Folha de S.Paulo mantinha relações íntimas com a ditadura militar
"A pesquisa aprofunda também a compreensão sobre as relações íntimas do Grupo Folha no período mais agudo dos anos de chumbo com policiais que perseguiam a esquerda e, ao mesmo tempo, de acordo com testemunho colhido na pesquisa, estavam contratados pelo jornal, ora como repórteres e redatores ou prestando serviços de segurança à empresa. Entre eles estavam dois delegados do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), os irmãos Robert e Edward Quass, além do nome mais forte da repressão política no país, Sérgio Fleury, o delegado que chefiou o “esquadrão da morte” e depois recebeu carta branca do regime militar para torturar e matar oponentes políticos."
"Aggio assumiu a direção de redação da Folha da Tarde em 1969 imprimindo uma mudança radical na linha editorial. Saíam de cena jornalistas progressistas, como Jorge Miranda Jordão e o frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Beto, ao mesmo tempo em que a redação contratava dois delegados, Carlos Antônio Guimarães Sequeira, agente do DEOPS, e Antônio Bim, os investigadores Carlos Dias Torres e Horley Antonio Destro, e um major da PM paulista, Edson Corrêa, que chamava a atenção por circular pela redação com uma pistola automática à mostra como se estivesse numa operação de rua.
A linha do jornal, que antes cobria segmentos como o movimento estudantil, passou a ser de apoio irrestrito à ditadura militar e às forças de repressão."
"A manchete de 9 de dezembro de 1970 não deixava dúvidas sobre a posição da Folha da Tarde. “Terror: Metralhado e morto outro fascínora”. Linha de frente da esquerda armada, o militante havia participado do sequestro de embaixadores que seriam trocados pela libertação de presos políticos, entre os quais estava sua mulher, Denise Crispim, grávida. A matéria informou que o “bandoleiro” morrera num confronto com a polícia em São Sebastião, no litoral Sul de São Paulo, embora seus companheiros de cárcere tenham protestado com gritos e muito barulho nas ferragens das grades quando ele foi retirado da cela em estado físico deplorável no dia 27 de outubro, dois dias depois de mais uma falsa notícia de que teria fugido. A Folha da Tarde se superava a cada edição na adjetivação, denominando militantes políticos de “facínoras”, “assassinos”, “maníacos” e “loucos”."
mais na reportagem de Vasconcelos Quadros
AGENCIA PUBLICA
Folha de S.Paulo mantinha relações íntimas com a ditadura militar