem interessados nisso. Mas Lu- la prepara o terreno e já explicou, em li- nhas gerais, que pretende ajudar a criar um grupo de países amigos ou neutros que possam estabelecer uma ponte en- tre as partes em conflito. Ele não men- cionou, até onde eu sei, mas imagino que esse grupo poderia incluir, além do Bra- sil, a Turquia, Israel, China, Índia, Indo- nésia e África do Sul, por exemplo. Bem sei que não há perspectivas de so- lução a curto prazo. Como subestimar a gravidade da situação? A Rússia consi- dera que vive uma ameaça existencial. O Ocidente, principalmente os Estados Unidos, considera que a sua hegemonia e sua autoridade mundial foram postas em xeque pela invasão da Ucrânia.
No entanto, a paz nunca está fora do alcance. Como lembrou a ex-presiden- ta Dilma Rousseff, em entrevista a Léo Attuch do 247, no ano passado, uma guerra que não pode ser resolvida no campo de ba- talha, tem de ser resolvida pela via diplomá- tica. E a chave para uma solução, disse ela com razão, é encontrar uma fórmula que possa ser apresentada por todos ou qua- se todos os lados em guerra como vitória. Difícil? Sempre. Não impossível, porém. Arrisco esboçar alguns elementos do que seria, no meu modesto entender, uma possível solução diplomática, que contentaria em alguma medida todos ou quase todos os envolvidos. Conside- re, leitor, o que segue apenas como um exemplo do que poderia ser construído.
A Rússia retiraria todas as suas tro- pas das regiões da Ucrânia, Donbas e ou- tras, invadidas desde 2021. Abandonaria, ipso facto, o seu reconhecimento das re- públicas separatistas no Leste da Ucrâ- nia. Antes, porém, a Ucrânia aprovaria, refletindo a diversidade do país, uma re- forma constitucional que a converteria de república unitária em república fe- derativa, em linha com as promessas fei- tas nos acordos de Minsk, de 2014 e 2015. Todas as províncias da Ucrânia, em espe- cial as preponderantemente russófonas, Lugansk e Donetsk, teriam autonomia re- lativa e o direito de eleger seus governa- dores (até hoje sempre foram indicados por Kiev) e suas assembleias estaduais.
A língua russa seriaestabelecida ou restabelecida como língua nacional, jun- tamente com o ucraniano e talvez outras faladas no país, assegurando-se total li- berdade de publicação, ensino e comu- nicação em russo. Ficaria com a Rússia, a Crimeia, de maioria esmagadoramen- te russa, e que foi incorporada ao país em 2014, depois de referendo em que mais de 93% votaram pela incorporação. A Ucrâ- nia e o Ocidente assumiriam o compro- misso de não admitir a Ucrânia na Otan, mas ela poderia, cumpridos os exigentes requisitos europeus, entrar para a União Europeia em algum momento futuro. Se- ria talvez necessário incluir, também, um compromisso de desnazificação da Ucrâ- nia, há bastante tempo infestada por gru- pos violentos de extrema-direita muito envolvidos na escalada que levou à guer- ra. Os ocidentais suspenderiam as san- ções contra a Rússia à medida que os acor- dos fossem cumpridos e descongelariam as reservas internacionais russas que fo- ram bloqueadas em represália à invasão da Ucrânia. A Rússia se comprometeria, por sua vez, a ajudar na reconstrução da Ucrânia, que é, afinal, uma nação irmã, do mesmo espaço histórico e cultural, e que só por uma sucessão de equívocos e ma- quinações foi levada a esta guerra.
Viável? Talvez. O Ocidente se declara- ria vitorioso: a Rússia, forçada a abando- nar seu suposto projeto expansionista, teria sido obrigada a retirar todas as suas tropas, a aceitar um eventual ingresso da Ucrânia na União Europeia e, ainda, a ajudar na reconstrução do país. A Rússia se declararia vitoriosa também: obteria o reconhecimento da Crimeia como rus- sa, a autonomia das populações russófo- nas no leste da Ucrânia, a não entrada da Ucrânia na Otan e o compromisso de des- nazificação do vizinho.
Não sei de nada do que está sendo cogi- tado em Brasília a esse respeito. Mas acre- dito que Lula, juntamente com outros lí- deres de países mediadores, poderá, sim, ter um papel importante no encerramen- to da guerra, aproveitando, inclusive, a circunstância feliz de que o Brasil presi- dirá o G-20 em 2024, foro de líderes que, como se sabe, inclui todas as principais nações desenvolvidas e emergentes. Lu- la, inclusive, já transmitiu a Emmanuel Macron o seu desejo de que o G-20 volte a ser um grupo político, em que os líderes se reúnam para discutir face a face, em con- junto, os desafios do planeta, deixando de ser o que tem sido, há muitos anos – um grupo meio esvaziado, em que as respon- sabilidades e discussões foram terceiriza- das a burocratas dos países membros.
+ A performing arts school in Duval County Florida cancelled a
production of Paula Vogel’s play Indecent, saying that the play’s
same-sex romance and dialogue, where inappropriate for the age group.
They replaced Vogel’s Incident with Anton Chekhov’s The Seagull, a play
about romantic obsession among four straight people that ends with one
of them shooting himself in the head.
+ In the same Duvall County school system, a third-grade book about Hank Aaron (Henry Aaron’s Dream) is under review,
because it talks about the racism Aaron faced in the Jim Crow South. I
wouldn’t be surprised if Florida’s Great Patriotic textbooks start
claiming that MLB started after the Negro Leagues refused to let whites
play…
+ An Ohio teacher, who was reading Dr. Seuss’s The Sneetches to her Grade 3 class as part of NPR’s Planet Money
podcast on how economics gets discussed and taught in children’s
books., was abruptly cut off by a school administrator when a student
observed that: “It’s almost like what happened back then, how people
were treated. Like, disrespected. Like, white people disrespected Black
people.” The administrator said the reading was halted because the
parents hadn’t been “pre-warned” that the topic of racism might be
discussed.
A essa altura todo mundo já trombou com o vídeo do coach de masculinidade que se sentiu ameaçado quando uma mulher tentou oferecer cerveja numa ocasião em que estava tomando sua bebida predileta, Campari — depoimento que me lembrou aquele meme “isso foi muito específico, tá tudo bem?”. No entender do cara o gesto foi uma tentativa da fêmea ardilosa em manipular a vontade do macho, embora eu acredite que se tratava apenas de uma sugestão para dispensar uma bebida que tem gosto de Limpol maçã.
O coach, que se chama Thiago Schoba (sobrenome com uma sonoridade cômica e que parece uma gíria obscura para descrever alguém com dissonância cognitiva), escolheu usar outro que acha mais respeitável, Schutz, e é exatamente por isso que só vou chamar o cara pelo nome verdadeiro — afinal também sou contra manipularem a minha vontade. Schoba, que emplacou vários outros vídeos defendendo ilogismos da mesma linha, é um rico manancial de vergonha alheia que provavelmente vai se eleger deputado pelo MBL apesar dos corriqueiros apelos da esquerda para não dar palco pra quem já tem bastante.
Em outro trecho, Schoba confessa ter medo de abordar uma mulher e ser acusado de assédio, sem reparar que, se uma abordagem soa como assédio, provavelmente é mesmo. O que é curioso porque qualquer sujeito normal consegue entender o conceito de assédio, é só perguntar o que ele acha de atender chamada de telemarketing no sábado. O maior problema do cara parece ser um medo paralisante de lidar com situações em que não tem controle total, que é mais ou menos como funciona a vida de todas as pessoas que não são psicopatas.
Em vários outros podcasts — onde faz papel de misógino residente — Schoba enumera os tipos de mulher que se deve evitar: não pode ser mais alta, mais velha, mãe solteira, divorciada, sensual, boêmia, assertiva, independente; seu modelo é algo como a Damares Alves com a idade da MC Pipokinha. É tanta restrição que lembra aquelas vezes em que a gente faz exigências fora da realidade porque na prática não quer pegar o emprego. O ano é 2023 galera, não estamos mais na época em que era socialmente obrigatório fingir que gosta de mulher.
Mas a verdade é que essa lista de empecilhos é uma manifestação do subconsciente. Como naquela cena de Kill Bill onde o David Carradine diz que o alter ego do Super-Homem — um homem fraco, inseguro, impotente — é uma crítica velada à humanidade, essa mulher ideal — insossa, submissa, reprimida — é uma confissão latente de como o sujeito realmente se enxerga. No fundo Schoba acredita que só uma mulher com essas características é capaz de se sujeitar a um cara medíocre como ele.
Apesar de se apresentar como coach, o que Schoba prega é o contrário de aprimoramento pessoal; é acreditar que você se basta e que as pessoas devem aceitar essa sua versão defeituosa como se fosse invejável, ideal até. É nisso que dá levar muito a sério os elogios da própria mãe ou acreditar em premissa de filme pornô — que as mulheres vão sair tirando a roupa mesmo que você só tenha ido na casa delas pra consertar o encanamento.
Muito se fala no poder de autoestima do homem hétero, mas existe uma subcategoria ainda mais empoderada: a do homem hétero rejeitado fingindo que ele nem queria mesmo.