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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    domingo, abril 02, 2023

    OS LIVROS QUE ABRIRAM OS CAMINHOS DE CADA UM DE NÓS

     


     

    SERGIO AUGUSTO

    A primeira vez que me perguntaram quais os primeiros livros que eu li e mais marcaram minha infância, abri a lista, de pura molecagem, com Grande Sertão: Veredas. Antes que o noviço repórter percebesse a gozação, acrescentei: “Entre os livros de não ficção, nenhum me impactou mais que o Tractatus Logico-philosophicus do Wittgenstein”.
     
    Aprendi a ler por volta dos 4, 5 anos. Tinha pressa. Os balõezinhos das histórias em quadrinhos não podiam esperar mais pela minha alfabetização. Os gibis foram o meu Monteiro Lobato, os meus irmãos Grimm. Aos 6 anos, o futuro polímata George Steiner ganhou do pai uma bela edição da Odisseia, e eu, modestamente, o almanaque de O Globo Juvenil de 1948; mas com que alegria! Só depois, sim, acampei no Sítio do Pica-pau Amarelo e segui o currículo básico da literatura infantojuvenil: A Ilha do Tesouro, Os Três Mosqueteiros, Carroll, Verne, Sabatini, Salgari, Doyle, Leblanc, etc. Meu primeiro encanto por algo impresso e com lombada foi Os Grandes Benfeitores da Humanidade, escrito e ilustrado pelo carioca de origem italiana Francisco Acquarone.
     
    Impedidos de brincar no jardim porque chovia, uma menina e dois meninos passam o domingo confinados na biblioteca do pai da menina, magicamente transformada num playground pedagógico quando Clio, a musa da História, adquire vida humana e os guia pelos feitos de Santos Dumont, Pasteur e outros inventores de igual estatura. A tal casa ficava “no alto de Santa Teresa”, ou seja, na minha vizinhança, o que me seduziu ainda mais.
     
    Em 2006 a editora Casa da Palavra organizou uma enquete com escritores, livreiros e bibliômanos, que resultou no simpático Os 10 Livros Que Abalaram Meu Mundo. Encabecei minha lista com a fantasia de Acquarone embora outros, como Caninos Brancos (de Jack London) e A Educação Sentimental (de Flaubert), melhor atendessem ao objetivo da enquete: “Livros lidos num momento crucial de suas vidas, na infância e na adolescência, que abalaram suas estruturas e os marcaram pro resto da vida”.
    Ruy Castro cravou Lewis Carroll e sua Alice no País das Maravilhas. José Mindlin pinçou uma das “comédias humanas” de Balzac, O Pai Goriot. Milton Hatoum, após ressaltar que não pertencia à raça dos “gênios que leem Proust antes do primeiro beijo”, apontou o conto Um Coração Simples, de Flaubert.
     
    Só depois acampei no ‘Sítio do Pica-pau Amarelo’ e segui o currículo: Verne, Carrol, Doyle, Leblanc
    O escritor mexicano David Toscana digressionou sobre a capacidade transformadora dos quadrinhos, mas fechou mesmo com Kafka (A Metamorfose). Heloisa Seixas pôs Eça no pódio (Primo Basílio) e Bráulio Tavares, nosso expert maior em ficção científica, escolheu a indefectível The Science Fiction Encyclopedia.
     
    Faço, meio envergonhado, duas confissões: nunca li Jean-Christophe, de Romain Rolland, coqueluche literária de algumas gerações, inclusive a minha, mas em compensação gramei todos os 21 capítulos de A Moreninha. Não por vontade ou obrigação profissional, por mero acaso. Confinado, durante as férias, numa fazenda da Zona da Mata mineira, em que só havia um livro dando sopa, o que mais podia fazer um garoto de 11 anos a não ser devorá-lo? Uma. Duas. Três vezes. Devo ser o único sujeito no planeta com ph. D na açucarada ciranda amorosa da morena e faceira Carolina criada por Joaquim Manuel de Macedo.

    ESTADÃO

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