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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    segunda-feira, setembro 26, 2022

    Sob a égide do medo

     

     

    Lula e Jair Bolsonaro. Fotos: Ricardo Stuckert e Albari Rosa/AFP

     

    Medo e esperança, assim como força e consenso, constituem um dos pares antinômicos mais consagrados da atividade política e do exercício do poder. 

    Medo e esperança, por sinal, são dois meios
    excepcionais de interação humana que
    visam constituir e exercer ralações de
    poder. O grande líder político é aquele
    que sabe usar com maestria e com arte
    os múltiplos pares antinômicos ineren-
    tes ao jogo político e ao jogo do poder. O
    líder astucioso é aquele que gera medo
    intencionalmente e, ao mesmo tempo,
    o supera com as promessas de solução
    e com a esperança de uma vida melhor.

     
    No caso do governante, com medidas
    práticas e soluções para os problemas.
    Alguns analistas chamaram atenção
    para o fato de que as eleições de 2022 são
    marcadas pelo medo. O medo está pre-
    sente em todas as eleições como meio
    de disputa e, a rigor, na atividade políti-
    ca em geral. O problema das eleições de
    2022 é que o jogo do par antinômico pra-
    ticamente não existe. Tornou-se um jogo
    unilateral de um predomínio quase abso-
    luto do medo. A esperança, nos seus pá-
    lidos aparecimentos, vem recoberta pe-
    la capa do medo. O medo predomina nos
    dois polos principais da disputa: as cam-
    panhas de Bolsonaro e de Lula.

     
    Bolsonaro tem um evidente e qua-
    se paranoico medo de perder. Teme en-
    frentar não só as consequências políti-
    cas, mas também jurídicas da derrota.
    Esse medo o faz propagar medo: medo do
    comunismo, da esquerda, da destruição
    da religião e da família, de Deus, da pá-
    tria etc. Gera um medo que produz ódio,
    que chega ao limiar da violência.

     
    A estratégia de Bolsonaro consiste
    mais em identificar e atacar inimigos do
    que apresentar propostas para a solução
    de problemas sociais e um programa pa-
    ra governar o Brasil. Com esse foco, não
    tem como gerar esperança orientada pa-
    ra o futuro. A esperança que ele gera é a
    de evitar o “mal” e, se o “mal” tem a fa-
    ce do inimigo, então a esperança bolso-
    narista vem armada com a bandeira da
    mentira e com a gadanha da morte.
    Toda a sorte de degradações civiliza-
    tórias que Bolsonaro praticou em seu go-
    verno – insensibilidade com a dor dos vi-
    vos, deboche dos mortos, machismo, mi-
    soginia, racismo, preconceitos, autorita-
    rismo, loas às armas, à violência e à tor-
    tura, promessas de golpe – são máscaras
    amedrontadoras que não conseguem es-
    conder a vontade de morte. A expressão
    “todos nós vamos morrer um dia”, dos
    trágicos momentos agudos da pande-
    mia, revela esta pulsão terrível de morte
    que povoa a alma de Bolsonaro, com o seu
    olhar desértico de emoções empáticas.

     
    Os eleitores e ativistas democratas
    e progressistas de esquerda que se ar-
    ticulam em torno da campanha de Lu-
    la (e das demais candidaturas) também
    estão sob a égide do medo: medo da con-
    tinuidade de um presidente extremista,
    medo do fascismo, do golpe e do fim da
    democracia, medo da continuidade da
    tragédia social e medo do segundo turno.

     
    O conteúdo geral das três principais
    campanhas opositoras é mais reconstru-
    tivo do que propositor de um novo mo-
    mento para o Brasil. O conteúdo geral da
    campanha de Lula volta-se mais para o
    que já foi feito, para um passado que deu
    certo, do que para a inovação de um no-
    vo futuro. A cautela domina a ousadia. A
    tensão domina a empolgação. O medo re-
    cobre a esperança. É como se a violência
    estivesse emboscada à espera de uma fa-
    gulha, de um estampido.

     
    Vivemos em tempos nos quais as
    campanhas eleitorais perderam a ale-
    gria da celebração democrática. Os elei-
    tores permanecem aquartelados na ris-
    pidez fria das redes sociais. Em parte,
    isto se deve ao fato de que, já há alguns
    anos, os progressistas e as esquerdas
    perderam as ruas. A antessala da cam-
    panha eleitoral foi marcada pela des-
    mobilização. A apatia política, agrava-
    da pela pandemia, aprofundou o isola-
    mento social e disseminou o medo no
    ativismo e na militância, enquanto os
    líderes se esmeravam nas lives no con-
    forto de seus lares.

     
    Assim, o engajamento primaveril do
    colorido das bandeiras empalideceu. As
    campanhas são tocadas por pequenos
    exércitos de marqueteiros e de burocra-
    tas dos partidos que mais cingem a criati-
    vidade dos candidatos e o alarido da mili-
    tância do que permitem ondas anímicas
    de encantamentos que promovem os mo-
    vimentos decisórios dos votos dos eleito-
    res. As propostas se reduziram quase só
    a referências às bocas e aos bolsos. A po-
    lítica perdeu o encanto, já que perdeu o
    espírito e a imaginação, os fomentos da
    liberdade e da criatividade

     

    CARTA CAPITAL 

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