Reforma eleitoral para quem?
"E ela se faz acompanhar de outra velha ideia muitas vezes brandida por integrantes de nossa classe política, mas nunca aprovada: a de unificar todas as eleições num único pleito.
Pense-se no que esta segunda pro-
posta representará, se concretizada: o
eleitorado terá de decidir de uma única
vez como votar para sete cargos: verea-
dor, prefeito, deputado estadual, gover-
nador, deputado federal, senador e pre-
sidente da República. Como a cada duas
eleições são eleitos dois senadores, nesses
pleitos o número de escolhas sobe para oi-
to. Em tal situação, para votar o eleitora-
do precisará considerar questões que vão
desde buracos nas ruas até as relações do
Mercosul com a China, desde as vagas nas
creches municipais até a taxa de juros ar-
bitrada pelo Banco Central, desde os pro-
lemas mais comezinhos da vida citadina
até as mais amplas questões das relações
internacionais. Qual a qualidade do deba-
te político em tal contexto? Como acom-
panhar simultaneamente, com um míni-
mo de compreensão, os debates para pre-
feito, governador e presidente, sem falar
nos cargos legislativos? Qual a qualidade
da democracia com eleições ocorrendo
nesse cipoal de temas e cargos?"