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    quinta-feira, abril 17, 2025

    Vargas Llosa conquistou o mundo como mago dos romances realistas

    Um homem idoso com cabelo grisalho e bem vestido, usando um terno escuro e uma gravata, está aplaudindo. Ele tem uma expressão séria e parece estar em um evento formal. Ao fundo, há uma bandeira visível, mas não é possível identificar qual. A iluminação é suave e o foco está no homem.
     

     Milton Hatoum

    Mario Vargas Llosa, morto neste domingo aos 89 anos, foi um dos poucos romancistas latino-americanos que conquistaram um público leitor no mundo todo.

    Ainda jovem, já havia publicado três romances, meus preferidos de sua prolífica produção literária são "A Cidade e os Cachorros", de 1963, "A Casa Verde", de 1966, e "Conversa no Catedral", de 1969. Nesses livros —lidos na minha juventude— me impressionou seu excepcional domínio da arte romanesca, com personagens complexos, que pensam, agem e falam em planos espaciais e temporais distintos ou entrelaçados.

    Essa técnica, inaugurada talvez por Gustave Flaubert, foi usada por escritores e escritoras europeus das primeiras décadas do século passado e radicalizada por William Faulkner, um dos autores mais admirados por tantos romancistas latino-americanos.

    Vargas Llosa não se enquadra no realismo maravilhoso do notável escritor cubano Alejo Carpentier, que, por certo, influenciou Gabriel García Márquez e não poucos escritores que surgiram a partir da década de 1970. Também não aderiu ao realismo fantástico, tão forte na literatura do Uruguai, e principalmente da Argentina, de que Jorge Luis Borges e Julio Cortázar são estrelas de primeira grandeza.

    O autor peruano optou pelo realismo clássico, mas lançou mão de técnicas inovadoras e elegeu como um dos temas principais de sua obra a crítica à violência do poder autoritário, seja nas instituições de ensino —"A Cidade e os Cachorros" e "Os Filhotes"— ou nas ditaduras de Manuel Odría —"Conversa no Catedral"— e do general Rafael Trujillo —"A Festa do Bode".

    Aliás, neste último romance, Vargas Llosa constrói uma das personagens femininas mais fortes e fascinantes de toda a sua obra, Urania Cabral.

    Aprecio também o belo ensaio sobre Flaubert: "A Orgia Perpétua". Mas não li seus quatro ou cinco últimos romances nem seus ensaios políticos.

    Na década de 1970, Vargas Llosa deu uma guinada à direita e tornou-se um liberal. Há poucos anos, já idoso, apoiou candidatos da extrema direita, no Brasil e no Peru. O apoio a políticos saudosistas de ditaduras contraria qualquer credo liberal.

    Nada disso ofusca o brilho do grande romancista, mas vale citar um comentário irônico do argentino Ricardo Piglia: "Parece que Vargas Llosa não leu seus próprios romances". São contradições que fazem parte da história, das ficções e da vida.

    FOLHA 

     

     

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