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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    quarta-feira, março 08, 2023

    Paz na Ucrânia - Um armistício nunca está fora do alcance

     

     


    PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.
    Confirmando o que previ mais de
    uma vez nos dois últimos anos,
    Lula começou a se posicionar co-
    mo possível mediador para a solução da
    guerra na Ucrânia. O vira-latismo nacio-
    nal está uivando em grande estilo e não
    falta quem considere descabida e até ri-
    dícula a intenção do nosso presidente
    da República. É verdade, claro, que me-
    diação só haverá se e quando os envolvi-
    dos na guerra, direta ou indiretamente,
    estiverem interessados nisso. Mas Lu-
    la prepara o terreno e já explicou, em li-
    nhas gerais, que pretende ajudar a criar
    um grupo de países amigos ou neutros
    que possam estabelecer uma ponte en-
    tre as partes em conflito. Ele não men-
    cionou, até onde eu sei, mas imagino que
    esse grupo poderia incluir, além do Bra-
    sil, a Turquia, Israel, China, Índia, Indo-
    nésia e África do Sul, por exemplo.
    Bem sei que não há perspectivas de so-
    lução a curto prazo. Como subestimar a
    gravidade da situação? A Rússia consi-
    dera que vive uma ameaça existencial.
    O Ocidente, principalmente os Estados
    Unidos, considera que a sua hegemonia
    e sua autoridade mundial foram postas
    em xeque pela invasão da Ucrânia.

     
    No entanto, a paz nunca está fora do
    alcance. Como lembrou a ex-presiden-
    ta Dilma Rousseff, em entrevista a Léo
    Attuch do 247, no ano passado, uma guerra
    que não pode ser resolvida no campo de ba-
    talha, tem de ser resolvida pela via diplomá-
    tica. E a chave para uma solução, disse ela
    com razão, é encontrar uma fórmula que
    possa ser apresentada por todos ou qua-
    se todos os lados em guerra como vitória.
    Difícil? Sempre. Não impossível, porém.
    Arrisco esboçar alguns elementos
    do que seria, no meu modesto entender,
    uma possível solução diplomática, que
    contentaria em alguma medida todos
    ou quase todos os envolvidos. Conside-
    re, leitor, o que segue apenas como um
    exemplo do que poderia ser construído.

     
    A Rússia retiraria todas as suas tro-
    pas das regiões da Ucrânia, Donbas e ou-
    tras, invadidas desde 2021. Abandonaria,
    ipso facto, o seu reconhecimento das re-
    públicas separatistas no Leste da Ucrâ-
    nia. Antes, porém, a Ucrânia aprovaria,
    refletindo a diversidade do país, uma re-
    forma constitucional que a converteria
    de república unitária em república fe-
    derativa, em linha com as promessas fei-
    tas nos acordos de Minsk, de 2014 e 2015.
    Todas as províncias da Ucrânia, em espe-
    cial as preponderantemente russófonas,
    Lugansk e Donetsk, teriam autonomia re-
    lativa e o direito de eleger seus governa-
    dores (até hoje sempre foram indicados
    por Kiev) e suas assembleias estaduais.

     
    A língua russa seria estabelecida ou
    restabelecida como língua nacional, jun-
    tamente com o ucraniano e talvez outras
    faladas no país, assegurando-se total li-
    berdade de publicação, ensino e comu-
    nicação em russo. Ficaria com a Rússia,
    a Crimeia, de maioria esmagadoramen-
    te russa, e que foi incorporada ao país em
    2014, depois de referendo em que mais de
    93% votaram pela incorporação. A Ucrâ-
    nia e o Ocidente assumiriam o compro-
    misso de não admitir a Ucrânia na Otan,
    mas ela poderia, cumpridos os exigentes
    requisitos europeus, entrar para a União
    Europeia em algum momento futuro. Se-
    ria talvez necessário incluir, também, um
    compromisso de desnazificação da Ucrâ-
    nia, há bastante tempo infestada por gru-
    pos violentos de extrema-direita muito
    envolvidos na escalada que levou à guer-
    ra. Os ocidentais suspenderiam as san-
    ções contra a Rússia à medida que os acor-
    dos fossem cumpridos e descongelariam
    as reservas internacionais russas que fo-
    ram bloqueadas em represália à invasão
    da Ucrânia. A Rússia se comprometeria,
    por sua vez, a ajudar na reconstrução da
    Ucrânia, que é, afinal, uma nação irmã, do
    mesmo espaço histórico e cultural, e que
    só por uma sucessão de equívocos e ma-
    quinações foi levada a esta guerra.

     
    Viável? Talvez. O Ocidente se declara-
    ria vitorioso: a Rússia, forçada a abando-
    nar seu suposto projeto expansionista,
    teria sido obrigada a retirar todas as suas
    tropas, a aceitar um eventual ingresso da
    Ucrânia na União Europeia e, ainda, a
    ajudar na reconstrução do país. A Rússia
    se declararia vitoriosa também: obteria
    o reconhecimento da Crimeia como rus-
    sa, a autonomia das populações russófo-
    nas no leste da Ucrânia, a não entrada da
    Ucrânia na Otan e o compromisso de des-
    nazificação do vizinho.

     
    Não sei de nada do que está sendo cogi-
    tado em Brasília a esse respeito. Mas acre-
    dito que Lula, juntamente com outros lí-
    deres de países mediadores, poderá, sim,
    ter um papel importante no encerramen-
    to da guerra, aproveitando, inclusive, a
    circunstância feliz de que o Brasil presi-
    dirá o G-20 em 2024, foro de líderes que,
    como se sabe, inclui todas as principais
    nações desenvolvidas e emergentes. Lu-
    la, inclusive, já transmitiu a Emmanuel
    Macron o seu desejo de que o G-20 volte a
    ser um grupo político, em que os líderes se
    reúnam para discutir face a face, em con-
    junto, os desafios do planeta, deixando de
    ser o que tem sido, há muitos anos – um
    grupo meio esvaziado, em que as respon-
    sabilidades e discussões foram terceiriza-
    das a burocratas dos países membros.

    CARTA CAPITAL

     

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