O mercado está nervoso. Foda-se o mercado.
Gabriel Trigueiro
Quando você pesquisa “Lula” e “mercado” no Google, o resultado é mais feio do que bater na avó na missa. Nos últimos dias muitos veículos deram variações dessa chamada: "Indefinição de Lula na Fazenda já provoca estragos no mercado”. Essa é uma lógica chantagista sob a qual muitos veículos da grande imprensa operam: a de moleque de recados do capital financeiro.
E outra, a turma enche a boca pra falar “responsabilidade fiscal”, como se fosse uma expressão autoexplicativa, e uma espécie de solução mágica para qualquer problema, mas ignora aspectos fundamentais do negócio.
A cada vez que falam em “responsabilidade fiscal”, o subtexto é sempre “controle dos gastos públicos”: o que é razoável e justo, mas jamais “distribuição equitativa dos recursos” — o que é uma completa aberração, levando-se em consideração os níveis de desigualdade de um país inserido no capitalismo periférico, como é o nosso caso.
Por acaso não foi Antonio Palocci quem praticou uma política de superávit primário no início do primeiro mandato de Lula, como demonstração de “responsabilidade fiscal” para o tal do mercado? Ignoram agora que foi Lula quem reduziu a dívida pública nacional, ao mesmo tempo em que foi o presidente que mais cumpriu as metas fiscais estabelecidas? Já esqueceram do flerte de Fernando Haddad com Marcos Lisboa, sujeito de credenciais liberais impecáveis, durante as eleições de 2018?
O mercado deveria ter menos credibilidade do que os bêbados da Praça Varnhagen. Como me disse uma vez um amigo (salve, Bruno B.), uma boa pauta seria entrevistar representantes da FIESP e perguntar se eles desejam: 1) menos protecionismo; 2) fim dos incentivos fiscais 3) mais competição, enfim (aka abertura irrestrita do mercado nacional a estrangeiros, sem o Estado brasileiro tomar partido de nenhum empresário daqui).
A onda seria chegar pra FIESP e lançar um “I’LL GO LIBERTARIAN ON YO ASSES!!!”. Não ia sobrar um vagabundo pra contar história. Porque, na moralzinha, se o mercado já é refratário aos princípios liberais, o mercado brasileiro consegue ser ainda pior. Se bobear, nossos empresários são mais hostis ao liberalismo do que um estudante de DCE numa oficina de perna de pau.
CONFORME SOLICITADO