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    sábado, março 02, 2024

    EUA jogam migalhas em Gaza pelo ar enquanto mandam armas para Israel pelo mar



    LEONARDO SAKAMOTO

    Após mais de 110 palestinos famintos serem mortos ao avançarem sobre caminhões de ajuda humanitária (fuzilados pelo Exército israelense, atropelados pelos motoristas ou pisoteados pelo pânico), os Estados Unidos, que enviam armas a Israel, afirmam que vão mandar comida a Gaza pelo ar. É como entregar um Band-Aid com uma mão e lançar uma granada com a outra.

    O presidente Joe Biden, preocupado com a perda do apoio de eleitores democratas críticos aos crimes de guerra promovidos pelo governo Benjamin Netanyahu, decidiu lançar migalhas em um território que sofre grave restrição de alimentos, água e medicamentos por conta do bloqueio israelense.

    Como explicou Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da PUC-SP, em conversa conosco no UOL News, nesta sexta (1), enquanto o paliativo vai ser jogado por aviões através de paraquedas, o Tio Sam continua enviando armas para Israel por mar, por terra, por ar.

    Se quisessem de fato melhorar a vida dos palestinos que não têm culpa de estarem emparedados entre o terrorismo do Hamas e a limpeza étnica promovida por Netanyahu, e, ao mesmo tempo, dar um chance aos israelenses que estão sendo mantidos reféns, seria necessário um corte não apenas no apoio militar, mas também no suporte político ao seu aliado no Oriente Médio. Pois o que vemos hoje não é uma retaliação ou uma busca por reféns, mas uma tentativa de redesenhar o mapa da região e evitar que o impopular Netanyahu seja apeado do poder.

    Na esteira da contenção eleitoral de danos, os EUA pediram a Israel, e outros destinatários de armamentos produzidos no país, assinarem uma cartinha se comprometendo a não violar direitos humanos com os equipamentos. Parece piada, uma vez que, para Netanyahu, nunca houve violação na ação em Gaza. E o compromisso só terá efeito só daqui a 45 dias. Até lá, Israel já terá feito seu ataque final a Rafah, ao Sul, para onde, no início da invasão, o Exército mandou os palestinos migrarem, prometendo que estariam seguros. Mas não há lugar seguro em Gaza.

    UOL

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