Pedras que rolam criam limo
A revista americana Rolling Stone há muito deixou de ser referencia.
Aquela que foi a bíblia do rock anos 60/70, fanzine que virou coqueluche, o lar do Gonzo Journalism, com seu Hunter Thompson e Ralph Steadman, suas entrevistas delirantes, reportagens & artigos de Lester Bangs e Greil Marcus & os ensaios fotograficos de Annie Leibovitz
com os anos tornou-se a representação editorial do rock corporativo.
O lançamento de uma edição oficial da RS no Brasil deixou de ter a retumbância que teria em tempos outrora.
Os próprios tempos são outros, com acesso direto a informações & músicas.
Quando pintou a Rolling Stone brasileira no início dos anos 70 foi um balsamo sobre o cenário ressecado e carente de publicações & informações da plena ditadura enquanto explodia nossa tupiniquim contra-cultura por todos os poros. Não só a revista era alternativa como creio que meio pirata, não sei até hoje se havia um licenciamento oficial para aqueles artigos traduzidos rolarem aqui.
Se a RS brasileira dos anos 2000 reflete o seu tempo estreando com capa de uma personalidade da moda, Gisele Bundchen, em pose e roupas super-produzidas, a RS brasileiros anos 70 era riponga, a capa de estréia com Gal pintada e de penduricalhos.
Era a época do Grilo, do Bondinho, de uma série de revistas udigrudi e veio também essa que se dobrava em quatro e deixava a turma de quatro.
Mesmo assim, é benvinda uma publicação no Brasil voltada ao universo musical, mesmo que esse universo agora inclua modismos & anuncios & jabazismos & enlatados pra consumo imediato. Fala de música. Tem reportagens. Tem artigos intressantes traduzidos da matriz. É melhor do que a atual Bizz, outra revista musical que desandou.