Evangelicos: o joio e o trigo
PARA SE LIVRAR DA CHANTAGEM DOS “TUBARÕES DA
BÍBLIA”, LULA BUSCA ESTREITAR LAÇOS COM IGREJAS
MENORES, FORA DA ZONA DE INFLUÊNCIA BOLSONARISTA
"Essa estratégia passa por isolar os seto-
res evangélicos mais claramente alinha-
dos ao bolsonarismo e ao mesmo tempo
envolver os setores progressistas – ou
mesmo conservadores, porém dispostos
ao diálogo – nas ações sociais do governo.
Começou a ser desenhada ainda na cam-
panha eleitoral e na equipe de transição,
mas ganhou contornos mais nítidos no fim
de novembro, quando o Ministério do De-
senvolvimento Social anunciou parcerias
com 27 agremiações religiosas para atu-
ação em dois programas governamentais
de combate à desigualdade social: o Pacto
pela Redução da Pobreza e o Plano Brasil
Sem Fome. As igrejas deverão auxiliar o
MDS na identificação de pessoas em con-
dições de vulnerabilidade e posterior ins-
crição no Cadastro Único, condição pré-
via para a entrada em programas como o
Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida.
Ogoverno pretende estender
a parceria com os evangé-
licos nos próximos meses e
estabelecer convênios pa-
ra que entidades benefi-
centes ligadas às igrejas tenham ajuda fi-
nanceira para a construção de cozinhas
populares, bibliotecas comunitárias e cen-
tros de atendimento social, entre outras
iniciativas. Notadamente, as parcerias e
os convênios excluem a participação de
grandes denominações que deram apoio
entusiasmado ao governo Bolsonaro, co-
mo a Igreja Universal do Reino de Deus,
de Edir Macedo, a Assembleia de Deus
Vitória em Cristo, de Silas Malafaia, a
Sara Nossa Terra, de Robson Rodovalho,
e a Renascer, de Estevam e Sônia
Hernandes. “Não há ninguém relevan-
te. Só pessoas desconhecidas e peque-
nas igrejas que não representam nada”,
desdenha o deputado federal Sóstenes
Cavalcante, do PL, ligado a Malafaia."