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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, janeiro 02, 2021

    Boris - Lithium (NIRVANA cover)



    I'm so happy
    'Cause today I found my friends
    They're in my head, I'm so ugly
    That's okay 'cause so are you

    Ministro da Saude deseja boas festas



    BENETT

     

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    Festa de Umbanda - Martinho da Vila



    O sino da igrejinha
    Faz belém blem blam
    O sino da igrejinha
    Faz belém blem blam

    RIO COMICON 10 ANOS

    ZOMBIE WALK 


     

    A polícia toma o poder

     

     

    "Para o antropólogo Luiz Eduardo Soares, o “empobrecido debate” em torno da segurança pública no Brasil tende a rejeitar o conceito de que ações policiais bem-sucedidas devem minimizar o uso da força e não podem se deixar contaminar pela desigualdade social e pelo racismo. Ainda impera no país a noção equivocada de que, em última instância, a polícia tem a missão de proteger os ricos brancos dos pretos pobres. Isso acaba por alimentar ideias reacionárias, “trogloditas”, a favor de mais violência policial e mais encarceramento. “Essa pequena dramaturgia, repleta de personagens grotescos, discursos simplórios e emoções performáticas, dialoga com sentimentos primários do eleitor, como o medo, a insegurança e a necessidade de proteção, num sentido mais patriarcal. Surge aí a figura do herói fardado, uma caricatura fascista”, explica Soares.

    Em 2011, o Brasil tinha 504 policiais militares ou civis em cargos eletivos: um senador, doze deputados federais, 46 deputados estaduais, dezenove prefeitos e 426 vereadores. Nove anos depois, tem 880: dois governadores (Rondônia e Santa Catarina), quatro senadores, dezesseis deputados federais, noventa deputados estaduais, cinquenta prefeitos (incluindo o de uma capital, Vitória) e 718 vereadores. No pleito de novembro, Edos 8 mil profissionais ligados às forças de segurança que se lançaram candidatos, 859, ou 10,7%, se elegeram. Um percentual alto, na avaliação de Renato Sérgio de Lima, diretor presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para ele, o crescimento está diretamente ligado a 2013, ano em que mobilizações populares explodiram no país e evidenciaram a fúria da sociedade contra os políticos tradicionais. “Desde então, parece haver um cansaço de parte dos eleitores em relação ao discurso mais voltado para os direitos humanos. Paralelamente, ocorre uma valorização das iniciativas de combate à corrupção. Daí o avanço da retórica de direita, conservadora, que legitima o policial nas urnas, como uma alternativa viável de poder.”

    LEIA REPORTAGEM DE ALLAN DE ABREU : A polícia toma o poder

    Por quem os sinos silenciam?

     

     

     

    LOR

    Minha mãe avaliava a plenitude e a qualidade da vida de uma pessoa pela quantidade de gente no seu velório e sepultamento. Nada poderia ser, para ela, mais triste do que constatar o enterro solitário de alguém. Por maior que tivesse sido a vida vivida por aquele falecido, sua grandeza poderia ser perdida se o morto não recebesse as derradeiras homenagens das amizades que cultivara durante sua existência.

    Os neurocientistas vêm demonstrando que mamãe estava certa. Eles descobriram que a alma humana funciona com um viés psicológico chamado “efeito pico-fim”, segundo o qual avaliamos nossa experiência emocional a partir de dois momentos: o ponto máximo (de dor ou de tristeza, alegria etc.) e o final daquela experiência. Nossa mente soma estes dois momentos e divide o total por dois: o resultado é nossa lembrança emocional daquilo que foi vivido.

    A pandemia vem nos impossibilitando de despedir, de comparecer ao velório e sepultamento de pessoas amigas e queridas, impedindo-nos de criamos um momento final de dignidade e respeito por aquela vida que se vai. Pela métrica de minha mãe e dos neurocientistas, a qualidade e importância destas vidas, muitas delas longas e cheias de grandes histórias, foram rebaixadas forçadamente a um final sem homenagem, sem amigos e parentes, sem o reconhecimento do humano que existe em nós. Apenas três ou quatro pessoas autorizadas a testemunhar o barulho da terra sendo empurrada sobre a cova, selando a perda definitiva de uma parte de nós.

    Não há sinos dobrando, não há cortejo fúnebre a percorrer alguma estrada simbólica que nos remeta à passagem daquela pessoa por entre nós. Nada a indicar a possível dignidade e ligações afetivas de quem está partindo, apenas o silêncio frio dos hospitais, os procedimentos técnicos das funerárias, o trabalho estoico e anônimo dos coveiros e uma oração, inaudível por causa do abafamento das vozes causado pelas máscaras de dois ou três parentes.

    Este apagamento traumático de tantas histórias recai sobre a vida daqueles que continuamos sobreviventes, ausentados da presença do ente que se foi, desvalorizados em nossas próprias existências, cujos sentidos se constroem nos laços de amor, amizade, companheirismo e solidariedade.

    Os neurocientistas descobriram também que somos incapazes de lidar com grandes números, então nossa indignação não aumenta de forma proporcional quando passamos de uma para algumas mortes, depois para 30, para 1200, 50 mil... Assim, vamos nos tornando involuntariamente insensíveis, enquanto acompanhamos à distância, dia a dia, os milhares de corpos sendo sepultados em série. Junto com eles é enterrada parte da nossa empatia, o principal valor que nos constitui como seres humanos.

    Por isso, boicotar o sistema de saúde no combate à pandemia é crime contra a humanidade. Um crime hediondo, na dimensão crescente das atuais 200 mil mortes no Brasil, grande parte delas evitáveis se não estivéssemos sendo governados por criminosos de extrema direita.

    Que no próximo ano tenhamos a força necessária para criarmos maneiras de fazer o principal responsável e sua horda pagarem pelo genocídio que estão cometendo.

    Nesse dia, os sinos haverão de dobrar em homenagem aos mortos que se foram em silêncio compulsório e assim resgataremos um pouco a nossa despedida, para que a dignidade da vida possa retornar.


    sexta-feira, janeiro 01, 2021

    Sunday: Ben Webster and Oscar Peterson

    Ser Você - Rodrigo Campos

    First Photo of 2021


     

    2021



    LEZIO

     

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    2020: The year in pictures

     

     

    "many superlatives can be applied to 2020, most of them negative. “Worst year ever,” I’ve heard people say—a subjective judgment we each would make differently. But it was unquestionably a harrowing year, marked by COVID-19’s tragic death toll, the hurtful racial strife, and the divisive political environment.

    In this special issue, “The Year in Pictures,” we’ve documented 2020 through the work of some of the world’s most gifted photographers. In our 133 years, National Geographic has never singled out one year for a retrospective like this. But if ever a year demanded that, 2020 does."!

    2020: The year in pictures:

    Everybody's Talkin' HARRY DEAN STANTON:



    Everybody's talking at me
    I don't hear a word they're saying
    Only the echoes of my mind

    Last Photo of 2020


     

    Allison Krauss & Union Station - The Captain's Daughter



    The poor boy came from the farm land
    She was the daughter of a sailor man
    The Captain says 'When he begs your hand
    You better tell him no, no, no, no, no'

    She said 'Papa don't you worry please
    The poor begs me upon his knees
    I'd never leave this life of ease'
    And with the poor boy goes

    CRISTINA 70


     

    Saideira


     

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    Nelson Gonçalves- Caminhemos (Herivaldo Martins)


    Não, eu não posso lembrar que te amei
    Não, eu preciso esquecer que sofri
    Faça de conta que o tempo passou
    E que tudo entre nós terminou
    E que a vida não continuou pra nós dois
    Caminhemos, talvez nos vejamos depois

    quinta-feira, dezembro 31, 2020

    Nigel Kennedy plays a barnstorming version of Jimi Hendrix’s “Purple Haze”

    The Future is Bright

     

    By Matt Bors

    No meu quintal | In my garden

     

    No meu quintal | In my garden

    quarta-feira, dezembro 30, 2020

    ... E segue o jogo



    KLEBER

     

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    País vive clima de fim de feira, e o capitão vai para a praia, dando risada

     

    É rir para não chorar: Bolsonaro está achando graça do estado em que se encontra o Brasil - Getty Images 

    "De que tanto ri ultimamente o nosso capitão presidente da República?

    Podem reparar: qualquer que seja o assunto, ele fala alguma bobagem, e cai na gargalhada. Só pode estar rindo da cara de quem o elege
    u."

    leia o balaio de Ricardo Kotscho

    País vive clima de fim de feira, e o capitão vai para a praia, dando risada - 29/12/2020 - UOL Notícias

    RIO COMICON 10 ANOS


     

    Paul McCartney - Deep Deep Feeling



    You know that deep, deep feeling
    When you love someone so much, you feel your heart's gonna burst
    The feeling goes from best to worst
    You feel your heart is gonna burst

    Here in my heart, I feel a deep devotion
    It almost hurts, it's such a deep emotion

    Now every time it rains, it sometimes gets too much
    You know I feel the pain when I feel your loving touch
    Emotion burns an ocean of love
    You've got that hot emotion, burns an ocean of love

    CRISTINA 70


     

    PASQUIM HÁ 50 ANOS

    Quem socorreu o PASQUIM também foi Chico Buarque, que tinha acabado de chegar de seu autoexílio na Itália, e rascunhou este bilhete para a turma do jornal - e que acabou ocupando toda a página dois dessa edição 73 feito na correria e nas coxas e na coragem, com praticamente toda a equipe do jornal em cana. 

    Leia aqui o começo desta história
    http://blog0news.blogspot.com/2020/12/pasquim-ha-50-anos_25.html

    A história da capa dessa edição
    http://blog0news.blogspot.com/2020/12/pasquim-ha-50-anos_28.html

    Como se conseguu fazer o jornal depois do baque da prisão de 13 pessoas do Pasquim
    http://blog0news.blogspot.com/2020/12/pasquim-ha-50-anos_29.html



    RReparem que ao final Chico, que estranhara não ter sido recebido por ninguem do Pasquim ao desembarcar no Galeão, supõe que essa ausencia possa ter ocorrido por estarem todos acometidos de um surto de gripe. 

    Esta ficou sendo a explicação oficial: os editores e principais colaboradores do jornal nao tinham publicado nada nessa edição do jornal por estarem gripados. Era a famosa Gripe do Pasquim (lembrando que o jornal foi proibido de noticiar que estavam presos.) 

    Como em tudo que saiu nesse jornal alternativo (a verdadeira imprensa alternativa), o texto levou a assinatura do SIG (desenhado aqui pelo próprio compositor). 

     

    In my garden | No meu quintal

     

    In my garden | No meu quintal

    Emergencial



    CAU GOMEZ

     

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    Tunng - Eating the Dead



    Lay you on my kitchen table
    Cut you open tenderly
    Eat your heart and eyes and mouth
    Every word you spoke to me

    Eat the day we swam at Whitney
    Eat the wind as cold as ice
    Eat the sun that warmed your skin
    Your soft hand that reached for mine

    Eat the coffee and the pancakes
    Eat the films and fucks in bed
    Eat the days the kids were born
    The day we found out Jean was dead

    Natal da Covid



    ORLANDO

     

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    terça-feira, dezembro 29, 2020

    'Lola', do The Kinks, um dos primeiros sucessos do pop com tema gay, faz 50 anos

     

    • Lola Versus Powerman and the Moneygoround, Part One
       
      "
      Em 1970, atos homossexuais ainda eram proibidos em certas áreas do Reino Unido e continuariam a ser por mais de uma década depois disso. Mas, dois anos antes que a primeira marcha pelo Orgulho LGBT acontecesse no país, Ray Davis, do grupo Kinks, o mais britânico dos compositores, compôs “Lola”, uma canção que abarcava todo o espectro do não conformismo de gênero.

      “Meninas serão meninos/ e meninos serão meninas”, ele cantava, antes de enfatizar que “é um mundo misturado, confuso e torto/ com a exceção de Lola”."

       LEIA ARTIGO DE JIM FARBER

       

    •  

    Reis Magos


     THIAGO LUCAS

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    CRISTINA 70


     

    PASQUIM HÁ 50 ANOS

    Com os editores e os colaboradores do Pasquim na prisão, como fazer o jornal?

    Felizmente Martha Alencar, a secretária de redação, foi solta. Ela se fez de secretária burrinha, que apenas cuidava da correspondencia, e não participava da parte opinativa. (Não sabiam que na verdade era militante de uma organização clandestina.) Pesou na soltura também o fato de estar com barrigona de grávida. 

    Chico Jr., jornalista que trabalhava na redação, pulou o muro quando os soldados deram um bote no jornal e saiu correndo. Haroldo Zager, que cuidava da impressão do jornal, passara um dia em cana sendo interrogado e também foi solto. 

    Estes começaram a juntar os cacos da redação e tentar montar uma edição. Os dois caçulas da equipe, os garotos Henfil e Miguel Paiva foram para lá botar a mão na massa e inventar coisas que enchessem as páginas. O crítico Sérgio Augusto, colaborador eventual, também fez plantão na redação (da qual, aliás, só saiu em 1979).

    Bem, os anúncios estavam de pé e preenchiam uma parte das páginas. Para justificar a capa (veja aqui http://blog0news.blogspot.com/2020/12/pasquim-ha-50-anos_28.html) 
    publicaram nas páginas centrais a fábula do lobo e do cordeiro.
    O restante foi encheção de linguiça, calhaus usando fotos, gravuras, potocas, etc. 

    Todo o material foi assinado pelo Sig (conforme a página abaixo). Mesmo as quatro páginas de Fradim que Henfil produziu às pressas para fechar o que faltava foram assinadas pelo Sig. 

    Assim saiu a edição número 73. Nas coxas e na coragem. Naquela semana o Pasquim não acabou. 
    Mas, e depois? Como continuar?

    Aguardem a próxima postagem desta seção. 


     

    CRISTINA 70


     

    O amigo secreto da família do presidente



    CELLUS

     

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    Quatro capas

    Quatro capas com cenários como protagonistas.




    OCTAVIO ARAGÃO

     

    Destruição - Luis Capucho



    Amar você
    E como me perder
    E sempre me encontrar depois
    Sozinha
    O meu caminho e noite
    E um vão
    Minhas estrelas batem forte no meu fundo
    você queimou meu jardim
    Ficou vazio você
    Me destrói
    Voce e a destrição
    Meus peixes destruídos
    Cheios de melancolia meus pássaros foram embora
    Meu sol ficou podre
    Colou meu luar
    Sumido na escuridão
    E agora que o meu mundo caiu
    O mundo e ilusão

    segunda-feira, dezembro 28, 2020

    Distanciamento em Belém



    NANI



     

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    Arctic Monkeys - American Sports



    And all of my most muscular regrets explode
    Behind my eyes like American sports
    And I never thought, not in a million years
    That I'd meet so many lovers

    Bolsonaro tem pressa em achar bode expiatório por atraso na vacinação contra Covid

     
    Gustavo Alves

    A cobrança aos fabricantes de vacinas contra a Covid-19 por não pedirem registro na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) é uma adaptação do presidente Jair Bolsonaro à tática do "um passo para trás e dois passos para a frente", atribuída a Vladimir Lênin. O líder da Revolução Russa chegou a defender medidas econômicas liberais para chegar mais rapidamente ao comunismo. Bolsonaro deu um passo atrás no discurso contra a vacina para dar dois passos adiante na estratégia de se eximir, quando se espalhar a insatisfação com as consequências do atraso na vacinação, que já começou em outros países: o presidente já quer bodes expiatórios para responsabilizar.

    Bolsonaro afirmou que, por ser o Brasil um "mercado consumidor enorme", seria natural que os laboratórios se mobilizassem para conseguir os registros. O presidente não mostrou a mesma fé nas forças de mercado ao tratar de outros temas menos urgentes para a população brasileira, como a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), que prometeu não privatizar. A tese também desconsidera como o poder econômico dos países mais ricos desequilibra a competição pelos lotes de vacina.

    O reconhecimento da necessidade do imunizante é um pequeno avanço rumo à ciência, se formos comparar com as declarações de Bolsonaro de que "não dá bola" para o atraso no Brasil nesta medida, ou que a decisão do Supremo Tribunal Federal autorizando medidas restritivas contra quem não se vacinar é "inócua". Ou a crítica à "pressa" para a obtenção da vacina. O presidente reconhece que o atraso na imunização tem potencial de se tornar seu grande problema em 2021. E antes de vacinar, Bolsonaro quer alguém a quem culpar.


    CRISTINA 70


     

    Preferimos insuflar uma guerra civil a combater a desigualdade que o racismo sustenta


    BERNARDO CARVALHO

    Durante muito tempo achei que o Brasil fosse a cópia escarrada do Sul dos Estados Unidos, sem a Guerra de Secessão ou antes dela. Aqui se defende o indefensável. Preferimos insuflar uma guerra civil a combater a desigualdade e abrir mão de privilégios que o racismo sustenta. Com o estranho agravante de que aqui os negros são maioria.

    Durante muito tempo identifiquei o Brasil com o anacronismo dos estados sulistas confederados. Somos capazes de eleger um presidente e um governo que trabalham abertamente contra os direitos civis, a diversidade e as ações afirmativas, para dizer as coisas em termos eufemísticos e publicáveis. Os confederados daqui estão no poder.

    Gente que sabe que, na prática, matar negros é crime inimputável, se não direito garantido por “excludentes de ilicitude”. Ou já saberíamos quem mandou matar Marielle Franco.

    Os anos Trump deixaram claro, para quem ainda não tinha entendido, que a Guerra de Secessão não acabou. E que não há anacronismo nenhum. Os confederados lutaram para manter a escravidão. E o motivo da guerra continua a assombrar e dividir o país.

    É a tese de Michael Gorra em “The Saddest Words” (as palavras mais tristes, ed. Liveright, 2020), sobre William Faulkner e a Guerra Civil americana. Não faltariam motivos para quem hoje quisesse cancelar o maior romancista americano do século 20 com base em suas declarações infames, incoerentes e nem sempre sóbrias.

    Além de alguns dos romances mais geniais da história da literatura de todos os tempos, Faulkner também foi autor de cartas e frases que atestam posições contraditórias e muitas vezes indefensáveis sobre negros e a escravidão, a exemplo de quando equiparou supremacistas brancos à Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor, como duas formas igualmente condenáveis de extremismo (vimos algo semelhante por aqui, recentemente, e conhecemos as consequências).

    Nem por isso o escritor deixou de receber ameaças de morte por parte de seus conterrâneos brancos. Os romances são a chave. E é pelos romances que Michael Gorra o defende.

    O problema de muita gente disposta a cancelar o autor de uma frase é a incapacidade de ler o parágrafo inteiro, para não dizer o livro. Gorra nos explica como funciona a literatura e por que Faulkner é o autor indicado para quem quer entender o fantasma do racismo nos Estados Unidos.

    Seus romances são a expressão da Guerra Civil incorporada por uma subjetividade atormentada pelo estigma da raça (que pode até não ser visível, mas está no sangue), pela miscigenação, pelo estupro e pelo incesto.

    Faulkner condenava a escravidão sem poder desvencilhar-se do mundo que ela criou, que é o mundo de seus livros, onde a honra é também ignomínia. Cancelá-lo só nos torna ainda mais cegos e vulneráveis ao que desejamos combater, ao que não podemos suportar no presente.

    Quando, nos anos 1950, Faulkner pediu calma (“go slow”) aos advogados do processo de dessegregação do Sul dos Estados Unidos, o destemido James Baldwin não hesitou em denunciar a desonestidade da proposta depois de mais de 200 anos de escravidão e 90 de semiliberdade para os negros. “Eles nunca admitiram seriamente a insanidade de sua estrutura social”, Baldwin retrucou, definindo por tabela a tragédia dos personagens de Faulkner.

    A “palavra mais triste” é o verbo reiteradamente conjugado no passado. É a fantasia acintosa de “E o Vento Levou”. O que Faulkner dramatiza, ao contrário, é a consciência inexorável dessa impostura e dessa violência, a fantasmagoria de um mundo obsceno, convertido em negação repetida, idealização de um paraíso perdido, ruína e mito.

    O passado com o qual toda uma sociedade se recusa a acertar as contas volta como maldição, trauma de um fracasso reincidente, o indefensável enterrado em cova rasa.

    Não é preciso nenhuma pirueta intelectual para entender que, no Brasil, é à negação perpetrada pelos que já não tinham caráter nem coragem para assumir suas responsabilidades no passado, e aos quais agora faltam dignidade e competência para assumir suas responsabilidades no presente, que melhor corresponde a farsa de homogeneidade à qual os espectros de Faulkner tentam se agarrar, em vão, contra a força da modernidade e as evidências históricas.

    Temos no Brasil uma legião de confederados escarrados, insepultos, lutando por uma fantasia de atraso, agarrados ao poder pela mentira. Faulkner é uma força da modernidade irrompendo das entranhas do racismo. Seus livros são uma enorme pedra de contradição no caminho dessa gente.




    Feliz Natal daqui mesmo tá bom demais!



    BETO

     

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    PASQUIM HÁ 50 ANOS

     

    As pessoas que foram às bancas naquela quinta-feira buscando o seu PASQUIM de toda semana levaram um susto. 

    Numa capa esquisita, sombria, com uma gravura da fábula do lobo e do cordeiro, um balão usando um letreamento mal escrito e improvisado dizia
    "Enfim um Pasquim inteiramente automático".

    E listava uma série de pessoas e seções ausentes do jornal. 

    Essas pessoas não constavam da edição do jornal porque tinham sido presas. 
    Além dos nomes listados nesta capa (Millôr nao fora preso porém estava amoitado) foram recolhidos Martha Alencar (secretária de redação, que fazia a cozinha do jornal) e José Grossi (administrador do jornal). 

    E um dos maiores absurdos nessa situação absurda: o jornal estava proibido de noticiar que as pessoas tinha sido presas, o que explicaria a sua ausência da edição. 

    Após o susto, a perplexidade dos leitores. Abrindo a capa, folheando o jornal, uma edição vazia. 
    Mais uma brincadeira genial do Pasquim? 

    Quem estava acostumado a fazer suas leituras pelas entrelinhas (método essencial na época) percebeu que a repressão da ditadura caíra em cima do semanário. Algo de sério havia acontecido com o jornal de humor. Mas o que? Estavam presos, desaparecidos. fugidos, mortos? 


    No meu quintal | In my garden

     

    No meu quintal | In my garden

    Medo da Agulha

     ­ Foto: Bridgeman Images / Keystone Brasil

     

    A associação antivacina que repudia tratamento usado contra o HPV 
     
    Movimento mistura saúde, ciência, religião e política — um microcosmos do que pode acontecer com a imunização contra a Covid-19

    "Quem achava que o diagnóstico feito pela USP encerraria a questão errou feio. Muitas mães simplesmente não aceitaram o veredito. Uma delas é a presidente da Abravac, Edilene dos Santos Conceição, mãe de M., hoje com 16 anos, que tomou a primeira dose da vacina contra HPV em 2015. Ela contou que os primeiros sintomas da filha foram dores e fraqueza nas pernas. Após a segunda dose, tomada em 2018, a adolescente começou a desmaiar. Conceição disse que relacionou o problema à vacina quando, na igreja Assembleia de Deus, ouviu o testemunho de uma fiel contando que uma parente havia ficado 40 dias na UTI, muito tempo na cadeira de rodas e sem enxergar quase nada. A família atribuía o problema ao imunizante e a cura a Deus. “Era um testemunho. Quando ouvi, fiquei atenta e angustiada. Pensei nos sintomas de minha filha”, disse Conceição. Em vários grupos conservadores se espalhou a ideia de que a vacina HPV, por combater um vírus sexualmente transmissível, estimularia o início da vida sexual dos adolescentes, uma suposição sem amparo em nenhum grupo de pesquisas respeitado pela comunidade científica."

     

     

    Jake Holmes - Dazed and Confused (1967)



    I'm dazed and confused, hanging on be a thread
    I'm being abused, I'd be better off dead
    I can't stand this teasing, I'm starting to crack
    You're out to get me, you're on the right track

    domingo, dezembro 27, 2020

    Disfarces


    VINICIUS MITCHELL

     

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    Iggy Pop - Dirty Little Virus (Official Audio)

    O som das baladas



    GILMAR

     

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    'All they want is my voice': the real story of 'Mother of the Blues' Ma Rainey

     ‘I don’t care if you were black, white, green or yellow, she owned the stage and you were mesmerised by her performance’ ... Ma Rainey

     

    "Rainey, who wrote her own songs, was a mentor to singer Bessie Smith and worked with the likes of Louis Armstrong and Thomas Dorsey, who was musical director on some of her recordings. Her full-throated vocals have inspired singers from Dinah Washington to Janis Joplin.

    Dawkins says: “She laid the foundation. A lot of legendary people started with Ma Rainey or grew with Ma Rainey. I read somewhere Thomas Dorsey said, ‘After performing and working with Ma Rainey there was nowhere else to go but to the Lord’.

    “I think her voice made a statement. It was strong. It was unapologetic. They didn’t have all the bells and whistles and the amplifiers we have in music today. It was just music point blank to your soul. It was how she was feeling. Like the blues is your story, she told her story.”

     read more>>

    'All they want is my voice': the real story of 'Mother of the Blues' Ma Rainey | Blues | The Guardian:

    2020 In Photos: A Year Like No Other - The New York Times



    "In 2020, a year when all aspects of life seemed transformed, so was the process of making these photographs. Journalists are observers, not participants, but the most striking sense to emerge from interviews with the photographers who took these pictures — described by Mr. Henson Scales as the most diverse group in his more than a decade curating this annual compilation — was how much they too lived what they witnessed. No one could escape the virus and vitalness of 2020. It gave photographers fresh perspective. And they gave us unforgettable images from a historic year in our lives."

    see the gallery>> 

    2020 In Photos: A Year Like No Other - The New York Times

    RIO COMICON 10 ANOS

    Kevin O' Neill


     


     

    CFCF - Jump Out Of The Train



    I can't help to feel so small
    Jump out of the train I can't...

    Dingoubel


    MARTINEZ

     

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    Quatro capas

    Quatro capas temáticas de Natal.



    OCTAVIO ARAGÃO

     

    Funai cogita reduzir área no Pará com vestígios de índios isolados

     Mapa da Funai indica plano de redução (linha tracejada) da área interditada para proteção de índios isolados em Ituna/Itatá, no Pará  - Reprodução

     

    "Documento e mapas na Funai revelam a intenção de reduzir em cerca de 50% a área Ituna/Itatá, onde há relatos e vestígios de isolados desde os anos 70

    A Funai está organizando para as próximas semanas uma expedição para Ituna/Itatá a fim de supostamente confirmar ou afastar a presença dos isolados. A suposta negativa seria usada para embasar a decisão final de reduzir a terra indígena.
    Os especialistas, porém, levantam diversas dúvidas sobre a extensão a ser percorrida pela expedição, o tamanho e a composição da equipe, os pontos cobertos pela viagem e os cuidados de saúde, tendo em vista o momento da pandemia do novo coronavírus. No organismo de um indígena isolado, uma simples gripe pode evoluir para uma pneumonia e matar em até 48 horas, segundo vários sertanistas com experiência em contatos. No início da pandemia, a Funai baixou normas para restringir a circulação de pessoas em terras indígenas a fim de coibir a transmissão do vírus.

    O desmatamento dentro da terra indígena começou em 2016 "e se intensificou em 2018 e 2019, alcançando níveis absurdos em 2020", segundo um estudo da área técnica da DPT mencionado no relatório do OPI. Hoje a Ituna/Itatá está "no primeiro lugar no ranking das terras indígenas mais desmatadas do Brasil"."


    mais na reportagem de Rubens Valente

    Funai cogita reduzir área no Pará com vestígios de índios isolados - 27/11/2020 - UOL Notícias

    RIO COMICON 10 ANOS

     

    MELINDA GEBBIE 


    Países de alta renda dão as cartas no acesso às vacinas, e os mais pobres ficam para trás

     Presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, anunciou, em vídeo, que neste domingo, 27, a vacinação contra a Covid-19 começará em todos os 27 países da União Europeia, depois que os órgãos reguladores aprovaram a vacina Pfizer-BioNTech em 21 de dezembro. Neste sábado

    "Os países ricos, por enquanto, garfaram a maior parte das doses de vacinas da Pfizer e da Moderna, que tiveram eficácia maior que 90%. Vacinas russas e chinesas, que já estão sendo aplicadas em seus países de origem e vêm sendo adquiridas por países em desenvolvimento, não apresentaram ainda dados detalhados de eficácia. Há um receio de que a desigualdade no acesso a vacinas venha a se refletir também no acesso à qualidade dos produtos, não só à quantidade.


    — O Brasil tem que abrir a negociação para outras vacinas, até porque a gente não tem nada concreto até agora — afirma o médico Juarez Cunha, presidente da entidade. — Tudo o que temos está na espera. Ou são vacinas que ainda precisam ter o registro solicitado na Anvisa, com a apresentação dos resultados, ou é a vacina da Pfizer, que está em negociação num quantitativo relativamente pequeno, comparado à nossa população."


    LEIA REPORTAGEM DE RAFAEL GARCIA 

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    Feliz Natal !


     

    BRUNO AZIZ

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