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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, dezembro 04, 2021


     

    O passado nunca está tão distante quanto a gente pensa




    "O passado nunca está tão distante quanto a gente pensa, e nesse fio eu vou dar alguns exemplos disso

    Essa é Helen Viola Jackson, a última viúva de um veterano da Guerra de Secessão. Sim, aquela guerra que acabou em 1865. Sabe quando ela morreu? Ano passado.

    Sim, 2020. +"

    leia aqui>> 


     

    FILMES QUE ME IMPACTARAM - NOVEMBRO DE 2021

     

     E estes sao os filmes aos quais assisti mes passado e que me impactaram - se alguem estiver buscando por dicas , recomendo a todos, caso sejam acessíveis. 


    THE BACCHUS LADY - dir & rot Je-yong Lee, Coreia, 2016 (Mubi)
    Vim conhecer Youn Yuh-jung por seu personagem da avó em Minari, mas ela é uma especie de fernanda=-montenegro da Coreia, pela alto conceito, enorme talento, e quantidade de papeis que dominou. As damas de Baco são prostitutas da terceira idade. O filme é uma cabíria do oriente. ]


    LAMB - dir Vladimir Johannsson, rot Johannsson & Sjon, Islandia, 2021
    O Cordeiro é símbolo de tanta coisa, do Agnus Dei ao contraponto de lobos em fábulas. Aqui, e o filho que o casal nao pode ter, tudo aquilo que perdeu, tudo aquilo ao que se agarram, enquanto o congelado do mundo derrete à sua volta. Direito do folclore nórdico para um drama familiar moderno. 



    GONZO - THE LIFE AND WORK OF DR HUNTER S. THOMPSON - dir & rot Alex Gibney, EUA, 2008 (Mubi0
    Pra quem é fã de Hunter Thompson, um passeio pela vida obra angustias paranoias pirações politicagens artigos romances-nunca-lançados pauleiras-sempre-intensas de uma das figuras mais interessantes e revolucinárias do jornalismo. Para quem não é, boa introdução ao Duke. 


    HIACINT - dir Piotr Domalewski, rot Marcin Ciaston, Polonia, 2021 (Netflix) 
    Opressão & repressão & fingimentos & resistencia quando um policial investiga assassinato entre a comunidade gay enquanto o governo prepara um programa de estimagtização dos homossexuais. Roteiro tenso e excelente. Mais louvável ainda por ser produzida nesta Polônia tão reacionária de agora. 


    7 PRISIONEIROS - dir & rot Alberto Moratto, Brasil, 2021 (Netflix) 
    Trabalho escravo na metrópole de São Paulo. Excelente drama de denúncia social, com a tensão das escolhas que se é levado a fazer de suas vidas (e da vidas dos outros). No ferro velho a exploração de sempre. Rodrigo Santoro arrasa como o chefe durão que vai mostrando umas outras facetas. 


    BICHO DE SETE CABEÇAS - dir Laiz Bodansky, rot Luiz Bolognesi, Brasil, 2001 (Belas Artes) 
    Emendando com o anterior, Ana buscou um filme lá o início do Rodrigo: este foi seu primeiro filme de arte e também está estupendo no papel do jovem internado à força devido ao consumo de "drogas". 


    KIKA - dir & rot Pedro Almodovar,  Espanha, 1993 (Mubi) 
    Almodovar chuta o balde geral!!!  Escracho. 
    Pra terem ideia: uma cena de estupro que consegue ser engraçada....



    EL FLOR DE MI SECRETO - dir & rot Pedro Almodovar,  bas Dorothy Parker, Espanha, 1995 (Mubi) 
    Almodovar deita & rola no genero novelão, com encontros e desencontros e encantos e desencantos.
    Sempre exagerado. E com Caetano Veloso e Chavelas Vargas na trilha sonora. 


    CARNE TREMULA - dir & rot Pedro Almodovar,  bas Ruth Rendell, Espanha, 1997 (Mubi) 
    Agora Almodovar ataca o genero policial (é baseado por alto num romance de Ruth Rendell). O roteiro furado desanima mas a maestria dele ao filmar compensa o roteiro. Um filme de cadeirante sem a manor pieguice. E talvez as melhores cenas de bunda do cinema. 


    WELDI - dir & rot Mohammed Ben-Attia, Tunisia, 2018 (Mubi) 
    Os pais penam para criar os filhos, que crescem e ficam distantes e somem no mundo. Na Tunísia atal essa trama tem agravantes ainda pesadas. A interpretação de Mohammed Dhrif (o pai) é excelente. 
    Tenho gostado muito dessa leva de filmes tunisianos. 

    (pela ordem em que foram vistos) 
























    Ligou avisando que nao vem



    DUKE

     

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    Billy Preston and The Beatles - Unless He Has a Song (edited from rehear...


     

    A união entre Lula e Alckmin, se sacramentada, será o lance mais surpreendente da eleição

     

     Será esta a hora certa para sorrir?

    "Um casamento entre Lula e Alckmin não é simples. Há senões de parte a parte, situação que tende a empurrar o desfecho da novela. O tucano guarda silêncio por uma questão de personalidade, aquele jeitão sério, circunspecto, tímido também por razões políticas. O PSDB paulista é a oligarquia regional mais longeva do Brasil. Está no poder desde 1995. Alckmin é a face da hegemonia. Nas três vezes em que concorreu vitoriosamente ao Bandeirantes, duelou em duas com um petista (José Genoino, em 2002, e Aloizio Mercadante, em 2010) e, na terceira, o PT era do pelotão de frente (Alexandre Padilha, em 2014). Vai pular o muro e arriscar-se a perder o eleitorado? “Não é uma costura tranquila para ele”, anota um petista que acompanha as negociações."

    "No PT, cujos dirigentes e líderes têm evitado abordar o tema em público, acredita-se que Alckmin poderia cumprir função parecida com a do falecido empresário e senador mineiro José Alencar na campanha de 2002, primeiro triunfo de Lula. O de parceiro moderado, um sinal de que que o petista não é um extremista como Bolsonaro. Também se imagina que a aliança com um inimigo histórico poderia levar a uma vitória já no primeiro turno, enquanto Bolsonaro e ­Moro quebrariam o pau pelo eleitor direitista."

    "Para petistas favoráveis a unir-se a Alckmin, as reações da militância até aqui são administráveis. Há, porém, quem discorde da conveniência do casamento. É o caso do deputado federal Rui Falcão, de São Paulo, ex-presidente petista e um dos cotados para integrar o futuro comitê de campanha lulista. Para ele, o assunto é “extemporâneo”, não faz sentido escolher vice neste momento. E nem abrir mão de lançar Haddad ao governo paulista, uma das condições postas à mesa pelo PSB em troca de abrigar Alckmin e cedê-lo a Lula. “Um vice com tal perfil, conservador, com restrições na nossa base social e eleitoral em razão das políticas que comandou em São Paulo, mais tira do que acrescenta” afirma Falcão. “Mais importante agora é consolidar os apoios que temos, prosseguir com a agenda positiva do Lula, definir um plano de emergência para os primeiros dias (em caso de vitória) e um programa de transformações estruturais.”"


    mais na reportagem de André Barrocal​

    A união entre Lula e Alckmin, se sacramentada, será o lance mais surpreendente da eleição - CartaCapital

    A verdade vem à tona



    BENETT



     

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    This Game of Love - Mark Lanegan



    Don't let me burn like this
    Save me from the fire
    I know the art of loneliness
    I see straight down the wire
    I see straight down the wire

    4,000 Years of Abortion History

    by 
     and 

    4,000 Years of Abortion History | The Nib





    sexta-feira, dezembro 03, 2021




     

    Os Quatro PMs Motoqueiros do Apocalipse



     


    LAERTE

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    Miles Davis Quintet - It Never Entered My Mind

    O inacreditável instituto do Gilmar Mendes

     

     


    Esse é dos maiores absurdos do judiciário brasileiro, e olha que se trata do mais blindado e escandaloso dos poderes. O IDP é uma faculdade privada, e Gilmar jura que não tem nada a ver com a empresa, mas olha os patrocinadores – esssa notícia é de 2017:

    “O grupo J&F, que controla a JBS, gastou nos últimos dois anos R$ 2,1 milhões em patrocínio de eventos do IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público), que tem como sócio o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).” [FOlha]

    Imagine, qualquer pessoa razoável saberia que a empresa aligada a um ministro não pode receber duma empresa com muitos processos na suprema corte do país, com claros interesses em influenciar as decisões.


    leia mais no texto do MEDO & DELIRIO EM BRASILIA


     

    Fats Domino The Fat Man



    They call, they call me the fat man
    'Cause I weight two hundred pounds
    All the girls they love me
    'Cause I know my way around

    Bolsonaristas usam comissões da Câmara como playground político


    Bruno Boghossian

    A Câmara decidiu dar palco para uma conferência antivax. Parlamentares bolsonaristas organizaram uma audiência pública nesta quinta (25) para tentar derrubar uma proposta que amplia a vacinação contra o HPV. A turma aproveitou o evento para reativar seu negacionismo e voltou a espalhar desinformação sobre os imunizantes contra a Covid.

    O debate teve só um lado. Os convidados eram um procurador e um neurocirurgião que defendem a cloroquina, uma médica que propagava a aplicação retal de ozônio contra a Covid e integrantes de uma associação de vítimas de vacinas. Idealizadora da audiência, Chris Tonietto (PSL) soltou dados falsos sobre os imunizantes aplicados na pandemia.

    Bolsonaristas passaram a usar comissões da Câmara como um playground político. Com a pauta do governo dominada pelo acordo com o centrão, esses deputados encontraram um palanque para mobilizar seguidores nas redes e impulsionar seus nomes para a eleição de 2022.

    A Comissão de Constituição e Justiça inaugurou um novo brinquedo na última terça (23), com a aprovação do projeto que reduz a idade de aposentadoria no STF. A ideia é antecipar a saída de integrantes da corte e permitir que Jair Bolsonaro indique dois novos nomes para o tribunal.

    Os presidentes da Câmara e do Senado já indicaram que essa proposta não deve avançar, mas a votação serviu para energizar bolsonaristas ávidos por acenos golpistas.

    Esse grupo ainda vai se distrair com outros itens da pauta presidencial. Na semana que vem, a Comissão de Segurança Pública debate um projeto de Eduardo Bolsonaro (PSL) que libera a publicidade de armas de fogo. O parlamentar diz que a proibição atual à propaganda é uma censura e que, "sem armas, o povo vira presa fácil para ditadores".

    Até o filho do presidente deve ter percebido que, ao fim de três anos de mandato, o governo não tem resultados positivos para mostrar. Tudo indica que Bolsonaro vai reciclar os velhos itens de sua pauta ideológica na campanha do ano que vem.



    Evangelistão



    QUINHO

     

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    Nicole Elocin & Tyler ICU – Bella Ciao Ft Kabza De Small x Dj Maphorisa

    quinta-feira, dezembro 02, 2021

    The world owes Yoko an apology! 10 things we learned from The Beatles: Get Back |

     Paul was not an ego-monster … the Beatles in Get Back.

     "Peter Jackson’s eight-hour documentary on the Fab Four reveals Ringo is an amazing drummer, McCartney was a joy and their entourage were coolest of all"

    read it here>>

    The world owes Yoko an apology! 10 things we learned from The Beatles: Get Back | The Beatles | The Guardian

    Brasil 2021



    BENETT
     

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    Spotify Wrapped is free advertising that says nothing about the joy of music

     

     Banal and depressing? Spotify’s Wrapped campaign.

    "I’m not being a snob – I was a late-in-life One Directioner – but often what Wrapped claims to uncover is obvious to the individual, and unedifying for their friends and followers. Sometimes the numbers are so sweeping or skewed as to be meaningless: Call Me Maybe was in my most-played songs last year because I wrote about its 10th anniversary, and this year there will be Blinding Lights again (the most-streamed song in the world in 2020), because I sometimes listen to it on single-song repeat to motivate me to meet a deadline.

    Neither are musical memories to cherish – but it’s this kind of functional engagement that Spotify recognises and, with Wrapped, rewards. The platform has already cemented music as a numbers game: witness how streaming-savvy Drake can have the biggest album in the world without any ubiquitous hits, and how global fan armies strategise to drive singles up the charts. Wrapped, likewise, presents listening to music in terms of scale: top five songs, top artists, top genres, total listening time, even which percentile of an artist’s fans you’re in. Is being in the top 1% a point of pride, or a mark of monomania? What is listening time really a measure of, anyway?"

    read article by Elle Hunt

    Spotify Wrapped is free advertising that says nothing about the joy of music | Music | The Guardian:

    Bolsonaro no altar



    FRAGA

     

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    LUMP - Curse of the Contemporary



    If you should be bored in California

     I'm sure I′m not the first to warn ya

     Don't read in too much to all the signs and turns

     Keep your wits about you with your mind freedom

    Quatro capas

     

    de RENATO LIMA

    4 capas com casamentos "inusitados"/ 4 covers with unusual weddings😉

    Décimo sexto post da série inspirada no #4capas de vinis do mestre Octavio Aragão (acompanhem o perfil dele, gente!).

    A ideia da série é reunir capas de gibis com o mesmo grafismo/ design/ temática. ESSE post atende ao pedido do Ricardo Black (e prometo que farei um mais "sério" com essa temática, meu caro rsrs). Quem lembrar de mais exemplos, pode comentar aí 🤓

    Obs 1: Essa é a PRIMEIRA Harley Quinn dos quadrinhos. Uma vilã das HQs do Lanterna verde que depois se torna sua esposa. 😉









    Bota a blusa



    DASSILVA

     

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    A única verdade de André Mendonça


     RUTH DE AQUINO

    “Não se pode criminalizar a política”. O novo juiz terrivelmente evangélico, André Mendonça, mentiu muito na sabatina, nem parecia servo de Deus. Disfarçou, lambeu a boca seca e repetiu o tique nervoso de projetar o pescoço para o lado, o que revela ansiedade. Mas Mendonça falou uma verdade incontestável: não se pode criminalizar a política no Brasil. Porque ela já é terrivelmente criminosa.

    As análises sobre o desempenho de Mendonça variam. Uns dizem que ele foi inteligente, estratégico. Assim, ensinamos a nossos filhos e netos. Quer ser inteligente, convincente? Minta muito quando for preciso. Com a maior cara de pau. Se perceber que derrapou, como no “não derramamento de sangue na ditadura militar”, peça logo desculpas e elabore uma mentira mais estapafúrdia. Vai colar. Ainda mais se você for uma autoridade.

    Em que momento Mendonça conquistou o coração do Senado? “Não se constrói uma democracia sem política, sem políticos e sem partidos políticos”, afirmou. “Então, todos somos contra a corrupção, todos somos sabedores de que não se pode criminalizar a política”. Todos contra a corrupção, todos a favor da transparência. Teve checagem? É fake news? Humor? Não dá para fingir que a gente acredita. Seria passar recibo de suprema ingenuidade.

    Não há espaço aqui para listar os crimes de nossos políticos. Corrupção é o mais velho deles, não importa o partido no poder. Cada um tem sua desculpa. A mais ouvida é: não dá para governar no Brasil sem corromper ou ser corrompido. Agora, não querem dar nomes aos bois. É vergonhosa a ginástica da Câmara e Senado, leia-se Lira e Pacheco, para desrespeitar o Supremo. A determinação de Rosa Weber: abram o orçamento secreto.

    Eu quero saber, você quer saber, até as torcidas do Flamengo e do Palmeiras querem saber quais foram os beneficiados com os bilhões de emendas parlamentares. As verbas da União – que são nossas – foram distribuídas, não para o bem do povo. O volume de “presentes” indecorosos e de mentiras para não revelar quem se deu bem no toma lá dá cá nos dois últimos anos...é de fazer corar. Acesso público, trombadinhas!

    Quer ler a justificativa oficial do Congresso para não abrir o orçamento? “A impossibilidade fática de estabelecer retroativamente um procedimento para registro das demandas”. Entendeu? Não é mesmo para entender. A linguagem também é secreta. Desculpe, pessoal, tal palavreado em código! Combina com “PEC dos precatórios”. E com “prevaricação”. Brasília precisa ter tradução simultânea. Decifra-me ou te devoro.

    É, não se pode criminalizar a política. Eu queria ver um juiz assumir com a promessa de acabar com a impunidade na política. Porque é essa a realidade que a gente vive. A operação blindagem de políticos que disseminam fake news é um exemplo.

    Mais? A escandalosa impunidade do senador Flávio Bolsonaro. Foro especial cruzado. Entendeu? É difícil. Ainda mais porque tem miliciano no meio – e aí é crime diferenciado. Sigilo garantido nas operações bancárias do Flávio, apesar de todas as provas de rachadinhas mil, chocolaterias fantásticas, apartamentos com valores manipulados – coaf, coaf, coaxam os sapos no pântano ou no Planalto. Por isso Bolsonaro não quer debater a famiglia. Carlos, Eduardo, quanta vidraça suja, não tem como lavar a jato.

    Talvez o título correto da coluna fosse “a hipocrisia de Mendonça”. Mas não. O juiz comemorou seu “salto para os evangélicos”. Vamos aderir ao êxtase da Michelle e entoar, com lágrimas, glórias às alturas e não às baixarias.

    Moro é um candidato com pés de barro


     

    MALU GASPAR

    A intensa movimentação no cenário político nas últimas semanas sugere que a entrada de Sergio Moro (Podemos) na corrida presidencial tem potencial para alterar a correlação de forças na eleição. Mas o crescente interesse pela candidatura também o colocou bem cedo diante da pergunta que o acompanhará enquanto tiver alguma chance no pleito: de que forma Moro lidará com o Congresso, caso seja eleito? Que tipo de negociação o ex-juiz da Lava-Jato pretende fazer com as lideranças de partidos que foram alvo da operação conduzida por ele?

    Como pretende convencer os eleitores de que, se eleito, terá mais sucesso do que quando era ministro da Justiça na aprovação de seus projetos? Qual a garantia de que a relação conflituosa entre o ex-juiz e a classe política não paralisará um eventual governo seu (e o país) por mais quatro anos?

    Sempre que confrontado com essas questões, Moro recorre a declarações de livro-texto. Numa reunião com investidores da corretora XP, em São Paulo, afirmou que é um “homem do diálogo” e que considera possível negociar em torno de projetos. De acordo com ele, o absoluto fracasso de Jair Bolsonaro em ter uma relação livre do fisiologismo e do toma lá dá cá com o Parlamento é fruto da falta de liderança do presidente.

    Também disse que, embora não vá abandonar o combate à corrupção, tem consciência de que o papel de um presidente da República é garantir a governabilidade. Numa entrevista à Bloomberg, falou que “há pessoas boas no Centrão” e que “dentro de cada partido tem bons indivíduos que podem somar com projeto e diálogo republicano”.

    Não há dúvidas de que um governo republicano e democrático pressupõe uma relação de respeito entre Legislativo, Executivo e Judiciário, nem de que não há nada de intrinsecamente errado em fazer coalizões políticas — desde que sejam limpas — para governar. Mas não deixa de ser irônico que um personagem que se fez popular combatendo o “sistema” agora tenha como uma de suas missões provar que poderá conviver harmonicamente com esse mesmo sistema em nome da governabilidade.

    É verdade que o discurso antissistema perdeu o apelo e a credibilidade desde 2018. O momento histórico é outro. Bolsonaro, que se elegeu prometendo governar diretamente com o povo e dar uma banana ao “sistema”, foi fagocitado por ele e por seu orçamento secreto. Lula, por sua vez, conduziu seus governos do mensalão ao petrolão, e não consta que teria problemas em se relacionar com esse mesmo Congresso. O próprio Moro se viu acuado pelo caso Vaza-Jato, aderiu ao governo Bolsonaro e perdeu a aura de herói impoluto.

    Nessa troca de pele de juiz para político, Moro diz que venderá um “sonho” ao país e se propõe a ser diferente dos principais competidores. Como ele pretende fazer isso, não se sabe. O que ele diz no livro que acaba de lançar, “Sergio Moro contra o sistema da corrupção”, não ajuda a dissipar as dúvidas.

    Ao relatar sua experiência no governo, Moro diz que mais de uma vez acreditou que Bolsonaro cumpriria a promessa de punir Flávio e Fabrício Queiroz, se fosse preciso. Enumera situações em que o presidente deu provas de que o compromisso com o combate à corrupção era tão fake quanto algumas das notícias que espalhou na campanha eleitoral. “Se não vai ajudar, não atrapalhe”, teria dito Bolsonaro quando Moro lhe pediu para ajudar a derrubar a liminar de Dias Toffoli que suspendeu todas as investigações do Coaf, incluindo as que flagraram a rachadinha de Flávio e Queiroz.

    É o ex-juiz da Lava-Jato quem escreve: “Por uma questão pessoal, o presidente pedia a mim que ignorasse aquela séria ameaça ao sistema nacional de prevenção à lavagem de dinheiro”. Ainda assim, Moro ficou no governo, aguentando mais humilhações. Engoliu o abandono de Bolsonaro ao pacote anticrime, aceitou trocar um superintendente da Polícia Federal e só saiu quando o próprio presidente tornou sua permanência inviável.

    Vídeo: Na véspera da sabatina no Senado, Mendonça ganhou oração no Monte Roraima, jantar de Bolsonaro e choro de Michelle

    Difícil acreditar que alguém que diz ter o couro grosso e está habituado a situações difíceis, como Moro, tenha realmente sido tão ingênuo com Bolsonaro como ele diz que foi. É ele mesmo quem admite que, enquanto pôde, ficou em silêncio. Hoje, diz que errou ao aceitar o convite de Bolsonaro. Não se pode saber o que mais o ex-ministro viu no governo que não contou, nem qual sua solução para lidar com o “sistema” sem confrontá-lo, como fez na Lava-Jato, ou se calar, como fez com Bolsonaro.

    Mas é certo que, enquanto persistir a contradição entre o que Moro diz que fará e o que de fato fez no governo, ele continuará sendo um candidato a presidente com pés de barro.

    GLOBO


     

    Bolsonaro, o presidente do centrão vai bem, obrigado

     




    Thiago Amparo

    Análise política não é pensamento positivo; o analista coloca o ouvido perto do chão para escutar o som da boiada que está a caminho, mesmo que distante, e, veja, nem distante a boiada está. Análise política é como o canário que mineradores levam consigo para dentro da mina: a fragilidade do pulmão do canário é sua fortaleza; esperneia alertando sobre os perigos vindouros.

    Bolsonaro vai bem, obrigado. Autocratas precisam se reeleger para matar de vez a democracia, nos ensinam Ortega e Orbán. A queda da popularidade de Bolsonaro é o maior triunfo na mão dos democratas de oposição, os quais, por outro lado, pouco parecem se unir para enfrentá-lo, o que fortalece Bolsonaro. Chapa Lula-Alckmin ajudaria para sinalizar que se trata de uma eleição sobre Bolsonaro, não sobre os demais e suas picuinhas históricas.

    Bolsonaro avança sua boiada com a porteira aberta deixada pelo Legislativo e STF. Em uma semana, o STF esmaga sua própria jurisprudência sobre foro privilegiado de 2018: criou uma exceção casuística beneficiando, ao cabo, o filho do presidente. O que era para ser uma corte previsível diante do caos, torna-se corte a ignorar a si mesma em nome do caos.

    Legislativo passa a boiada, aprovando sem oposição coordenada o futuro ministro do STF que mandou a polícia calar críticos ao governo (vide requisições de inquérito policial com base na Lei de Segurança Nacional); que assistiu ao presidente defender a liberdade de usar remédio sem eficácia para Covid e cuja AGU defendeu ser ok o Estado comemorar o golpe militar em nota oficial. E, ainda por cima, quer passar a lei antiterrorismo para calar a sociedade civil.

    As frases belas, mas vazias, de André Mendonça a favor da democracia em sua sabatina, de um lado destoam de sua prática jurídica no governo e, de outro, soam como um canto de sereias a encantar um Senado pouco afeito a sabatinar de fato; um canto agudo o bastante para abafar o som da boiada passando. Bolsonaro, o presidente do centrão vai bem, obrigado.

    A vida na Bozolandia



    JOTA CAMELO

     

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    Ana Cañas - Como Nossos Pais (Belchior)

    Moro recolhe náufragos do governo Bolsonaro

     



    Bernardo Mello Franco                              

    Enquanto os tucanos se depenam nas prévias, Sergio Moro tenta avançar sobre as bases do bolsonarismo. A campanha do ex-juiz virou uma espécie de bote salva-vidas. A cada dia recolhe um novo náufrago do governo.

    Ontem Moro celebrou a filiação do general Santos Cruz ao Podemos. O militar integrou a primeira leva de ministros de Bolsonaro. Em menos de seis meses, foi enxotado do palácio.

    A presidente do Podemos, Renata Abreu, definiu o novo correligionário como um “homem de combate”. “Você representa uma instituição de muita credibilidade no país”, derramou-se. Ela se referia ao Exército, que deveria permanecer afastado da política.

    Moro aposta em Santos Cruz para dividir o voto dos militares. Em 2018, a tropa marchou unida com Bolsonaro. Em 2022, o ex-juiz também terá um cabo eleitoral nos quartéis.

    Ao receber o general, o presidenciável acusou “governos passados” de tratar os fardados com “viés negativo”. Um recado claro para milhares de oficiais que temem perder cargos e privilégios em caso de derrota do capitão.

    Além de polir o próprio currículo, Moro quer reescrever a história de Santos Cruz. Ontem ele disse que o general “não teve nenhum receio de se retirar do governo” quando percebeu que Bolsonaro não estava interessado em “construir um país melhor”.

    O discurso soa bonito, mas não se sustenta em fatos. Santos Cruz nunca se retirou: foi retirado. Caiu por obra do vereador Carlos Bolsonaro, que manda e desmanda no governo do pai.

    O general estreou no palanque com um desfile de platitudes. “A filiação partidária é um ato político”, disse. “O respeito tem que ser restaurado no Brasil”, prosseguiu. “O sinônimo de educação é esperança”, filosofou.

    Em outro momento, ele condenou o extremismo e disse que a eleição não pode ser contaminada por fanatismo e fake news. Em 2018, o general acusou o rival Fernando Haddad de ligações com o fascismo e o nazismo.

    Santos Cruz não é o único náufrago a pular no bote de Moro. O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que também sonhava com o Planalto, já se insinua para a vaga de vice do ex-juiz.

    Ontem o presidenciável almoçou com o general Rêgo Barros, outro dissidente do bolsonarismo. Ex-porta-voz do governo, ele agora se dedica a redigir artigos com indiretas para o capitão. “Deus te guarde de quem te queira magoar”, escreveu, na quarta-feira.

    GLOBO

    Holly Herndon - Alienation



    Hey, baby, while you're dying to get inside
    Who knows our name?
    Who knows, who knows our name?
    They take me longer
    I have no feeling inside
    I've come now


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