Sonhos
Mais uma roubada dessas que meu pai vive arrumando pra mim.
Queria que eu fosse ver uns terrenos pra avaliar se valiam a pena.
Ficavam no interiorzão de Minas. Mas meu pai ouviu falar que eram muito muito baratos.
Descolou com um amigo um aviãozinho teco-teco e um piloto e lá fomos nós, eu e Ana, nessa aventura.
O piloto não sabia bem onde era o vale e vagou um tanto pelos ares antes de achar o lugar mas nao teve importancia porque os cenários das montanhas eram deslumbrantes e curtíamos fotografar de cima, embora o tempo estivesse cinzento, úmido, cheio de nuvens.. Sobrevoos de tirar o folego.
O local do loteamento era realmente bonito, no alto de um morrote cercado por montanhas maiores. A ideia do meu pai era levantar um dinheiro para adquirir as terras e fundar um povoado levando para ali familias que tinham sido deslojadas de suas terras.
O tomador de conta das terras já tinha construido a sua casa e fomos para lá conversar com ele. Houve um corte de continuidade - não faço idéia de como pousamos o teco-teco barulhento. Existia uma combinação dele nos esperar mas quando batemos à porta o matuto parecia surpreso e conversando nao fazia ideia de quem éramos ou o que faziamos ali. A mulher dele então ficou morta de vergonha ao receber visitas. Ficou se desculpando com Ana. A casa realmente estava uma zona, tudo fora de lugar. Muitas crianças sujas e remelentas corriam pelos quartos e quintal aumentando a confusão.
O homem não fazia a mínima ideia do preço das terras - nem quais eram as demarcações - e começou a chover. Deixei o homem conversando com o piloto, a mulher conversando com a Ana e fui dar uma volta, rodeando a casa. A montanha por trás tinha escoras, tinha construções e emendas precárias que tentavam evitar que a terra e as pedras deslizassem. Observei as outras montanhas ao redor. Em todas os picos ameaçavam vir abaixo. Os lotes eram terrenos de catástrofes.
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