Contaminação do rio Doce ameaça vida marinha no Espírito Santo

"Assim como mercúrio, há também cromo, arsênio, e outras substâncias que são venenos poderosíssimos”
"O rio passa por 230 municípios que dependem dele para subsistência e trabalho. Atividades como extração de ouro e outros minerais, materiais de construção, agropecuária e pesca, também podem ser prejudicadas. .
"Moradores de Governador Valadares, na região do Rio Doce, já relatam que peixes estão pulando para a fora do rio, possivelmente sufocados pelos rejeitos.
O mais grave é que a água de rejeitos vai atingir o Corredor Central da Mata Atlântica, uma área prioritária para a conservação de várias espécies e que engloba os estados da Bahia, Espírito Santo e uma pequena parte de Minas Gerais.
Muitas espécies de peixinhos ornamentais, por exemplo, destes, de aquário, são advindas do rio Doce, que é habitado também por espécies de maior porte como o dourado e o surubim-do-rio-Doce, espécie tão específica no leito, que leva até o nome, e está em risco de extinção. Depois do desastre, possivelmente estará extinta.
O “Baixo Rio Doce”, trecho mais alto do leito e também o menos estudado, é lar de no mínimo 70 espécies diferentes, sem contar as espécies que ainda não foram registradas, estudadas ou as espécies marinhas que também habitam o baixo curso do rio devido a localização do trecho nas proximidades da foz até a divisa de Minas Gerais e Espírito Santo. "
Esse giro abriga o maior criadouro marinho do Oceano Atlântico, e por isso foi criada a reserva de Santa Cruz em 2010: para proteger as espécies que ali existem..
“Esse criadouro vai receber essa carga de elementos químicos, que vão ser trazidos ano a ano pelas enchentes da época de chuva, e que vai estar contaminando o mar por tempo indeterminado. A cada ano, com a época de chuvas, uma carga deste material vai descer e vai chegar ao mar. E a situação só vai piorando por todos estes anos. Vão ser precisos de 100 a 150 anos para que a água comece a se limpar deste rejeito”.
Segundo ele, o criadouro abriga espécies como tubarões, tartarugas marinhas, badejos, corais, e outros grandes peixes do oceano Atlântico. “Pra você ter uma ideia, no planeta inteiro, só existem 20 cordilheiras como esta, e o único banco de corais e algas calcárias comparáveis a esta no Espírito Santo, é a Costa dos Corais na Austrália”.
“Já era. Não tem como salvar o que já está morto. Nem um mutirão de um milhão de pessoas conseguiria salvar alguma coisa neste momento. O que fizeram com esse rio, que está entre os 100 maiores do mundo, é um crime contra a humanidade. Ele agora é um rio morto que joga seus nutrientes e tudo o mais o que é carregado pelo rio e que não fica na margem, no mar", condena o especialista André Ruschi.
leia mais na reportagem de Juliana Baeta >>
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foto: Lincoln Zarbietti