Via iris: SILENCE (dir Martin Scorcese, EUA, 2016)
O cineasta Martin Scorcese é associado ao mundo dos gangsters, goodfellas, mafiosos, crônica urbanas. Mas perpassa em sua cinematografia uma intensa religiosidade. A questão da fé lhe é cara. E a resposta à fé, que geralmente é o silêncio. Eli eli lamma sabachtini.
Silêncio é um grande filme. Um enredo histórico, com tons filosóficos à la Terrence Mallick. Dizem que é lento. Não é isso. Scorcese, ao narrar uma história que se passa no Japão, adota uma estética japonesa.
Silêncio é pleno de silêncios. Scorcese se despe de outra característica sua, a trilha com clássicos do rock encaminhando montagem de ação, para película embalada por som da natureza, grilos, ondas do mar, ruídos naturais.
As locações e a fotografia de Rodrigo Prieto são outras destaques, alternando planos bem abertos ao ar livre com ambientes fechados e confinados, com pouca luz.
Jesuítas embarcam rumo ao coração das trevas e a testes supremos. de sua crenças. Japoneses são cruéis na defesa de seus costumes. O roteiro não toma partido, embora as maldades de uns são extremas. São os homens que partem para naufragarem em suas almas partidas, destroçadas. E a resposta é o silêncio, que atravessa a madrugada.