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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, abril 05, 2014

    Surprisingly Gorgeous Manhole Covers from Japan



     Morita Manhole 3

     “Public art” and “sanitation infrastructure” generally don’t mix. But in Japan, cities and towns regularly get creative with manhole covers, placing visually stunning works of art right underneath pedestrians’ feet. There are almost 6,000 of the covers around the country, turning a decidedly unglamorous necessity into museum-worthy art.

    Japanese Manhole Cover Photos by S. Morita – Flavorwire

    Forças Armadas vão investigar torturas cometidas pelas Forças Armadas




    (Rio de Janeiro, RJ)
      
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    pela cochlea: Hercules & Love Affair - Blind (Frankie Knuckles Remix)

    Operação Riocentro passou pelo alto comando, dizem historiadores


    Revelação do GLOBO desmonta ideia de que havia forças sem controle

      
Explosão no Puma. Atentado do Riocentro exigiu um tipo de planejamento que não poderia prescindir do conhecimento do alto comando
Foto: O Globo / Anibal Philot


    A revelação pelo GLOBO de que o general João Figueiredo, o último presidente da ditadura, estava a par do atentado do Riocentro um mês antes de sua realização enfraquece a ideia de que havia uma divisão no governo entre linha dura e linha branda, com ações dos setores radicais sem conhecimento da cúpula do governo.

    leia mais:
     Operação Riocentro passou pelo alto comando, dizem historiadores - Jornal O Globo:

    foto ANIBAL PHILOT


    Nos balanços que a imprensa fez do Governo Sérgio Cabral, falou-se do que foi feito - e do que não foi feito - nas áreas da segurança, da saúde, da educação e dos transportes. Não se falou nada sobre as gestões na cultura. Nunca se fala sobre a cultura.

    ..

    É... parece que a Criméia ficou por isso mesmo...




    (Rio de Janeiro, RJ)

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    sexta-feira, abril 04, 2014

    pela cochlea: Elza Soares - Elza Soares (Itamar Assumpção)



    Desde que me entendo por gente
    Elza soares da vida
    Das armas brancas, químicas, quentes
    Música é a preferida
    Eu disse
    Das armas brancas, químicas, quentes
    Música é a preferida

    Estado de exceção permanente - Mario Sergio Conti


    "O governador bem que se esforçou em dar credibilidade à alquebrada coreografia da pacificação. Com a fisionomia contrita, ele disse no domingo passado que a entrada da polícia no Complexo da Maré era “um dia histórico”. Oficiais contraíram a pança e hastearam o auriverde pendão em cima de barracos. Soldados com sorriso fotogênico posaram com crianças idem no colo. Meganhas empunharam metrancas com a cara de mau de canastrões de “Alemão”, o filme. Do cinema à reencenação da ocupação original, a empulhação se repetiu como farsa.

    O seu objetivo não foi a Maré. Nem o Rio. Ou a galera de cariocas de carne e osso. A superprodução foi montada para turbinar a cidade-espetáculo dos megaeventos, o Rio da Copa e das Olimpíadas. O público-alvo é diminuto: as corporações que, aparelhadas na Fifa e no Comitê Olímpico Internacional, escolhem o território liberado pós-nacional em que será alocado o capital transnacional — a zona do agrião na qual uma marca de cerveja obtém o monopólio da venda nos estádios, apesar de a lei proibi-la expressamente. "

    leia a coluna de Mario Sergio Conti : 
    Estado de exceção permanente - Jornal O Globo

    quinta-feira, abril 03, 2014

    A medida das coisas



    (São Paulo, SP)
     
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    Agenda Almanque 1964 - Ana Maria Bahiana - Abr/2014

    Ditadura criou campos de concentração indígenas


     Arquivo de André Campos
     "Os “campos de concentração” étnicos em Minas Gerais representaram uma radicalização de práticas repressivas que já existiam na época do antigo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) – órgão federal, criado em 1910, substituído pela Funai em 1967. Em diversas aldeias, os servidores do SPI, muitos deles de origem militar, implantaram castigos cruéis e cadeias desumanas para prender índios.

    Em 1972, o então senador pela Aliança Renovadora Nacional (Arena) – partido de sustentação da ditadura – Osires Teixeira, se pronunciou sobre o tema na tribuna do Senado, em uma poucas manifestações conhecidas de agentes do Estado sobre o reformatório. Afirmou que os índios levados ao Krenak retornavam às suas comunidades com uma nova profissão, mais conhecimentos e saúde e em melhores condições de contribuir com o seu cacique. “O Brasil tem sido vítima de ignóbeis explorações de sua política indigenista por órgão da imprensa no exterior, quando, na verdade, todos sabemos que o Brasil foi o único país do continente que, para a conquista de sua civilização, jamais dizimou tribos indígenas”, afirmou Teixeira.

    Relatos atuais de ex-presos e familiares, no entanto, revelam uma realidade muito diferente daquela descrita pelo senador da Arena." 


    leia reportagem de ANDRÉ CAMPOS:


    Ditadura criou campos de concentração indígenas - Carta Maior

    O Golpe passado a limpo (ou a sujo)



    (Recife, PE)

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    Veríssimo: O torturador frente a frente com um animal abjeto


    "Eu sou um oficial do exército brasileiro. Estou numa sala de interrogatório, cumprindo minha função, a de obter informações do inimigo. Por qualquer meio. Fui designado para fazer isso pelos meus superiores e sou um bom soldado. O inimigo à minha frente é um ser indefinido. Humano não é. É um subversivo, um desalmado, uma coisa abjeta. Ele e os outros animais como ele querem que o Brasil também seja uma coisa abjeta. Se ele não estivesse aqui, estaria na rua, matando e conspirando, construindo a coisa abjeta. Mas está aqui. Frente a frente comigo. Tem a informação que eu quero e não tem como fugir de mim. Minha função é arrancar a informação dele por qualquer meio, para que o Brasil se livre deles. Para que a coisa abjeta não se crie. Ele é um ser sub-humano, mas um ser sub-humano falante. E vai falar. Por qualquer meio, vai me dizer o que eu quero saber. Tenho toda a autoridade que preciso para estar aqui, frente a frente com ele. Sou autorizado por cima, pelos meus comandantes até o mais graduado, por baixo pelo meu próprio asco, e pela História. Posso fazer o que quiser com o animal."


     leia mais
    Frente a frente - cultura - variedades - Estadão

    Antoine de Saint-Exupéry’s Original Watercolors for The Little Prince |






    On July 31, 1944, he left on a reconnaissance mission, never to return. He was 44 years old when he perished — a biographical detail that lends eerie poignancy to the fact that, perched atop his little planet, the Little Prince watched the sun set exactly 44 times.

    read & see more
    Antoine de Saint-Exupéry’s Original Watercolors for The Little Prince | Brain Pickings

    CPI quer dar um banho em Dilma




    (Curitiba, PR)

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    quarta-feira, abril 02, 2014

    pela cochlea: Nat King Cole. It Will Have To Do (Until the real thing comes along).

    Enquanto isso, do outro lado do mundo...


    (Rio de Janeiro, RJ)
     
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    Bologna 2014: Brasil, o País da Ilustração



     CAPA DO BELO CATÁLOGO DA EXPOSIÇÃO

    " Foi, sem dúvida alguma, um marco. Não apenas para o mercado, não apenas para lembrar que a feira de Bologna é uma feira de negócios. Mas um divisor de águas para que o talento e a paixão pelo livro ilustrado no Brasil ultrapasse as fronteiras da imaginação e da criatividade dos artistas e chegue aos leitores (crianças e adultos), com o selo de qualidade o qual não é preciso marca, logo ou autentificação: apenas a emoção de ter estas obras-primas nas mãos e guardar em nossos esconderijos do tempo. "

    leia mais;
    Bologna 2014: Brasil, o País da Ilustração | Esconderijos do Tempo:

    SIB | Incontáveis linhas e histórias brasileiras na Feira do Livro de Bolonha de 2014



     QUATRO

    "Frente à uniformidade relativa da produção alheia, fica ainda mas evidente a polifonia brasileira. Nesse sentido, as divergências também nos fazem convergir. A mostra e os catálogos lançados dão conta da diversidade, agrupada em grupos de afinidades. Há ilustrações mais vinculadas ao humor gráfico, outras com um viés europeu e erudito, imagens que se apropriam da gramática pop e universal, outras que bebem nas fontes espontâneas, étnicas e tradicionais, obras com a sintaxe dos quadrinhos, entre outras vertentes. São nossos muitos os Brasis, ou naturais, como se referia o Padre Vieira aos povos nativos."

    leia mais
    SIB | Incontáveis linhas e histórias brasileiras na Feira do Livro de Bolonha de 2014

    Mulher de roupa curta merece ser atacada?



    (Curitiba, PR)
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    Milicianos continuam no controle de favelas da Maré, dizem moradores


    "Fontes das agências de inteligência e moradores da Favela Praia de Ramos (onde fica o Piscinão de Ramos) disseram nesta terça-feira (1º), à reportagem, que a ocupação da Maré pela PM em nada mudou a rotina da milícia que controla a região. A quadrilha teria cerca de 50 integrantes e é formada em sua maioria policiais civis e militares. Por outro lado, como o Estado noticiou na segunda-feira, os principais traficantes de uma das facções criminosas estariam no Paraguai, enquanto os de outra teriam fugido para favelas da zona oeste da capital, onde a facção ainda é forte." 

    Milicianos continuam no controle de favelas da Maré, dizem moradores - Notícias - R7 Rio de Janeiro

    50 anos depois, a herança com a qual o golpe nos brindou


     Cordão da Mentira 

    “A pergunta que o cordão sempre colocou é: quando vai acabar a ditadura civil-militar no Brasil? Em maio de 2006 foram mortos quase 500 em 15 dias. Isto foi o que mataram, segundo dados oficiais, durante os 21 anos de ditadura”, afirmou Caio Castor, da Favela do Moinho. “Não apenas que restou um aparato da ditadura, mas ele também se intensificou”, disse sobre as chacinas nas periferias e os massacres de indígenas. "

    leia reportagem de MARSILEA GOMBATA

    50 anos depois, a herança com a qual o golpe nos brindou — CartaCapital

    1964 2014




    (Belém, PA) 
     
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    pela cochlea: PIXIES - WHAT GOES BOOM



    Grace in her lace and her stocking
    Carrying her bass, she really likes to get rocking
    Oh, darling Grace, are we going to get rocking?

    A ditadura venceu - - Vladimir Safatle

     " É claro que ainda hoje há os que procuram minimizar a ditadura afirmando que ela foi responsável por conquistas econômicas relevantes. Raciocínio semelhante foi, por um tempo, utilizado no Chile.

    Tanto em um caso quanto no outro esse raciocínio é falso. A inflação brasileira em 1963 era de 78%. Vinte anos depois, em 1983, era de 239%. O endividamento chegou, ao final da ditadura, a US$ 100 bilhões, legando um país de economia completamente cartelizada, que se transformara na terceira nação mais desigual do mundo e cujas decisões eram tomadas não pelo ministro da economia, mas pelos tecnocratas do Fundo Monetário Internacional chefiados pela senhora Ana Maria Jul. A concentração e a desigualdade se acentuaram, o êxodo rural destruiu nossas cidades, a educação pública foi destroçada, a começar por nossas universidades.

    Mas o maior exemplo desse revisionismo histórico encontra-se na crença, de 68% da população brasileira, de que aquele era um período de menos corrupção. Alguém deveria enviar para cada uma dessas pessoas os dossiês de casos como: Coroa-Brastel, Capemi, Projeto Jari, Luftalla, Banco Econômico, Transamazônica e Paulipetro. "


    leia a coluna de Vladimir Safatle 
    A ditadura venceu - 01/04/2014 - Vladimir Safatle - Colunistas - Folha de S.Paulo

    Solta um imposto geladíssimo aí!



    (Belo Horizonte, MG)
      
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    Roteiro do Grafite :: Passeios :: Guia Rio Show :: O Globo





    "A polêmica “limpeza” do muro do Jockey Club, na Gávea, histórica galeria para a grafitagem a céu aberto na Zona Sul, pôs em evidência que, embora o Rio comece a se preocupar em proteger essa manifestação artística, ainda há um longo caminho a percorrer.

    Enquanto a prefeitura propagandeia a criação do Instituto EixoRio, órgão de articulação entre poder público e grafiteiros, e publica o decreto GrafiteRio, que libera aos artistas postes, muros e colunas, o também municipal Instituto Rio Patrimônio Histórico defendeu a cobertura com tinta dos painéis emblemáticos do Jockey, alegando se tratar de um muro tombado.

    Longe dali, o Morro dos Prazeres vai em outra direção e estreia o chamado Caminho do Grafite"


    leia a reportagem de RENATA MONTI  e veja a galeria

    Roteiro do Grafite :: Passeios :: Guia Rio Show :: O Globo

    foto SIMONE MARINHO



    Selfie is just another way to say selfish. 

    ..

    terça-feira, abril 01, 2014

    Para cortar o bolo


    (Rio de Janeiro, RJ)

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    Ota no gabinete do Deputado Boçal Neto


    (Rio de Janeiro - RJ)

    1 de abril de 1964




    Escrever o artigo relembrando o clima pré-golpe em Governador Valadares, onde eu morava, garoto com dez anos – http://tinyurl.com/mmnl8df - revolveram memórias que me levam a também escrever a minha versão de “onde estavas no dia 1º de abril de 1964”.

    O clima era bastante tenso na minha casa. Meus pais sabiam que os militares estavam planejando um golpe (essa história vou contar em outro texto). E meu pai na corda bamba pela qual se equilibrou grande parte de sua vida: malvisto pela direita por seus trabalhos sociais com favelados, prostitutas e camponeses; malvisto pela esquerda julgando que fosse um gringo infiltrado.

    No momento, o temor em casa pendia mais para a reação da direita. A Igreja Metodista de Valadares, que meu pai liderava, tinha - além da forte atuação social que irritava os latifundiários – um grupo de jovens conscientizados e militantes, apesar da casta de velhos fundamentalistas. Ali funcionava um grupo de estudos que mais tarde evoluiria para uma célula, numa estranha mistura de religião e marxismo (e que foi dizimada quando a tal reação veio mesmo a partir de 68. Da minha turma quase todos foram presos, alguns torturados, outros tiveram que sair – a história dessa geração).

    Mas então minhas lembranças. Como narrei no artigo anterior, as forças oligárquicas do Rio Doce não esperaram a senha do golpe e detonaram sua própria revolução no dia 30 de março. No primeiro de abril eu estava há dois dias trancado em casa. O pau quebrando na rua. Com as tropas descendo de Minas o exército de Magalhães Pinto subitamente trocou de lado e juntou-se às milícias & jagunços no emocionante afã de patrulhar ruas, caçar subversivos e saquear estabelecimentos.

    Ao final daquela tarde chegou a notícia de que o Exército tinha fechado o ambulatório que a igreja administrava na favela da Bela Vista. O boato é que tinham depredado o lugar. Meu pai foi lá saber. Me ofereci pra ir junto, não por companhia ou heroísmo, mas porque tinha um namorinho de criança com uma menina favelada de lá e estava preocupado em saber como ela estava. Tentei agora mas não me lembro do nome dessa menina. Lembro do seu rosto e de suas mãos, e que era triste. Muito triste.

    Chegando no pé do morro tinha uma barreira militar e pararam o nosso carro. Eu nunca tinha visto soldados uniformizados tão de perto (a não ser em museus americanos). Mandaram a gente descer do carro e um oficial se aproximou. Me lembro de ter achado ele tão novinho pra se portar com tanta autoridade. E me lembro bem das palavras que ele disse, porque as achei ridículas. Assim: “Em nome da Revolução e do Governo Militar estamos confiscando o seu veículo para o serviço da Pátria”. Soldados entraram na nossa Rural azul creme e branca e levaram ela embora.

    Ficamos ali, meu pai e eu, numa rua vazia, ao lado de uma barricada. Ele perguntou se iam dar algum documento pela tomada do carro, ou como iriam devolver, e os soldados riram. Começamos a andar a pé para casa. Quando achamos um armazém meu pai pediu para telefonar e ligou para alguem vir nos buscar. Nisso já estava de noite.

    Uns dois dias depois tivemos notícias da Rural Willys. Estava sendo usada pelo Exército como camburão (não sei se esta palavra existia na época) para recolher suspeitos. Acontece que o carro tinha nas portas os brasões da Igreja Metodista. Meus pais ficaram preocupadíssimos do povo achar que a Metodista tinha aderido à Revolução e prestava serviços aos milicos.

    Ele foi então se encontrar com o poderoso Coronel Altino, a quem conhecia, e explicou que não ficava bem um carro de uma associação religiosa estar sendo usado pelo Exército, ainda mais naquela função, que precisava do carro para transportar mantimentos, etc e tal.  O Coronel disse que nada poderia fazer, pois – meu pai contava que ele disse – “vivemos tempos excepcionais”.  Mas no dia seguinte um grupo de soldados estacionou o carro em frente à nossa casa de número 1456 acompanhado de um pedido de desculpas.

    Eu adorava essa Rural. Foi nela que minha família fez uma expedição do interior da Mata Atlântica, no Espírito Santo, até Brasília só pra conhecer a cidade quando foi inaugurada. Gostava de viajar aninhado na parte de tras, entre as malas, ouvindo o ronco do motor e as conversas dos pais. Viagens curtas, para as fazendas próximas de Jerusalém e Galiléia, viagens longas indo passar férias na praia. Quando entrei na parte de trás novamente eu vi as manchas de sangue.

    Tentaram lavar, mesmo assim apareciam. O golpe de 1964 pra mim foi isso. Durante o tempo em que tivemos esse carro, nunca mais saiu dali o sangue.

    segunda-feira, março 31, 2014

    De repente era aquela corrente pra frente



    (Rio de Janeiro, RJ)

    Nos Tempos do Golpe,
    ilustração para o do livro 
    História do Brasil Para Principiantes, 
    de Carlos Eduardo Novaes e César Lobo

    pela cochlea: Apesar de você - Chico Buarque

    Os primeiros tempos da tortura

    Em homenagem aos 50 anos do Golpe,
    um poema de ALEX POLARI .


    Não era mole aqueles dias
    de percorrer de capuz
    a distância da cela
    à câmara de tortura
    e nela ser capaz de dar urros
    tão feios como nunca ouvi.


    Havia dias que as piruetas no pau-de-arara
    pareciam rídiculas e humilhantes
    e nus, ainda éramos capazes de corar
    ante as piadas sádicas dos carrascos.


    Havia dias em que todas as perspectivas
    eram prá lá de negras
    e todas as expectativas
    se resumiam à esperança algo cética
    de não tomar porradas nem choques elétricos.


    Havia outros momentos
    em que as horas se consumiam
    à espera do ferrolho da porta que conduzia
    às mãos dos especialistas
    em nossa agonia.
    Houve ainda períodos
    em que a única preocupação possível
    era ter papel higiênico
    comer alguma coisa com algum talher
    saber o nome do carcereiro de dia
    ficar na expectativa da primeira visita
    o que valia como um aval da vida
    um carimbo de sobrevivente
    e um status de prisioneiro político.


    Depois a situação foi melhorando
    e foi possível até sofrer
    ter angústia, ler
    amar, ter ciúmes
    e todas essas outras bobagens amenas
    que aí fora reputamos
    como experiências cruciais.

    Apagão na Copa?


    (Rio de Janeiro, RJ)
     
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    Sérgio Augusto : Nunca fomos tão felizes. Então veio o golpe


    Trazida por seu namorado marroquino, Brigitte Bardot passou 4 meses em Búzios - Denis Albanese/Mitisubishi Revista 1964




    Paraíso não era, nunca foi, mas raras outras vezes tivemos a impressão de que o céu podia ser aqui mesmo como entre a segunda metade da década de 1950 e os primeiros anos da década seguinte. Democracia plena, otimismo econômico, industrialização acelerada, um presidente (JK) sonhador, sorridente e dinâmico, com a autoestima turbinada por duas Copas do Mundo, pelo reinado de Eder Jofre nos ringues internacionais e Maria Esther Bueno nas quadras de Wimbledon, o Brasil se descobriu contemporâneo, progressista e culturalmente relevante.

    leia o artigo de SERGIO AUGUSTO
    Nunca fomos tão felizes. Então veio o golpe - politica - politica - Estadão:

    64 nunca mais!


    (Belo Horizonte, MG)
      
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    pela cochlea: Dub Thompson - "Dograces" (Official Video)

    Jean Wyllys: Analfabetos políticos -


    "A aprovação do Marco Civil levou a minha página no Facebook centenas de "analfabetos políticos" que fizeram comentários constrangedores sobre esse acontecimento, dos quais destaco alguns: "O marco servil vai acaba com o facebook e traze o comunismo vai manda mata todo mundo começando por você seu viado filhodaputa"; "Intervenção Militar já! O que vivemos no país hoje é a mesma situação de uma ditadura, se você é contra o governo na internet, derrubam seu site, seu blog, seu vlog, seu canal no youtube e por ai vai"; "Um dos últimos passos do Comunismo é retirar a liberdade de expressão. Com o Marco Civil, vão caçar qualquer opositor ao governo com extrema facilidade. Nos desarmaram, nos tiraram o direito de educar os filhos, e agora vão calar nossas vozes. Quem puder ir embora do Brasil, vá. Porque depois das eleições esse país vai ser um massacre, vão tingir a bandeira de vermelho. LITERALMENTE!"; "Internet livre e marco regulatório? Controlar a liberdade? A internet deve estar ofendendo alguém ou incomodando a liberdade exagerada"; "Governo tem o direito a partir de agora, e por decreto, de fechar um portal de notícias caso tenha críticas ao governo por exemplo"; "TNC no mano!! e o meu porno? como e que fica! -.- nunca brinque com a punheta mano, nunca faça isso!".

    Esses comentários são exemplos do analfabetismo político contemporâneo, mas são também o sintoma de uma ameaça ao debate público pautado na honestidade intelectual e no respeito ao conhecimento: a maioria dos "analfabetos políticos" que vociferaram em minha página, principalmente a maioria daqueles que fizeram menção ao "comunismo" ou ao "socialismo", deixou claro quais as fontes de suas afirmações acerca do Marco Civil da Internet: revistas reacionárias; o senil que se diz "filósofo"; e a família de parlamentares (deputado federal, deputado estadual e vereador) que parasita o poder público para difamar adversários e estimular o fascismo. É preocupante que uma parcela cada vez mais expressiva da população seja transformada em analfabeta política por causa desses reacionários!"


    leia o artigo completo de Jean Wyllys :


    Analfabetos políticos - Suplementos - Geral - Estadão Mobile

    E ainda dizem que é por causa da roupa!


    Ipea: 50,7% das vítimas de estupro no Brasil têm até 13 anos

    • Segundo pesquisa, estima-se que 0,26% da população sofra violência sexual a cada ano
     leia mais:
    Ipea: 50,7% das vítimas de estupro no Brasil têm até 13 anos - Jornal O Globo

    Comemoração dos 50 anos do golpe deu bolo




    (Curitiba, PR)

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    30 de março de 1964




    O Brasil não sabe que o Golpe de 64 começou um dia antes em Governador Valadares.

    Valadares era quente. Ainda é um local de calor infernal, com o Ibituruna refletindo raios solares sobre o rio doce que corre em meio à cidade. Naquele tempo era quente em outros sentidos. Cidade recém-criada, com muitas ruas de terra, mais bicicletas que carros, e os carros disputando com os cavalos, na minha cabeça de menino não havia muita diferença entre a vida ali e os faroestes que via no Cine Ideal. Pessoas andavam armadas em público. Garoto, assisti a muitos tiroteios. Brigas de rua, bebedeiras, espancamentos. Uma manhã eu voltava da padaria e um sujeito, na minha frente, abriu a barriga de outro com peixeira. Sangue e intestinos pela calçada da Israel Pinheiro.

    Toda essa tensão existia também – e maior – no campo. Valadares tinha nome de governador mas era uma cidade de xerifes. Latifundiários que dominavam a região. Com suas milícias de jagunços. Mas descendo a Rio-Bahia ou ou navegando pelo Rio Doce vinham os migrantes, retirantes, ex-candangos, pra tentar a vida na cidade nova que surgia de promessas, mica, serrarias, dinheiro fácil-farto. E haviam os agricultores querendo preservar suas terrinhas que viravam pastos. Os últimos Krenaques mendigavam nas ruas chorando a morte das matas. A configuração oligárquica enfrentava – e violentamente – novos tempos. A efervescência de todo aquele Brasil em ebulição fervia na chapa quente ao redor do Ibituruna.

    O que resta de História e lembranças no país registra a saga das Ligas Camponesas organizadas por Francisco Julião no Nordeste como exemplo de conscientização e mobilização do povo na luta por terras e condições de vida. Quase nada se diz de organizações como o Sindicato de Camponeses no Vale do Rio Doce - incentivados inclusive por uma vinda do Julião em 1961 -  que estavam mudando a vida dos trabalhadores rurais e dos imigrantes valadarenses.

    De um lado, pistoleiros expulsando lavradores de suas terras. De outro, tentativas de invasões de terras abandonadas. Em 1964 esta luta iria chegar a resultados concretos com o anúncio da desapropriação da fazenda improdutiva da empresa Anglo.  Enquanto os latifundiários em pânico reforçavam os armamentos e contratavam mais jagunços. E a Igreja Católica com a Liga Democrática Feminina promovia passeatas diárias contra o demônio da subversão. E o jornal Combate dando voz aos sufocados. Pela reforma agrária.

    Eu tinha dez anos e não entendia a História assim. Para mim era como os filmes de cangaceiros que passavam no Pio XII. Nas historias e brincadeiras das crianças os personagens eram esses. O temido Capitão Pedro de chapéu, caçador de bandidos e comunistas. Meus heróis eram Lampião e Chicão. Francisco Raimundo, líder dos camponeses, era um sapateiro que virou pedra nas botas dos opressores. No folclore local tornou-se um possesso, comandando posseiros que invadiam tudo, saqueavam as casas, e ele tomava e dava aos pobres, robinhudi do Rio Doce. A molecada sussurava seu nome num misto de admiração e medo. As mães devotas chamavam: “Entra pra casa, menino, que o Chicão vai te pegar”.

    Tudo isso atingiu seu ápice num comício marcado para 31 de março. A tal Fazenda do Ministério seria entregue para um assentamento de lavradores. Ato simbólico: criada para ser uma fazenda-modelo, com o ensino da agricultura, funcionou na verdade fornecendo subsídios aos latifundiários. Um dia antes as milícias dos coronelões acabaram com a festa. Destruiram a sede do sindicato, atirando em quem resistisse. Entre um morto e inúmeros feridos, Chicao conseguiu fugir antes de ser linchado. Tentaram empastelar a redação do Combate. Ocuparam as ruas da cidade. Trancados em casa, nós meninos não brincamos na praça de faroeste ou cangaço por aqueles dias.

    Quando o Exército desceu de Minas para detonar o Golpe de 64 no Rio de Janeiro, Governador Valadares já tinha sido tomada por tropas conservadoras.  Chicão, camponeses, reformas, sonhos, esperanças – e o próprio jornal Combate – tinham sido postos fora de combate. Capitão Pedro virou herói por ter moralizado a bandidagem na cidade que foi crescendo. Coronel Altino virou aeroporto. Valadarense virou sinônimo de quem deixa um lugar sem perspectivas buscando a vida no exterior. O Combate virou memória, como nas lembranças de uma criança que – já apaixonada pelo jornalismo – comprava o jornal escondido e se impressionava com as enormes manchetes em vermelho e com as lutas ali narradas.

    Ricky Goodwin

    domingo, março 30, 2014

    Riocentro: documentos revelam que Figueiredo encobriu atentado

    • Chefe do SNI informou o presidente sobre o plano um mês antes

    • Figueiredo premiou os militares envolvidos com a impunidade

    
Bomba foi detonada dentro do Puma no Riocentro, aa noite de 30 de abril de 1981
Foto: Anibal Philot / Anibal Philot/ Arquivo O Globo

    Eles sabiam: o presidente João Batista Figueiredo e o general Danilo Venturini, chefe do Gabinete Militar da Presidência, foram informados com mais de um mês de antecedência que o Destacamento de Operações de Informações (DOI) do 1º Exército, no Rio, preparava um atentado terrorista no Riocentro, em 1981.

    O chefe do Serviço Nacional de Informações, Otávio Medeiros, chegou a indicar até a fonte — Newton Cruz, o chefe da Agência Central do SNI.

    Eles nada fizeram: um mês depois, na noite de quinta-feira 30 de abril de 1981, duas bombas explodiram em torno do pavilhão, enquanto Elba Ramalho cantava “Banquete de Signos” para milhares de pessoas.
    leia mais na reportagem de José Casado


    Riocentro: documentos revelam que Figueiredo encobriu atentado - Jornal O Globo:

    Da série Ela fez por onde...



    QUINHO 
    (Belo Horizonte, MG) 
     
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    Organizadora do protesto ‘Não mereço ser estuprada’ é ameaçada de estupro


     Organizadora do protesto ‘Não mereço ser estuprada’ é ameaçada de estupro Foto: Reprodução


     

     "Se as ameaças violentas vieram dos homens, o público feminino foi responsável por grande parte das ofensas e reprimendas publicadas.

    — As mulheres diziam: Espero que você seja estuprada, você não tem intelecto. Foram muitas mensagens raivosas de mulher — contou a jornalista e escritora Nana Queiroz, criadora da página."


    leia materia de Leticia Fernandes 
    Organizadora do protesto ‘Não mereço ser estuprada’ é ameaçada de estupro - Jornal O Globo:

    Esta historia esquisita continua mal contada

      

      Caso Pesseghini ainda não foi concluído / Reprodução/Facebook 
     
    Novas revelações colocam em dúvida a versão do caso Pesseghini na qual Marcelo teria matado os pais, a vó e a tia-avó e, logo depois, se suicidado.

    leia mais
    Pesseghini: testemunha mentiu sobre churrasco | Cidades | band.com.br - Band.com.br

    O encoxamento tá um problema sério (1)


    (Vila Velha, ES)
     
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    pela cochlea: Eddie Purrell - " The Spoiler " (Donald Dunn & Booker T) 1966



    You know my father was a lover
    He could take a girl from anyone
    And he taught all the tricks of the trade
    To his only son (that's me, y'all)

    Militar revela à Comissão Estadual da Verdade que corpos foram mutilados e jogados na água em Petrópolis



     
Casa da morte em Petrópolis
Foto: Custódio Coimbra / O Globo

    "Desaparecimentos de corpos

    “Jamais se enterra um cara que você matou. Se matar um cara, não enterro. Há outra solução para mandar ele embora. Se jogar no rio, por exemplo, corre. Como ali, saindo de Petrópolis, onde tem uma porção de pontes, perto de Itaipava. Não (jogar) com muita pedra. O peso (do saco) tem que ser proporcional ao peso do adversário, para que ele não afunde, nem suba. Por isso, não acredito que, em sã consciência, alguém ainda pense em achar um corpo.”

    A técnica

    “É um estudo de anatomia. Todo mundo que mergulha na água, fica na água, quando morre tende a subir. Incha e enche de gás. Então, de qualquer maneira, você tem que abrir a barriga, quer queira, quer não. É o primeiro princípio. Depois, o resto, é mais fácil. Vai inteiro. Eu gosto de decapitar, mas é bandido aqui (Baixada).”

    Inês Etienne, a sobrevivente

    “Foi decretada a morte dela, mas com fins políticos. Tinha que ser um membro do gabinete do ministro do Exército a fazer, matá-la, para eles — os próprios caras que tiveram a ideia —, tornarem isto público, o ministro cair e subir outro general de Exército que levaria um time todo grande a ser general.”

    leia mais - se aguentar - na reportagem de Chico Otavio :

    Vítimas da Casa da Morte foram jogadas dentro de rio, diz coronel - Jornal O Globo:

    Desapropriação 'salva' bar de 127 anos no Rio - brasil - geral - Estadão


    Bar Luiz, um dos mais tradicionais da cidade, fundado em 1887 - Fábio Motta/Estadão

     "RIO - A prefeitura do Rio vai desapropriar o Bar Luiz, um dos mais tradicionais da cidade, fundado em 1887, para evitar seu despejo. O bar fica em um imóvel que em 2012 foi comprado pelo fundo de investimento imobiliário Opportunity, assim como outros 17 sobrados da Rua da Carioca, no centro. 

    Despejados. Na semana passada, a loja de instrumentos A Guitarra de Prata, que funcionava havia 127 anos na rua, foi despejada, também por discordâncias sobre aluguel. A Guitarra teve clientes como Noel Rosa, Pixinguinha, Dorival Caymmi e Paulinho da Viola, e foi pioneira na venda de gramofones no Rio. Dias depois do fechamento, outra loja de instrumentos, a vizinha Acústica Perfeita, também encerrou suas atividades. "

     leia reportagem de ROBERTA PENNAFORT
    Desapropriação 'salva' bar de 127 anos no Rio - brasil - geral - Estadão

    O mal que há em Malhães





     
    (Curitiba, PR)

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    A medida de quão pouco evoluimos...


    De MARIANO:



    Ipanema, 2014. Policial confere se as moças estão vestidas 
    de acordo com as pesquisas de moralidade dos cariocas.

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    Ela estava pedindo -| Ruth de Aquino

    "Quinhentas e vinte e sete mil mulheres, adolescentes e crianças são estupradas por ano no Brasil. Isso significa que, a cada dia, ocorrem 1.443 estupros de seres do sexo feminino. São 60 estupros por hora. Um estupro por minuto. Não sei quanto tempo você leva para ler esta coluna. Marque no relógio e, no ponto final, saberá quantas mulheres, adolescentes e crianças terão sido atacadas sexualmente enquanto você pensa se faz parte dos 65% de brasileiros que culpam a vítima."

    leia coluna de Ruth de Aquino :
    Ela estava pedindo - ÉPOCA | Ruth de Aquino:


    e o blog0news continua…
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    Mas uso mesmo é o

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