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    terça-feira, julho 04, 2023

    Maquinas que cantam

     

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    CAMILO ROCHA

    Talvez você tenha visto um dos inúmeros vídeos no TikTok em que Freddie Mercury, ex-vocalista do Queen, pode ser ouvido cantando um clássico de Michael Jackson. Ou algum registro da cantora americana Ariana Grande interpretando um hit de k-pop. Ou, quem sabe, a voz do ex-presidente americano Barack Obama cantando o hit “Let It Go”, do desenho animado “Frozen”. São todas simulações de vozes famosas feitas em softwares de inteligência artificial (IA).

    Em abril, o que era brincadeira quase foi parar na Justiça americana. Uma música chamada “Heart On My Sleeve”, com imitações geradas por IA das vozes dos cantores Drake e The Weeknd, foi removida do Spotify, YouTube e TikTok a pedido da gravadora Universal, que acusou a faixa de violar direitos autorais. No Brasil, a mesma gravadora, junto à Legião Urbana Produções, avalia o que fazer judicialmente com um vídeo em que a voz de Renato Russo canta “Batom de Cereja”, sucesso sertanejo da dupla Israel & Rodolffo.

    O software Covers.Ai é um dos programas lançados recentemente que possibilita realizar esse tipo de trucagem em pouco tempo e sem nenhuma formação musical. O procedimento é simples: o usuário sobe no site do Covers.ai um arquivo musical, que deve conter apenas a parte instrumental da canção escolhida (existem programas de IA específicos para a remoção de vocais). Depois, ele escolhe uma voz a partir de um cardápio (como David Bowie, Ed Sheeran ou Vladimir Putin; é possível gravar a própria voz também). Algum tempo depois, o resultado é enviado ao e-mail do usuário.
    Drake também teve sua voz imitada em “Heart On My Sleeve”, que chegou às plataformas de streaming, de onde foi retirada a pedido da gravadora Universal — Foto: Richard Shotwell/Invision/AP

    Drake também teve sua voz imitada em “Heart On My Sleeve”, que chegou às plataformas de streaming, de onde foi retirada a pedido da gravadora Universal — Foto: Richard Shotwell/Invision/AP

    A tecnologia que possibilita essas recriações é o campo da inteligência artificial chamado de “aprendizado de máquina”. Nesse processo, um programa é alimentado com milhares de amostras de uma voz ou som (ou imagem e texto nos programas que trabalham com essas linguagens), “aprendendo” seus padrões. Assim, quando se deseja recriar a voz de um cantor como Renato Russo ou Ariana Grande, é preciso que ele receba volumes grandes de amostras de gravações desses cantores.

    A última novidade nesse campo é a “inteligência artificial generativa”, cujo representante mais conhecido atualmente é o ChatGPT. Por meio dessa tecnologia, “você pode pedir para o computador criar uma música apenas com base em uma descrição semântica ou até mesmo a partir de uma imagem. Por exemplo: ‘componha uma música suave, meio jazz, meio eletrônica, boa para corrida’ ou ‘transforme a voz dessa pessoa na voz daquele outra pessoa’”, de acordo com Vítor Patalano, músico e especialista em inteligência artificial.

    Apesar de o campo ser novo, a legislação brasileira existente é capaz de proteger artistas ou pessoas comuns do uso indevido de seu timbre de voz. A Constituição de 1988, por exemplo, considera que a voz é parte dos direitos de personalidade inerentes a toda pessoa, assim como o nome e a imagem. A Lei Geral de Proteção de Dados também entende que a voz é um dado pessoal do indivíduo e tem direito de ser protegida de usos indevidos.

    “A voz de qualquer pessoa é protegida de diversas maneiras e não pode ser usada sem sua autorização, inclusive quando usada por um sistema de IA, e é uma clara violação dos direitos da pessoa sujeita a inúmeros tipos de sanção, de administrativa a indenização cível”, afirma Allan Rocha de Souza, presidente do IBDAutoral (Instituto Brasileiro de Direitos Autorais) e professor de direitos autorais da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

    Para Souza, qualquer voz que estiver sendo replicada precisa da autorização de seu dono. Ele lembra que, como os programas de IA são treinados com gravações existentes (no caso dos artistas, muitas vezes de músicas suas), há também os “prováveis direitos de quem fez a gravação de onde a voz foi retirada”. Para ele, não basta dividir eventuais royalties, é preciso também pedir autorização.

    Donos de gravações e detentores de direitos podem estar bem amparados pela lei, mas, como visto em outros momentos da internet, o esforço parece uma tentativa de capturar flocos de neve em uma avalanche. Durante a era do software de compartilhamento de música Napster, gravadoras moveram ações punitivas contra indivíduos que baixavam canções, mas o modelo que elas defendiam estava com os dias contados. Serviços de streaming como o Spotify foram a alternativa legal encontrada para se adaptar aos novos hábitos de consumir música.

    “Da mesma forma, neste primeiro estágio, a característica libertária da internet vai tentar encontrar caminhos alternativos e gratuitos para dar vazão à sua verve criativa e experimental. E caberá à indústria encontrar novos meios de participar desta nova tendência”, diz Patalano, que tem pós-graduação em Big Data e inteligência artificial pela Universidade de São Paulo, a USP.

    Um pouco antes de solicitar a remoção da imitação de Drake e The Weeknd no Spotify, a Universal também tinha investido contra a música generativa que vem sendo criada aos milhões por sites como o Boomy, empresa californiana que afirma que mais de 14 milhões de músicas já foram criadas por usuários em seu sistema.

    No comunicado, a Universal, atualmente a maior empresa do ramo musical do mundo, intimou todos os envolvidos no ecossistema musical a escolherem “de que [lado da história] querem estar: o lado dos artistas, fãs e expressão criativa humana ou do lado dos deep fakes, da fraude e da negação à compensação dos artistas”.

    Em maio, o Spotify anunciou ter removido “dezenas de milhares” de músicas geradas pelo software de IA Boomy de sua plataforma depois que a Universal alertou a plataforma de que robôs estariam sendo usados para incrementar o número de plays dessas faixas. Ao “Financial Times”, a Boomy negou qualquer envolvimento com manipulação ou streaming artificial.

    Ao final do mesmo mês, a Universal anunciou uma parceria estratégica com a empresa Endel, especializada em criar “bem-estar sonoro” por meio da inteligência artificial. O catálogo da Endel inclui centenas de músicas direcionadas a atividades como relaxamento, auxílio ao sono e foco. Segundo comunicado da Universal, esses trabalhos são gerados pelo computador a partir de matrizes sonoras criadas por artistas como James Blake, Grimes e Miguel.

    Com uma abordagem mais “medicinal”, a empresa alemã Laife se vale da IA para produzir música funcional que, segundo o site, “ajuda usuários a flexionar e exercitar seus cérebros”.

    Baseada em Berlim, a Laife tem entre seus sócios o DJ e produtor brasileiro Billy Mello, que, como Maestro Billy, foi integrante do programa “Caldeirão do Huck” entre 2001 e 2015. Mello esclarece que a inteligência artificial não é responsável por gerar toda a música da empresa e que samples de instrumentos ainda são bastante utilizados como base. Com o tempo, a empresa quer incorporar músicos de carne e osso às suas produções.

    Para Mello, a discussão em torno das ferramentas de inteligência artificial na música passa longe do simplismo de que “músicos vão perder o emprego”. Para ele, há muitas possibilidades de colaboração entre máquina e humano. “Se você é um cara talentoso, você pode usar isso para o seu benefício. Se você está travado ali, não sabendo o que colocar na música, pode usar algum recurso, por exemplo, do Google Magenta”, afirma, em referência ao site da empresa de tecnologia que reúne soluções de IA para processos criativos.

    Ainda há raros registros de músicos estabelecidos usando a IA no contexto criativo. Uma das exceções é a musicista americana Holly Herndon, que, com seu colaborador Matthew Dryhurst, explora usos da IA em seus trabalhos. “Proto”, seu álbum de 2019, traz vocais de um programa de inteligência artificial que foi “ensinado” a compor música depois de ser abastecido com arquivos de áudio ao longo de anos. Em 2021, Herndon e Dryhurst lançaram o projeto “Holly+”, que consiste em uma versão “deepfake” da artista apta a interpretar músicas que usuários enviam por meio de um site.

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