Desejo um 2025 em que golpista seja preso e superrico pague mais imposto
LEONARDO SAKAMOTO
A promessa de democracia presente na Constituição Federal de 1988 nunca foi totalmente cumprida, pois somos todos iguais perante a lei apenas no papel. A República brasileira ainda é um pai superprotetor dos super-ricos e uma mãe compreensiva para quem planeja golpes de Estado. Há uma chance de mudança, contudo, o que renova as esperanças de um 2025 melhor. O Supremo Tribunal Federal deve julgar em 2025 a cúpula da tentativa de golpe de Estado que pretendia manter Jair Bolsonaro no poder à revelia da vontade expressada nas urnas. Por enquanto, são 40 indiciados pela Polícia Federal, dos quais 28 militares, entre generais, almirante, coronéis e grande elenco.A questão dos militares é especialmente importante. A falta de punição de militares de alta patente por causa do golpe de 1964 e pelas consequentes sacanagens cometidas durante a ditadura ajudou a semear a tentativa de golpe ao final do mandato de Bolsonaro. O fato de um general quatro estrelas, ainda que da reserva, como Braga Netto, pague por seus crimes contra a democracia ao lado de Bolsonaro, significaria que, enfim, o país conseguiu encerrar a noite que começou em 31 de março de 1964. Ao mesmo tempo, um país em que rico paga, proporcionalmente, menos imposto que a classe média não pode ser considerado íntegro. O Brasil tem uma chance de corrigir isso, em 2025, com a discussão da segunda etapa da reforma tributária, sobre a tributação de renda e riqueza. Isso inclui a volta a taxação sobre dividendos recebidos de empresas, o reajuste da tabela do Imposto de Renda (criando alíquotas maiores, acima de 30%, para os que ganham realmente muito) e a taxação de grandes fortunas e de grandes heranças. No Brasil em desenvolvimento, propostas como essas são chamadas de comunismo, na Europa desenvolvida, de justiça social. A chance de os parlamentares passarem uma reforma tributária que inverta a regressividade da cobrança sobre a renda, é, hoje, menor que o tal camelo passar pelo buraco da tal agulha. Afinal, o Congresso tem dono e não é a maioria dos brasileiros. Mas o debate precisa ser feito sob o risco de o Brasil continuar sendo, eternamente, o país de um futuro que nunca chega.