Até quando a oposição vai ficar na janela vendo a barbárie passar?

"É difícil a situação da oposição. Se todos caíssem em si e resolvessem dialogar, alimentariam o discurso nós-contra-todos que excita o bolsonarismo. Mas está claro que o isolamento não vem dando resultados.
O PT, por exemplo, trabalha internamente para melhorar a comunicação do partido. É um esforço pungente e patético. Como um microtrabalho desses será capaz de enfrentar a imundície que corre no submundo bolsonarista? Há pessoas — na falta de definição mais apropriada — e robôs dedicados a difamar todos os que ergam a voz contra a barbárie, a começar por jornalistas sérios. Não será um time presidido por Gleisi Hoffman que fará contraponto a isso.
Lula aposta numa polarização entre ele e Bolsonaro. Parece achar que o governo atual vai fracassar e que milhões de pessoas voltarão a gostar do PT. Facilita, assim, a vida da extrema-direita. Tudo que o presidente e Sergio Moro querem é ter Lula como inimigo nº 1 e um preposto dele como adversário em 2022.
Cada uma a sua maneira, as outras forças políticas de oposição atuam no varejo. Reagem aos absurdos de Bolsonaro e até conseguem, com tenacidade, evitar que alguns se transformem em leis no Congresso. Mas falta uma visão global: um projeto amplo de barbárie pede uma resposta ampla, não episódica. Se fosse fácil fazer isso, já teria sido feito. A meta soa inatingível hoje, mas convém começar."
artigo de Luiz Fernando Vianna
Até quando a oposição vai ficar na janela vendo a barbárie passar? - Época