Vi; SAUL FIA (O Filho de Saul) dir László Nemes, rot Nemes & Clara Royer, Hungria, 2015)
Pelo conteúdo já seria uma viagem pesada, atordoante. Historia de campo de concentração, porém com enfoque diferente do habitual, dos prisioneiros famélicos, nos barracoes, entre as cercas. O foco aqui é nos Sonderkommandos, judeus escolhidos para ajudarem nas tarefas do campo (com prazo para também serem mortos). Tarefas como guiar as pessoas nas filas dos "chuveiros", recolher os pertences enquanto são gaseificados, arrastar e empilhar os corpos, limpar sangue e restos de gente das câmeras, catar os montes de cinzas...
Porém o que diferencia (e fortalece) este filme mais ainda é a câmera fechada, quase sempre na cabeça do personagem principal, e o entorno desfocado. Observamos o que acontece de relance, ouvimos mais que vemos, e o pouco mostrado já é muito, demais. Isto nos transporta diretamente para as sensações, somo atirados para lá e para cá, sem sentido, sem saber porque, assim como aquelas pessoas. Somos aturdidos.
No meio da brutalidade, no endurecer dos sentimentos, a réstia da relação obstinada e fútil com o garoto morto, que deve ter um enterro decente. No local onde morrem milhares, um enterro. Decencia. Enquanto tudo desmorona, aos gritos, em volta.
Lasló Nemes foi assistente do maravilhoso Bela Tarr e estréia com este filme porrada, ulltra premiado, com um enfoque diferenciado sobre um tema bastante trilhado, embora ainda horripilante.