O discurso do bispo
"As ideias de acolhida do sofrimento e da potencial prosperidade para quem aceita a versão do Evangelho foram se tornando expressões importantes da Igreja Universal que, em paralelo, manteve sua maior característica: a demarcação de espaço com outras religiões, alimentando a intolerância religiosa e o repúdio à diversidade de gênero e comportamento sexual. De fato, onde os políticos evangélicos ficam mais à vontade é no ataque às diferenças, muito mais do que no acolhimento das pessoas vulneráveis.
Agora, o projeto de poder desses grupos religiosos chegou a um ponto nevrálgico, com representantes no poder em esferas municipais, estaduais e federais. Para não mostrar a fragilidade de seu projeto político, sem propostas para reduzir desigualdades e desenvolvimento, a tentativa é de manter o debate no lugar de conforto para o seu discurso. “Tatuagem é de Deus?”, de 2011, é um dos textos mais lidos de Macedo, em que ataca quem tem tatuagens no corpo. Ao longo dos últimos anos, a igreja envolveu em torno de si uma classe média urbana, que vive a interação no espaço público buscando que ele tenha a sua cara e seus valores para confirmar a promessa de protagonismo dentro da sociedade. A demarcação de espaço com quem usa tatuagem é para impedir a interação dessa classe média evangélica com outros comportamentos. O espaço público seria apenas para conquista, sem encontro com as diferenças."
LEIA COLUNA DE MARCUS FAUSTINI