O xadrez de Putin
""Não está claro se Putin pretende ou pretendia de fato começar uma guerra com a Ucrânia. E se o Ocidente terá capacidade de dissuadi-lo por meio de sanções econômicas ou envio de armamentos a Kiev. O risco de um confronto de grandes proporções às portas da Europa levou a mídia ocidental, talvez com certo exagero, a descrever o impasse como o mais grave desde a crise dos mísseis de 1962, no auge da Guerra Fria. Os serviços de inteligência dos Estados Unidos fizeram circular a versão de que a invasão da Ucrânia tinha até data marcada, quarta-feira 16, motivo da agonia e do posterior “alívio” de Sadhoka e seus compatriotas. Diante da “informação”, o presidente norte-americano, Joe Biden, ameaçou “reagir sem hesitação” caso as tropas russas cruzassem a fronteira. Amedrontado, na versão de alguns, maquiavélico, segundo outros, Putin preferiu então mover as peças de modo a manter aberto o jogo diplomático sem produzir uma mudança substancial no tabuleiro. Os russos negam de coturnos juntos o intuito de iniciar uma guerra e justificam a longa marcha das tropas ora como parte de exercícios conjuntos com a aliada Bielorrússia, ora como um movimento de prevenção contra possíveis agressões da Ucrânia. De forma enigmática e com um estilo panfletário que lembra os camaradas redatores do lado de lá do Muro de Berlim, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, ironizou a “histeria” do Ocidente em uma sucinta mensagem no Facebook: “15 de fevereiro de 2002 ficará na história como o dia do fracasso da guerra de propaganda ocidental. Envergonhado e destruído sem disparar um tiro”."
LEIA REPORTAGEM DE SERGIO LIRIO