Papai Noel existe
"Um ano em que vimos milhões de desesperados lançarem-se ao mar entre a costa da Turquia, onde Nicholas era bispo, e Evros, na Grécia, onde nasceu; perseguidos, como ele, que em busca de vida nova, deixaram um rastro de mortes na travessia — mais de 3,6 mil, dos quais 500 crianças como as que o clérigo costumava presentear. É um ano que não vai acabar, porque não só as imagens, mas as consequências do que produziu, voltarão a nos assombrar muitas vezes.
Um ano em que um milhão de pessoas, um terço das quais crianças, pediram por socorro às portas da União Europeia, expondo as fissuras de um continente mais desunido do que imaginávamos e desenterrando os vermes da xenofobia que julgávamos acabados, mas ressurgiram prontos para corroer seu tecido frágil, alimentando-se dos mortos deixados pelo terrorismo. Fenômenos que não deixarão 2015 acabar, porque estão longe de ter fim — tome-se como exemplo que 31 de dezembro chegará com apenas 184 refugiados realocados, entre os 160 mil que aguardam por um destino na União Europeia. Outros mais virão.
Um ano em que 16 milhões de crianças, uma em cada oito nascidas em 2015, vieram ao mundo em uma zona de guerra — em Síria, Iraque, Afeganistão, Iêmen, Sudão do Sul, República Centro-Africana — sob condições que limitarão seu desenvolvimento físico, cognitivo, emocional; e 13 milhões tiveram de deixar a escola pelos mesmos conflitos. O descaso cobrará seu preço mais tarde, e revisitaremos 2015 por gerações a vir."
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