Dapieve: Ame o corrupto - Com quanto pecado conseguimos viver?
Eis o melhor diálogo que ouvi na TV em 2010. Depois de saber que o passado do escroque esconde uma tragédia pessoal, a mocinha se compadece: “Há bondade em você. Eu sei. Como você consegue fazer o que faz?” A resposta dele: “Todos nós temos de decidir por nós mesmos com quanto pecado conseguimos viver.” Touché.
Sim, de certa forma, Nucky é um político brasileiro. Impune, cara de pau, assistencialista, patrimonialista. Compra votos. Não suja as mãos de sangue porque tem sempre alguém que o faça por ele. Esbanja sorrisos inclusive em situações de tensão ou constrangimento. Devolve parte do muito que surrupia dos cofres municipais — e ganha no contrabando de bebidas alcoólicas — em esmolas aos que fazem fila na sua porta. Não entende a diferença entre o que é público e o que é privado. E até se sente ofendido quando alguém ousa insinuar que ele não tem o direito de se apropriar do Estado.Read more at sergyovitro.blogspot.com
Então, como torcer por um cara desses no momento em que, antes tarde do que nunca, setores da sociedade brasileira entendem que jamais será possível erradicar a miséria sem o combate firme à corrupção, sem uma “faxina ética”, doa a quem doer? Nesse contexto, assistir à segunda temporada de “Boardwalk empire” se torna ainda mais interessante.