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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, novembro 20, 2021


     

    VAN MORRISON - FOGGY DAY (Gershwins)



    How long I wondered
    Could this thing last
    But the age of miracles hadn't passed
    For suddenly, I saw you there
    And through foggy London town
    The sun was shining everywhere

    Conferiram a prataria?



    SCHRÖDER

     

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    Côco Táxi (Jards Macalé e João Donato)



    é nesse balanço louco que eu fico solto

    NIARA

    AROEIRA

     

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    Mozart: Piano Sonata No. 16 in C Major, K. 545 "Sonata facile" - 2. Andante - Mitsuko Uchida

    Crime contra o Enem

     





    Cristina Serra

    Milhões de jovens brasileiros começam as provas do Enem neste fim de semana em busca de uma vaga no ensino superior, sonho que o governo Bolsonaro tem se esmerado em tornar cada vez mais difícil de alcançar.

    São muitos os problemas neste ano: pedido de exoneração de 37 servidores do Inep (responsável pelo exame), denúncias de assédio moral e de censura ideológica e a quase confissão de um crime, quando Bolsonaro disse que a prova começa a ter "a cara do governo".

    Tudo isso fomenta desconfianças e cria um ambiente de incertezas para os estudantes, sobretudo aqueles já tão sacrificados pelo aprofundamento de desigualdades em dois anos de pandemia e aulas remotas.

    O que acontece com o Enem não é um acidente isolado. Faz parte de um projeto de demolição de esperanças, claramente expresso pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro: "Universidade, na verdade, deveria ser para poucos". Entre esses poucos não está o filho do porteiro, completaria Paulo Guedes.

    Políticas articuladas e complementares, como o Enem, o Prouni, o Sisu, o Fies e as cotas (sociais e raciais), permitem uma seleção mais justa para as vagas e dão aos alunos condições para que possam concluir sua graduação. Isso transformou as universidades, deixou-as mais parecidas com a cara do Brasil. Não é outro o motivo pelo qual o bolsonarismo trata de dilapidar esse conjunto de iniciativas e, junto com ele, as aspirações de tantos rapazes e moças que têm na formação superior uma chance de ascensão social.

    O crime contra a educação extrapola o Enem. Reportagem de Thais Carrança, na BBC Brasil, mostra uma realidade dilacerante em escolas do ensino básico de bairros pobres. Segundo os professores, cada vez mais crianças estão desmaiando de fome na sala de aula. Por tudo isso, ou apesar de tudo isso, deixo um pedido aos jovens que farão o Enem: não desistam dos seus sonhos, não desistam de vocês, não desistam de nós. Este tempo ruim vai passar. Boas provas e boa sorte!

    Inquieto, Biratan transitou por várias artes com maestria




    "Dono de alma inquieta, como todo artista que se preza, Bira também criou o próprio salão de humor como um dos idealizadores Salão Internacional de Humor da Amazônia. O salão reuniu por dez edições trabalhos de artistas do mundo todo ao grito de existência da floresta.

    “A história do Biratan é a história do humor. O Bira era músico, letrista, contista, escrevia também, trabalhou em publicidade, mas a sua alma era de cartunista. Mesmo com 70 anos, ele continuava desenhando entusiasmado”, conta o amigo J. Bosco. “A gente fazia de tudo para descobrir novas gerações de cartunistas para não deixar que o humor paraense ficasse restrito”, complementa."

    leia mais>>> 

    Inquieto, Biratan transitou por várias artes com maestria | Cultura | O Liberal

    Consciencia Negra



    GILMAR

     

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    Efeito Dunning-Kruger



    RAFAEL SALIMENA

     

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    The Gaslight Anthem - Changing Of The Guards (Bob Dylan)



    Gentlemen, he said,
    I don't need your organization, I've shined your shoes,
    I've moved your mountains and marked your cards
    But Eden is burning, either brace yourself for elimination
    Or else your hearts must have the courage for the changing of the guards.

    sexta-feira, novembro 19, 2021

    A cara do governo



    CELLUS

     

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    Neil Rolnick: WakeUp

    Café com Fascistas



    TONI D'AGOSTINHO
     

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    Novos dados do desmatamento


     

    GIRA - Larissa Luz



    Os meus olhos vão dizer
    Tremeu aqui, sinta
    Alabê dá forma
    Toma posse de você
    Dance pra descer
    Entrega um pouco mais
    Vai rodar xirê, recebi o sinal

    Auxílio Brasil é Bolsa Família de roupa velha



     


    Flavio Cireno


    Quando recauchutam uma política pública, sem mudar o seu essencial, mas lhe dando outro nome e fazendo mudanças incrementais parciais, geralmente se diz que ela está "de roupa nova". Para dar um exemplo, o primo mexicano do Bolsa Família nasceu como Progresa, já foi Oportunidades e Prospera. Governos mudam o nome para associar programas à sua marca e geralmente enfraquecer a marca associada a seus competidores.

    Desde que nasceu, em 2004, o Bolsa Família não mudou de nome, em parte porque passou de 2004 a 2016 sob o governo do partido que o criou. Sob Temer, o nome foi mantido, mas o governo passou a alegar —de forma falaciosa— que só agora o Bolsa Família estava sendo "bem administrado". Mas, apesar de anúncios de instauração de "pentes finos" e que tais (que, na realidade, já aconteciam desde 2005), a metodologia, os batimentos, as portarias e toda a estrutura do programa permaneceram exatamente os mesmos. Também eram os mesmos o primeiro e segundo escalões do Bolsa Família, formados por profissionais de carreira, em geral gestores públicos, como acontecia desde 2004. Nesse tempo, foi decidido que "a roupa" não precisava de mudanças, só de um ferro de passar, e estava tudo bem.

    A partir do início do governo Bolsonaro, porém, o programa ficou sob constante ameaça, com a Secretaria Nacional de Renda de Cidadania, o nome formal do programa, sendo colocada na mão de pessoas sem experiência na área. O atual secretário, por exemplo, é um pastor protestante, que chegou lá por questões políticas, para atender à base evangélica da Bahia.

    Por outro lado, com a pandemia, ao implementar o auxílio emergencial, o governo Bolsonaro trouxe à superfície um grupo que não tinha tanta visibilidade na assistência social1: aquele dos "por conta própria", que vivem de ocupações informais e bicos e/ou pulando entre empregos que não costumam ter registro em carteira no setor de serviços, tais como garçons, guias turísticos, marceneiros, encanadores etc. Esses trabalhadores têm um problema grave em seu dia a dia: suas profissões sofrem de forte sazonalidade, e, embora consigam ficar acima da linha de pobreza, não têm renda suficiente para se afastar completamente dela e nem para fazer poupança. São as pessoas de baixa renda, mas que estão acima da linha de meio salário mínimo per capita. A partir daí, batizando esse grupo de "invisíveis", o governo Bolsonaro decidiu que o programa que substituiria o Bolsa Família, o Auxílio Brasil atingiria a esses brasileiros.

    Mas, como dizem, "na prática a teoria é outra". Antes da pandemia, o hiato de pobreza, que é a quantia necessária para tirar todas as pessoas dessa condição, considerando a linha do Banco Mundial para países de renda média-alta (US$ 5,50 pessoa/dia), era de algo entre R$ 600 e 700 bilhões. Não sei se esse número foi calculado na pandemia, mas arriscaria a dizer que, se foi, chegou perto de R$ 1 trilhão/ano. Aí começa o drama: o Bolsa Família tem um orçamento de R$ 34 bilhões e, mesmo com o Auxílio Emergencial de R$ 600 que custou em 2020 mais de R$ 300 bilhões para atender a população por apenas metade do ano. Mesmo assim, 4,5% dos brasileiros ainda permaneceram na pobreza.

    Para tentar ajeitar a roupa, esticaram e encolheram o desenho do Auxílio Brasil. Aqui, vamos nos concentrar apenas no financiamento do programa, deixando as condicionalidades de lado, uma vez que já há bons artigos escritos sobre isso2. A conclusão é que a roupa não cabe. Decidiram então "ajustar" a roupa. É jogada fora a ideia de incluir os "invisíveis", uma vez que não cabem no orçamento do novo programa. Não cabe. Simples assim. Sobra a ideia de zerar a fila do Bolsa Família3 e manter o anúncio do presidente de que o valor médio do benefício seria de R$ 400.

    Para isso, decidem pedalar os precatórios, não sem antes deixar também uma graninha para as emendas de relator na Câmara dos Deputados. Isso somente para complementar a verba para zerar a fila, pois, mesmo excluindo os "invisíveis", o valor do programa aperta e não chega aos R$ 400. Não cabe. Usam mais um remendo na roupa, um artifício da Lei de Responsabilidade Fiscal, segundo o qual é possível atualizar o valor de programas sociais sem incorrer em crime de responsabilidade. O resultado saiu na segunda-feira (8): um decreto, que além de regulamentar o programa, atualiza as linhas de extrema pobreza e pobreza, que eram respectivamente de R$ 89 e R$ 178, para R$ 100 e R$ 200. Os aumentos, de 12,4%, só cobrem parte da inflação no período, mas, se fossem integralmente atualizados, a fila aumentaria, e o programa ficaria mais caro. Não cabe. O dinheiro não dá, mesmo com o drible da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mesmo com a pedalada dos precatórios. Surge então um benefício provisório, que acaba em 31 de dezembro de 2022. Faz-se um arrumado na roupa velha, colocando mais um remendo para que ela caiba, e que depende da vontade política do Executivo e da aprovação do Congresso para ser mantido em 2023.

    O Bolsa Família não está de roupa nova. Está com uma roupa velha, com remendos evidentes. Como será mantido? Não se sabe. É provável que mais coisas deem errado. Com uma série de remendos frágeis e mal montados, o Bolsa Família tem uma roupa velha, remendada com o pior da política brasileira.

    1 Esse grupo tem, desde o fim da década de 70, uma grande visibilidade em estudos sobre informalidade e mercado de trabalho, sendo muitos deles trabalhos de grande relevância no Brasil e no mundo.

    2 Por exemplo https://piaui.folha.uol.com.br/o-que-muda-no-novo-bolsa-familia/ e https://politica.estadao.com.br/blogs/gestao-politica-e-sociedade/auxilio-brasil-nao-e-o-bolsa-familia-melhorado-um-salto-no-abismo-e-o-desmonte-da-protecao-social-no-brasil/

    3 Aqui é possível ver como funciona a fila do programa. https://piaui.folha.uol.com.br/a-pobreza-na-posta-restante/.

    Acabou o Bolsa Familia



    LEANDRO ASSIS & TRISCILA OLIVEIRA 

     

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    Enya - Only Time



    Who can say where the road goes?
    Where the day flows? Only time
    And who can say if your love grows
    As your heart chose? Only time

    Quatro capas

     

    RENATO LIMA

    4 capas inspiradas no design do mestre Jim Steranko/ 4 covers inspired by the design of Jim Steranko😉 #4covers #4comics #4quadrinhos #4gibis #4bd #15

    Décimo quinto post da série inspirada no #4capas de vinis do mestre Octavio Aragão (acompanhem o perfil dele, gente!).

    A ideia da série é reunir capas de gibis com o mesmo grafismo/ design. Quem lembrar de mais exemplos, pode comentar aí 🤓

    Créditos das capas: Nick Fury Agente da Shield - Jim Steranko/ 100 Bullets - Dave Johnson/ Planetary - Official John Cassaday/ Domino - J. Scott Campbell ✍













    Tá osso

     


    "A análise do economista so-

    bre os motivos que provocaram a atual
    reversão de posicionamento destaca dois
    pontos fundamentais: o aumento do cus-
    to de manutenção de prestadores de ser-
    viços domésticos e a elevação dos salá-
    rios dos trabalhadores de menor qualifi-
    cação nas empresas durante o governo do
    Partido dos Trabalhadores. “Parece bas-
    tante plausível entender que uma impor-
    tante contribuição para aquela mudança
    decorra justamente do elevado dinamis-
    mo na geração de oportunidades e melho-
    ras no rendimento das camadas popula-
    res. Isso acentuou as históricas contra-
    dições de classe, entre outras razões, por
    implicar maiores gastos com a ampla ga-
    ma de serviçais domésticos e também nas
    despesas do negócio próprio com traba-
    lhadores de baixa e média qualificação.”
     
    Acrescente-se que a reforma trabalhis-
    ta iniciada no governo de Michel Temer
    teve papel decisivo na tentativa de perpe-
    tuar a baixa remuneração e a desigualda-
    de profunda que resultam na ampliação
    do exército de reserva de mão de obra com
    remuneração péssima. Essa situação las-
    timável é aplaudida pelos remediados, em
    especial nas faixas mais altas, tanto pe-
    la possibilidade de baratear novamente o
    custo de manter empregadas domésticas,
    babás, motoristas, seguranças, faxinei-
    ras, personal trainers, passeadores de cães
    e outros profissionais com remunerações
    irrisórias quando comparadas àquelas
    de alguns anos atrás. O mesmo pode ser
    dito em relação aos custos de mão de obra
    das empresas, em especial daquelas que
    utilizam amplos contingentes de empre-
    gados muito mal remunerados como as
    grandes cadeias de lojas, supermercados,
    empresas de transporte, saúde e segu-
    rança, entre outros setores."

    Acarajés & Acarajecas



    QUINHO

     

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    I've Seen All Good People: a. Your Move, b. All Good People



    I've seen all good people turn their heads each day so satisfied I'm on my way

    quinta-feira, novembro 18, 2021

    ENEM terá a cara do governo




    BRUM

     

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    Bruce Springsteen - Drive Fast (The Stuntman) (Official Audio)



    Drive fast, fall hard, I'll keep you in my heart
    Don't worry about tomorrow, don't mind the scars
    Just drive fast, fall hard



    Congresso, Bolsonaro, Moro e Rede Globo: tudo a mesma lama

     



    Ricardo Melo

    Permitam-me reproduzir uma narrativa de 1951. É obra de um então jovem jornalista encarregado de cobrir o Congresso. Desculpem a extensão do texto:

    "Nos meus bons tempos de Ginásio de Limoeiro, assisti certa vez a uma curiosa briga entre dois garotos no jardim de infância de dona Dolores, que começou mais ou menos assim.

    — Eu cheguei primeiro no colégio, dizia um dos garotos.

    — Quem chegou primeiro fui eu, respondia o outro. E como não se chegasse a nenhuma conclusão, cada qual jogou a bolsa de colegial e entram a esbofetear-se.

    Não sei por que, ao assistir hoje à sessão da Câmara dos Deputados, lembrei essa cena da infância remota.

    Falava Ari Pitombo, aparteado por Flores da Cunha. O assunto: as críticas que o povo fazia à atuação do Congresso na legislatura anterior.

    A animosidade entre novos e velhos deputados, os primeiros dos quais estão em maioria, pois a Câmara foi renovada em dois terços, é flagrante. Cada qual olha para o outro por cima dos ombros, julgando-se mais importantes, os reeleitos, e mais capazes e eficientes, os bisonhos.

    Na realidade, o atual Congresso não é pior nem melhor do que o antigo. O material humano é o mesmo. Todos os interesses, dos mais nobres aos mais sórdidos, estão ali representados. E até o povo, se não me engano, tem ali alguns representantes..."

    Setenta anos passados (70 anos!), o texto parece ter sido escrito hoje*.

    O Congresso brasileiro, à exceção de meia dúzia "representando o povo", reúne uma escumalha de aproveitadores que pode se renovar nos nomes, mas segue a mesma filosofia há décadas e décadas: pilhar o dinheiro público e se compor com quem pagar mais.

    O vai e vem da votação da PEC dos Precatórios, uma gambiarra eleitoral ostensiva, fala por si só.

    O presidente da Câmara, Arthur Lira, é réu em processos de desvio do dinheiro público. Este sujeito acusado de ladrão dirige um dos três Poderes e transforma turistas em votos parlamentares! Nem se incomoda de arquivar mais de uma centena de pedidos de impeachment.

    Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, é um zé ninguém mordido pela possibilidade de se candidatar ao Planalto (bem, se até JMB, dito Bolsonaro, chegou lá, até Fernandinho Beira-Mar poderia sonhar com o cargo.)

    A direita mostra que está zonza. A cada dia, surge um novo candidato da "terceira via".

    A Rede Globo parece já ter escolhido o seu. Sergio Moro! O juiz corrupto, favorecido por penduricalhos indecentes e acusado de parcialidade pelo próprio supreminho, virou a joia da coroa dos escribas da Vênus platinada.

    "Bela estreia" comemorou um dos colunistas da casa, cujo nome é dispensável citar para não sujar este artigo.

    Basta saber que é unha e carne da família Marinho, de supostos jornalistas bafejados por gordas recompensas à sua época e beneficiário de esquemas como Sebrae/Senai. Será daí para frente, podem esperar.

    Enquanto isso, JMB corre atrás de um partido como os mafiosos procuravam uma tinturaria que ostentasse uma vitrine disfarçada em Chicago para lá dentro fazer negócios ilegais no tempo da lei seca, jogatinas etc.

    A dupla JMB e Costa Neto, vamos combinar, é um retrato perfeito da degradação a que se chegou. Motociata no Qatar.

    Países não acabam. Mas se deterioram e apodrecem à custa de seu povo. País do futuro, a continuar como está indo o Brasil não será nada mais do que o país do passado.

    * O texto citado em itálico, bem como seus autores e personagens, podem ser encontrados no Google etc.

    Biratan Porto deixa legado para a cultura paraense




    Conhecido internacionalmente com mais de 30 prêmios nacionais e internacionais em salões de humor por charges, cartuns, desenhos e máscaras, Bira levava a Amazônia para todos os países, principalmente por um dos temas que mais gostava de trabalhar – o meio ambiente. Em entrevista para o jornal O LIBERAL, no ano passado, durante o lançamento de uma de suas grandes obras, o livro antológico “Biratan, Um Traço no Tempo. 40 anos de humor & artes visuais”, Bira mostrava como aliava os seus traços a um mundo melhor. “Eu acho que se não houvesse os movimentos ambientais e os cartunistas com o seu trabalho, a coisa estava muito pior no planeta”, avaliou Bira. “Os problemas não são só nossos, são do mundo inteiro”, conclamava.
    Charge de Biratan Porto que integra a nova edição da revista 'Supapo'Biratan Porto gostava de trabalhar com a temática do meio ambiente. (Biratan Porto)

    Foi por esses ideais que Bira se transformou em um dos precursores mundiais do “cartunismo ambiental”. Um dos primeiros a mostrar pela arte diária nos jornais a importância de preservar o meio ambiente, os riscos da destruição da natureza, o embate entre interesses distintos pela floresta, e o quanto o Brasil deveria valorizar figuras históricas que se dispunham a enfrentar a realidade

    LEIA OBIT DE VITO GEMAQUE> 
    Biratan Porto deixa legado para a cultura paraense | Cultura | O Liberal

    quarta-feira, novembro 17, 2021


     

    Serões Fagueiros

     

    Image

    SÉRGIO AUGUSTO 

    “Beethoven era tão surdo que, durante a vida inteira, pensou estar se dedicando à pintura.”
    Nas noites de terça-feira, Ivan Lessa sempre ia jantar lá em casa depois do expediente vespertino. Jantados, voltávamos para a redação para duas tarefas: fechar a edição e despachar os leiautes para a gráfica, sob a batuta de Jaguar. Nas páginas já montadas com cola Pritt por Haroldo Ziegler (estamos nos anos 1970), eu pegava da peninha e do frasco de nanquim de Jaguar e, às gargalhadas, ia grafitando nas margens da edição toda sorte de insanidades que nos passavam pela cabeça, inclusos os lacônicos, quase beckettianos, diálogos trocados entre as aranhas Hélio e Jacy, personagens também criados, como o rato Sig, símbolo do jornal, por Jaguar e Ivan.
    Desenhar aranhinhas é mole, mas nem isso Ivan, escravizado às teclas da máquina de escrever e meio disléxico, conseguia fazer à mão.
    Era uma pândega “zorrar a edição”, que era como definíamos o vandalismo gráfico por nós cometido. A menos de três metros de distância, vigiando e palpitando na mise en page do Haroldo, ora e vez rabiscando um repentino calunguinha para enfiar em algum canto da edição, e a bebericar uma dose caubói de Passport num recipiente pouco maior do que o tinteiro de nanquim, Jaguar ou ria como o Dr. Silvana ou apenas soltava um muxoxo, acoplado a um comentário do tipo “vocês não têm jeito mesmo”.
    Jaguar foi o primeiro a intrigar-se com os “I.A.L.” (sempre seguidos de um porcentual), que rabiscávamos ao lado dos textos, mas o primeiro a indagar “que merda é essa?!” foi Paulo Francis, que, além de rabugento, não gostava de admitir que topara com algo inalcançável por sua onisciência.
    Vivendo em Nova York e desligado de futebol, Francis jamais adivinharia que I.A.L. significava Índice de Aproveitamento na Loteca (cognome popular da Loteria Esportiva). Escusado dizer que os índices de Francis, arbitrariamente estimados pela gente, eram inferiores ao PIB do Haiti.
    Gozar Francis nunca deixou de ser um dos passatempos prediletos de Ivan. Os dois viviam às turras, mas se amavam. Ivan só o chamava de “Francês”.
    Encontrei, nos meus guardados, um punhado de frases com as quais zorrávamos o Pasquim, nos fagueiros serões das terças-feiras; algumas de minha lavra, outras do Ivan (bem ao estilo Gip-Gip Nheco-Nheco), e ainda outras de origem obscura. Não esta aqui, por exemplo: “Deus é um cômico cuja plateia tem medo de rir”, do jornalista e humorista H.L. Mencken. Nem esta, de inspiração grouchomarxista, que pincei do escritor mexicano Carlos Fuentes: “O maior inconveniente de ser fuzilado é acordar cedo”.
    A preguiça me impediu de checar quais foram publicadas. Mas isso agora pouco importa.
    Além de aforismos e desaforismos, inventávamos fake news, tipo “A baleia Moby Dick ressuscitará no próximo sábado no piscinão de Ramos – pernetas e tatuados pagam meia”, alertas absurdos, quase bretonianos (“Esta página se incendiará daqui a 5 minutos”), conselhos úteis (“Só passe a acreditar numa coisa depois que ela for desmentida oficialmente”; “Pra sua segurança, deixe sempre pra cortar os pulsos nas vizinhanças do Instituto de Hematologia”) e regras de etiqueta (“Nunca esqueça de beijar a mão da viúva do pedestre que você atropelar”; “Guarde os detalhes de sua colonoscopia para depois da sobremesa”; “Surpreenda seus convidados ocultando sob o guardanapo um poema de péssima qualidade”.
    E agora, um punhado do punhado que guardei:
    “Se você der uma punhalada no peito de um poeta concreto, ele morrerá sem fazer uma rima.”
    “Hegel não acreditava no rádio de pilha.”
    “Beethoven era tão surdo que, durante a vida inteira, pensou estar se dedicando à pintura.”
    “Oswaldo Cruz não descobriu a febre amarela. Ela era alaranjada.”
    “Os cães ateus não acreditam na existência do homem.”
    “Não se pode ouvir Bach e torcer pelo Vasco ao mesmo tempo.”
    “A guerra do Paraguai realmente existiu e chamava-se Hermínia.”
    “O lugar-comum é uma verdade cansada.”
    “Para o misantropo, um desafeto a mais é apenas um presente de aniversário a menos.”
    “Faça seus pedidos no balcão com o nome de Godot, e vá embora.”
    “Muitos escritores bebem à beça. Na Alemanha, são os leitores.”
    “Zaratustra era tão chato que, quando tentou falar com um desconhecido no ônibus, o cara mudou rapidinho de assento.”

     


    e o blog0news continua…
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