Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital.
Desagua douro de pensa mentos.
sábado, dezembro 25, 2021
Joan Didion
Detached observer of American society and political life through her collections of journalism, novels and screenwriting
"The greater constant in Didion’s work, though, was the intersection of public and private mood with place – Hawaii febrile in tropical rain, Los Angeles fractious as the Santa Ana winds blew through. Readers came to know the homes she had passed through – the Malibu beach premises on the edge of the fire season burn zone, the “house in a part of Hollywood that had once been expensive and was now described as a ‘senseless killing neighbourhood’”, the Manhattan apartment with the Cy Twombly artwork, plus a travel itinerary of grand hotels."
"Karens exist with the sole purpose of being the most annoying humans you could imagine. They're loud, they're entitled, and no retail employee gets paid enough to deal with them. Karen's public tantrums will give you secondhand embarrassment at best, and make you lose all faith in humanity at worst."
Este ano que chega ao fim me ensinou novos significados para a palavra "resistir". Aprendi a resistir com a sabedoria de Ailton Krenak e suas ideias para adiar o fim do mundo. Com as aulas de humanidade do padre Júlio Lancellotti, que, quando precisa, faz justiça a marretadas. Com a voz de Txai Suruí e os ecos da floresta que ela levou a Glasgow.
O muro da resistência é feito de amor, solidariedade e riso. "Rir é um ato de resistência." Obrigada, Paulo Gustavo, por este ensinamento. Resisti torcendo por Rebeca Andrade e Rayssa Leal, em Tóquio, e pelo tanto de Brasil bonito que as duas carregaram com suas medalhas no peito.
A resistência é feita da lucidez das palavras. Foi assim quando ouvi o senador Fabiano Contarato, na CPI da Covid no Senado. Ele falou de sonhos que são os mesmos de tantos de nós: "Eu sonho com o dia em que eu não vou ser julgado por minha orientação sexual. Sonho com o dia em que meus filhos não serão julgados por serem negros. Eu sonho com o dia em que minha irmã não vai ser julgada por ser mulher e que o meu pai não será julgado por ser idoso".
Os servidores públicos que resistem ao esfacelamento do Estado também nos ensinam sobre resistência. Os que fizeram o Enem, os que se arriscam para proteger o meio ambiente, os que cuidam do nosso patrimônio histórico. Os que aprovam vacinas e os que sustentam o SUS. Resistimos abraçando a vacinação e as máscaras para nos abraçar de novo. Resistimos porque em hospitais e UTIs tem gente com muito zelo e coragem salvando vidas.
Resistimos porque milhares de professores acordam todos os dias pensando em dar a melhor aula para seus alunos. Resistimos porque cantamos e escrevemos, porque fazemos arte e poesia. Resisti lendo Itamar Vieira Júnior e Jeferson Tenório. Resisti com a urgência de Solano Trindade: "tem gente com fome, tem gente com fome". Resisto com Thiago de Mello. "Faz escuro, mas eu canto, porque a manhã vai chegar".
No início de maio, alguém avisou a Jair Bolsonaro que o país atravessaria um período de estiagem aguda. O presidente olhou para os reservatórios das usinas hidrelétricas e soltou um lamento. "Estamos vivendo a maior crise hidrológica da história. Eletricidade. Vai ter dor de cabeça", avisou a seus apoiadores.
Duzentos e onze dias depois, o Brasil parece ter superado o risco imediato de um apagão, mas há gente correndo atrás de lagartos para não passar fome no Rio Grande do Norte. Reportagem da Folha mostrou que metade do estado enfrenta uma situação de "seca grave", expondo uma população desamparada por um governo incapaz de fazer o mínimo para enfrentar a miséria.
Nessa área, a gestão Bolsonaro exibe uma rara união entre incompetência, desinteresse e improviso. O presidente e seus auxiliares fazem definhar programas consolidados, ignoram consequências visíveis da crise econômica e recorrem a gambiarras para combater um problema crônico como a pobreza.
Gado morto no interior do Rio Grande do Norte, que atravessa 'seca grave' - Allan Lira/Folhapress
de Bruno Boghossian
Fome é produto de um governo que junta incompetência e improviso
No início de maio, alguém avisou a Jair Bolsonaro que o país atravessaria um período de estiagem aguda. O presidente olhou para os reservatórios das usinas hidrelétricas e soltou um lamento. "Estamos vivendo a maior crise hidrológica da história. Eletricidade. Vai ter dor de cabeça", avisou a seus apoiadores.
Duzentos e onze dias depois, o Brasil parece ter superado o risco imediato de um apagão, mas há gente correndo atrás de lagartos para não passar fome no Rio Grande do Norte. Reportagem da Folha mostrou que metade do estado enfrenta uma situação de "seca grave", expondo uma população desamparada por um governo incapaz de fazer o mínimo para enfrentar a miséria.
Nessa área, a gestão Bolsonaro exibe uma rara união entre incompetência, desinteresse e improviso. O presidente e seus auxiliares fazem definhar programas consolidados, ignoram consequências visíveis da crise econômica e recorrem a gambiarras para combater um problema crônico como a pobreza.
Em busca de dividendos eleitorais, Bolsonaro rebatizou o Bolsa Família e inventou um benefício adicional que pode valer apenas até o fim de seu mandato. Para completar, o governo barrou uma articulação que acabaria com a fila de espera do programa. Com a manobra, pelo menos 3 milhões de famílias pobres ou miseráveis devem continuar sem receber os pagamentos.
A gestão Bolsonaro ainda fez murchar um programa de enfrentamento à seca que chegou a instalar 100 mil cisternas num único ano. Agora, o governo se arrasta para chegar à marca de 3.000 unidades em 2021, enquanto a estiagem agrava a fome no semiárido. Entidades estimam que mais de 350 mil famílias da região ainda precisam ser atendidas.
A falta de uma rede de proteção social oferecida pelo governo faz com que a fome e a seca voltem a ser problemas políticos. Além das preocupações abrangentes com "a economia", o país chegará ao debate eleitoral de 2022 diante da miséria que atinge muitos brasileiros.
Depois que o Supremo
Tribunal Federal proibiu o governo de ignorar o passaporte da vacina,
Jair Bolsonaro encontrou outra forma de sabotar a saúde pública. Lançou
uma cruzada contra a imunização de crianças, que já está avançada na
Europa e nos Estados Unidos.
A Anvisa aprovou na semana passada a vacinação da faixa de 5 a 11
anos de idade. Em vez de comemorar a notícia, o presidente passou a
atacar os técnicos da agência. Ameaçou divulgar seus nomes na internet,
numa clara tentativa de intimidação.
Não satisfeito, o capitão inventou duas exigências para aplicar a
vacina: autorização dos pais e receita médica. A primeira não faz
sentido, porque as crianças não iriam sozinhas aos posto de saúde. A
segunda pune as famílias mais pobres, que não têm um pediatra ao alcance
do celular.
Na prática, Bolsonaro só quer criar tumulto e atrasar a imunização
infantil. Para isso, conta com o apoio de Marcelo Queiroga. O ministro
marcou uma consulta pública sobre o tema para 5 de janeiro. Criticado
pela demora, respondeu com deboche: “A pressa é inimiga da perfeição”.
Queiroga virou um Eduardo Pazuello de jaleco. O general também fazia
piada ao ser cobrado pela inércia do Ministério da Saúde. “Para que essa
ansiedade, essa angústia?”, ironizou, às vésperas do Natal de 2020.
Entre a autorização da Anvisa e a consulta empurrada para janeiro, o
Brasil perderá três semanas. Um tempo precioso para proteger as crianças
da variante Ômicron, que já se tornou dominante em outros países e
agora se alastra pelo Brasil.
As principais entidades científicas já alertaram que a imunização das
crianças precisa começar “imediatamente”. Bolsonaro não esta nem aí.
Atacou a vacina e foi para o litoral paulista, onde já se deixou filmar
dançando funk e passeando de jet ski.
Enquanto o capitão insiste no negacionismo, líderes responsáveis
correm para salvar vidas. Na terça, Joe Biden foi à TV pedir que nenhum
pai deixe de vacinar os filhos. Ele afirmou que tomar a vacina é um
“dever patriótico” de todo americano.
Em menos de dois meses, os EUA já imunizaram 6 milhões de crianças
entre 5 e 11 anos. O Brasil, nenhuma. A diferença mostra a falta que faz
um presidente.
Ben Walker featuring Laura Hockenhull – Ha’nacker Mill
Ha’nacker Hill is in Desolation:
Ruin a-top and a field unploughed.
And Spirits that call on a fallen nation
Spirits that loved her calling aloud:
Spirits abroad in a windy cloud.
: Mesmo depois de tudo que Jair Bolsonaro já disse e já fez, sua incompatibilidade absoluta com a Presidência ainda agride como um tapa e continua a me escandalizar. O filme “Nem Tudo se Desfaz”, do cineasta bolsonarista Josias Teófilo, tem uma tese curiosa sobre o nosso antipresidente: ele provoca o escândalo e a perturbação que, em outras épocas, coube aos artistas despertar no homem médio. Hoje, sustenta o filme, depois de décadas de doutrinação na arte esquerdista, ninguém mais se espanta quando um ator/diretor como José Celso Martinez Corrêa aparece pelado, proferindo alguma blasfêmia. O que choca de verdade os espíritos convencionais é Jair Bolsonaro.
Lembrei dessa apreciação estética do nosso mandatário ao assistir o vídeo que um de seus assessores postou hoje nas redes sociais. Nele, Bolsonaro se diverte na traseira de uma lancha cercada de jet skis, na companhia de uma “galera”, enquanto um funk em sua homenagem toca a todo volume.
Confesso que fiquei boquiaberto. Como os “temperamentos regulares”, como a “geleia pasma” de quem o modernista Mario de Andrade zombava em sua “Ode ao burguês”, eu me dei conta, mais uma vez, que é importante para mim que o homem que ocupa a Presidência da República tenha alguma compostura e não seja tão inapelavelmente grotesco.
Segundo o assessor de Bolsonaro, as imagens demonstram que ele não está nem um pouco preocupado com o jantar que reuniu Lula e Geraldo Alckmin neste domingo – ambos prováveis companheiros numa chapa que deve enfrentá-lo nas eleições do ano que vem.
De fato, Bolsonaro não parece preocupado. Nem com os adversários, nem com qualquer outra coisa. Ele dança, dá risada, faz mímicas. Aponta o próprio sovaco quando a música diz que “mulher de esquerda tem mais pelo que cadela”.
Dirão os bolsonaristas, como aqueles que rebolam no vídeo ao redor do infame: “Quer dizer então que o presidente não pode descansar no fim do ano? Não pode brincar um pouco, para descontrair?”
Francamente. O que um presidente não pode é ser tão debochado. Ele não pode se descolar tão completa e despudoradamente da realidade que o cerca, num país onde milhões de pessoas terão um Natal magro; onde 69% dos eleitores acreditam que a economia está no caminho errado, segundo a pesquisa divulgada hoje pelo Ipespe, e por isso têm medo do futuro.
Tudo no vídeo de Bolsonaro é ofensivo: os gestos, a música, os símbolos estúpidos de ostentação que são a lancha e os jet skis. Josias Teófilo tem razão. José Celso não me espanta. Mesmo depois de quatro anos, mesmo depois de tudo que Jair Bolsonaro já disse e já fez, é a sua incompatibilidade absoluta com a Presidência que ainda agride como um tapa e continua a me escandalizar. ::
Lenço - Paulinho da Viola - 1971 (Francisco Santana, Monarco)
Não me fale de amor, nem tampouco me peça perdão Eu não vejo honestidade em teu semblante Falsidade isso sim eu vi bastante Pega esse lenço e não chora Enxuga o pranto, diga adeus e vá embora
It's the way you say yes when I ask you to marry me You don't know what you are doing Do you think you can carry me Over the threshold Over and over again until oblivion
Caso Hang: Em campanha, Bolsonaro mostra que empresário amigo sai no lucro
"Como já disse aqui, Jair pode até perder a eleição, mas já deixou como herança a percepção de que um governante pode sim agir como dono e não gestor de instituições que nada acontecerá com ele desde que compre deputados, sequestre instituições e faça amigos com dinheiro."
A QUEM INTERESSAR POSSA: o colega chargista do sáite Brasil 247, NANDO MOTTA, está sendo processado pela caturrita verde amarela, Luciano Véio da Havan Hang, por uma charge que mostro no desenho!!!!
Os cartunistas de todo o Brasil tiveram a ideia de fazermos uma CHARGE CONTINUADA como já fizemos com a charge do Renato Aroeira sobre os hospitais da pandemia, também ameaçada de processo pelo Bolsonazi.
Monarco 9- O Quitandeiro (Monarco/ Paulo da Portela)
Quitandeiro, leva cheiro e tomate Pra casa do Chocolate que hoje vai ter macarrão Prepara a barriga macacada Que a boia tá enfezada e o pagode fica bom
Jair Bolsonaro fez a festa de líderes evangélicos.
"Não adianta chorar! Temos um pastor no STF", comemorou o estridente
Silas Malafaia após a aprovação da André Mendonça para o tribunal.
"Parabéns ao presidente Bolsonaro, que não cedeu a pressões internas e
externas", escreveu.
O presidente não fez lá muito esforço para conquistar votos para
Mendonça no Senado –o grosso do corpo a corpo com os parlamentares ficou a cargo dos próprios pastores. Ainda assim, esses líderes devem reconhecer que a caneta de Bolsonaro deu início a todo o processo.
A parceria que resultou na nomeação de um pastor para o STF é uma
relação de mutualismo. As igrejas agora têm um representante direto em
um posto estratégico da estrutura do poder. Bolsonaro, por sua vez,
espera contar com o apoio incondicional dos líderes religiosos em 2022.
A tradução desse patrocínio em votos será uma variável importante da
próxima eleição. Bolsonaro tem a simpatia das cúpulas das igrejas, mas
aparece no primeiro turno com 38% das intenções de voto entre
evangélicos, contra 34% de Lula (PT).
Às vésperas do primeiro turno de 2018, o capitão marcava 42% no mesmo
segmento. Fernando Haddad (PT) tinha 16%. Os números sugerem que
Bolsonaro conserva boa parte do núcleo evangélico que o apoiou na última
eleição e que Lula tem um bônus particular sobre o petismo nessa fatia do eleitorado.
O ex-presidente credita esse desempenho a fatores econômicos. Num encontro virtual com evangélicos,
Lula argumentou que muitos fiéis foram atendidos pelas políticas
criadas em seu governo. A ideia é repetir esse discurso na campanha para
romper o elo conservador de parte desses eleitores com Bolsonaro.
Os petistas esperam driblar a influência de líderes religiosos sobre o
eleitorado. "Quando fui presidente, não queria governar para um pastor,
eu queria governar para o povo", disse Lula. É uma aposta arriscada. O
ex-presidente tem rejeição alta entre evangélicos e pode precisar dos
pastores para amenizar esse índice
Chargistas saem em defesa de colega processado | Revista Pirralha
"A REVISTA PIRRALHA - após o pontapé inicial do Aroeira (veja AQUI) - conclamou os desenhistas a enfrentar as atitudes intimidatórias do empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan e defensor público do (des)governo Bolsonaro. O "Véio da Havan", como é muitas vezes apresentado nas redes sociais, iniciou a perseguição ao chargista Nando Motta (Fernando Rosário) por uma charge onde ele é retratado como sendo um personagem de filmes de terror. Luciano Hang resolveu acionar seus advogados e processar o artista pois considera ter sua imagem sido prejudicada pela charge publicado no site Brasil 247 – criada a partir de fatos amplamente divulgados pela imprensa – onde o artista critica a postura negacionista do empresário frente a pandemia da Covid-19 e a reação à morte de sua mãe. Na ação ele pede cinquenta mil reais de danos morais ao ilustrador.
Em um movimento semelhante ao que ocorreu quando o cartunista Aroeira sofreu perseguição política por parte do governo Jair Bolsonaro – e que foi chamado de charge continuada – agora os chargistas também prestam sua solidariedade ao colega Nando Motta reeditando aquela ação coletiva. A proposta é, a partir de uma nova leitura da charge original, provocar a reflexão do público para o risco que representa para a democracia a tentativa de se calar a liberdade de expressão e de imprensa. Para conclamar à ação a Revista Pirralha escreveu um pequeno manifesto sobre o caso."
wish you had been more of a talker Not the kind that is just flapping his lips And not the kind that looks away But learns through his eyes when somebody is watching Maybe you could have told me There was a world on your shoulders that needed lifting Maybe I could have helped you with that The weight is not easy I know But you never know
Entre os "discos" que fui descobrindo, ouvindo pela primeira vez (pois os ja-ouvidos ou re-ouvidos são inúmeros)... estes são os que curti muito no mes passado (são minhas recomendações).... Escolhi aqui uma faixa de cada, pra quem quiser ir saboreando.
BEATLES - LET IT BE (SUPER DELUXE EDITION)
https://youtu.be/SV4h5-kBf1Q
CASSANDRA JENKINS - AN OVERVIEW ON PHENOMENAL NATURE