Millôr desconstruiu artes plásticas com humor e desconfiança
"Anos depois, comprei em leilão um pequeno óleo de Millôr Fernandes em que o título da obra vinha gravado na fina moldura de alumínio: "Cripto II – Dominicanos com Palimpesto". O título explicava a obra: só então a bela e colorida rosácea que se exibia e se assemelhava a um vitral de igreja ganhava novo sentido.
Millôr havia desenhado quatro monges a partir do alto, de onde se vislumbravam quatro rodelas carecas nas cabeças, cada uma delas com seu discreto contorno de cabelos, e, bem no centro, um pedaço de papel que aquelas mesmas cabeças tentavam decifrar. Mais um truque, mais uma ilusão de ótica, tudo se inclinando para o humor.
As artes plásticas em Millôr são constantemente desconstruídas pelo tenaz humor, pela desconfiança, pelo impulso de buscar outra reflexão sobre o que não está necessariamente ali"
leia análise de FELIPE FORTUNA