Trump poem em risco empregos no Brasil dizendo que é para ajudar Bolsonaro
LEONARDO SAKAMOTO
Donald Trump anunciou, nesta quarta (9), uma taxa de importação de 50% aos produtos brasileiros que passa a valer em 1º de agosto se nada mudar até lá. Na prática, venderemos menos produtos aos Estados Unidos, o que significa perda de postos de trabalho, aumento de dólar e inflação.
O presidente norte-americano levantou três razões para isso em uma carta destinada a Lula: 1) vê a relação comercial com o Brasil como injusta e reclamam de tarifas e barreiras tarifárias e não-tarifárias; 2) critica decisões judiciais para forçar as big techs norte-americanas a seguirem a lei brasileira, o que Trump vê como ataques às atividades comerciais de suas empresas e à liberdade de seus cidadãos; 3) usa o julgamento de Jair Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado como justificativa, promovendo a mentira de que o Brasil está atacando eleições livres.
Trump não baixou tarifas por causa de Bolsonaro, mas usa o ex-presidente como instrumento para justificar suas ações e forçar o Brasil a negociar. Daqui até agosto, esses 50% devem cair porque negociações vão rolar. Aço, etanol, açúcar, tem muita coisa de interesse dos EUA para entrar na mesa.
O que não vai mudar é o julgamento de Jair por tentativa de golpe. Caso consiga as concessões na área econômica e, eventualmente, alguma coisa sobre a regulação das plataformas digitais, o governo Trump vai reduzir o tarifaço.
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro mudou-se para os EUA a fim de pressionar o Tio Sam a adotar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, o Supremo Tribunal Federal e o Brasil no intuito de tentar mudar o curso do julgamento de seu pai. Aliás, Jair disse que repassou R$ 2 milhões ao filho se manter enquanto estivesse por lá. Ou seja, foi responsável por bancar uma conspiração.
Caso saiba comunicar isso de forma clara à população, o governo Lula pode colar em Jair a pecha de traidor, gerar uma identidade reativa e criar caldo de insatisfação junto aos patriotas de verdade - que não gostam de outro país dizendo o que o Brasil deve ou não deve fazer, muito menos de quem ataca postos de trabalho por aqui
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