Eduardo Cunha, o nosso vilão do Batman | Eliane Brym

Como Eduardo Cunha ainda diz, afirma, declara, alerta e
ameaça nas manchetes dos jornais? Como o que é farsa pode ser
apresentado como fato? O cotidiano do Brasil e dos brasileiros tornou-se
uma experiência perversa. A de viver dia após dia uma abominação como
se fosse normalidade. Essa vivência vai provocando uma sensação
crescente de deslocamento e vertigem. Não se sabe o quanto isso custará
para o país, objetivamente, e o quanto custará na expressão política da
subjetividade. Mas custará. Porque já custa demasiado.
É como se, em algum nível íntimo, ele se divertisse muito
com a possibilidade de transformar a realidade numa negação coletiva.
Para o perverso, o outro não conta como outro. O outro – nós – é apenas o
suporte para a sua satisfação. Denunciado por corrupção e lavagem de
dinheiro, ele fala em nome de Jesus, registra uma frota de carros de
luxo numa empresa com o nome Jesus.com, discursa para os eleitores
evangélicos que Deus o colocou na presidência da Câmara. Cunha é o
perverso que goza em nome de Jesus.
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Eduardo Cunha, o nosso vilão do Batman | Opinião | EL PAÍS Brasil
foto: Fernando Bezerra Jr