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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    domingo, dezembro 14, 2025

    Trump Peace Plan


     

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    Never be honest in Hollywood – even if you’re Quentin Tarantino

     

     "Tarantino has been piercing the veil of Hollywood decorum for decades now, but it seems that he finally picked the wrong target. Dano is 41 years old, but has the cherubic face of a teenager who spends most of his time sorting Pokémon cards. You want to pinch his cheeks and ruffle his hair, then tell him: “Go get ’em, champ.” Making fun of Dano is like kicking a bunny at a birthday party. He looks like the counselor at a Lutheran summer camp. How can you hate that guy? Why would you hate that guy? You’re picking on the quiet accountant who brings homemade brownies for everyone at work. More importantly, you’re breaking the social pact of the entertainment business: never, ever say anything cruel about someone who’s successful, even if you sincerely believe it."

    read more by DAVE SHILLING

    Never be honest in Hollywood – even if you’re Quentin Tarantino | Dave Schilling | The Guardian

    Flávio, Cadeia. Cadeia, Flávio

     Flávio, Cadeia. Cadeia, Flávio



    Candidato à venda desconhece paradeiro de Napoleão. No Rio, deputados vão a pico da milícia para salvar informante do CV. Furo é de Anthony Garotinho


    Por Fred Melo Paiva 

    Olá, estas são as NOTÍCIAS DO HOSPÍCIO! O semanário de bordo da nossa viagem na maionese. Os flatos que foram notícia no Brasil e no mundo!

    Embora se presuma que um faccionado cogite a ­eventualidade­ de a casa cair, integrantes da ­Famiglia Bolsonaro têm manifestado desconhecimento sobre o que é uma prisão. Senão, veja: “Ele (Napoleão do Hospício) me falou uma coisa que EU NÃO SABIA. A ordem é deixar ele TRANCADO na chave o dia inteiro numa sala de 12 por 12, sai um período pequeno para caminhar, dá dez passos pra um lado, dez passos pro outro, e acabou o espaço”. Sim, isso chama CADEIA, amigo.

    O senador Flávio Bolsonaro (PL), agora candidato à venda, reclamou ainda que a comunicação com o pai é LIMITADA. Segundo o homem na gôndola, a rotina de Napoleão “LEMBRA UM CONFINAMENTO”. Lembra??? “As informações chegam picadas, é como tentar acompanhar uma pessoa em cativeiro.” Vá ao pai dos burros – o dicionário, não o Jair – e verá que cativeiro é um sinônimo possível para prisão.

    Carluxo (PL), por sua vez, queria abraçar o capeta no dia do aniversário. Não foi autorizado e revoltou-se. Já tinha reclamado antes do ISOLAMENTO de Napoleão. Carluxo, Cadeia. Cadeia, Carluxo.

    Ainda confuso sobre a diferença entre prisão e colônia de férias, Carlos acabou de compreender o Centrão: “Opera para preservar os interesses do mercado financeiro, garantindo lucros astronômicos aos bancos e sustentando um modelo de juros estratosféricos que estrangula famílias, empresas e governos”. Eita, pera lá, mas aí ficou parecendo o Paulo Guedes e o Roberto Campos Neto, me poupe e me deposite num paraíso fiscal!

    Com seu lançador de fogo amigo, atacou também a Faria Lima, que reprova Flávio e a rachadinha da direita: “FARIA LULER é o maior obstáculo ao crescimento nacional”. Se não é um hospício, o que dizer?

    E ATENÇÃO! PLANTÃO NH: MICHEQUE ENFERMA! Boletim médico sobre seu afastamento do PL Mulher: “A presidente Michelle (sic) vinha lidando com algumas alterações em sua saúde (…) em consequência das tensões envolvendo a prisão do marido (…), SUA IMUNIDADE FOI AFETADA e as alterações agravadas”. Para o “jornalista” Allan dos Santos, o problema é intestinal: “ELA ESTÁ CAGANDO PARA BOLSONARO”.

    BOMBA! REUNIÃO PARA SOLTAR BACELLAR ACONTECEU EM PONTO DE ENCONTRO DA MILÍCIA. Que fase! Antes de aprovar a soltura de Rodrigo Bacellar – presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro acusado de passar informações policiais ao Comando Vermelho –, um grupo de deputados reuniu-se no restaurante ­Fratelli da Barra da Tijuca. “Quem leu meu livro sabe muito bem o que acontece no ­Fratelli”, escreveu a jornalista Cecília Oliveira, autora de COMO NASCE UM MILICIANO (Bazar do Tempo). A informação sobre o encontro foi publicada por… ANTHONY GAROTINHO! Rio de Janeiro do céu, né possível!

    Sim, é possível também em Minas Gerais! ACUSADO DE AGREDIR EX-ESPOSA É O NOVO PRESIDENTE DO PARTIDO DA MULHER BRASILEIRA EM MG! Siiiiiim, Wellington Magalhães, aquele que cumpre medida protetiva e não pode estar a menos de 200 metros da ex-esposa!

    THAT’S ALL, FOLKS! Voltamos a qualquer momento com novas agressões, ops, informações. NOTÍCIAS DO HOSPÍCIO nunca desligA

    CARTA CAPITAL 


    Facas e punhais

     

     Facas e punhais

     

     "O que os congressistas mais temem é que Dino leve a Corte a julgar três ações capazes de acabar com a obrigação de o governo liberar os recursos das emendas e o uso do PIX nesses pagamentos. “O Congresso não aceitará retrocessos”, declarou Motta em um debate com o juiz no início do mês. “‘Ah, (o Congresso) não pode ficar com pires na mão’. É verdade, não pode. Mas também não pode roubar o pires. Não pode roubar o prato, o copo, a xícara, a colher”, rebateu Dino. Em setembro, o togado requereu à ­Advocacia-Geral da União e à Procuradoria que se manifestassem pela última vez nos processos sobre a impositividade e as emendas PIX. Em tese, está autorizado a pedir ao presidente do Supremo, ­Edson Fachin, que marque a data da decisão plenária. Um julgamento “apocalíptico”, anotou Dino em junho, em Portugal, em razão do previsível terremoto nas relações entre governo e Congresso."

    leia reportagem de ANDRE BARROCAL 

    Cantata No. 146, "Wir müssen durch viel Trübsal", BWV 146: I. Sinfonia

    3 IMAGENS




     

    (1967) GREEN ONIONS - Live - Booker T. and MG's (in memoriam STEVE CROPPER)

    sábado, dezembro 13, 2025

    4 IMAGENS





     

    O Conto do Pintor - Macalé (Moreira da Silva)


    Pintei um quadro só por fora das molduras
    Eu joguei tinta nas paredes, todo mundo achou legal
    Dei cambalhotas e as madames exclamaram
    Esse Macau é um artista genial!

    E eu que não pintava nem nos muros da Central!

    Ontem | Yesterday


     

    sexta-feira, dezembro 12, 2025

    At State Dept., a Typeface Falls Victim in the War Against Woke

     

     

     

    Times New Roman and Calibri typefaces. 

    Secretary of State Marco Rubio called the Biden-era move to the sans serif typeface “wasteful,” casting the return to Times New Roman as part of a push to stamp out diversity efforts.

    Michael Crowley and

     Secretary of State Marco Rubio waded into the surprisingly fraught politics of typefaces on Tuesday with an order halting the State Department’s official use of Calibri, reversing a 2023 Biden-era directive that Mr. Rubio called a “wasteful” sop to diversity.

    While mostly framed as a matter of clarity and formality in presentation, Mr. Rubio’s directive to all diplomatic posts around the world blamed “radical” diversity, equity, inclusion and accessibility programs for what he said was a misguided and ineffective switch from the serif typeface Times New Roman to sans serif Calibri in official department paperwork.

    In an “Action Request” memo obtained by The New York Times, Mr. Rubio said that switching back to the use of Times New Roman would “restore decorum and professionalism to the department’s written work.” Calibri is “informal” when compared to serif typefaces like Times New Roman, the order said, and “clashes” with the department’s official letterhead.


    A State Department official confirmed the document’s authenticity.

    Mr. Rubio’s directive, under the subject line “Return to Tradition: Times New Roman 14-Point Font Required for All Department Paper,” served as the latest attempt by the Trump administration to stamp out remnants of diversity initiatives across the federal government.

    Then-Secretary of State Antony J. Blinken ordered the 2023 typeface shift on the recommendation of the State Department’s office of diversity and inclusion, which Mr. Rubio has since abolished. The change was meant to improve accessibility for readers with disabilities, such as low vision and dyslexia, and people who use assistive technologies, such as screen readers.

    Calibri, sometimes described as soft and modern, is typically considered more accessible for people with reading challenges thanks to its simpler shapes and wider spacing, which make its letters easier to distinguish. Mr. Blinken’s move was applauded by accessibility advocates.

    But Mr. Rubio’s order rejected the grounds for the switch. The change, he allowed, “was not among the department’s most illegal, immoral, radical or wasteful instances of D.E.I.A.,” the acronym for diversity, equity, inclusion and accessibility. But Mr. Rubio called it a failure by its own standards, saying that “accessibility-based document remediation cases” at the department had not declined.

    “Switching to Calibri achieved nothing except the degradation of the department’s official correspondence,” Mr. Rubio said. He noted that Times New Roman had been the department’s official typeface for nearly 20 years until the 2023 change. (Before 2004, the State Department used Courier New.)

    Echoing President Trump’s call for classical style in federal architecture, Mr. Rubio’s order cited the origins of serif typefaces in Roman antiquity. Those typefaces, which are used by The New York Times, include small strokes at the edges of many characters.

    Admirers say those flourishes make letters look more elegant and make them easier to distinguish from one another, even though they can also create a sense of clutter.

    Serif typefaces are “generally perceived to connote tradition, formality and ceremony,” Mr. Rubio’s order said, adding that they were used by the White House, Supreme Court and other state and federal government entities, as well as in the script on the side of Air Force One.

    Many diplomats are unhappy with changes Mr. Rubio has made to the department’s structure and leadership, and have reported badly damaged morale within their ranks. But the Biden administration’s move to Calibri prompted some grumbling from some traditionalists who preferred Times New Roman. Mr. Blinken also changed the standard font size, from 14-point to 15-point, requiring extra keystrokes that some diplomats found annoying.

    THE NEW YORK TIMES 
     
     

     

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    Quentin Tarantino needs to stop criticising films and start making them again




    Trolling wokesters, disparaging Paul Thomas Anderson, insulting Paul Dano … the controversial director plays to type with his list of the top 20 best films of the 21st century

    by PETER BRADSHAW

    Quentin Tarantino needs to stop criticising films and start making them again | Quentin Tarantino | The Guardian

    Miriam Makeba - For What It's Worth (Stephen Stills)



    There's battle lines being drawnNobody's right if everybody's wrongYoung people speaking their mindsAre getting so much resistance from behind

    quinta-feira, dezembro 11, 2025

    impasse


     

    Wilson Pickett - In The Midnight Hour (1965)



    IN MEMORIAM STEVE CROPPER

    I'm gonna wait 'til the midnight hour
    That's when my love comes tumbling down
    I'm gonna wait 'til the midnight hour
    When there's no one else around

    (Pickett-Cropper)

    terça-feira, dezembro 09, 2025


     

    Meu Amor Me Agarra & Geme & Treme & Chora & Mata = Macalé (in memoriam)


    Meu amor é um tigre de papel
    Range, ruge, morde, mas não passa
    De um tigre de papel


    domingo, dezembro 07, 2025

    A árvore de natal comunitária de Paquetá


     

    Lembra quando o Rio de Janeiro só tinha coisas boas?

     

     

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    Patti Smith on the One Desire That Lasts Forever

     

     

     "So New York was filled with misfits, people who weren’t accepted — including myself and Robert Mapplethorpe and Jackie Curtis. There are so many, many of them dead — so many gifted people, so many tragic people, at the same time.

    In terms of what brought us together, I think it started with music. We were all listening to the same music — whether it was “Sgt. Pepper” or Bob Dylan or Neil Young or Janis Joplin, whatever. We were all — or most of us were — against the Vietnam War. All, of course, for civil rights, human rights, gay rights, women’s rights. We were young and conscious that these were rights that we all believed in. There was a kinship. So it was a very unique period.

    But I don’t like painting things like it was the best era ever, so that young people in future generations feel like they missed out. Because that’s not fair. Being alive in present tense is the greatest thing you have."

    read conversation with PATTI SMITH - conducted by EZRA KLEIN  

    Augusto Malta & Alice Cooper

    MARIO BAGG : 
     
     

     

    Trump L’œil: The White House Ballroom, MAGA Aesthetics, and the Meanings of Trump’s Newest Building Project

     

    Trump L’œil: The White House Ballroom, MAGA Aesthetics, and the Meanings of Trump’s Newest Building Project

     "The ballroom is, among other things, another insight into Trump’s wretched, spray-tanned psyche. If Louis XIV built a literal Hall of Mirrors, Trump is erecting a Freudian version.

    Donald Trump has never been all that adept at masking his insecurities. His bravado, narcissism, and cruelty have always told the story of a grasping, needy outsider who remains far more famous for playing a successful businessman on tv than for any real executive prowess.

    Donald Trump’s entire career has been one of trying to project the man he wants us all to think he is while never being able to conceal the weak, uncultured bully he’s always been. "


    read analysis by ALAN ELROD  

    Trump L’œil: The White House Ballroom, MAGA Aesthetics, and the Meanings of Trump’s Newest Building Project

    Wilson das Neves | Brasão de Orfeu | Resto de Dor



    A o amor ficou tão triste quando se acabou
    E no meu peito existe um resto dessa dor
    Que insiste em residir dentro do meu olhar
    Tem um rastro de um desgosto que a saudade traz
    Na lágrima do rosto que não se desfaz
    Num gosto mais amargo que o sal do mar

    Questões jornalisticas: Os vivos e os mortos

     

     

     

    Uma leitura das escolhas da grande imprensa na cobertura do massacre no Complexo do Alemão

     "A adesão popular à violência praticada pelos agentes do Estado não é uma novidade, pelo contrário. Pesquisas feitas na época do massacre do Carandiru também registravam apoio significativo à truculência policial. A novidade, ao que parece, está no uso que se faz das pesquisas. Elas hoje servem não apenas para medir os humores do cidadão, mas para legitimar a barbárie e desresponsabilizar o jornalismo de suas omissões. Na segunda-feira, 3 de novembro, a manchete do jornal O Globo foi: “72% apoiam medida que enquadra facções como terroristas.”

    LEIA ANALISE DE FERNANDO BARROS E SILVA  

    Matamos muito !

     
     

     
     
     
     

     
     
      

     

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    Eddie Floyd - Knock On Wood (Floyd-Cropper)



    It's like thunder, lightning
    The way you love me is frightening
    I'd better knock on wood, baby

    IN MEMORIAM STEVE CROPPER 

    sábado, dezembro 06, 2025

    Morre Frank O. Gehry, lenda da arquitetura mundial,

     



    "Para alguns, sua obra era mais escultura do que arquitetura. Outros a viam como emblemática de uma cultura global que reduzia a arquitetura a uma forma de marketing. O Sr. Gehry, cujo nome era reconhecido em todo o mundo, às vezes era ridicularizado como um "arquiteto-estrela". Mas a ferocidade emocional de sua obra podia ser revigorante, como se a arquitetura tivesse redescoberto uma parte de si mesma que se perdera após décadas de funcionalismo enfadonho e clichês pós-modernistas. E o foco generalizado nos exteriores deslumbrantes de seus edifícios podia desviar a atenção dos objetivos mais profundos de Gehry: criar uma arquitetura que não fosse apenas impactante, mas democrática em espírito e evocativa da complexidade da vida humana."

    leia obit por 
    Nicolai Ouroussoff




    Feminicidio

    FRAGA 
     
     

     

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    Trump, the Village People, and some football: Welcome to FIFA’s carnival of cringe

    "They introduced Infantino, who promptly declared FIFA “the official happiness providers for humanity for over 100 years”, calling into question his grasp of the meanings of both the word “official” and also the word “happiness”. "

    report by James McNicholas   

    Trump, the Village People, and some football: Welcome to FIFA’s carnival of cringe - The Athletic

    Ilha de Paquetá renova os ares e vira destino alternativo para os cariocas

     

     Programa Alternativo: Com pousadas e casas para alugar lotadas, Ilha de Paquetá vira destino dos cariocas

    "Nem só de paisagem praiana, porém, vive a ilha. Localizado numa das pontas, o Parque Darke de Mattos, criado em 1975, é um oásis tomado de figueiras, palmeiras e ipês centenários, além de um mirante com vista panorâmica. O ponto negativo é o banheiro, há anos desativado, queixa constante dos locais. O bosque compõe o circuito do Cariocando em Paquetá, perfil do Instagram que acumula mais de 90 000 seguidores. Assinada por Adélia e Rosenildo Lira, a página divulga uma vibrante agenda cultural, recheada de sessões de cinema, rodas de choro, jazz e samba. Uns dias atrás, um grupo de mulheres celebrou o legado da cantora Cristina Buarque (1950-2025), antiga residente. “As pousadas vivem lotadas nos fins de semana, e o comércio nas praias cresceu”, repara Adélia, que também fornece dicas gastronômicas e de aluguel de bicicleta ou passeio de charrete elétrica (o conhecido carrinho de golfe) por 150 reais, com uma hora de duração. No intuito de profissionalizar a oferta de serviços, a Secretaria estadual de Cultura inseriu Paquetá na pauta do programa Laboratórios Culturais — Território Criativo. A ideia é, nos próximos dois anos, apoiar empreendimentos criativos e promover eventos, estabelecendo um modelo replicável para outras ilhas brasileiras."

    mais na reportagem de CAROLINA RIBEIRO  

    Ilha de Paquetá renova os ares e vira destino alternativo para os cariocas | VEJA RIO

    Moreira da Silva e Jards Macalé - Tira Os Oculos e Recolhe o Homem (in memoriam Macalé)

    sexta-feira, dezembro 05, 2025

    Hoje | Today


     

    Jair, soldado soldador

    ALVES 
     

     
     
    LEANDRO MENDONSSA
     

     
    QUINHO
     
     
     
     

     

    CAZO 

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    Charlie Musselwhite ~ Que Te Parece, Cholita



    I think my baby loves me
    She loves this highway too
    When she needs to ramble
    Nothing else that will do
    What do you think, Cholita


    TEJO

     
     

     

     

    Foragidos



     
     
    ORLANDO
     
     

     

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    Como Níquel Náusea, primo punk do Mickey, cutuca a humanidade há 40 anos

     

    São Paulo

    Não faça como a barata Fliti, que confundiu o nome —e a espécie— do seu amigo de esgoto com a de um primo distante e rico chamado Mickey. "Meu nome é Níquel Náusea! E sou um rato, não um camundongo. Minha mãe teve 814 filhotes. E justo eu ganhei esse nome!"

    Em três quadros, um rato apresenta-se como Níquel Náusea para outro rato chamado Mickey. No segundo quadro, Níquel afirma ser um rato, não um camundongo. No terceiro quadro, ele explica que sua mãe teve 814 filhotes e que ele ganhou o nome Níquel Náusea, enquanto Mickey pede desculpas.
    Primeira tirinha do 'Níquel Náusea' na Folha, com a qual Fernando Gonsales venceu o primeiro concurso de ilustradores do jornal - Divulgação

    Assim se apresentava uma das personagens mais longevas da Ilustrada, na Folha, numa tirinha com a qual Fernando Gonsales ganhou, em 1985, o primeiro concurso para ilustradores do jornal. Desde dezembro daquele ano, o artista integra o time de cartunistas fixos do caderno com uma obra que se sagrou como uma "revolução dos bichos".

    Quem usa o termo é Benett, outro cartunista da casa, na introdução de "Níquel Náusea: A Origem do Espécime", primeiro volume da Z Edições a recapitular os primeiros passos do rato e sua turma, ainda antes de Gonsales alugar seu pincel para toda sorte de animais. O livro tem lançamento durante a CCXP, evento de cultura pop que acontece até domingo (7), em São Paulo.

    "Meu interesse pelos animais sempre foi meio científico. Lia muito sobre o assunto, inclusive livros técnicos de zoologia, entomologia e tudo mais", diz Gonsales, que fez as faculdades de veterinária e biologia, chegou a trabalhar por um ano na hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, antes de enveredar pelo desenho profissional.

    "Mas também tinha a coisa de criança. Tive uma pulga que eu alimentava com meu próprio sangue apesar de nunca ter dado um nome a ela. Então a escolha de um animal para protagonista da tira foi natural —entre tantas opções, achei que o rato era a melhor, porque é um animal que desafia a hegemonia humana."


    Autorretrato de Fernando Gonsales, autor da tira 'Niquel Náusea' - Divulgação

    Esse elemento de revolta talvez não seja tão evidente na, digamos, maturidade de "Níquel Náusea", hoje centrada em trocadilhos visuais, com piadas mais leves, que satirizam os hábitos do mundo animal e humano. "No início as tiras tinham alguma coisa do movimento punk, mesmo que eu não soubesse disso na época. O próprio traço era mais pesado e sujo, com bastante uso de preto e hachurado."

    Daí serem recorrentes tiras em que Fliti, a baratinha, curte o barato de um inseticida ou de uma naftalina como se fosse maconha ou LSD; ou em que Gatinha, a ratinha parceira de Níquel, se diverte fazendo filhotes.

    As pequenas safadezas dividem os quadros ainda com sacadinhas mais pueris —quando Níquel rói um fio achando que era macarrão— ou até críticas ambientais —sobretudo ao aprisionamento de animais em zoológicos, gaiolas, além da caça a ratos e insetos com chineladas e vassouradas.

     


    Tirinha que está em 'Níquel Náusea: A Origem do Espécime', de Fernando Gonsales - Divulgação

    "Gosto bastante de fazer tiras idiotas, sem compromisso com nada, mas nem sempre estou nesse estado de espírito abençoado", diz Gonsales. "Então intercalo com assuntos mais engajados. Desde sempre quis abordar o tema ambiental, mas de forma mais indireta para não ficar panfletário."

    A chegada das cores no jornal, nos anos 1990, também amenizou as tintas mais obscuras do seu estilo, conforme ele conta. "Antes as minhas piadas eram mais com a personalidade dos protagonistas, o que deixava a coisa mais previsível. Agora as piadas são mais livres e isso permite que eu escreva sobre mais temas e de formas diferentes em cada tira."

    Aos poucos, foi aperfeiçoando seu traço —mais anguloso e estilizado. "Sempre busquei a simplificação do traço e do texto, até porque o espaço das tiras é bem limitado. Essa busca continua até hoje."

    O espírito inquieto também se vê, não raro, nas sacanagens com o próprio camundongo da Disney —figura que, na capa de "A Origem do Espécime" aparece no início da cadeira evolutiva que desemboca no Níquel.

    Capa preta com título 'Níquel Náusea Vol 1' e subtítulo 'A Origem do Espécime'. Ilustrações de personagens estilo desenho animado, incluindo ratos e insetos em diferentes poses e expressões. Nome do autor Fernando Gonsales na parte inferior.


    Capa de 'Níquel Náusea: A Origem do Espécime', de Fernando Gonsales


    "Ele não era exatamente uma antítese ao Mickey, a piada era mais com o nome. De vez em quando brincava com a relação entre os dois roedores, mas não era o assunto principal", diz Gonsales, que nos agradecimentos do livro cita Renato Canini, ilustrador gaúcho que deu tamanha brasilidade às tiras do Zé Carioca no país que chegou a ser vetado pela matriz americana. "Mas na época que curtia o trabalho do Canini não tinha a ideia da ruptura que ele estava fazendo, apenas adorava seu traço genial."

    Hoje, Níquel é apenas um pontinho na fauna da tira batizada em sua homenagem, mas se firmou como um sinônimo da própria obra de Gonsales, hoje também adaptada para o Instagram, onde o autor publica histórias ainda mais sintéticas, de apenas dois quadros.


    O rato Níquel Náusea e sua companheira a rata Gatinha estão conversando. Eles estão de costas, sob o céu estrelado. Quadrinho 1- Ele: Estou triste. Ela: Por quê? Quadrinho 2- Ele: É um motivo meio besta. Ela: Pode falar. Quadrinho 3- Ele: Não sei se devo. Ela: Vou entender. Quadrinho 4- Ele: É que eu não posso ficar invisível nem viajar no tempo. Ela olha pra ele com o olho arregalado. Quadrinho 5- Ela: Era melhor não ter falado.
    Tirinha 'Níquel Náusea' de 28 de novembro de 2025 - Fernando Gonsales/Folhapress

    "As tiras estão mudando de personagens fixos para universos abertos e isso já faz muito tempo. Essa é uma tendência bem brasileira, a maioria das tiras estrangeiras não funciona desse jeito. É tipo um suicídio em termos de marketing. Mas é realmente uma coisa bem libertadora poder trabalhar sem as limitações de personagens fixos, apesar deles darem mais consistência à tira." 

    FOLHA  


    ‘Vidas Secas’, o elo perdido entre o craque Reinaldo e o ator Wagner Moura

     

     Luiz Carlos Azedo

     A decisão da Comissão de Anistia de reconhecer o ex-jogador José Reinaldo de Lima, ídolo do Atlético Mineiro e da Seleção Brasileira, como vítima da perseguição política da ditadura militar ilumina uma faceta menos lembrada, porém decisiva, da repressão brasileira: a violência cotidiana, difusa, que atingia não apenas militantes clandestinos, mas qualquer cidadão que ousasse romper o enquadramento simbólico e disciplinador imposto pelo regime.

    Reinaldo não conspirava, não participava de organizações de esquerda. Era apenas um dos maiores atacantes de sua geração, um jovem negro, carismático, que comemorava seus gols com o punho cerrado, marca dos movimentos de direitos civis norte-americanos, que simbolizava autoestima, dignidade e autonomia. Para os generais e para a cúpula da antiga Confederação Brasileira de Desportos, aquele gesto era uma mensagem perigosa para os torcedores e demais jogadores.

    A perseguição sofrida pelo atacante, agora reconhecida como violação de direitos pelo Estado brasileiro, revela como a repressão atuava para além dos porões. Ela se exercia também nos estádios, convocações para a Seleção, clubes e imprensa esportiva. O atleta foi observado, advertido, prejudicado, enquadrado. Reinaldo insistiu no gesto, contrariando o grau de controle social que o regime desejava impor. Para além do silêncio político, o regime promovia a domesticação simbólica de figuras públicas capazes de influenciar multidões.

    Essa mesma dimensão da repressão, que escapava às prisões e torturas clandestinas, também é revisitada com força pelo vitorioso filme O agente secreto, de Kleber Mendonça Filho, que, ontem, foi proclamado vencedor do New York Film Critics Circle Awards, sendo o seu protagonista, Wagner Moura, premiado como melhor ator.

    Depois de Ainda estou aqui, de Walter Salles Junior, com Fernanda Torres no papel principal, O agente secreto reinscreve o Brasil no debate global sobre as cicatrizes do autoritarismo, resgatando a atmosfera de vigilância e violência institucional que atravessava o cotidiano. Ao lado de Pixote, Cidade de Deus e Bacurau, também premiados anteriormente, o longa expressa uma cinematografia que denuncia a permanência da brutalidade de Estado no cotidiano dos cidadãos.

    Essa é uma chave para a compreensão do país e, também, da violência instalada ainda hoje na sociedade brasileira, dos grandes centros urbanos aos grotões. Um exemplo dessa violência foi a atuação da Scuderie Le Cocq, o chamado “esquadrão da morte”. Formado por policiais, o grupo encarnou a mentalidade do “justiçamento” que deu origem à frase “bandido bom é bandido morto”, mais tarde popularizada como espécie de mantra da barbárie urbana, e que está aí, vivíssima, no debate sobre a política de segurança pública.

    Violência difusa

    A Scuderie não atuava à margem do Estado, era fruto de uma política de segurança que legitimava execuções sumárias, apoiada por parcelas da imprensa e celebrada por segmentos da população. Era o braço visível de um ecossistema violento que convivia com o braço invisível: o desaparecimento forçado de opositores políticos, prática que marcou profundamente a repressão da década de 1970. Para compreender esse sistema, é necessário enxergar sua raiz profunda: uma tradição secular de violência estatal no Brasil.

    Essa tradição foi magistralmente sintetizada por Graciliano Ramos em Vidas Secas (José Olympio), na cena em que Fabiano, homem pobre, trabalhador e analfabeto, é espancado pelo Soldado Amarelo sem motivo, sem explicação e sem possibilidade de defesa. O protagonista, que mal domina as palavras, tenta compreender a lógica do acontecido, mas tudo que encontra é a arbitrariedade da autoridade, o peso brutal da farda e a certeza silenciosa de que não há justiça para gente como ele.

    A violência contra Fabiano é estrutural, cotidiana, uma engrenagem do poder. Seu espancamento é a metáfora perfeita da relação histórica entre Estado e povo — sobretudo negros, pobres e trabalhadores — muito antes da ditadura militar. Esse é o elo perdido entre a anistia de Reinaldo e a magistral atuação de Wagner Moura.

    Essa herança atravessou regimes, atravessou instituições e se transformou nos anos de chumbo em uma dupla máquina de repressão: de um lado, os esquadrões da morte que matavam a céu aberto; de outro, os aparelhos clandestinos que assassinavam no escuro, sequestrando corpos e memórias. A ditadura não inventou essa violência, aperfeiçoou, institucionalizou, usou-a a seu favor no combate aos inimigos declarados e aos imaginários.

    Reinaldo foi um desses “inimigos imaginários”, fabricados por uma lógica que confundia dignidade com subversão. O caso do atacante reforça que a repressão não foi apenas política: foi também cultural, simbólica, pedagógica. O Estado buscava moldar comportamentos, sufocar gestos, controlar a expressão pública.

    No futebol, objeto principal do ufanismo oficial, isso era evidente. Jogadores eram pressionados a encarnar o mito da “pátria ordeira”. Reinaldo recusou o papel. E pagou por isso. Somente agora, décadas depois, veio a reparação.

    Kill, Kill Again, Kill Them All

    Pete Hegseth is a producer of snuff films. The media-obsessed, if not media-savvy, Hegseth has produced 21 of these mass murder documentary shorts in the last three months, featuring the killings of 83 people–if you take his word for it. Hegseth introduces these kill shots like Alfred Hitchcock presenting an episode of his old TV show–without the irony, of course. There’s no irony to Pete Hegseth. No intentional irony, that is. It’s all bluster and protein-powder bravado to titillate the Prime-time Fox audience as they nibbled at their TV dinners.

    Who were the people being killed? What did they have in their boats? Where were they going? No one seemed to care. Pete certainly didn’t care. It was the explosion that mattered, the now you see it, now you don’t quality of the videos. 

    Pete’s snuff films have the mise en scène of a ’90s video game, the zombie slaughter games Pete grew up on, burning callouses onto his thumbs from obsessive use of this joystick. 

    The irony, lost on Hegseth, is that these are the precise kinds of videos that ethical whistleblowers like Chelsea Manning used to scrape from the secret vaults of the Pentagon and ship to Wikileaks. Videos of crimes committed by US forces. In his dipsomaniacal mind, Hegseth seems to believe these snuff films are proof of the power and virility of the War Department under his leadership. In fact, each video is a confession. The question is: will he be held to account and who will have the guts to do it?

    As the Washington Post reported, the very first of Hegseth’s snuff films had a gory epilogue that he chose not to share. Shortly after the smoke cleared from the missile strike, the drone video footage showed that two people had survived the attack and were clinging to the smoking wreckage of the boat. The commander of the operation, Navy Adm. Frank Bradley, ordered two more missile strikes: one to kill the survivors and another to destroy the remains of the boat and the bodies of its crew. According to the Post, Bradley was acting under the orders of Hegseth to “kill everybody.”

    But the crime that left survivors shouldn’t be obscured by the crime that killed the survivors. Calling them “war crimes” doesn’t seem right, since there’s no declared war, congressional authorization or legal justification for the strikes. Serial mass murder is a far more accurate description.

    The Trump brain trust had a hard time getting its story straight. First, they denied the Post’s story of a second strike. It didn’t happen. Fake news. Complete fabrication. Trump came out to say he wouldn’t have supported a second strike and didn’t believe it happened. On Monday, they sent Karoline Leavitt out to admit a second strike had taken place, but that Hegseth knew nothing about it. Next, they blamed the second strike on Adm. Bradley. This was followed by a statement saying the second strike was perfectly legit and that Bradley was fully authorized to order the killing of the two survivors. By Thursday, they were telling Congressional leaders that the second strike wasn’t aimed at killing the survivors but sinking the remains of the boat. The survivors were just collateral damage.

     

    Otis Redding The Dock Of The Day (Cropper - Redding)



    IN MEMORIAM STEVE CROPPER Sittin' here resting my bones And this loneliness won't leave me alone It's two thousand miles I roamed Just to make this dock my home

    Now, I'm just gonna sit at the dock of the bayWatching the tide roll awaySittin' on the dock of the bayWastin' time

    Jards Macalé - Let's Play That (1972)



    E eis que o anjo me disse
    Apertando a minha mão
    Entre o sorriso de dente
    Vá, bicho, desafinar
    O coro dos contentes

    quinta-feira, dezembro 04, 2025

    Floyd Crosby

     
    MARIO BAGG 

     

    Reinaldo: Gol da virada

    Gol da virada

    Por Fabíola Mendonça 

    Um dos maiores atacantes da história do Atlético Mineiro e do futebol brasileiro, Reinaldo está prestes a se tornar o primeiro atleta anistiado pelo Estado por conta da perseguição sofrida durante a ditadura. Na terça-feira 2 de dezembro, a Comissão Nacional de Anistia vai julgar o pedido de reparação do ex-atacante, caso inédito e atípico se comparado às mais de 8 mil solicitações desde o início dos trabalhos, duas­ décadas atrás. Chamado de Rei pela torcida do Galo, Reinaldo entrou na mira dos militares após adotar uma comemoração “subversiva”, o punho cerrado nos moldes dos Panteras Negras, movimento dos Estados Unidos que propunha um combate sem tréguas ao racismo. O gesto, no caso de Reinaldo, era uma crítica ao regime de exceção que não passou despercebida pelos gabinetes de Brasília, pelas casernas e pelos porões.

    A implicância militar aumentou depois de uma entrevista do jogador ao jornal ­Movimento, de oposição ao regime, com duras críticas à ditadura, em defesa da democracia e apoio às eleições diretas. A partir daí, o Serviço Nacional de Inteligência passou a monitorar o atacante, segundo a historiadora Crystyna Loren Teixeira em sua pesquisa de conclusão de curso. “O Rei tinha razão, havia algo sendo produzido com seu nome dentro dessas ‘forças ocultas’, como escolheu nomear, que o prejudicou, mesmo que de forma velada”, afirma a pesquisadora. Loren encontrou no Arquivo Nacional relatórios produzidos pelo SNI a partir de recortes de jornais da época, nos quais Reinaldo aparece se manifestando contra a ditadura, que o classificava como uma “ameaça ao governo vigente”.

    O centroavante era intimidado em todas as partes, dentro e fora de campo, e chegou a ser pressionado pelo ditador Ernesto Geisel. “Na despedida da Seleção Brasileira para ir à Copa do Mundo da Argentina, em 1978, nós fizemos um jogo em Porto Alegre. Depois da partida, teve aquele protocolo de falar com o presidente da Junta Militar, lá no Palácio Piratini. O ministro de Educação da época, Ney Braga, falou: ‘Olha, o presidente Geisel quer te conhecer’ e me levou até ele. Lá, com aquela farda do Exército, ele falou: ‘Ó, menino, você joga bola muito bem, mas não fale de política, deixa que a gente faz política’. E aquilo me abalou muito, por causa daquela atmosfera, aquele clima que existia”, relembra Reinaldo. “Um general, um presidente, falando isso com um garoto, eu tinha 20 anos, é muita pressão. Isso, de alguma forma, tirou um pouco da minha concentração.”

        Na Copa de 1978, suas posições políticas custaram a titularidade na Seleção

    Não bastasse o recado de Geisel, no percurso até Buenos Aires rumo ao Mundial, o então coronel André Richer, integrante da comissão técnica da Seleção, sentou-se ao lado de Reinado e foi claro. “Ele falou ‘olha, você vai jogar a Copa do Mundo e, se fizer o gol, não faça aquele gesto’, se referindo ao punho cerrado”, diz o ex-jogador. Mal chegou na Argentina, Reinaldo ainda recebeu no hotel onde estava concentrado um envelope, segundo ele, da Operação Condor. “Quando cheguei no apartamento, pouco tempo depois batem à porta e me entregam um envelope da Venezuela, na época trazendo um relatório da Operação Condor e de militares da América. Na hora que vi aquilo, eu já estava um pouco perturbado, incomodado com aquela pressão do Geisel, coloquei o envelope debaixo da cama, e assim eu passei a Copa do Mundo.” O documento, recorda, citava algumas das mortes descritas como acidentais ocorridas na ditadura, entre elas a do ex-presidente Juscelino ­Kubitschek, cujas versões são contestadas.

    “A pressão foi tanta que, quando eu faço o primeiro gol na Copa do Mundo, Brasil e Suécia, no primeiro momento eu abro os braços na comemoração, meio retraído, e, só depois que eu falei ‘ah, vou fazer o gesto’, aí, levantei o braço de punho cerrado.” A resposta foi imediata. A partir do segundo jogo, Reinaldo perdeu a titularidade e ficou no banco de reservas, só voltou a jogar na disputa do terceiro lugar. “Era para eu estar na Copa tranquilo, mais focado no futebol, e acabei pressionado pela alta cúpula militar.” Mesmo com a abertura política, o atacante ex-Galo continuou preterido. Participou das eliminatórias da Copa de 1982, mas foi cortado e ficou de fora do Mundial. Um dos mais importantes comentaristas esportivos do País, o jornalista Juca Kfouri relembra o ocorrido. “Reinaldo foi um gênio na grande área e, infelizmente, não pôde jogar a Copa de 1982, como sonhava o técnico ­Telê Santana. Ele era a cereja que faltou no bolo para formar um quarteto inigualável com Falcão, Sócrates e Zico. Sempre teve a coragem, também, de mostrar seu inconformismo com a ditadura.”

    Reinaldo continuou como centroavante do Atlético Mineiro até 1985, clube pelo qual jogou 475 partidas e marcou 255 gols, que fazem dele o maior artilheiro do clube até o momento. Despois de deixar o Galo, vestiu a camisa do Palmeiras, Rio Negro e Cruzeiro, além de ter passado pelo BK ­Hacken, da Suécia, e pelo Telstar, da Holanda, onde se aposentou em 1988. ­Atualmente é comentarista esportivo e relações públicas do Atlético Mineiro. Para Ana Oliveira, presidente da Comissão Nacional de Anistia, é grande a probabilidade de o requerimento ser deferido pela relatora do caso, a conselheira Rita Sipahi. “Pelo que a gente viu dos autos, há realmente indícios, e a relatora está analisando esses dados, de que realmente ele foi preterido por conta da sua posição política.” • 

     

    CARTA CAPITAL  

     

     

    Duas perguntas sobre o protagonismo de Gilmar


    MARIA CRISTINA FERNANDES

    Duas perguntas sobre a decisão do ministro Gilmar Mendes que restringe ao PGR a proposição de impeachment no Supremo Tribunal Federal e eleva o quórum de maioria simples para dois terços atravessaram o dia sem respostas: Por que agora? Por que em liminar?

    A ação foi impetrada pelo Solidariedade, partido presidido pelo deputado Paulinho da Força (SP). Um dos parlamentares com mais franco acesso ao decano do STF, Paulinho poderia ter apresentado esta ação ao longo de todo seu mandato, mas escolheu o 19 de setembro para fazê-lo. Onze dias depois, a ação era enviada para despacho do procurador-geral da República, que se manifestou há exatamente um mês. Incluído na pauta de julgamento na última terça-feira, ganhou liminar no dia seguinte.

    Não se trata de discordar dos pressupostos de uma decisão de celeridade ímpar: a ameaça aos ministros no âmbito da crescente restrição às prerrogativas do Judiciário pelo populismo de direita no mundo. Tampouco se desconhece que o céu é o limite para a resistência legislativa a processos que tramitam na Corte, como o das emendas parlamentares. A dúvida que invade quem quer se debruce sobre o tema é por que mudar, agora, preceito constitucional vigente há 37 anos.

    A proximidade das eleições de 2026, quando uma maioria favorável ao impeachment de ministros pode vir a se formar, é a justificativa apresentada por colegas que não custarão a referendar sua decisão. O calendário eleitoral está estabelecido desde sempre. As chances de uma bancada pró-impeachment estão dadas desde 2022, quando o PL se tornou a maior sigla do Senado. E nem são tão concretas assim.

    Entre aqueles que vão postular com favoritismo as 54 cadeiras em disputa, há muitos governadores que não aderem a aventuras do gênero. O principal porta-bandeira do impeachment de ministros do STF, o ex-presidente Jair Bolsonaro, começou a cumprir sua pena sem mobilizar manifestantes em número suficiente para lotar um ônibus.

    Na verdade, a liminar do ministro é despachada num dos momentos em que a direita esteve mais acuada nos últimos tempos. Há, pelo menos, cinco indícios deste cerco, para além da prisão do ex-presidente. Na véspera, seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), havia dado o maior cavalo de pau da temporada ao compartilhar mensagem do presidente americano sobre o telefonema do colega brasileiro: “Recebemos com otimismo a notícia da conversa entre o presidente Donald Trump e Lula. Um diálogo franco entre os dois países pode abrir caminhos importantes”.

    O segundo indício, vindo desta conversa, foi produzido pela capacidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de virar a pauta da segurança na relação bilateral - do terrorismo para a lavagem de dinheiro do crime organizado em paraísos fiscais americanos. O terceiro é o das dificuldades enfrentadas por aquele que é proclamado como o maior herdeiro do bolsonarismo, Tarcísio de Freitas.

    O governador assiste à estrela de seu eventual time econômico, o ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, ser ofuscado pela liquidação do banco Master, e o condutor de sua política de segurança até aqui, o deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP), se envolver em inexplicável manobra para proteger as finanças e os processos judiciais do crime organizado no relatório ao PL Antifacção. É bem verdade que a ex-primeira-dama, ao dobrar o PL e os enteados no imbróglio do palanque do Ceará, com domínio ímpar do discurso da antipolítica, mostrou saídas para seu campo. A evidência de que o fosso entre Tarcísio e Michelle Bolsonaro pode vir a se aprofundar, porém, está longe de ser boa notícia para a oposição.

    O quarto indício de que a direita já viveu dias mais gloriosos vem da publicação, horas antes de a liminar de Gilmar Mendes ser conhecida, do parecer do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), sobre o PL Antifacção. A nota técnica de Rodrigo Azevedo, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, sobre o parecer deixa claro o quanto o relator se norteou pelo mesmo consenso que pautou a elaboração do projeto pelo Executivo: o enfrentamento ao crime organizado exige articulação federativa, fortalecimento da inteligência financeira e mecanismos de descapitalização sem romper com o marco jurídico vigente. E o quinto, finalmente, é a liminar coincidir com a prisão de peça chave na base bolsonarista no Rio acusado de obstruir processo contra a infiltração do crime organizado na política.

    O ministro atiçou a indignação do presidente do Senado, um dos senadores mais próximos da Corte, que ameaça com a inclusão na pauta de projetos que restringem as prerrogativas dos ministros. Davi Alcolumbre (União-AP) também pode vir a descontar o azedume na aprovação do ministro da Advocacia-Geral da União para o STF, num momento em que havia dado fôlego para Jorge Messias com o adiamento da sabatina.

    A capacidade de conviver com a incerteza eleitoral é um dos preditores mais claros de democracia. É bem verdade que o custo de um resultado desfavorável é uma ameaça ao Judiciário, mas tudo está a demonstrar que a direita e seu puxadinho extremista não terão uma avenida desimpedida para eleger uma bancada vocacionada a caçar ministros do STF. A aguardar que o revés viesse pela política, o ministro optou pelo protagonismo do Judiciário. Corre o risco de vir a devolver discurso a extremistas que rumavam para ficar sem assunto.

    VALOR
     


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