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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)


  • sábado, abril 19, 2003


    SOBRE OS RIOS DA BABILÖNIA

    I

    Super flumina Babylonis
    sobolos rios da Babilônia
    sobre os rios da Babilonia

    nos assentamos e choramos
    lembrando de Sião.

    Sobre o Tigre e o Eufrates
    sobre o Mississipe e o Tâmisa
    sobre o Amazonas e o Nilo
    sobre o Volga e o Danúbio
    nos sentamos e choramos
    de impotência e humilhação.

    Cry me a river!
    Cry me a river!I
    cry a river— over you.

    I cry a river over BashraI
    cry a river over TikritI
    cry a river over BagdaI
    cry a river over AnassyriaI
    cry a river over MossulI
    cry a river — over you.

    II

    Jeremias revem again.
    Palavra que da parte do Senhor
    foi dita ao seu profeta:
    olhei para os montes e eis que
    tremiam e todos os outeiros estremeciam
    e todas as aves do céus haviam fugido
    e ao clamor dos cavaleiros e flecheiros
    as cidades ia sendo derribadas.
    Vem do Norte o Mal.
    Curam superficialmente a ferida
    dizendo Paz! Paz! quando não há paz.

    Uma grande nação se levanta dos confins da terra
    nação robusta, cuja língua ignoras.
    Sua voz ruge como o mar
    seus carros como tempestade
    seus cavalos mais ligeiros que águias.

    Tomada é Babilônia
    Primeiro devorou-a um rei
    e um outro a desossou.

    Arvorai bandeiras!
    E uivai porque sucedeu naqueles dias
    que os príncipes perderam a coragem
    os sacerdotes ficaram pasmos
    e os profetas estupefactos.

    III

    Onde a cerâmica policronada?
    Os brincos de prata da princesa?
    Os ornamentos de cornalina?
    A obsidiana dos colares e pulseiras?
    E a harpa com a dourada cabeça de touro
    E barba de lápis-lázuli?

    Caiu de novo Babilônia
    nos férreos braços do rei hitita
    chacais e raposas passeiam
    por entre suas ruínas.

    E vieram os elmitas e amorritas
    e vieram os cassitas
    e vieram os hurritas
    e vieram os arameus
    e veio Ciro e veio Xerxes
    e veio Alexandre e veio Trajano
    e veio Dicocleciano
    e vieram mongóis e turcos
    e hindus e franceses
    e alemães e australianos
    e os ingleses e de novo os ingleses mais os norte-americanos.

    Por isto, do cume dos zigurates
    sobre os cômoros de Babilônia
    sobre o Trigre e sobre o Eufrates
    nos assentamos e choramos.

    Vem de Ur
    uma cantiga triste
    como um blue:

    I cry a river
    cry me a river
    cry me a river
    I cry a river
    over me
    — and over you.


    AFONSO ROMANO DE SANT'ANNA



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