Via IRIS
El secreto de tus ojos - Juan Campanella (Arg, 2009)
O arrependimento, a ânsia por refazer algo de incompleto ou não-realizado no passado, o desejo de retomar o interrompido, ou fazer o nunca feito, dizer o nunca dito, consertar o errado ou conservar o perdido, são temas que movem as obras de arte.
Ou marcam nossas vidas reais.
Benjamim Esposito, o protagonista de O Segredo de Seus Olhos, tem a chance de retomar, por repescagens imprevistas, tanto um crime que não perseguiu até o fim quanto um romance que não perseguiu desde o início.
E assim Campanella tem a chance de criar tanto um tenso filme policial quanto um emocionante filme romântico.
E ainda por cima, num único lance e por um pequeno detalhe, transforma isto num filme essencialmente político.
Realizado com muito carinho e grande impacto e maestria de direção. A bela cena inicial, sobre a qual não sabemos nada, só se acresce de beleza quando repetida, numa nova chance, quando dela sabemos muito.
Sim, e há a famosa sequencia no estádio - que vi várias vezes e ainda não compreendi sua execução - algo realmente de tirar o fôlego.
A esta altura todos sabem que este é o filme que levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro para a Argentina. O melhor da dupla constante Campanella e o ator Ricardo Darín.
A certa altura o investigador diz: "Um sujeito pode mudar tudo. Sua cara, sua família, sua namorada, sua religião, seu Deus. Mas tem uma coisa que não consegue mudar. Não muda a sua paixão". É por filmes como este que não mudo a minha paixão pelo cinema.
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